31\12\2010-Paris- Último dia do ano
Estou na casa da Amélia, são 11 horas da manhã, ainda não saí hoje, estou descansando do trajeto de ontem, o dia inteiro para chegar a Paris. Cheguei aqui depois das 10 da noite, fiz outro caminho para chegar, em vez de pegar o sutlle de ônibus peguei o trem. Um rapaz muito simpático me ajudou no trem até a Gare du nord e de lá peguei o metro. Ao sair na estação Saint George, olha o santo guerreiro de novo, perguntei de novo e cheguei bem mais fácil que na primeira vez. Está muito frio, mesmo com aquecimento ligado tá frio. Coloquei meu diário em dia, e logo vou a rua. Amélia agora mora em outra estação do metro, antes era na Concorde, agora na ,mesma linha(12), mas a frente, pertinho da Sacre Coeur, de Pigalle, um lado menos chique mas também central. Estou com medo do frio na rua, mas vou sair.
Falei agora no telefone com a Emili em Mangaratiba, e falei com Alice também, bateu uma saudade boa, bom que todo mundo está lá em casa, vai ter festa, bem legal.
Aqui não sei o que farei, acho que provavelmente verei fogos na rua, mas também nada muito cheio. Com o frio não dá nem vontade de sair. Amélia vai trabalhar amanhã e depois, e hoje também está trabalhando. Ela é um amor de pessoa. Por hoje é só, vamos a Paris, que não é todo mundo que tem a sorte de estar aqui... Vualá...
30\12\2010- Zurique , aeroporto.
Porcaria, tudo tem que pagar aqui, tentei conectar enquanto espero o vôo, mas não consigo é igual Portugal, mesma droga, entra a rede mas para entrar a sua página não se consegue.
Bem, um dia inteiro perdido só para se deslocar de uma cidade a outra. De Istambul para Paris , saí do hostel às 10 da manhã, são 17:15 , já anoitece e ainda não cheguei a Paris,pqp, o melhor é mesmo viajar de trem, você chega e chega, não tem que tirar roupa, tirar sapato, ficarem te enchendo de perguntas, te apalpando,é F.
Ainda bem que o resto da viagem vou fazer de trem,talvez perca-se menos tempo com burocracias de segurança, faço viagem a noite e chego de dia, de avião saio de dia , perco o dia todo e chego de noite, por causa do inverno.
Hoje dia 30 o aeroporto está lotado e vou chegar a Paris de novo a noite, para ralar no metrô até a casa da Amélia. Tomara que não esteja nevando, porque aqui em Zurique já nevou muito hoje, está tudo tão branco. Dentro do aeroporto é muito calor, abre-se uma porta e bloom o vento gelado entra. Eu não sei como o povo consegue ficar de casaco o tempo todo. Um calor da peste. Por isso que a roupa deles fica fedendo, porque suam e não tiram o casaco. Depois, haja nariz.
Tem montes de italianos aqui, porque é transferência de vôo para Milão, Bari, Roma, Veneza.
Estou torcendo para Paris estar mais quente, já não agüento mais tanta roupa.
Tô cansada, esse trânsito, esse deslocamento é “very tired”.
Um belo italiano empurra um carro, que bate em mim, pede desculpa. É legal ficar olhando-os com olhos antropológicos: como falam, como gesticulam. Sempre como se tivessem sido desaforados. Reclamam, o mundo deles é que é certo.Uma mulher indignada porque aqui em Zurique o avião para longe e tem que vir para dentro do aeroporto de ônibus.
(Parêntesis)Acaba de sair meu vôo, e dá também a temperatura em Paris, 2graus, caramba, vou virar pinguim... tem que botar luva etc, espero que não esteja chovendo e que não tenha neve.
Devo chegar à casa da Amélia pela nove horas ou mais, o brabo é o vento. Já estou com medo, o frio faz eu me sentir abandonada, louca para logo tomar um banho.
Hoje é o penúltimo dia do ano, tanta coisa aconteceu. Estava no avião e de soslaio olhei a revista em francês de uma mulher que estava do meu lado, ela lia o horóscopo. Vi lá meu signo, e prometia. Nem vou falar para não criar “uruca”, essa gíria é muito velha.
