19\01\2011 Lisboa
E o mês já passou, ora pois, as férias já terminaram, aqui no quarto do hostel aguardo para dormir minha última noite, hoje tem happy hour no hostel não sei até que horas, não sei se desço ou fico mesmo por aqui, tinha marcado com Paulo e Conceição de jantarmos, mas até agora eles não entraram em contato e fiquei sem o telefone deles.
Ontem fiquei andando com Rita de manhã e a tarde e no fim da tarde fomos com Ismaelson a estação do Oriente, um espaço imenso feito para a Expo 1998.Uma coisa gigantesca mesmo, toda a estrutura, na verdade um complexo de estruturas preparado para um objetivo. A estação é do arquiteto espanhol Calatravas e os outros projetos de outros arquitetos portugueses, fascinante realmente.
Andamos por tudo, tem ainda um oceanário, acho que é isso, um aquário enorme com peixes e todo o fundo do mar. Andamos eu ele e a Rita. Depois fui para a casa dele jantar lá, Eu ,ele, o Gleison e um Belga , todos dividem o apartamento, muito legal, bem decoradinho, maneiro. Bebemos 4 garrafas de vinho e comemos uma bacalhau super bom que o Gleison fez, ficou aquela conversa gostosa, agradabilíssima, já era quase uma hora da manhã quando peguei o metrô para voltar ao hostel. Aqui ainda fiquei conversando com Emilio, um espanhol que trabalha aqui um tempão sei que eram mais de 2 horas da manha quando fui dormir.Ótima noite. Hoje acordei relativamente cedo e fui andar, mas estava mal,meio de ressaca, fui a Fenac ver os livros e depois almocei um arroz de pato, muito bom . A tarde fui a casa de Fernando Pessoa e ao museu Caluste . Uma coisa enorme também, não vi a coleção mas encontramos com uma amiga do Ismaelson que faz aqui uma pesquisa sobre o espólio de Fernando Pessoa, isso é, toda a obra do Pessoa que não foi ainda vista, e disse-me ela que tem muita coisa inédita ainda, ela faz as transcrições e já publicou um livro sobre ele e tá com outro no prelo. Muito legal.
Depois vim para o hostel,já arrumei minha mala.
Agora escrevo.
Todo esse tempo,exatos 30 dias, tantas coisas vividas, algumas expectativas criadas e ocorridas,outras que não aconteceram. De tudo valeu muitíssimo a jornada.
Às vezes, estar distante do dia-a-dia faz-nos perceber com maior nitidez as coisas que nos cercam.
O tempo passa rápido, muito rápido, não nos damos conta de tudo que vivemos no exato momento em que vivemos, somente depois, muito depois, para alguns talvez nunca. E para outros em excesso, ficam o tempo todo matutando sobre aquilo que aconteceu .
Temos uma tendência em buscar razões para o que aconteceu, quando isso não adianta nada. Passou, foi-se e de que vale ficar deduzindo hipóteses para algo que não vai voltar. Talvez isso apenas sirva para não errarmos outra vez, de resto, são apenas cogitações, infundadas.
Mas voltando a viagem, chega uma hora em que já estamos de saco cheio de tudo. Não se quer ver mais nada ,nada mais interessa muito. Acho que tem um momento de sentar e pensar, eu disse que faria muito isso, mas na verdade fiz pouco. Escrever agora no final já ficou mais raro.
Viajar também cansa, meus amigos. Estou louca por um feijão com arroz e um bife bem gordo com salada. Já mandei e-mail pedindo minha mãe para fazer.
Acho que saturei minha escrita. Nem tenho mais o que escrever sobre a viagem.
Talvez fosse melhor escrever sobre a escrita, sobre o prazer do texto, bem barthesianamente. Escrever sobre as pessoas que encontramos na vida e nas viagens. O quanto muitas vezes temos necessidade de falar com elas. Ou o quanto muitas vezes temos necessidade de não falar, de não ter que pensar em outra língua para dialogar.
Escrever é um ato que demanda tempo, elaboração. Hoje falava, certas produções são feitas de imediato, outras demandam amadurecimento para serem feitas. Creio que eu ao escrever esse diário de bordo fiz foi levantar material, para uma escrita futura. Engraçado toda vida eu falo que estou juntando material para o que vou escrever,e nunca escrevo. Sim, um livro.
