Istambul, 24\12\2010
É natal e aqui não tem nada que se pareça com isso, minto, tem muita gente passeando nos pontos turísticos, muita gente viajando, chegando e saindo, mas não aquela loucura de consumo, que na verdade, sejamos justos, mesmo sem natal, deve ter nascido aqui.
O que tem de loja, bazar, tenda, quiosque etc e tal, é uma coisa enorme com tudo que se pode imaginar, é o Saara multiplicado por mil, eu não conheço a 25 de março em São Paulo, mas isso aqui deve ser maior, e algo diferente, é que aqui os vendedores ficam do lado de fora pegando o cliente . Eles vem atrás de você para te capturar para dentro da loja e se você não for eles ficam brabos, querem que você negocie com eles. Se não tem preço, já viu, é para chorar ,negociar, até que ele te convença a comprar.
Fui hoje com as duas coreanas ao Topkapi, Palácio do Sultão, uma coisa tão rica , tantas jóias, parece que o mundo todo presenteava o Sultão. Os aposentos são divinos, não no conceito divino e de luxo ocidental, não, aqui os desenhos, os azulejos os tapetes é que fazem, a riqueza. Tem ouro também, nas jóias e nos mantos, pedras preciosas são muitas, vários diamantes,esmeraldas, safiras, rubis e turquesas. A beleza do local é incrível e tem pontos de onde se vê toda Istambul, e o Bósforo dividindo ásia e europa.
Depois do palácio fomos caminhando, paramos num restaurante comemos kebab, restaurante bem típico, cheio de tapete, confortável, agradável. Tirei fotos.
Aí tomamos o traim elétrico e fomos ao outro lado, saltamos e subimos o morro para Gálata a torre de onde se vê toda a cidade, que é muito grande. Foi construída em 528 pelo rei de Bizâncio. Ao descer fomos por caminhos diversos até a margem do Bósforo onde tem muitos pescadores e também onde se vende peixe fresco. Tirei muitas fotos, mas não estou dando sorte com quem tira fotos minhas, cada qual pior. Será uma viagem onde eu apareço de longe nas fotos, bom exercício de desapego, de perder o narcisismo primitivo do ser.
Sim, porque é interessante, vamos aos lugares e queremos nos ver lá, não basta sentir e estar lá, temos que fotografar o tempo todo, e hoje a tecnologia massifica de tal forma fotografia que também os lugares estão perdendo sua aura.
Eu vi a Mesquita Azul várias vezes antes de entrar nela, de fato é impactante,mas é menos do que eu imaginava. O tamanho das Mesquitas não deixam nada a dever para o vaticano, a igreja de São Pedro, em Roma, ou a Catedral de Aparecida do Norte, todas se impõem pelo tamanho que tem, enormes ,fazendo nós mortais nos sentirmos um átomo diante daquela enormidade. Será que esses arquitetos, se sentiam assim diante de Deus, um mísero grão de área. No entanto, tem também o outro lado, faziam para que o povo se sentisse assim e continuasse a obedecer e talvez temer. Sempre existiu e sempre existirá o cerceamento das vontades da maioria, não tem jeito, sempre alguém tem que guiar.Mas deixamos isso de lado.
Gostei tanto dessa cidade, que moraria aqui um tempo. Aparentemente é muito segura, não tem problemas de medo, de segurança. As pessoas na rua têm comportamento tranquilo. As mulheres são muito bonitas, os homens, alguns sim, outros não. Todavia o mais incrível é que não tem uma uniformidade de feições, é uma misturada enorme. A facilidade de locomoção, a invasão dos países do leste, a invasão de turistas, só estando aqui e vendo para se ter certeza do que é o multiculturalismo.
Aliás é isso que se vive aqui onde estou, no quarto tem, 2 coreanas, eu, e agora mais duas, belgas, mas nem tanto, uma de família turca e outra de marroquina; ou seja o livro da Adriana Lisboa perto disso aqui é nada. Por isso que gosto de albergue, tudo bem que não é a melhor coisa do mundo, sem comentários. Mas se estivesse em hotel jamais conheceria gente como se conhece nos albergues.
