sexta-feira, 29 de junho de 2018

A cidade azul

Fim de domingo na minha jornada de mochileiro. Voltei agora da praça lotada, o povo não sai da rua é todo dia e noite. Fui comer algo para fechar a comilança do dia e fechei mesmo com sanduiche e batata frita numa tasca com uns meninos ótimos com quem conversei. Me impressiona a receptividade deles e como ligo vem para conversar depois ainda apresentaram a irmã e as amigas da irmã. Depois fui para o meio da praça e dois rapazes tocavam e cantavam músicas em inglês.  Não me pareciam marroquinos estavam mais para argentinos.
No meio ouvi alguém falar em saudade e olhei e um rapaz  falando bem português . Disse que fez mochila no Brasil e trabalha com capoeira. Um sotaque ou melhor sem sotaque. É do novo México.
Estava na praça e pensava. O que é tudo isso. Isso que nós move a sair de um lugar e ir para outro em busca de algo que não sabemos o que é. Gostamos de ver, e sentir  outras vidas, ouvir as historias de outros e verna terra de outros as historias de suas vidas ,  as suas obras e oficios. Os espaços que dão concretude a essas vidas.acho que é isso que move quem não é nômade a viver querendo ir.
Tem  gente que não gosta, tem gente que é aterrado ao solo , que faz tudo que tem direito mas precisa estar fixo em algo. Não quec eu não precise, mas a sensação de liberdade é algo muito forte. Algo  que dispara certa adrenalina.  Sei que tenho onde pousar quando quiser, sei também que tem pessoas que ao perderem suas casas de perdem pós a casa é a estrutura psicológica da pessoa.  E se a estrutura algum dia não tá boa e a pessoa por isso também perde sua casa e todo simbolismo disso aí pira. 
O andarilho, o mochileiro, pessoas que resolveram sair por aí sem lenço ou documento são casos diversos. Comum quando mais jovens mas também nos mais velhos. Hoje mesmo tinha um casal no ônibus. Deviam ter quase 70 ou mais. Acho que alemães. 
Mas tem gente que não gosta disso. Tem medo e talvez não tenha curiosidade.
As vezes a pessoa até tem grana mas não vai.
Jovens mesmo, que tem grana mas nunca viajaram.
Sei que não há limites para isso que falo, mas todavia há limitações. O corpo já não responde igual na caminhada, no peso, no medo.
Muita gente gosta de todas as garantias antes de botar o pé na estrada.
Tem também a questão do espírito. Alguns até desejam mas falta coragem. Sozinho então já que se ter mesmo essa senhora. 
Para mim não é opção mas necessidade. Curtiria ter mais gente, como não rolou também não iria me impor ficar por medo. Enfrentei o cavalo brabo e tô aqui curtindo muito.
Vendo muita pobreza num povo com uma cultura fabulosa. Uma riqueza de formas e belezas fascinante,um continente  alucinante a África. Me pergunto  o porquê de viver nessa pobreza. A vida aqui  surge e daqui se espalha e é triste ver como esse povo é esquecido. Não falo só do Marrocos , mas de toda África.
Pessoas que ostentam jardins suntuosos e palácios e o o vi muito pobre querendo fugir. 
Tenho compartilhado fotos no Instagram e Facebook pois no blog infelizmente não tô conseguindo. Preferia que fosse só no blog.
Algo mais intimista. Mas co.o faz a maioria é isso.
Amanhã devo decidir como saio daqui. Tenho O DIA 17 aberto , não sei onde  vou. Sei que 18 quero estar em Marraquexe para finalizar.
O olho arde, dormi mal a noite passada. Não sei porque
Aqui  2 parte.
Chefchaouen, a cidade azul, considerada por muitos como a localidade mais pitoresca de Marrocos. Localiza-se a norte do país, não muito longe de Tetouan e na sua proximidade vamos encontrar o Parque Natural de Talassemtane.
Tem uma população de cerca de 40 mil habitantes, maioritariamente pertencentes a tribos berberes.
O seu nome popular diz muito sobre a cidade: a maioria dos edifícios da sua medina estão pintados de azul, assim como as suas portas e janelas. Visto de longe, o centro histórico de Chefchaouen é dominado por esta cor, que se confunde com o céu que por estas paragens se costuma encontrar limpo.
Quanto ao seu verdadeiro nome, Chefchaouen, tem origem na localização da cidade, entre dois cumes montanhosos: “Chef” = Olhar e “Chaouen” = “Cornos”.