O meu ainda não tem editora, Tango, meu romance,falo para mim mesma. Registrado na biblioteca nacional. Tudo direitinho. Ao voltar vou procurar editora, é preciso. Todavia não sei se procuro com ele do jeito que tá ou se mudo. Acho que se mudar perde a essência . Ele é aquilo que é um complexo, um experimento de linguagem, de convulsão. Continuo tendo minhas hemorragias verbais e talvez as tenha toda vida. Registro o que sinto e vejo, deduzo as histórias dos fatos que me cercam e de meu contexto.
Assim registrar a Europa nesses dias de crise, mas na minha visão, me fez ver que temos diferenças , que temos arrestas, que temos que nos humanizar, que cada um tem uma forma diversa de estar no mundo.
Não somos no Brasil grossos ou estúpidos, pelo menos pensamos que não somos. Me bateu um sono...
17\01\2011- Lisboa
E o mês já passou, ora pois, as férias já terminaram, aqui no quarto do hostel aguardo para dormir minha última noite, hoje tem happy hour no hostel não sei até que horas, não sei se desço ou fico mesmo por aqui, tinha marcado com Paulo e Conceição de jantarmos, mas até agora eles não entraram em contato e fiquei sem o telefone deles.
Ontem fiquei andando com Rita de manhã e a tarde e no fim da tarde fomos com Ismaelson a estação do Oriente, um espaço imenso feito para a Expo 1998.Uma coisa gigantesca mesmo, toda a estrutura, na verdade um complexo de estruturas preparado para um objetivo. A estação é do arquiteto espanhol Calatravas e os outros projetos de outros arquitetos portugueses, fascinante realmente.
Andamos por tudo, tem ainda um oceanário, acho que é isso, um aquário enorme com peixes e todo o fundo do mar. Andamos eu ele e a Rita. Depois fui para a casa dele jantar lá, Eu ,ele, o Gleison e um Belga , todos dividem o apartamento, muito legal, bem decoradinho, maneiro. Bebemos 4 garrafas de vinho e comemos uma bacalhau super bom que o Gleison fez, ficou aquela conversa gostosa, agradabilíssima, já era quase uma hora da manhã quando peguei o metrô para voltar ao hostel. Aqui ainda fiquei conversando com Emilio, um espanhol que trabalha aqui um tempão sei que eram mais de 2 horas da manha quando fui dormir.Ótima noite. Hoje acordei relativamente cedo e fui andar, mas estava mal,meio de ressaca, fui a Fenac ver os livros e depois almocei um arroz de pato, muito bom . A tarde fui a casa de Fernando Pessoa e ao museu Caluste . Uma coisa enorme também, não vi a coleção mas encontramos com uma amiga do Ismaelson que faz aqui uma pesquisa sobre o espólio de Fernando Pessoa, isso é, toda a obra do Pessoa que não foi ainda vista, e disse-me ela que tem muita coisa inédita ainda, ela faz as transcrições e já publicou um livro sobre ele e tá com outro no prelo. Muito legal.
Depois vim para o hostel,já arrumei minha mala.
Agora escrevo.
Todo esse tempo,exatos 30 dias, tantas coisas vividas, algumas expectativas criadas e ocorridas,outras que não aconteceram. De tudo valeu muitíssimo a jornada.
Às vezes, estar distante do dia-a-dia faz-nos perceber com maior nitidez as coisas que nos cercam.
O tempo passa rápido, muito rápido, não nos damos conta de tudo que vivemos no exato momento em que vivemos, somente depois, muito depois, para alguns talvez nunca. E para outros em excesso, ficam o tempo todo matutando sobre aquilo que aconteceu .
Temos uma tendência em buscar razões para o que aconteceu, quando isso não adianta nada. Passou, foi-se e de que vale ficar deduzindo hipóteses para algo que não vai voltar. Talvez isso apenas sirva para não errarmos outra vez, de resto, são apenas cogitações, infundadas.
Mas voltando a viagem, chega uma hora em que já estamos de saco cheio de tudo. Não se quer ver mais nada ,nada mais interessa muito. Acho que tem um momento de sentar e pensar, eu disse que faria muito isso, mas na verdade fiz pouco. Escrever agora no final já ficou mais raro.
Viajar também cansa, meus amigos. Estou louca por um feijão com arroz e um bife bem gordo com salada. Já mandei e-mail pedindo minha mãe para fazer.