Fora isso é a disposição para saber das pessoas. Jantamos eu e as koreanas num restaurante, comemos kafka com salada e o garçom me disse que gostava do Roberto Carlos, eu logo cantei – eu te proponho- e caímos todos na risada. Foi ótimo. Consegui enfim ligar para casa, que bom, escutar todo mundo e Alice.
Os dias passam devagar, mesmo anoitecendo cedo, ou talvez por isso, porque chega uma hora em que não aguento mais andar, aí tenho que parar. E venho para escrever.
Um relato cotidiano,nada sentimental, relato apenas, não sei se é isso que eu queria fazer de verdade quanto ao que escrevo. Sei que as impressões mais fortes essas vêm com o tempo, não de imediato, e temo que ao escrever de imediato perca o tempo de elaboração do que vejo e sinto.
Esse tempo, essa forma é que para mim são importantes. Ao observar cada coisa revejo as minhas, coisas da terra ,das pessoas, por isso o viajante é um ser em busca de si mesmo, e como jamais se encontra vive viajando tentando encontrar fora o que tá dentro. Eu sei disso, não busco nada fora, sei que tudo está sempre dentro, as misérias humanas, as angústias, as questões sem sentido, os casos mal terminados, a falta de sentimentos e as loucuras dos outros que temos que aceitar aprendendo a perder.
Tudo isso faz parte da viagem, não seria justo colocar um casaco e uma mochila e esquecer que dentro tem algo que não vai mudar, se não tiver disposição para tal.
Cada mesquita, cada templo, cada praça ,cada ponto tem uma história, mas a história individual, cada um com a sua dentro daquela história maior é que vai dar o clima do lugar. Vou pensar mais sobre isso.
É natal e aqui não tem nada que se pareça com isso, minto, tem muita gente passeando nos pontos turísticos, muita gente viajando, chegando e saindo, mas não aquela loucura de consumo, que na verdade, sejamos justos, mesmo sem natal, deve ter nascido aqui.
O que tem de loja, bazar, tenda, quiosque etc e tal, é uma coisa enorme com tudo que se pode imaginar, é o Saara multiplicado por mil, eu não conheço a 25 de março em São Paulo, mas isso aqui deve ser maior, e algo diferente, é que aqui os vendedores ficam do lado de fora pegando o cliente . Eles vem atrás de você para te capturar para dentro da loja e se você não for eles ficam brabos, querem que você negocie com eles. Se não tem preço, já viu, é para chorar ,negociar, até que ele te convença a comprar.
Fui hoje com as duas coreanas ao Topkapi, Palácio do Sultão, uma coisa tão rica , tantas jóias, parece que o mundo todo presenteava o Sultão. Os aposentos são divinos, não no conceito divino e de luxo ocidental, não, aqui os desenhos, os azulejos os tapetes é que fazem, a riqueza. Tem ouro também, nas jóias e nos mantos, pedras preciosas são muitas, vários diamantes,esmeraldas, safiras, rubis e turquesas. A beleza do local é incrível e tem pontos de onde se vê toda Istambul, e o Bósforo dividindo ásia e europa.
Depois do palácio fomos caminhando, paramos num restaurante comemos kebab, restaurante bem típico, cheio de tapete, confortável, agradável. Tirei fotos.
Aí tomamos o traim elétrico e fomos ao outro lado, saltamos e subimos o morro para Gálata a torre de onde se vê toda a cidade, que é muito grande. Foi construída em 528 pelo rei de Bizâncio. Ao descer fomos por caminhos diversos até a margem do Bósforo onde tem muitos pescadores e também onde se vende peixe fresco. Tirei muitas fotos, mas não estou dando sorte com quem tira fotos minhas, cada qual pior. Será uma viagem onde eu apareço de longe nas fotos, bom exercício de desapego, de perder o narcisismo primitivo do ser.
Sim, porque é interessante, vamos aos lugares e queremos nos ver lá, não basta sentir e estar lá, temos que fotografar o tempo todo, e hoje a tecnologia massifica de tal forma fotografia que também os lugares estão perdendo sua aura.