História de Chefchaouen

Chefchaouen foi fundada em 1471. Era então uma pequena povoação fortificada, um kasbah, criado por Moulay Ali ibn Rashid al-Alami como parte do sistema montado para combater a presença portuguesa no norte de África. O fundador era primo de um chefe tribal, Abu Youma, que já antes ali tinha encontrado refúgio e estabelecido uma base seguro para lançar ataques contra os portugueses, e que tinha morrido em combate numa destas incursões.
Os seus habitantes eram essencialmente de tribos Ghomara, nativas daquela área, mas com a expulsão dos Judeus da Península Ibérica, em 1492, e com as perseguições ao Moçárabes, a população de Chefchaouen cresceu com refugiados vindos da Europa. Durante os anos da Segunda Guerra Mundial a comunidade judia cresceu ainda mais, com a chegada de novos refugiados que fugiam da expansão Nazi, o que poderá ter feito alastrar a “mancha” azul de Chefchaouen. Mas quando o conflito terminou e foi criado o Estado de Israel, a maioria destes judeus deixou Marrocos para ali se estabelecer.
Segundo parece, foram os Judeus Sefarditas que trouxeram consigo o hábito de pintar as casas de azul. Para eles esta cor representa o céu e o paraíso, servindo como um omnipresente sinal da necessidade de seguir uma via espiritual na vida. Esta tendência pode ser observada noutros lugares, como em Safed, em Israel, mas foi em Chefchaouen que atingiu maior notoriedade.
Segundo o testemunho dos mais velhos, durante muito tempo esta utilização do azul limitou-se à parte da cidade ocupada pela comunidade judia, o mellah, e há memória de uma medina completamente branca.
O que fez o azul ser aplicado na generalidade da cidade antiga de Chefchaouen é um mistério e há mesmo quem diga que as tradições
Contudo, há quem conteste esta origem do azul de Chefchaouen, atribuindo-o a razões mais práticas, como afastar os mosquitos das casas ou oferecer uma sensação de frescura nos meses quentes de Verão. Há também quem aluda à representação da água e diga que as tonalidades de azul que se encontram na cidade correspondem a todas as variações que as águas do Mediterrâneo apresentam, ou que o azul foi adoptado em Chefchaouen como homenagem a Ras el-Maa, a queda de água onde os habitantes recolhem a água para beber.
Por outro lado, se perguntar aos locais, muitos dirão simplesmente que o azul é bonito e que a escolha da cor para pintar as casas se deve apenas a isso.
Por fim, há que ter em conta que os marroquinos não são parvos: sabem que a sua cidade ganhou fama internacional por causa do azul e que o turismo é uma considerável mais-valia para a economia regional. Ou seja, se mais razões não existissem, seria importante manter a cidade azul para os visitantes, e o governo local distribui as tintas adequadas para que a população mantenha as coisas assim.
Para além da bela arquitectura e do ambiente da cidade antiga há uma outra razão que contribuiu para a popularização de Chefchaouen como destino turístico, especialmente para os europeus que com facilidade ali chegam após cruzar o estreito de Gibraltar: a presença de vastos campos de cultivo de cannabis. Apesar de ilegal, será difícil visitar a cidade sem que alguém nos proponha a venda de uma pequena quantidade deste tipo de droga. E, claro, para muitos dos visitantes é algo considerado como uma vantagem.
Hoje em dia Chefchaouen – ou Chaouen, como é muitas vezes chamada pelos marroquinos – é uma encantadora cidade que atrai turistas de todo o mundo. Mas nem sempre foi assim: como acontecia com muitas localidades amuralhadas de Marrocos, até 1920 era interdita a forasteiros, especialmente a cristãos, que enfrentavam a pena de morte se ousassem lá penetrar, uma regra que terminou quando a Espanha ocupou esta região do país. ( segunda parte do texto foi tirada do site Marrocos.com)

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