quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

caminho,caminho,... caminante non hai camino...

( Não reparem os erros tá indo no ato, não dá tempo de reler, quando chegar passo a limpo )
13\12\2011 Estação de Vigo

Hoje deixei Santiago as 11:15 da manhã rumo a Vigo, terra de meu tio Juan, teria que vir para cá de qualquer jeito pois o trem da noite não pára em Redondela, então optei por vir cedo e ver a cidade. É uma cidade grande, tem alguns vestígios ainda de uma cidade antiga,mas são poucos, a cidade moderna engoliu a velha, de maneira que a estação de trem está quase no meio da cidade, é uma cidade no alto, cheia de ladeiras , ou seja, a cidade fica meio encravada entre o mar e a montanha, parece que está toda em torno de uma baia calma o que favorece a criação de mariscos, tem muita criação por aqui. Todavia eu devo ter ido para o lado errado em que se come os mariscos porque no centro da cidade não achei um restaurante para comer os famosos mariscos. Acabei optando por comer Jamon, de novo aquele menu, com entrada, segundo prato, sobremesa e café. Eu não sei como o povo consegue ser magro e é. Não se vê a rua pessoas obesas. Sempre magras elegantes.
Então acordei cedo em Santiago, tomei café no hostel,na cafeteria e saí para dar a última volta, já estava dominando a cidade medieval, saí apenas com meu senso de direção apurado pela jornada de ontem, fui até a catedral e fui procurar a igreja de São Francisco que ficava próxima a catedral segundo o peregrino que dormiu comigo, no mesmo quarto . Pausa para o parêntesis.
(Ontem já havia falado que achava que tinha chegado alguém no hostel e estava lá quando o peregrino chegou. Um homem devia ter seus quarenta e tal, músico que acabava de chegar a Santiago vinha do caminho francês e dali iria até o mar. A principio fiquei meio cabreira, com medo, achei uma roubada, porque quando o quarto tá cheio, beleza, mas quando só tem duas pessoas, eu fiquei reticente. O cara chegou e começamos a conversar, eu entendia ele super bem, fazia o caminho pela segunda vez, mora em Barcelona, e estava quase um mês caminhando, me falou da experiência e do contato com a natureza, me mostrou o que acho pelo caminho, pedras lindas, sementes. Ficamos conversando sobre essas coisas, os caminhos do mundo, os Incas, Machu Picchu , com o mapa íamos falando. Depois eu tinha que dormir e ele também, ele ficou arrumando a mala ,sei lá o que , apagou a luz, eu acabei dormindo, me convenci que nada poderia fazer, imaginei que para ser peregrino deve-se ser uma pessoa boa, antenada com o cosmos e a bondade de Santiago e São Francisco, isso me fez não ter mais medo , relaxar e dormir. Antes pensei e se o cara ronca? Felizmente não roncava e não fez qualquer barulho, muito respeitoso, falou que tinha família no Brasil com quem sua mãe se comunicava. De manhã acordamos e ainda tomamos café juntos, nem perguntei seu nome, porque ficaria como O peregrino de Santiago, também não trocamos telefone, eu o fotografei uma hora quando encontrei no meio da cidade, mas de longe.)
Depois de ver de novo a cidade bem rápido peguei minha mala e fui rumo a estação de trem e parti.
A Igreja de São Francisco foi de novo a que mais me emocionou, não senti qualquer coisa de diferente na catedral de Santiago,mas São Francisco temos nós um relação de encontros em viagens e sempre me emociono ao reencontra-lo. Dessa vez achei alguns cartazes com fotos e orações de peregrinos e achei um cuja primeira frase é bem interessante, e viva, fotografei e vou colocar no blog. Creio que é o que todo viajante procura, ou toda pessoa. A busca que nos move, que pode ser lugar comum, que se F, mas é isso mesmo. As vezes, é necessário ir para voltar. Sempre é necessário ir , descobrir, armazenar, olhar o que é diferente para sistematizar o que ta dentro, o que somos, o que acham que somos e não somos. Todas as questões que envolvem o viver, viver só, viver com alguém, viver em sociedade. Tudo passa pela nossa cabeça quando nos distanciamos do dia –a -dia e deixamos de pensar no quotidiano e pensamos além dele. Quando buscamos pensar em nada é que as grandes questões se estabelecem em nós. Os grandes desejos ou não desejos, a certeza de que temos de abandonar a velha roupa que já não nos cabe, como diz o Pessoa. As vezes temos que nos despir de nossas característica apanhadas no tempo deixar que novo vento sopre sobre nós. Deixar que venha a tempestade e vê-la chegar, revolucionar e passar por dentro de nós e sair. Deixar a tempestade chegar, estar e passar.