O povo tampou a minha visão, fica todo mundo louco para embarcar. Meu próximo voo é curto, acho que uma hora. Quando cheguei a esse aeroporto hoje, a pouco, lembrei-me de um viajante de entre-lugares, pensei se o encontrasse num lugar desse, o que ele faria, o que eu faria, nada??, olharia e ficaria por isso, seria muita ironia do destino. Deixa pra lá, que esse destino parece não me pertencer.
Tentei ligar para casa, o telefone parece que não faz mais esse tipo de chamada, não tem onde comprar cartão telefônico, quando liguei meu pai atendeu na casa da Emili e disse que Alice estava com febre de novo, aí acabou o cartão e fiquei sem saber.Quando chegar na Amélia vou tentar ligar para o Rio. Espero o dia de levar a minha lindinha para viajar. Tem tanta criança viajando, agora mesmo tem uma pequena ,deve ter no máximo um ano de idade, lourinha,está a minha frente, solta, brincando, muito fofa.
Amanhã tenho mil coisas para fazer em Paris, antes de encerrar o ano . Abriram de novo o portão e o frio. Vou para fila.
29\12\2010-De volta a Istambul.
O tempo corre e passa devagar ao mesmo tempo, parece que estou aqui faz um tempão. O dia é curto e logo é noite, não aguento mais falar inglês, língua chata e povo chato o americano,vai me dando um nervoso, e tem só 8 dias que saí do Brasil. Mas a droga do imperialismo americano faz isso, o mundo todo fala inglês, ou deve falar inglês, e eles não se sujeitam a falar qualquer outra língua.
Ontem(28) no tour que fiz na Capadoccia tinha uma americana que ficava o tempo todo falando, estava ela e o filho, me parecia que devia ser da academia , alguma professora ou estudiosa . Ela tudo perguntava, tudo tinha comentário, não deixava o coitado do guia em paz, ele por sua vez, com um inglês talvez muito bom, falava rápido demais. Eu quase não entendia, para mim, ele falando parecia o som da reza que se faz aqui nos auto-falantes a cada 3 ou 4 horas,quando tocam os sinos das mesquitas e eles rezam voltados para Meca,ou devem rezar. Obrigação de muçulmano. Mas acho que esse costume aqui na Turquia está perdendo a força. Não vejo muita gente parada na hora da reza. Bem, a explicação do guia para mim é como uma ladainha, rs,rs. Tem hora que ele explicando as imagens nas cavernas e só entendo quando ele fala Jesus Cristo. Nas cavernas as pinturas são bizantinas, e é o início do cristinismo. Aqui na Capadoccia tem muita imagem ,nas cavernas, de São Jorge( o santo guerreiro- feriado 23 de abril no Rio de Janeiro) , e Jesus Cristo. Então ele fala, param,param, param, Jesus Cristo.parece piada mas é verdade. Embora tenham todas essas imagens, nada de cristanismo se vê, nenhuma imagem do santo guerreiro para vender , afinal o país é muçulmano.
Também as pessoas agem normalmente, (comum para o resto da europa), com roupas normais e é interessante que há certos vídeos que passam na televisão onde as mulheres são expostas como as do Brasil. De maiô, cantando, dançando de forma muito sensual para um país muçulmano.
No dia do natal, nem lembro mais o que fiz. Mas no dia 26 fui ao Taksin, bairro que tem discotecas, cafés etc, e um comércio fenomenal. É uma coisa de louco o comércio daqui. Andei o dia todo e a noite peguei o ônibus para Capadoccia. Abre-se um capítulo. Antes porém, do Taksin fui andando, andando até que dei de novo na Torre Gálata, sobre a qual já falei. Tirei de novo foto e desci, atravessei a ponte do mesmo nome e cheguei ao lado do Mercado egípicio( Spice bazar) onde vendem especiarias e toda sorte de coisas.