Acho que saturei minha escrita. Nem tenho mais o que escrever sobre a viagem.
Talvez fosse melhor escrever sobre a escrita, sobre o prazer do texto, bem barthesianamente. Escrever sobre as pessoas que encontramos na vida e nas viagens. O quanto muitas vezes temos necessidade de falar com elas. Ou o quanto muitas vezes temos necessidade de não falar, de não ter que pensar em outra língua para dialogar.
Escrever é um ato que demanda tempo, elaboração. Hoje falava, certas produções são feitas de imediato, outras demandam amadurecimento para serem feitas. Creio que eu ao escrever esse diário de bordo fiz foi levantar material, para uma escrita futura. Engraçado toda vida eu falo que estou juntando material para o que vou escrever,e nunca escrevo. Sim, um livro.
O meu ainda não tem editora, Tango, meu romance,falo para mim mesma. Registrado na biblioteca nacional. Tudo direitinho. Ao voltar vou procurar editora, é preciso. Todavia não sei se procuro com ele do jeito que tá ou se mudo. Acho que se mudar perde a essência . Ele é aquilo que é um complexo, um experimento de linguagem, de convulsão. Continuo tendo minhas hemorragias verbais e talvez as tenha toda vida. Registro o que sinto e vejo, deduzo as histórias dos fatos que me cercam e de meu contexto.
Assim registrar a Europa nesses dias de crise, mas na minha visão, me fez ver que temos diferenças , que temos arrestas, que temos que nos humanizar, que cada um tem uma forma diversa de estar no mundo.
Não somos no Brasil grossos ou estúpidos, pelo menos pensamos que não somos. Me bateu um sono...
17\01\2011- Lisboa
Ando tão preguiçosa, não dá para escrever todo dia, já esqueci montes de coisas, e vou indo conhecendo e vendo e sentindo, e vivendo sem muito dar bola.
Cheguei a Lisboa sábado a tarde, tomei um táxi e vim direto para o hostel. Sem problemas, cheguei e saí para comer e flanar. Comi num restaurante que achei uma carne de porco alentejana, que delícia, lógico que com vinho,já falei que vou chegar rolando, ainda bem que são só mais dois dias. Saí almocei e fui rodar, parecia que estava na minha cidade, tamanha familiaridade com o espaço, lembrava de pouca coisa ou quase tudo, saí e fui andando dei com um bonde e entrei, achei que tava indo para casa, Santa Teresa, subi e estava lá no bairro alto andando, vendo os mirantes, entrando fotografando, meu olhar para foto se apurou por aqui, não sei porque. Andei pelo bairro alto, e depois desci fui andando pela rua do Carmo, fui até a brasileira, vi o Pessoa lá sentado e todo o povo no Chiado, lojas e lojas o povo na rua, parecia primavera, os saldos, o fim de tarde sem frio, sem chuva tudo favorável . Andei muito até ficar com dó de mim , voltei ao hostel, e encontrei muitos brasileiros, tomei banho e desci para papear. Eram dois cariocas um menino e uma menina estudantes de educação física, um grupo de paraenses, e outros e Odulina, a paraguaia mais brasileira que já conheci, vive há mais de 16 anos em São Paulo muito gente boa.
Ficamos amigos, domingo marquei com Odulina de fazermos juntas o tour, saímos cedo no 28, e fomos, Castelo São Jorge, Afana, Estrela, igrejas mil,mirantes, ruas, comercio, Belém, torre de belém, gerônimos, museu, exposição Egito, múmias, almoço em Belém, vinho, pastel de belém, hostel, encontramos Rita, outra paulista que acabara de chegar, sugeri e fomos para o bairro alto para acabar de gastar nosso passe de dia inteiro.
Andamos todo o bairro descemos a pé, e viemos embora, para o hostel, jornada pesada, só flanando , vendo., sentindo a cidade.