Acho que nos últimos anos foi meio isso que se deu , 8,9,10, alguém que chega e saí que nem se liga do que faz, que pouco se busca porque acha que já se sabe. Um viajante sem de fato querer ser viajante porque não se permite viajar de verdade. Não digo a viagem de fotos e espaços meticulosamente descritos como faço em meu diário de bordo, mas a viagem mais legal, que se podia fazer através de um contato único com outro. Bem , esses anos todos, não só os últimos mas tantos outros , já está na hora de deixar. Se não podemos juntar as peças do mosaico, que nunca será construído, que ele então se perca de uma vez e deixe para o tempo, para trás, que não seremos nós a dar conta disso. Infelizmente nem tudo que juntamos e pensamos na vida pode por nós ser de fato vivido. Tem gente que prefere se abster, que fazer. Nada, e como diz meu amigo Marcelo Augusto,artista,
meu chefe, não devemos guardar afeto par ao fenecimento. Essa frase me marcou tanto e o pior é que ele nem se deu conta quando a falou.
È isso,a s vezes falamos coisas, fruto do que vivemos e não nos damos conta, só quando alguém diz que dizemos ou quando lemos o que escrevemos é que vemos. È como se estivéssemos num transe qualquer e aquilo reverbera no espaço e sai, voz ou escrita...
Acho que viajei dessa vez. Bem mais uma ou menos uma viagem não importa. Fato é que ta muito legal. Uma semana ainda tenho. Não sei o que vou fazer, ficar em Lisboa, descansar, porque o corre, corre cansa também. Acho que vou deixar Sevilha para uma próxima vez, pois sim, virei ainda muitas outras vezes a Europa, como vou a qualquer cidade próxima. Isso aqui não é mais algo impossível que só se faz uma vez na vida. A tecnologia consegui aproximar, tenho ainda a muitos anos e muito por desvendar. Então tenho ainda que voltar a Itália, a Espanha, a Grécia e mais . Visitar amigos...
Ao meu lado aqui na estação tem um grupo de velhinhos e velhinhas, conversam, creio em galego. São 3 mulheres e 2 velhos, as mulheres falam sem parar, acho esperam alguém , ou não só vem aqui porque é quente. É um hábito interessante. Falam e eu não entendo uma palavra, se não presto atenção. A estação aqui é nova e grande. Vigo é a capital da Galícia creio eu. Todavia achei as coisas aqui bem caras, no centro, mesmo San Sebastian e Salamanca pareciam mais barato, mas como o Porto, não fui em nenhuma a não ser a Turquia .
No Porto, já devo ter dito, tudo é bem em conta, para nós brasileiros.
Acho que to com fome, creio que vou chegar rolando ao Brasil, comendo como estou, mas tenho a desculpas que caminho mais de 8 horas por dia. Va bene!, eu me desculpo a generosidade das porções e pratos e o vinho, todo dia, é o frio, é o frio...
Vou dar uma volta ,porque depois são 3 horas de trem,naquele trem ruim , desconfortável dos portugas .

