Cidades
Atualmente ao flanar pelas cidades temos a sensação de que sempre estamos nos mesmos lugares. Estejamos em nosso país ou não. Isso pode parecer uma heresia, mas a modernidade e a pandemia nos causam essa sensação. Por isso ao percorrer as ruas ficamos ávidos por um espaço que tenha algo de diverso.
Em Curitiba, sinto o mesmo que no Rio. O Centro se transformou num espaço que lembra algo em plena decadência. Não se encontra um café legal, uma vitrine bonita, uma galeria que lembre o fim do século xix.
O consumo transformou as lojas de rua em espaços estranhos e o brilho das luzes foi mandado para o shopping center. Entretanto, nesse lugar não temos dia, noite, vento, especificidades, eles são iguais em qualquer lugar do mundo. Recuso_me a ir ao shopping para ver a cidade. A vida está na rua, no shopping ela é uniformizada.
Saio entrando nas vias transversais em busca de novas imagens. Meus olhos se perdem numa imagem povoada de cartazes feios, de letreiros disformes, de produtos inúteis. Nunca vi tanta quinquilharia. Produtos chineses, plástico, plástico.
Nos labirintos citadinos sentei- me na Boca Maldita, que já não é mais maldita. Talvez um único espaço para poder observar a rua mais importante da capital, mas logo levanto-me. Os pedintes não me deixam observar ou escrever, ainda mais quando me chegam sem máscaras.
Levanto-me entro em outra viela e vejo uma ladeira no fim com um prédio diferente. Aperto o passo, antes que a miragem se perca. Uma praça no alto do morro, pinheiros em volta, uma ruína, um café. Cansada, sento e peço um cappuccino para esquentar e do alto conseguir olhar.