Eu vi a Mesquita Azul várias vezes antes de entrar nela, de fato é impactante,mas é menos do que eu imaginava. O tamanho das Mesquitas não deixam nada a dever para o vaticano, a igreja de São Pedro, em Roma, ou a Catedral de Aparecida do Norte, todas se impõem pelo tamanho que tem, enormes ,fazendo nós mortais nos sentirmos um átomo diante daquela enormidade. Será que esses arquitetos, se sentiam assim diante de Deus, um mísero grão de área. No entanto, tem também o outro lado, faziam para que o povo se sentisse assim e continuasse a obedecer e talvez temer. Sempre existiu e sempre existirá o cerceamento das vontades da maioria, não tem jeito, sempre alguém tem que guiar.Mas deixamos isso de lado.
Gostei tanto dessa cidade, que moraria aqui um tempo. Aparentemente é muito segura, não tem problemas de medo, de segurança. As pessoas na rua têm comportamento tranquilo. As mulheres são muito bonitas, os homens, alguns sim, outros não. Todavia o mais incrível é que não tem uma uniformidade de feições, é uma misturada enorme. A facilidade de locomoção, a invasão dos países do leste, a invasão de turistas, só estando aqui e vendo para se ter certeza do que é o multiculturalismo.
Aliás é isso que se vive aqui onde estou, no quarto tem, 2 coreanas, eu, e agora mais duas, belgas, mas nem tanto, uma de família turca e outra de marroquina; ou seja o livro da Adriana Lisboa perto disso aqui é nada. Por isso que gosto de albergue, tudo bem que não é a melhor coisa do mundo, sem comentários. Mas se estivesse em hotel jamais conheceria gente como se conhece nos albergues.
Fora isso é a disposição para saber das pessoas. Jantamos eu e as koreanas num restaurante, comemos kafka com salada e o garçom me disse que gostava do Roberto Carlos, eu logo cantei – eu te proponho- e caímos todos na risada. Foi ótimo. Consegui enfim ligar para casa, que bom, escutar todo mundo e Alice.
Os dias passam devagar, mesmo anoitecendo cedo, ou talvez por isso, porque chega uma hora em que não aguento mais andar, aí tenho que parar. E venho para escrever.
Um relato cotidiano,nada sentimental, relato apenas, não sei se é isso que eu queria fazer de verdade quanto ao que escrevo. Sei que as impressões mais fortes essas vêm com o tempo, não de imediato, e temo que ao escrever de imediato perca o tempo de elaboração do que vejo e sinto.
Esse tempo, essa forma é que para mim são importantes. Ao observar cada coisa revejo as minhas, coisas da terra ,das pessoas, por isso o viajante é um ser em busca de si mesmo, e como jamais se encontra vive viajando tentando encontrar fora o que tá dentro. Eu sei disso, não busco nada fora, sei que tudo está sempre dentro, as misérias humanas, as angústias, as questões sem sentido, os casos mal terminados, a falta de sentimentos e as loucuras dos outros que temos que aceitar aprendendo a perder.
Tudo isso faz parte da viagem, não seria justo colocar um casaco e uma mochila e esquecer que dentro tem algo que não vai mudar, se não tiver disposição para tal.
Cada mesquita, cada templo, cada praça ,cada ponto tem uma história, mas a história individual, cada um com a sua dentro daquela história maior é que vai dar o clima do lugar. Vou pensar mais sobre isso.
Querida, lendo o seu texto também me sinto viajante em mim mesma. A cada convívio, a cada situação, buscamos e encontramos em nós mesmo aquilo que nos faz únicos e diferentes, mas, do mesmo modo, aquilo indefinível que nos torta incessantes "procuradores". Sinto-me, agora, viajante com você. Muito Bom!!! Bjss Sandra
ResponderExcluirQuerida Elis este seu texto, mesmo escrito na corrida da viagem, lembra Fernando Pessoa, o filme "Noturno Indiano", baseado em Pessoa. "Não busco nada fora sei que está dentro", me busco, é issso amigo , é isso. A procura é interna e não externa. Esta com certeza vai ser uma viagem muito marcante para voce.
ResponderExcluirVamos falar muito desta viagem quando voltes, ok!
Boa Viagem!
beijos,
Célia