12\1\2011- Santiago de Compostela

Acho mesmo que é preciso tempo para assentar as informações e para depois escrever. Cada dia o que escrevo não passa de uma tomação de notas, só que em vez de escrever no papelzinho vou escrevendo de maneira meio coletiva. Ou seja vou compartilhando com quem quiser e tiver saco de ler, o que tenho vivido e minhas impressões do caminho. Sei que muitas vezes me repito, saio do tom, divago sobre mil coisas ao mesmo tempo, mas é isso que se faz quando se conversa sobre viagem. Eu sei que provavelmente só falarei dessa viagem quando me perguntarem, ou quando eu fizer outra viagem, aí tudo dessa virá a mente e todas coisas que hoje vivendo não entendo fará sentido para mim e para minha história.
Cada igreja que entro faço três pedidos e aqui na península ibérica haja igreja para se entrar. Portugal e Espanha são recheados de igrejas, conventos, seminários , tudo que se construiu, foi em nome de Deus, todavia ,não era assim bem em nome de Deus, na verdade em nome de quem construiu que visava apenas o seu lugar no paraíso. O medo da morte é na verdade o que sempre conduziu o homem para suas criações sejam quais forem. São nas igrejas que se encontram os mais belos monumentos, as mais lindas pinturas, as mais bonitas jóias. Todo ouro e toda pedraria em oferecimento a Deus pelos seus poderes de levar o dono de toda aquela riqueza para o céu tão almejado.
Aqui em Santiago na catedral, espaço dos mais importantes do catolicismo, tem um altar escondidinho lá num canto que tem um santo que não sei quem é, amanhã verei, e uma Nossa Senhora das Graças, ou seja , junto dos santos tem aquela mesa de oferenda onde se bota um euro e acende a vela. Aí nessa bandeja de vela tem escrito, não coloque bilhetes no santo apenas donativos. Não obstante a proibição o santo tava cheio de bilhetinhos na mão . Ou seja, que pensar disso. È lógico que tudo aquilo, todo patrimônio tem que ser mantido, e custa caro restaurar, cuidar etc, todavia até deixar bilhete, mensagem é proibido. Tem que se pagar, enfim, para se ter o reino dos céus ,mesmo assim , isso não é garantido. Vai que chega a porta e São Pedro diz que você pagou pouco, aí meu caro ,vais para o tártaro. Tão bem mostrado no filme Nosso lar., ou no Inferno de Dante na Divina Comédia.
Mas tudo isso faz parte, encontrei um senhor hoje dentro da igreja que veio me perguntar de onde eu era,estava curioso me olhando,e dentro do lugar da urna, ali no máximo da capela, onde tem os restos do apostolo, o moço me pergunta e começa a falar. Eu meio sem graça porque seria um lugar de silêncio e o senhor a falar, que gosta muito de arte sacra. Tudo bem,mas puxar papo logo ali na urna.
Respondi a ele e saí. não me parecia espanhol, talvez italiano. Depois disso eu estava sentada esperando o museu abrir, as 16h, depois da sesta, e entram numa barulheira um grupo enorme de japoneses, ou coreanos , ou chineses, não sei o que de fato eram, entram fazendo barulheira e u que estava disposta a quase dormir ali dentro, me levantei e desisti de entrar no museu. Afinal, arte sacra é quase tudo igual e ontem já vi o museu sacro do Porto, da Igreja de São Francisco e também já vi, Vaticano e todos de Ouro Preto, Bahia, Mariana todos outros mais. Logo, hoje, mesmo com chuva, porque não parou de chover um minuto, eu resolvi deixar os tesouros da Igreja de lado e parti para a cidade. Fui andando sem mapa, andando, andando, a principio estava tudo fechado,e eu cheguei na hora da sesta. Vim direto ao hostel, que já sabia o nome e tinha um folder com um mapa esquisito. Vim da estação de trem até aqui a pé, é longe. Mas sem peso ta beleza. Uma menina que estuda matemática aqui me indicou a metade do caminho. Quando chegamos na cidade velha ela chegou a sua casa de estudante e eu segui. Lógico que me perdi, vila medieval é isso, labiríntica , demora um tempinho para se entrar no clima. Só sei que a rua estava deserta, porque além da sesta tinha a chuva. Bem uma senhora que estava passando foi interrompida no seu caminho por mim, essa minha cara de anjo barroco bochechudo, logo anjo do aleijadinho, fez a senhora sair do seu caminho, dar a maior volta e me deixar na porta do hostel. Agradeci, na verdade não sou eu o anjo, eu é que encontro sempre anjos no meu caminho.