Hoje saímos as três, tiramos fotos com o Pessoa, andamos pelo bairro alto olhamos o outro lada, vimos estatua de Adamastor olhando para o rio. E fomos as compras, as duas vão embora amanhã e hoje Rita resolveu torrar o resto de dinheiro que tinha . Fui na onda mas contida. Depois almoçamos e saímos de novo a ver as lojas e flanar e depois voltei ao hostel para encontrar meu amigo Ismahelson, já estando estada desisti de ir para a cãs dele. Descer com toda mala, tudo isso, já to cansada, daqui só para o aeroporto. Foi ótimo rever meu amigo depois de mais de 10 anos, conversamos, conversamos, flanamos, me levou a uma confeitaria tradicional, deliciosa onde exageradamente comi torta de limão e pastel de nata com café com leite. Depois saímos a flanar e fomos até o restaurante alentejano, um prédio que não damos nada por ele por dentro e dentro é como o palácio do Sultanamet, azulejos toda influência árabe ali condensada no meio do prédio e no salão acima todo neoclássico, uma loucura , muito lindo, voltamos e íamos indo a Fenac ver os livros quando encontro Paulo, paramos no meio da rua e ficamos a conversar, que legal . Ismahelson s e foi e fui andar com Paulo e conceição,levei os dois ao Alentejano, tomamos no caminho licor de canjijin( será isso) uma espécie de cereja, e foi flanando,até aqui o hostel ,entrei tomei um banho, e agora escrevo. Ao chegar ao quarto encontro Bia uma menina de 21 anos que faz sua primeira mochilada pela Europa, é estudante de medicina da USP, lembrei de quando vim a primeira vez que fiz exatamente isso foi por mil países e capitais entrando e saindo 42 dias, muito bom mas também muito louco e cansativo.
15\1\2011 Trem para Lisboa
Ontem foi meu último dia no Porto, fui flanar sem destino, comer num restaurante típico portuense, comprar coisinhas para Alice e encontrar com Isabel ao fim da tarde. Saí de manhã do hostel e pela Rua da Alegria fui ver onde era o restaurante que Ruça me falou, Mursa do porto, acho que é isso, como a rua era longa e do lado do hostel aproveitei fui descendo direto e passando por ruas ainda inusitadas do trajeto, até entrar de novo na Santa Catarina, rua do comércio, andei toda manhã entrava em lojas e saia, via , até experimentei, mas não gostei de nada, só Alice levou, calças, jaquetas, batas com um preço muito bom.
Quando já ia pelo meio dia, procurei de novo o tal restaurante e fui, lotado, aguardei e entrei. Comi no Porto o bacalhau grelhado com batatas, sopa portuguesa e vinho da casa e ainda pão e café tudo por 5 euros, uma pechincha, se fizer a conta do euro a 3 reais sai 15, e não como no Brasil bem por 15 reais em lugar nenhum.
Saí satisfeita e bem, depois de tudo isso e mais vinho do que um cálice. No restaurante compartilhei a mesa com 2 portugueses novos e com eles eu conversava, reclamavam da falta de emprego, das condições do país que não andam lá muito bem. Muita gente reclamando de tudo que anda acontecendo. Na televisão o tempo todo falava das enchentes do Rio de Janeiro, Teresópolis. Engraçado porque eles ficam atentos às noticias de lá, e tem mais , uma noticia que muito os interessou foi o aparecimento da mulher do Michel Temer, dizem aqui que é como um conto de fadas. Uma mulher tão jovem e bonita.
Bem, saí de novo andando e fui dar na beira douro na Ribeira, o sol tinha saído, o céu estava azul, uma delícia, fiquei sentada sem agasalho aquecendo ao sole me aparece o mesmo senhor da terça feira. Ficou comigo conversando, falou da família e tudo o mais , muito simpático. Fez ali comigo sua terapia, por 2 dias. È legal que eu também falava, e nós dois estranhos conversávamos sobre tudo, desde família até coisas como globalização e tudo mais. Um senhor bem antenado com o mundo, vivido, disse-me que fica ali nesses dias enquanto aguarda a esposa fazer um tratamento para os ossos.
O sol se foi, e o frio chegou, depedimo-nos e fomos. Fui subindo até a praça onde tem o prédio da bolsa e depois subi passando pela estação São Bento. Ia olhando tudo, muitos prédios a venda, alguns que já foram comprados e já restaurados, Quando assim passam a valer o dobro. Parei numa sapataria para ver uns sapatos baratos e fiquei conversando com a vendedora,um tempão, e ela falava, de novo da crise que passam.
Despedi-me e subi, na subida, num dos prédios já restaurados colocaram uma boulangerie de paris esse é o nome, Uma pastisserie como tem aos montes em Paris, deliciosas, um pecado para a dieta.
