Chefchouen-Acordei atrasada pois esperava sair mais cedo, mas tive insônia e foi preciso tomar um antialérgico para dormir. Algum mosquito me mordeu e o povo do hotel fazia barulho. Em todo lugar tem gente sem educação. Eram uns belgas, uma família, e deviam estar cheios de haxixe e sem noção do tom da voz.
Saí e fui morro abaixo para tomar um café bom e partir a Tanger onde agora estou sentada num centro de acolhimento feminino indicado por Hassim. Um novo amigo que fiz na igreja anglicana.
Eu saltei do Grand táxi de Chefchouen e tomei um pequeno táxi até a estação de trem, que está toda em obra, lá comprei o bilhete para o trem de Marraquexe que só sai as 11 :45 da noite. Feito isso, tomei outro táxi e vim para a Medina. Na vinda fui olhando a cidade grande, muito grande, com prédio altos e muitas lojas.
No fim de uma grande avenida quase a beira mar uma virada a esquerda daria na Medina. Desci do táxi e voltei a rua, pois tinha visto uma oficina de turismo. Fui lá peguei um mapa e sai com a mala. Sim, não tinha locker , ferrou!!
Aí fui andando com mala, mapa, bolsa e celular em punho e ainda puxando a roupa para os peitos não ficarem muito chamativos quando bate o vento e aparece a camiseta vermelha.
Então com mapa, fica fácil. Muitos vem para ajudar , mas recuso. Aqui o povo tem mania de vir falar carregar , te levar e depois cobrar.
Eu fui indo, entrei na Medina, fui até a mesquita vi o mar na rua principal e alguns pontos marcados no mapa. Até que saí, de fato, Medina é tudo igual. Ninguém me tira da cabeça que o capitalismo nasceu com o árabe , é muito comércio.
Saí da Medina fui buscar o jardim , vi uma igreja anglicana entrei e sentei no jardim com a mala para descansar era meio dia.
Hassim apareceu , ele é quem abre a igreja e deixa as pessoas entrarem , toma conta. Custa 20diram para entrar. Ele falou da igreja que tinha elementos árabes, judeus, Cristão e até budista. Fiquei curiosa e entrei.
Realmente uma igreja que é a mistura de tudo.
Ficamos conversando e conversa vai e vem , pois ele fala bem o espanhol , falo do livro que se passa aqui e ele disse que conhece a escritora, que ela veio várias vezes coletar material e que ali estava enterrado, tem um cemitério no jardim, o correspondente que foi usado como personagem do livro.Fui ver o túmulo.
Depois ele pergunta que se eu quisesse podia deixar ali a bagagem para dar uma volta. Eu pensei e disse que sim.
De valor na mala só minhas roupas todas e os textos que vou apresentar. Deixei.
Livre da mala pude andar até a kasbhar e sassaricar pela rua sem peso. Foi ótimo.
Voltei peguei a mala, nem conferi dentro.
E fui ao centro de acolhimento para mulheres para almoçar , mas não tinha nada. Sentei no pátio interno e pedi um chá de hortelã.
Não estou ainda com fome, embora tenha tomado café as 9 e já são 5h. Depois levantei e fui andando pela avenida liberdade. Até que vi uns restaurantes com mesa para rua que se via o mar e fiquei.
Almocei e depois fui caminhando toda liberdade , depois avenida Mohamed V, i entrando por bairros que beiram a praia , seguindo mais ou menos o trajeto do táxi de manhã e eis que estou quase na estação ferroviária. Um bairro tipo Barra da tijuca. Uma grande avenida para o mar e uma interna. A do mar com uma enorme área de lazer que está lotada e fica de frente para o Mediterrâneo. O ferry acaba de passar. Todo mundo sentado na grama, na areia da praia se divertindo. As mulheres, muitas, com sua roupa habitual . Mas o vento é forte e não devem sentir calor. Sempre a tardinha o povo todo vai para caminhar. Fico pensando que falta faz a segurança. Se fosse no Rio teria medo de ficar com no telefone na mão. Até cavalo tem na praia. Estou de frente para a Espanha. Uma hora pelo mar chego lá.
No canto esquerdo um bairro tipo Ipanema . Do outro lado tem uma pequena montanha que me parece cheia de mansões. AQUI prédios muito novos. Do lado da estação em obra tem um shopping.
Continuo sentada vendo o movimento, só troco de banco. Passa um grupo de mulheres e sentam no meu lado. Duas de Meckes e a outra com a filha daqui mesmo. As 3 sem lenço e uma , mãe da garota com lenço, justo essa sentou ao meu lado e começou a falar de Alá. Estranho parecia ela meio maluca. Nem a filha dava bola para ela. Me fizeram interrogatório. Eu falava em ingles e a menina que devia ter um vinte e poucos anos traduzia em árabe. Conversa vai e vem. Depois da pregação da mãe, e nem te nada para as outras. Me perguntam se eu não tinha filhos. A mãe pergunta, digo que não. Que era divorciada a muito tempo e que tinha me separado de outro a pouco tempo. As duas mulheres sem véu e com aparência bem normal , cabelos com tinta , meio parecidas com francesas falaram: bravo!!!
E a velha se levantou. Acho que daí por diante ela não sentou mais até ir embora.
Depois vou falar sobre essa opressão que vejo por aqui. Me parece uma imensa vontade das mulheres de sair do rótulo que a religião colocou para elas. As mais novas principalmente. Mas isso é papo para depois.
Estou agora na estação improvisada, pois está em obra, aguardando o trem para Marraquexe.
Uma nova viagem se inicia, dessa vez sem que o roteiro esteja rigorosamente definido, sem estar acompanhada, é como da primeira vez, à vontade dos ventos.
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quarta-feira, 18 de julho de 2018
Tanger e vamos nós!!
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