Bem, entrei no hostel, eu sozinha aqui, me disse a menina que fez minha ficha. Porém agora que cheguei vi que já tem outra pessoa no quarto, pois tem uma cama arrumada e um chinelo embaixo da cama. Tomara que seja alguém legal. Lá no Porto eu estava sozinha, depois que as meninas se foram, naquele quartão para 6 pessoas.
Voltando, eu fiz tudo que era para fazer no hostel , deixei minha mala e saí, cheia de fome, e tudo estava fechado. Até que passei numa birosca , um restaurante daqueles que só vai quem conhece, no centro histórico , olhei para dentro, sme qualquer elegância, três mesas ocupadas, na porta um quadro, com menu do dia 7 euros, primeiro, segundo prato, bebida e sobremesa. Sabendo que tudo estava fechado e eu não tinha passado pela rua dos restaurante, entrei e fui saber o que tinha. Tinha um montão coisas para primeiro e segundo prato, eu então pedi, a sopa galega, e frango assado e vinho da casa. O senhor trouxe para eu me servir uma sopeira enorme com um caldo grosso super gostoso que por si só já era um almoço, comi um pouco, ele abriu uma garrafa de vinho e deixou na mesa para mim, com pão , depois de comer umas duas conchas cheias ele veio com o frango, um pedação com batata frita, depois disso ainda tinha sobremesa , eu escolhi a torta de Santiago,mas pedi para ele colocar um pedaço bem pequeno e ele o fez, aí junto pedi o café, caramba tinha que sair rolando sentar na catedral e dormir com todo esse peso e frio e chuva. Tudo muito gostoso, estou procurando fazer uma refeição dessas apenas por dia, porque se não to frita.
Assim depois de comer pra burro fui em busca da catedral. Achei, linda e imponente, lembrei do meu amigo Flores que fez o Caminho, e qual seria a emoção de um peregrino que caminha tantos quilômetros, passa frio e fome para depois chegar até aqui e se fortalecer com a força que uma jornada dessa dá a pessoa que a ela se submete. De fato é uma conquista, uma superação,não só esse caminho simbólico mas tantos outros.
Enfim, vista a igreja desisti de ver o museu sacro, estava sem muito saco. Saí flanando de sombrinha pela cidade, entrava nas ruas, saía dos labirintos, quando a chuva apertava entrava nas lojinhas que começavam a abrir depois das 4 da tarde. Comprei o pratinho clássico da minha mãe e agora uma bolinha com algo dentro para a coleção que a Alice vai ter e ainda uma cruz de Santiago. Ou seja, foi-se a grana do museu, bem gasta.Continuei andando e dei numa rua que já saia do centro histórico, da viela medieval. Entrei então num parque muito bonito que no alto tem a igreja de Santa Suzana, cheguei por acaso a ela. Fui andando e no meio do parque tem uma estatua em tamanho real e cores reais de duas velhas, fotografei ,mas não sei do que se trata. Fui em direção a um coreto meio mouro branco e do lado dele tinha uma subida para um morrinho, mesmo estando deserto subi e lá encima um platô de arvores sem folhas e as folhas todas no chão formando um lindo tapete de inverno, fiquei encantada com aquela imagem que parecia ter sido tirada de um conto de fadas, vou colocar a imagem depois, então andando dei com a igreja de Santa Suzana que estava fechada e desemboca numa escadaria que dá numa visão do alto e tem uma estatua de Rosália de Castro uma poetisa, que é muito homenageada aqui. Depois verei de quem se trata e sua história. Estava num parque, muito bonito, fui contornando dei numa bela imagem de toda cidade velha de Santiago, lindíssima, fiz várias fotos e queria ser fotografada ali, to sem sorte com fotos minhas nessa viagem,pqp, bem pedi a uma moça que passeava com dois filhos. Ela teve boa vontade mas confessou não saber tirar foto, eu ensinei, a