A maior viagem é aquela que desejamos fazer e não sabemos
para onde. Buscamos o tempo todo definir um lugar, um espaço físico que detenha
ali nas imagens nossas visões do
paraíso. Quando encontramos nos livros,
na Internet esse tal lugar que poderia ser, partimos em alvoroço.
Entretanto, tem um lugar que buscamos que nunca, jamais de
materializa. Este é o lugar que está no entrelugar de nossas indefinições.
Não defino o lugar porque não sei o que me comporta. Não sei
para onde quero ir, nem o que quero fazer, nem com quem quero estar. Diante
disso tudo, fico divagando em mil imagens de onde eu poderia estar nesse verão
enlouquecedoramente quente no Rio de Janeiro.
Da janela vejo o centro da cidade, fervendo embaixo do sol de 43 graus. A catedral, os arcos da
lapa, o aeroporto. No ar da quentura o som de
alguma banda tocando/ ensaiando
ao meio dia na Fundição, ou no Circo voador , não dá para distinguir de onde sobe o som.
Entra um vento pela janela, escancaro tudo. Tudo fica sujo
da poeira preta que sobe levada pelo vendo. Quente, quente, quente.
A ponte Rio/Niterói ao longe. Vemos os carros correndo para
os lagos, para as praias ou somente para atravessar o mar de lamas da bahia.
Saio da janela da frente vou para o quarto. Um vento fresco vem da entrada da bahia. Um transatlântico dos
grandes acaba de adentrar a boca
banguela. Outro vem saindo. O que sai é menor do que o que entra. Os dois brancos. Não dá para ver o nome. Daqui a
pouco turistas afoitos de atropelarão no
cais em busca de um taxi que os levem ao paraíso. Cidade paisagem da Onu, ou
será Unesco,nem sei.
Buzina o navio como quem diz, estamos chegando. Serão três
dias de festa.
Subo a cobertura. Corcovado, pão de açúcar, eu devia morar
lá em cima no telhado. É quente mais tem vista, diriam alguns. A direita o Parque das ruínas. A Laurinda sabia viver. De lá, na torre se vê todo o Rio. A frente o Pão de Açúcar
camuflado pelo coqueiro da casa do vizinho. O coqueiro é lindo, mas não é cartão
postal. O chão está queimando, meus pés não aguentam, estou descalça. Desço,
faço mais algumas fotos.
O sol esquenta mais e mais.
Queria estar não sei em que parte do mundo. Se soubesse não estaria aqui, lugar que amo, mas
onde sempre estou.
Europa , Bahia,África, praia, montanha, gelo, sol, onde
ir???o que fazer?? O que escrever, o que ver?
Como saber onde é o paraíso. Para alguns seria aqui, mas também aqui
seria o inferno. Um não vive sem o outro. Se só o paraíso existisse este seria
o inferno, seria o tédio completo.
Enquanto não decido, vou fotografando a cidade em que vivo, e ela merece, é das mais lindas. O Rio
de Janeiro continua lindo... já dizia nosso Gil, que também não é daqui. (Rio, 01/2013)
Elis, Elis!! Que bom que depos de meses você reapareceu aqui, cheia de palavras, cheia de imagens, imagens bacanas, o calor imenso das palavras dentro navegando dentro do rio, o rio, o Rio de Janeiro sempre belo! Abraçossssss
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