Ali na praça do Spice bazar e a Mesquita Nova(Yeni Cami) fiquei horas, tem uns restaurantes no barco, na verdade lanchonetes no barco, o barco é a cozinha e o povo compra sanduíche de peixe com cebola, e na mesinha, ao relento mesmo, tem molho de limão. Lógico, que foi o que comi, vi o povo todo comendo achei que não me faria mal, e não fez. Fiquei ali observando os passantes, parece que domingo é o dia em que todos vão para rua , para as compras, mais que no sábado.A passagem subterrânea era um coisa de louco. Se a pessoa bobear é pisoteada. É um subterrâneo que atravessa as pistas de carro e train, o trem de superfície que dá a volta na cidade.
Acho também que no domingo tinha alguma manifestação política, porque estavam muitas pessoas com uma bandeira diferente na mão e com fitas verdes escritas em árabe. Depois de comer fui passear de barco pelo Bósforo. Uma visão muito bonita, o lado asiático com muitas casas a beira do mar,casas maravilhosas , e também os palácios vistos de longe e o forte, e a cidade. É uma cidade enorme, alegre, cheia de gente.
Chama atenção também o número de pescadores, as pessoas param sobre a ponte Gálata e ficam pescando, é programa legal da cidade, tirei foto. Também ao logo do Bósforo e do canal se vê gente pescando, pode estar o maior frio. Quando fui pegar o ônibus para Capadoccia era uma espécie de parque a beira mar e a noite o povo pescando.
Nesse mesmo dia 26, fiquei parada em frente ao Spice bazar depois do passeio ao Bósforo e fotografei o lugar. Era tanta gente, um mar de gente, homens , mulheres , crianças, velhos, jovens, uma pluralidade interessantíssima.
É interessante também ver que as roupas aqui são muito escuras, homens na maioria vestem preto e mulher também;os casacos são pretos. Ao contrário disso são os orientais, turistas que estão por toda parte. A europa e a Turquia foram invadidas , tem mais coreano, japonês etc do que qualquer coisa. Eles só chegam em bando, todos de casacos coloridíssimos. Vermelho, rosa, azul, todas as cores. Invadem todos os espaços e os europeus os chamam de china.
Pelo que observei, os coreanos são mais comedidos nas compras. Não ficam entrando nos lugares e comprando, como os japoneses tempos atrás. Pelo contrário, eles não compram nada, até bala trazem do seu país. Pelo jeito a Turquia está na moda na corea, eles vem e ficam por aqui, não vão para outro país.
Creio que daqui a uns poucos anos eles invadem o resto, vamos ver se estou certa.
Prova disso é que nos tours por aqui, Istambul e Capadoccia só tem coreano, my god!!! E quando falam, tem rixa com os japoneses. Muito engraçado.
Mas voltemos a americana chata que várias vezes vinha me perguntar algo que eu não entendia e respondia. E ela parava, ía puxar assunto com outros. Em uma hora, descendo o cânion, veio ela me dizer que o Rio de Janeiro era muito caro. Eu disse que sim, realmente é uma cidade cara, que está mais barato viajar pela Europa do que pelo Brasil. Até aí nada, o problema é que esses caras, americanos etc, querem só moleza, exploram os países e querem que sua moeda tal como a língua sejam as maiores e melhores. O americano, e tem pouco por aqui, está F. e ainda tem uma arrogância horrível, ainda parece que são os donos do mundo. Falam como se só eles soubessem das coisas. O Europeu também é assim, mais ainda o italiano, todavia eles vêm perdendo a pose diante das crises. Espero que o brasileiro não se torne um povo arrogante com o giro que a história nos reserva.
Mas mudemos um pouco de assunto.
Por outro lado certas línguas ou linguagens são universais, isso é fantástico . A Capadoccia foi um show, dois dias intensos desde o ônibus até a chegada aqui em Istambul. Mas, capítulo a parte será feito em forma de ficção. Deixe a imaginação se fartar porque relato de viagem deve ser relato, afinal é viagem de conhecimento, meu e de outros, digamos. ,
Então, ficam no Elipseficcional certas partes para imaginação fértil... ou não.