foto que primeiro ela enquadrou, ela tremeu, a segunda não saiu a igreja como era para sair, ela não conseguia enquadrar. Fazer o que? Amanhã tentarei ir lá antes de ir embora para ver se bato a foto. Saí do parque e sentei num café, mesmo com chuva tinha uma barraca. Tomei um café com leite quente e vem com um bolinho local, aquilo aqueceu um pouco, mas a Galícia é muito úmida ,não é tão frio, gira em trono doa 12 a 15 graus, mas é úmida, parece que você esta molhado. A roupa te encosta e parece úmida,não é uma boa sensação. Continuei meu trajeto já revendo coisas que vi quando cheguei, fui andando para o lado direito da cidade e dei numa via com calçadas estreitas com prédios laterais. Bem , chovia, e era a hora de saída de escola, vinham muitas crianças com seus pais, crianças lindas com guarda chuvas na mão, outras em carinhos com cobertura, todas encasacadas e comendo alguma coisa. Quase sempre um pedaço de pão, as vezes uma banana. Era isso uma 5:30 ou 6 da tarde. Fui até longe , vários colégios, e voltei entrando direto no centro histórico. Fui seguindo a rua pelo mapa e encontrei o hostel.
Amanhã acho que vou almoçar em Vigo, preciso ir para lá porque o trem a noite sai de lá. Sai as 19:30 e não pára em Redondela, onde apanhei. Por falar em trem, o trem que peguei de Redondela para cá é simplesmente maravilhoso, melhor que o TGV, todo novo, cadeiras confortáveis, um banheiro ótimo, enorme,tudo claro,lugar para bicicleta, para cadeira de roda os vidros grandes permitindo ver a paisagem. Ao contrario do trem do Porto até Redondela, que vai para Vigo,pqp, que coisa horrível, um trem pior que o metro local, umas cadeiras duras, sem espaço para pernas, o pior trem que peguei, e foi enguiçando, a luz acabava e voltava . É um trem que vai enchendo e esvaziando o tempo todo. Já quase em Redondela falei com o maquinista que toda hora passava ,era um português jovem, simpático que me informou sobre tudo, fez questão foi lá na cabine falou com o outro maquinista espanhol, trouxe a carta de navegação e ficou puxando papo. Falou-me de Vigo e de La Corunha, disse que por essa região tem o melhor marisco, e que é muito famoso. Perguntou-me onde eu ia e disse que se eu fosse para Vigo que ele me levava nos lugares que ele conhecia, já que ficaria ali e só voltaria no trem de amanha de manha . Disse que tem um restaurante que se pega uma balsa de 20 minutos e se vai nas fazendas de mariscos. Fiquei curiosa.
Vigo é terra do meu tio Juan.
Bem os portugueses que eu tenho encontrado são muito prestimosos, querem ajudar, te falam tudo, esse do trem falou para eu tomar cuidado, perguntou se eu já tinha hotel reservado, eu disse que não, e nunca tenho. Eles querem sempre ajudar. Ontem mesmo o Pedro, do hostel do Porto foi atrás de um despertador par mim, depois levou quarto, aí falamos da possibilidade de vir de ônibus, só que o ônibus era em outro horário, eu tinha visto no livro, Time table que estava no hostel . Então o Pedro foi lá ligou para rodoviária , viu os preços e horários e voltou para me falar, gracinha, aliás duplamente gracinha... mas não achei bom o horário do Ônibus sairia do Porto as 13:30 da tarde e chegaria aqui a noite. Não gosto de chegar a noite, ainda mais tendo que desvendar a cidade, então optei por vir mesmo de trem as 7:55 da manhã e chegando aqui as 13:30.
Amanhã farei o mesmo e aproveito para conhecer Vigo.
Caso contraria perderia todo o dia.
Isabel minha amiga portuguesa leitora da Sapienza, quando eu lá estava, entrou em contato comigo, e-mail. Eu disse a ela o que faria, amanhã quando chegar ao Porto vou ligar para ela , para ver se nos falamos ou nos vimos na sexta.
