Todo mundo sabe que minha pesquisa é sobre cidade. Cidade e cinema, cidade submersa, cidades fantasmas e outras mais.
Aqui nesse pedaço famoso do mundo tenho me deparado com uma coisa muito triste, as pequenas cidades a cada dia perdem sua vida. Hoje em La Rochelle, da foto acima, me dei conta da importância das pessoas para a cidade ter vida, ter luz, ter colorido. Uma cidade fantasma apenas com seus prédios e monumentos não nos serve para nada. Não provoca em nós a sensação de vida, energia,movimento.
Ali em La Rochelle, diferente do que tenho visto, as pessoas andam pela rua, sentam nos bares ao sol, respiram o ar do mar, andam de bicicleta, é lógico que eu sei que com um frio medonho e com chuva isso é quase impossível, mas o frio não chegou ainda de forma plena. Cadê o povo dos vilarejos? A cada vilinha que passo nada vejo, e nem sempre é domingo. As pessoas ficam dentro de casa vendo TV, na maioria das vezes.
De que serve uma cidade fantasma? uma praça sem gente? A praça é do povo. Talvez aqui tenham esquecido disso. Se fosse no Marrocos, no Peru, mesmo com o frio a praça tá cheia. Era preciso expulsar o povo para fechar o grande jardim de Fez, em Arequipa no Peru os bancos da praça principal são disputadíssimo, assim como em Cusco.
Ou seja, os lugares precisam dessa vida, e quem as traz são as pessoas.
Em Villefrance de Rouergue, o dia do mercado pela manhã de quinta feira, era o melhor da cidade. De resto um completo abandono. Lojas bonitas para quem? O povo é que colore as cidades. Sem ele não tem graça é um museu vazio com sensação de abandono.
Fiquei imaginando o que seria La Rochelle no verão. A praça em torno da marina com seus restaurantes de mesas na calçada, o caminho para a torre,a rua do comércio, a rua do muro que da para a foz do rio, como a ribeira no Porto.
O bateau Ivre, que não era a poesia do Rimbaud, mas tão somente um restaurante.
O músico com sua canção francesa.
Mas lógico,estamos na França, apesar dos ingleses . E os vários retratos de gente famosa espalhados pela cidade, em preto e branco com imagens antigas de pessoas como Ives Montan, Jeane Morreau e outras.
Pois então a cidade é isso, formada por pessoas e para as pessoas que passam e para as que ficam fazendo parte de sua vida, de sua história, criando suas memórias. Gostei, voltaria, como diz o autor, carne e pedra, um sem o outro não é cidade.
E completando o passeio, uma varanda com a bandeira do Brasil de cabeça para baixo. SERIA isso um sinal? Ou apenas uma real representação? ...