Cheguei a Göreme , pequena cidade da Capadoccia pela manhã, o transfer chegou e me levou. Marmed, o rapaz que veio me pegar,( se não for esse nome não tem problema, nomes são coisas a parte,não dá para decorar em tão pouco tempo, ainda mais em outra língua)era dono ou gerente do star cave, onde fiquei. Amanhecia, me levou para ver os balões , muito lindo, o céu estava azul e os balões coloridos iam subindo enfeitando o céu, eu não voei porque não daria tempo, pensei.
Todavia isso não era para o transfer fazer, em vez de me levar ao hotel, ele foi passear comigo , me dava a mão, me abraçava,dizia que o lugar era romântico, me mostrou as montanhas, tirou foto me dando beijo no rosto, andava de mão dada comigo, eu pensava, será que isso é um costume...
Alá, alá,alá.....salamaleico salem...
Tudo bem que o turco é hospitaleiro , mas já estava meio demais, tanta coisa assim num só dia. O ônibus, a chegada, são “ tantas emoções”. Bem o tempo que fiquei no hotel, falava com Marmed naturalmente e ele ficava me olhando. Era um turco muito bonito, um homem fisicamente interessante. A noite quando cheguei do restaurante estava lá com uma criança bonitinha da idade da Alice, disse que era seu filho, vai saber.
Fato é que ao sair do hostel na noite de 28 Marmed foi me levar a porta do hotel, Marmed muito hospitaleiro e carinhoso. Acho que deve ser do costume muçulmano beijar as pessoas e abraçar muito. Me chamou para jantar com ele e como estava tudo vazio tomamos juntos um chá que ele fez. Eu tinha hora para o ônibus but...O tempo as vezes é feito por nós, jamais é perdido, sempre se ganha, sempre... Perguntou-me se eu voltaria ali outra vez. Quem sabe...
Fui embora, no ponto do ônibus ía sentar-me no terraço de um restaurante ao lado da estação de ônibus para aguardar, sentei, pedi uma sopa de ervilha. Aí dentro do restaurante estava o espanhol e seus filhos, e me chamaram para entrar e comer com eles. Mandou um turco que falava espanhol me chamar, entrei, comi com eles. Olhares a parte, eles também iriam embora naquela hora. Todavia nosso ônibus era diferente. Eles foram no mesmo ônibus que vieram e meu voucher era de outro. Despedi-me deles, mas antes troquei e-mail com o espanhol e disse que talvez os visitasse na Espanha. Fizemos uma foto no restaurante.
Meu ônibus demorou mais de uma hora para chegar, mas veio vazio, fiquei com duas poltronas para mim, tomei um remédio relaxante e dormi toda viagem chegando a Istambul pelas 7 horas da manhã, ainda noite.
27\12\2010, Capadoccia
Aqui estou num restaurante com a cara da Turquia e de todo mundo árabe, coisa de filme. Tudo vermelho, com sofá também vermelho estampado, de tapete. Tudo fofo quase no chão, como aquelas tendas árabes que vê nos filmes e livros, um clima da terra, do oriente médio, das mil e uma noites que sempre me encantaram desde criança.
Dentro do restaurante está bem quente. Tem mesa de coreanos, de ocidentais e eu sozinha sentada na mesa fofa escrevendo, coisa que no Rio na faço, mas que acho aqui muito bom. Observo tudo, tomo um cálice de vinho da Capadoccia e como um yogurte com pão, e escrevo, e olho as coisas e penso. Essa liberdade de curtir as coisas que gosto, de curtir mesmo sozinha. É bom viajar sozinha, não esperava que tantos anos depois eu fosse fazer isso de novo. Todavia quando viajo com a Malu e a Lílian nós rimos muito, caçoamos das coisas, brincamos, em grupo se ri mais, é mais gente para dividir .
Cheguei a Capadoccia hoje pela manhã, foi dos dias mais intrigantes da viagem.
Comprei um pacote na agência do lado do hostel, tudo incluído, hotel, ônibus, almoço, com a mochila pequena.
Eis que estou no ônibus e senta ao meu lado um espanhol que chega com dois filhos adolescentes(14 anos). Chamou minha atenção, não sei porque.talvez fosse atraente...
Ônibus saiu depois de muitas confusões de lugares marcados e não marcados, cheio de chinas, como dizem os europeus.