Subi até a rua formosa onde entrei para aliviar a subida da Rua Firmeza, entrei pela Santa Catarina e cheguei na Firmeza no hostel, encontrei Pedro e ficamos a conversar do lado de fora, o hostel tem uma espécie de quintal que tem um bar, um palco , horta, coelhos, todo um clima de quinta, e ali rolam eventos no verão e primavera quando já é mais quente. Pedro... muito gato, mas muito na dele. Deu minha hora fui arrumar a mala, colocar toda a tralha de fechar, um caos, coloquei de qualquer jeito e tive que fazer 2 malas pois não dava. Que inferno essa coisa de mala e tudo que temos que carregar, e eu não sou consumista, mas parece que tenho que fazer um curso de como arrumar mala par tudo caber,a inda mais essas coisas de nécessaire. Que espaço ocupam. Arrumei tudo e desci para esperar Isabel.
Isabel,está a mesma depois de 8 anos, disse-me que foi ao Brasil 2 vezes, mas deve ter me mandado e-mail , não sei para onde porque não recebi. Fomos tomar aum café numa cafeteria tradicional na Santa catarina (Magistral) muito bonita com madeira e espelhos uma coisas meio Art noveaux com madeiras fazendo curvas, Muito bonita. Infelizmente ela tinha um jantar e conversamos por umas 2 horas. E foi, foi bom revê-la e lembrarmos de nos época em Roma . Ela foi comigo até o hostel e partiu e eu sem saco de escrever, fiquei navegando e depois dormi.
Hoje levantei cedo e o John o s irlandês que está hospedado no hostel fez a super gentileza de levar-me ao metro, levar minha mala grande que tá de matar, desceu todas as escadas comigo, um doce. Digo sempre que anjos aparecem na minha vida sempre para me ajudar, e é assim...
Na plataforma de embarque encontrei 3 brasileiras baianas, simpáticas que me ajudaram com a mala no trem.
Sigo a Lisboa, fim da viagem, tenho ainda 5 dias, chamei a Alba para vir, tomara que venha seria legal. Também vou ligar para o Paulo e sua amiga. E curtir, Talvez encontre o Ismahelson, mas ele não deu mais notícias, deve estar em Paris.
Estou meio preguiçosa para escrever, acho que vou parar, e olhar um pouco a paisagem do trem .
Entre os capítulos
Resolvi fazer um capítulo que ficará entre todos, nesse aparecerá algumas coisas que esqueci de falar e que não vou voltar ao texto para colocar. Coisas que vi, e que esqueci de colocar no texto e que me chamaram atenção.
Jóias- quando fui a Grécia com meus pais em outubro de 2003, chamou-nos atenção a quantidade de lojas de jóias. Também na Itália , principalmente Florença onde a Ponte Vecchia quase só tem esse tipo de loja e Veneza, todavia nada se compara a Turquia, a Istambul. Meu Deus, é assustador o número de joaleirias, no Grande Bazar, no Spice Bazar, nas ruas, são jóias de verdade e bijuteria, mas tem mais jóias de verdade, ouro e prata , e pedra que qualquer outro lugar em que eu já tenha ido. Eu nem cheguei perto para saber preços. Sei que na Turquia era mais barato, mas não era meu objetivo, já tenho muita coisa de bijuteria, lógico.
