segunda-feira, 21 de outubro de 2019

Cidade sem gente não é cidade

Todo mundo sabe que minha pesquisa é sobre cidade. Cidade e cinema, cidade submersa, cidades fantasmas e outras mais.
Aqui nesse pedaço famoso do mundo tenho me deparado com uma coisa muito triste,  as pequenas cidades  a cada dia perdem sua vida.   Hoje em  La Rochelle, da foto acima, me dei conta da importância das pessoas para a  cidade ter vida, ter luz, ter colorido. Uma cidade fantasma apenas com seus prédios  e monumentos não nos serve para nada. Não provoca em nós a sensação de vida, energia,movimento.
 Ali em La Rochelle, diferente do que tenho visto, as pessoas andam pela rua, sentam nos bares ao sol, respiram o ar do mar,  andam de bicicleta, é lógico que eu sei  que com um frio medonho e com chuva isso é quase impossível, mas o frio não chegou ainda de forma plena.  Cadê o povo dos vilarejos? A cada vilinha  que passo nada vejo,   e nem sempre é domingo. As pessoas ficam dentro de casa vendo TV, na maioria das vezes.
 De que serve uma cidade fantasma?  uma praça sem gente? A praça é do povo.  Talvez aqui tenham esquecido disso.  Se fosse no Marrocos, no Peru,  mesmo com o frio a praça tá cheia. Era preciso expulsar o povo para fechar o grande jardim de Fez,   em Arequipa no Peru os bancos da praça principal são disputadíssimo, assim como em Cusco.
 Ou seja,  os lugares  precisam dessa vida, e quem as traz são as pessoas.
Em Villefrance de Rouergue, o dia do mercado pela manhã de quinta feira, era o melhor da cidade.  De resto um completo abandono. Lojas bonitas para quem?   O povo  é que colore as cidades.  Sem ele não tem graça é um museu  vazio   com sensação de abandono.
Fiquei imaginando o que seria La Rochelle no verão.  A praça em torno da marina com seus restaurantes de mesas na calçada, o caminho para a torre,a rua do comércio, a rua do muro que da para a foz do rio, como a ribeira  no Porto.
O bateau Ivre,  que não era a poesia do Rimbaud, mas tão somente um restaurante. 
O músico com sua canção francesa. 
Mas lógico,estamos na França, apesar dos ingleses . E os vários retratos de gente  famosa espalhados pela cidade, em preto e branco com imagens antigas de pessoas  como Ives Montan, Jeane Morreau e outras. 
Pois então a cidade é isso, formada   por pessoas e para as pessoas que passam e para as que ficam fazendo parte de sua vida, de sua história, criando suas memórias.  Gostei, voltaria, como  diz  o autor, carne e pedra, um sem o outro não é cidade.
E completando o passeio, uma varanda com a bandeira do Brasil de cabeça para baixo. SERIA isso um sinal?  Ou apenas uma  real representação? ...
 

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