Ele, o espanhol, ao meu lado num péssimo lugar do ônibus, junto à geladeira no meio do Ônibus onde não dá para esticar as pernas, e as pernas começaram a se confundir, e as pernas e pernas e pernas e braços e pele e frio e casaco e mãos...
Ele me falou sobre ele, seus filhos e uma filha portuguesa, seu trabalho, eu falei do meu e chegamos a Göreme, a cidadezinha pequena onde ficam os hoteis da Capadoccia. Não os vi mais nesse dia, até procurei,não nos cruzamos no tour, mas os vi chegando na vam tour de longe..
No tour, hoje, fui a muitas cavernas. Junto comigo estava Nico, um argentino, 27 anos, simpático, de Córdoba, ficamos amigos, juntos, todo o tour. Olhando ele era super parecido com Paulo Marcio, mas sem baraba. Ele esta viajando pela europa, etc desde março e foi me dizendo o que fazia, muito bom humor,nada parecido com os portenhos. Foi bom porque finalmente tive alguém para tirar fotos minhas nos lugares. Aliás isso é o grande problema de viajar sozinho, as fotos. Não que eu seja narcisista, mas PÔ, quero ter pelo menos uma foto minha no lugar que estive, but, está um terror, os coreanos batem foto muito mal . Você pede para fazerem um foto sua no espaço, no monumento e eles tiram só você e aí tem que depois ficar procurando que monumento é aquele. Alá ... Ou seja, tenho pouquíssimas fotos minhas nos lugares, fazer o que é o preço que se paga.
25\12\2010, Istambul
Nada como viajar a um país muçulmano, não tem natal, hoje 25 tudo funciona..
Andei, andei “até ficar com dó de mim”,nunca andei tanto, vou caminhando e olhando e vendo coisas diversas e iguais e esqueço o tempo, não vejo a hora passar. É legal, meus pés doem mas não estou cansada . Penso em nada, ou melhor, em compras agora. Entrei nas mesquitas e esqueci de pedir, esqueci que mesquita é igreja também, falha terrível para uma viagem “mística” como essa. Tudo bem, tô legal.
Sei que certas coisas não mudam e outras mudam sempre. Estou gostando muito de viajar sozinha de novo, é bom. Nada como os amigos para rirmos juntos, mas se ninguém pode, sozinha é uma opção gostosa estou constatando. Também estar sozinho interfere na disponibilidade para conhecer pessoas, na verdade nunca estou sozinha acabo conhecendo alguém e fazendo amizade e ficando papeando . Ainda bem que não está o frio que pensei aqui em Istambul. Amanhã vou para Capadoccia e lá veremos, mais dois dias e volto para cá e vou para Paris. Sem nada pensar, isso é possível... Gastando sem preocupação o dinheiro suado que ganhei num ano de muito trabalho. Dia 29 é dia de comprar tudo que vou levar aqui da Turquia. Seria melhor comprar aqui, mas como carregar, por mim levava tapetes, almofadas, aguiler, tudo do mundo de Ali Baba e Aladim, mas tem ainda 20 dias para carregar e depois isso pode virar um berimbau... lembro da Débora, que fazer com um berimbau em casa, enfiar em que lugar. Aquelas coisas que compramos em viagem e depois viram um traste dentro de casa , não combinam com nada , até que resolvemos nos desfazer delas, e um grande problema se desfaz. Aliás, como quase tudo na vida, quando desapegamos, let it be, passa, e não são mais problemas, e percebemos o quanto de tempo ficou imobilizado na coisa.
As duas coreanas que andam comigo podiam ser minhas filhas. Tudo bem que eu teria que ter filho cedo, mas podiam. No entanto, nos damos bem, não tem diferença brutal de comportamento, ficaram pasmadas quando eu disse minha idade, meus 30 e uns, rs, disseram que pareço uns 27, adorei, fantástico.
Voltando falar da cidade, essa é encantadora, continuo afirmando,me encanta, hoje descobri a universidade. Acho que eu toparia ficar aqui morando por um semestre como leitora de português e cultura brasileira. Morando aqui nesse bairro,para ir a pé para a universidade. Um período. Traria todos os amigos para ver os mistérios da bela cidade.