Mas mesmo com essa quantidade lojas, não se vê nem mulheres nem homens usando tais jóias, muito pelo contrário, as mulheres não usam quase nada, anel ,no máximo um pequenininho em uma das mãos, um brinco pequeno, cordão nem dá pra ver com tanta roupa, mas no verão é o mesmo não usam nada. Me lembro de Ariana ,minha amiga italiana que comprava muita jóia e não usava nada, comprava muita roupa e usava sempre as mesmas, isso é estranho demais, talvez seja o consumo pelo consumo, uma espécie de pulsão, sei lá o que é. Jóias, roupas, bibelôs, a quantidade de opções é interminável e a grande dúvida é do que escolher. Não é mais se algo é bom ou ruim, mas o que escolher diante da diversidade de coisas. Acho que isso deve estar causando certa angústia no homem moderno, proporciona uma espécie de vazio, porque ao comprar uma coisa, passa o desejo de possuir aquela coisa, mas imediatamente surge outro desejo de comprar outra coisa. Então as pessoas viram apenas consumidoras. As casas são abarrotadas de trecos que não servem para nada, de roupas que não são usadas, de berimbaus. Qual seria o sentido disso? Creio que não tem sentido, nem ao menos se pode usar um pé de cada sapato por vez, em cada pé um diferente, porque fica exótico demais, já que a convenção é usar dois iguais. Aí as pessoas tem 50 pares de sapato no armário, não dá tempo de usar tudo. Esse é só um exemplo. Todavia a fabricação de tudo isso é que gera empregos e salários e move a economia mundial, não se produz apenas para sobreviver, produz-se para mexer a economia e o dinheiro ir de um lado para outro. Opa, desviei a atenção. Mas de jóias para economia é um pulo, será que uma sociedade que usa muitas jóias é uma sociedade em boas condições econômicas no mundo de hoje. Pode ser que não. Jóias são coisas de tradição. A mulher oriental, digo, muçulmana, indiana, africana usa muita coisa, não sei. Os adornos sempre atraíram as mulheres e homens também. a indiana dessas todas é a que mais mostra as jóias, as muçulmanas deve ter jóias sob a roupa, só para a alcova, as africanas usam seus adornos , muito mais naturais. A brasileira usa bastante também. O fato é que na verdade, a visão geral é que as pessoas compram e não usam.
Eu mesmo tenho muita bijuteria e uso quase nada. Mas adoro ver as joaleirias e parar para ver as peças bonitas, sempre gostei.
Em Portugal, pelo menos aqui no Porto eu não vi joaleirias, nem lojas muito sofisticadas, creio que as pessoas aqui são mais rústicas ,na forma de vestir e de lidar. Lógico que deve ter o povo sofisticado, como todo lugar,mas aqui no centro, não tem essas lojas. Na França, tem algumas, mas não tanto quanto na Turquia.
Outra coisa que é curiosa é que o custo de vida aqui é muito menor que em Paris. Um almoço aqui no porto custa menos da metade do almoço em Paris, ou que na Espanha. Não sei se isso é um grande problema, não entendo de economia, mas tudo leva a crer que sim. Como ser um mercado comum com essa diferença. Certamente os salários aqui são menores. Talvez por isso essa crise que vivem. Vejo aqui muito pedinte na porta das igrejas e em outros sítios. Historicamente, sabemos que essa região do norte era muito pobre. O Miguel Torga, segundo minha amiga que estuda a obra e vida do escritor falou-me isso. Que ele diz que a miséria era enorme por aqui.
Transporte- O sistema turco e francês de transporte parece atender bem às necessidade do povo. Sendo turista e ficando circunscrita a determinados espaços-chave, fica difícil analisar isso. O metrô de Paris continua bom, se vai a toda parte de trem, e as conexões são boas,um serviço antigo e eficiente. Tem também os trens de superfície , que seriam uma alternativa muito boa para o Rio e outras cidades brasileiras, por exemplo um trem, train, que ligasse mesmo pela superfície o centro da cidade do Rio até, a Tijuca(Usina) e outro até a zona sul, pelo aterro, direto até o Leblon, uma pista, creio que seria bem mais barato que o fazer o metro, só na via principal, outro ligando o centro até o Meyer ou mais, são retas, e que na verdade, diminuiriam o número de ônibus a trafegar e descongestionaria o trânsito, mas haveria aí o problema das concessões de linhas de ônibus e vans.A máfia nesses setores no Brasil é enorme, uma obra de metro até a zona sul gasta muito mais do que colocar trilhos e cabos elétricos no alto. Ufa!!. Se eu for falar em Santa Teresa, aí a coisa fica ainda mais feia. O interesse das empresas de ônibus em manter duas linhas para subir é muito mais importante do que de fato fazer a restauração dos trilhos e dos bondes, que serviriam de forma rápida à população. Todavia isso não acontece, o ônibus passa nos mesmos lugares que o bonde, e por isso o seu peso danifica os trilhos e afunda o paralelepípedo, sem contar outros problemas que o ônibus causa, polui, é caro, etc. Mas não adianta, se não mudar a mentalidade,não teremos no Brasil um sistema de transporte bom dentro das cidades .
Portugal, aqui no Porto tem um sistema de transporte aparentemente eficiente, tem bonde, metro, ônibus , táxis. Todo tipo de opção que custam cerca de um euro e cinquenta, ou um euro.
Música – estava eu com a duas coreana num restaurante de kafka em Sultanamed, Istambul, conversa vai e vem, o turco, garçom, me diz não falava português,mas que gostava muito do Roberto Carlos eu imediatamente cantei para ele, Eu te proponho..., acho que já falei isso, já to me repetindo.
Outro rapaz, Eduard , romeno que também trabalha temporariamente em Istambul, me disse que gostava muito de Jobim.
A música árabe é muito forte tem instrumentos de percussão também e cordas, vi lojas de instrumentos por toda cidade. E vi também vídeos com cantores de massa, vídeos alegres com dança e música e shows que atraem multidões. Coisas bem sensuais.
No albergue no Porto tem um irlandês, John, que parece estar morando aqui. O cara fica o dia inteiro vendo vídeos de música e colocando música no computador. Dentre as músicas que tocam aqui no hostel, O andarilho, o primeiro hostel a ser aberto aqui, tem Chico Buarque e outros. A bossa nova ainda é a musica do Brasil mais conhecida no mundo.
Povo- existe uma forma muito singular em cada povo, que mesmo a mais terrível globalização não consegue apagar. Há uma coisa singular em cada cidade, melhor dizendo. Coisa que é diferente dentro do próprio povo. O parisiense não é o francês, assim como o portenho não é o argentino e o carioca não é o brasileiro. Cada um com seu cada um e vamos muito bem. A diferença é que faz a coisa ficar interessante nesse contexto.
Todavia tem questões que se misturam com as influências boas ou ruins que se têm . Falar desses povos que visito , que tem séculos de tradição em muitos campos é algo complexo porque suas raízes são fortes e por mais que a coisa mude algo de primitivo estará sempre lá. No campo do social, antropológico, o que nem sempre se configura em termos políticos. As vezes as questões políticas se inserem brutalmente no contexto social. Não estou falando aqui de política como a arte de viver na polis,mas de uma política , como o estabelecimento das relações de poder entre o estado e seu povo.
Penso especificamente em países divididos como a Coréa, a Alemanha durante um tempo. Esses tem questões complexas a serem vistas, quem fica sob qual domínio político, qual sistema econômico e isso afeta diretamente a vida ,ou a família das pessoas. Ou seja, uma instituição criada pelo povo para o servir é que de repente tem um papel estranho, divide família, impõem regras absurdas, controla tudo. Não só no socialismo, mas no capitalismo também. É louco aquele que se acha livre num sistema como o nosso, com milhões de ofertas,onde não se consegue escolher e onde o consumo é quase que imposto, e para resistir a ele é uma guerra.
Que a guerra entre povos sempre existiu ,isso é fato, que a influência, imposição de culturas não é algo novo já estamos cansados de saber. Mas eu não sei qual a força disso num mundo onde a comunicação cria o que quer. Antes os exércitos chegavam, matavam, saqueavam, tomavam posse das coisas dos outros, ficavam séculos e saiam, ou jamais saiam. Como os árabes 6 séculos na península ibérica, que quando saíram deixaram sua influência.
Todavia hoje, a dominação, a usurpação acontece pela rede, pela mídia, que faz pensarmos o que ela quer. Termos a imagem que lhe aprouver, vestir o que querem, comer o que querem, não precisa nem o cara sair de casa para ir a Conchichina fazer o outro consumir o seu produto e ter a imagem que ele quiser na cabeça. Está tudo uniformizado. Será?? Preciso pensar mais sobre isso...(falar do frances, comida, do turco, café da manha etc)
As comidas-
Essas deverias ser um capítulo a parte de qualquer viagem.E como é bom experimentar esses novos sabores, cores, temperos, aromas e beber vinho todo dia.
Aqui no Porto a culinária é também muito saudável. Muito peixe, muito azeite e muito pão, restaurante lotados a hora do almoço, seja o dia que for, cafés por todo lado, parece que o português só come na rua. Na rua a comida não é cara como em outra capitais. E se as confeitarias lotam par ao café e o pastel de nata, as 4 da tarde em Portugal, na Espanha lota as 7, para os tapas e o copo de cerveja, só depois disso os espanhois retornam ao lar. Como é que se come bem por aqui, França, Espanha, Portugal...