Tem muito homem aqui, se vê mulheres na rua mas os homens são maioria. As mulheres cobrem os cabelos mas os lenços são cada vez mais coloridos. Ou seja, chamam mais atenção que os cabelos. Não ter muitas mulheres na rua , no entanto não quer dizer que tem menos mulheres, talvez isso ocorra porque elas ficam dentro de casa. É uma possibilidade. A cultura é machista na maioria dos países islâmicos. Todavia, as mulheres na rua, mesmo algumas com cabelos cobertos usam jeans apertado, coisa igual no Brasil, essa é a massificação e globalização da vestimenta.
Istambul, 24\12\2010
È natal e aqui não tem nada que se pareça com isso, minto, tem muita gente passeando nos pontos turísticos, muita gente viajando, chegando e saindo, mas não aquela loucura de consumo, que na verdade, sejamos justos, mesmo sem natal, deve ter nascido aqui.
O que tem de loja, bazar, tenda, quiosque etc e tal, é uma coisa enorme com tudo que se pode imaginar, é o Saara multiplicado por mil, eu não conheço a 25 de março em São Paulo, mas isso aqui deve ser maior, e algo diferente, é que aqui os vendedores ficam do lado de fora pegando o cliente . Eles vem atrás de você para te capturar para dentro da loja e se você não for eles ficam brabos, querem que você negocie com eles. Se não tem preço, já viu, é para chorar ,negociar, até que ele te convença a comprar.
Fui hoje com as duas coreanas ao Topkapi, Palácio do Sultão, uma coisa tão rica , tantas jóias, parece que o mundo todo presenteava o Sultão. Os aposentos são divinos, não no conceito divino e de luxo ocidental, não, aqui os desenhos, os azulejos os tapetes é que fazem, a riqueza. Tem ouro também, nas jóias e nos mantos, pedras preciosas são muitas, vários diamantes,esmeraldas, safiras, rubis e turquesas. A beleza do local é incrível e tem pontos de onde se vê toda Istambul, e o Bósforo dividindo ásia e europa.
Depois do palácio fomos caminhando, paramos num restaurante comemos kebab, restaurante bem típico, cheio de tapete, confortável, agradável. Tirei fotos.
Aí tomamos o traim elétrico e fomos ao outro lado, saltamos e subimos o morro para Gálata a torre de onde se vê toda a cidade, que é muito grande. Foi construída em 528 pelo rei de Bizâncio. Ao descer fomos por caminhos diversos até a margem do Bósforo onde tem muitos pescadores e também onde se vende peixe fresco. Tirei muitas fotos, mas não estou dando sorte com quem tira fotos minhas, cada qual pior. Será uma viagem onde eu apareço de longe nas fotos, bom exercício de desapego, de perder o narcisismo primitivo do ser.
Sim, porque é interessante, vamos aos lugares e queremos nos ver lá, não basta sentir e estar lá, temos que fotografar o tempo todo, e hoje a tecnologia massifica de tal forma fotografia que também os lugares estão perdendo sua aura.
Eu vi a Mesquita Azul várias vezes antes de entrar nela, de fato é impactante,mas é menos do que eu imaginava. O tamanho das Mesquitas não deixam nada a dever para o vaticano, a igreja de São Pedro, em Roma, ou a Catedral de Aparecida do Norte, todas se impõem pelo tamanho que tem, enormes ,fazendo nós mortais nos sentirmos um átomo diante daquela enormidade. Será que esses arquitetos, se sentiam assim diante de Deus, um mísero grão de área. No entanto, tem também o outro lado, faziam para que o povo se sentisse assim e continuasse a obedecer e talvez temer. Sempre existiu e sempre existirá o cerceamento das vontades da maioria, não tem jeito, sempre alguém tem que guiar.Mas deixamos isso de lado.
Gostei tanto dessa cidade, que moraria aqui um tempo. Aparentemente é muito segura, não tem problemas de medo, de segurança. As pessoas na rua têm comportamento tranquilo. As mulheres são muito bonitas, os homens, alguns sim, outros não. Todavia o mais incrível é que não tem uma uniformidade de feições, é uma misturada enorme. A facilidade de locomoção, a invasão dos países do leste, a invasão de turistas, só estando aqui e vendo para se ter certeza do que é o multiculturalismo.
Aliás é isso que se vive aqui onde estou, no quarto tem, 2 coreanas, eu, e agora mais duas, belgas, mas nem tanto, uma de família turca e outra de marroquina; ou seja o livro da Adriana Lisboa perto disso aqui é nada. Por isso que gosto de albergue, tudo bem que não é a melhor coisa do mundo, sem comentários. Mas se estivesse em hotel jamais conheceria gente como se conhece nos albergues.
Fora isso é a disposição para saber das pessoas. Jantamos eu e as coreanas num restaurante, comemos kafka com salada e o garçom me disse que gostava do Roberto Carlos, eu logo cantei – eu te proponho- e caímos todos na risada. Foi ótimo. Consegui enfim ligar para casa, que bom, escutar todo mundo e Alice.
Os dias passam devagar, mesmo anoitecendo cedo, ou talvez por isso, porque chega uma hora em que não aguento mais andar, aí tenho que parar. E venho para escrever.
Um relato cotidiano,nada sentimental, relato apenas, não sei se é isso que eu queria fazer de verdade quanto ao que escrevo. Sei que as impressões mais fortes essas vêm com o tempo, não de imediato, e temo que ao escrever de imediato perca o tempo de elaboração do que vejo e sinto.
Esse tempo, essa forma é que para mim são importantes. Ao observar cada coisa revejo as minhas, coisas da terra ,das pessoas, por isso o viajante é um ser em busca de si mesmo, e como jamais se encontra vive viajando tentando encontrar fora o que tá dentro. Eu sei disso, não busco nada fora, sei que tudo está sempre dentro, as misérias humanas, as angústias, as questões sem sentido, os casos mal terminados, a falta de sentimentos e as loucuras dos outros que temos que aceitar aprendendo a perder.
Tudo isso faz parte da viagem, não seria justo colocar um casaco e uma mochila e esquecer que dentro tem algo que não vai mudar, se não tiver disposição para tal.
Cada mesquita, cada templo, cada praça ,cada ponto tem uma história, mas a história individual, cada um com a sua dentro daquela história maior é que vai dar o clima do lugar. Vou pensar mais sobre isso.
Istambul, 23\23\2010
Fim de tarde, dia lindo, céu azul, sem frio, pouco frio, uma temperatura pouco mais baixa do que a que estou acostumada no Rio. Deve estar uns 23, sei lá.
Saí às 9 horas , duas coreanas vieram para o meu quarto. Simpáticas, com um inglês como o meu, assim podemos conversar, porque tem a disponibilidade e interesses das partes.
Fiz programas de turista, fui a Mesquita Azul, a Sofia e ao Museu de Arqueologia, imenso, 3 museus juntos. Andei muito, tanto que nem fui ao palácio do sultão, Topokai., que tinha até harém, vou amanhã.
Tudo aqui parece tranqüilo, ainda não me aventurei a pegar um trem qualquer e ver onde vai dar. AS cidade é enorme, aqui do terraço do hotel , lá no alto se vê o Bósforo e grande parte da cidade. E vindo de metro, que é em parte de superfície eu vi a parte nova. A cidade é nova, e os monumentos ficam dentro dessa nova cidade, é diverso de Roma por exemplo,ou Paris. Que tem o centro histórico e o em torno completamente diverso.
Andei tanto que esqueci de comer, comi agora fim de tarde.
Tudo parece barato porque o euro vale 2liras, é essa moeda?
Mas tudo muito interessante. Tem muita identidade com a Grécia, Tudo aqui lembra a Grécia . No museu arqueológico me senti em Atenas e vi o quanto eles estão investindo nesse lado, tudo muito organizado, arrumado mesmo, talvez melhor que não Grécia. Eu senti isso.
Sei que apesar de não ter quem tire foto de mim, estou gostando muito, as pessoas que pedi para tirar a foto , tiraram muito mal, puxa vida, isso é mal. Vou internalizando as coisas e depois escreverei.