O Paulo Da ABEU também mandou-me e-mail que chegaria hoje a Lisboa, legal vamos ver se encontro todo esse povo e também o Ismailson.
Não sei que horas são, tenho sono, a noite passada com a coisa do horário não dormi direito, fiquei ligada o tempo todo que nem deixei o despertador despertar,antes dele já estava acordada,no trem também quase não cochilei, também, aquele banco duro e em pé.


11\1\2011- Porto
O encanto do Porto, cidade que aparentemente tem dois lados, só que na outra margem do rio não é Porto é Gaia. Todavia tem duas cidades m esmo assim, uma cidade de cima e uma cidade de baixo. O rio corre com pressa, a pressa que eu não tenho nesse momento quando não me deixo contaminar pela velocidade dos dias que passam.
Nas águas velozes do rio os pássaros marinhos se deliciam, ficam a deriva, deixam a correnteza levar e sem se manifestar vão seguindo. Seria assim muito bom pensar que a vida é quem rege e que seria só deixa-la levar.
Um dia de chuva intensa, outro de sol, nem tanto sol mas uma forma de luz que deixa todos os relevos mais visíveis, que traz o limite das cores, que faz o tracejo, que delineia o objeto olhado.
Quando em muito sol não temos delimitações. Hoje cada objeto da paisagem está tracejado , delineado. Cada telhado com telhas cor de barro intenso, cada fachada amarela e carmim( um vermelho meio vinho com janelas em branco que sobressaem). A ponte Luiz I é cinza em ferro. O prédio em torno da catedral é branco com contornos das janelas em pedra, três andares ao alto.
A imagem de Sandeman tem por toda parte. Um homem de capa preta de chapéu de abas largas e uma taça de vinho do porto à mão.
As torres das igrejas se destacam na paisagem e os becos também. O rio é de uma cor indefinida que não chega a fazer um espelho na água. Não chove nem faz o sol de domingo mas está agradabilíssimo. Sentada na beira do rio, confortavelmente depois de um cozido a portuguesa e uma taça de vinho no Restaurante Adão, do outro lado do rio junto as casas de vinho, só tenho a dizer,“Eta vida besta!”, Drumondianamente.
Olho os passantes, olho os pássaros à deriva, como eu, como eu?deixando a corrente levar. Deve ser uma brincadeira legal, eles falam alto, gritam. Também desse lado tem cachorros na rua.
Entrei no Restaurante Adão porque me agradou o quadro do lado de fora, a fachada toda de azulejo azul e branco . Quando entrei só vi homens sentados comendo, fiquei apreensiva. O homem que servia levou-me à mesa. Todos olharam. A sensação foi estranha, pensei em sair ,mas lembrei-me que não estava em Istambul. Em algum lugar escutei, brasileira. Pode ter sido minha imaginação. Mas não tenho um tipo que pode se chamar de portuguesa. As pessoas olham, talvez pensem no Brasil ou no Paquistão, ou no Egito.
Descubro que todos os tipos podem ser de qualquer lugar, afinal brasileiro não tem cara.
As mulheres por aqui tem cabelos curtos e escuros, com o frio não as vejo muito de saias.
O trem do metrô passa no segundo plano da ponte Luis I, tenho uma imensa vontade de comer doces.
Não vou visitar as adegas,passei , entrei, e alguns não fazem visita guiada para uma pessoa . Hoje a cidade está menos turística que no domingo, muitos restaurantes e lojas fechados.
Ao longe o sino toca, acho que fora de hora 13:45.
O tempo está nublando mais, estava um mormaço sem vento, tão quentinho, dava vontade de dormir a beira rio. Vou falar para meus pais virem aqui.
Do outro lado, Porto, restaurantes e centro da cidade.
No quarto prédio amarelo, sobre o restaurante onde tem a placa “rua em cima do muro”,uma senhorinha estende à janela seus tapetes recém lavados.
Já são 3 horas da tarde. A beira Douro no cais Ribeira a vida corre sem pensar. No restaurante “ O buraquinho”, 6 homens possivelmente navegadores conversam em pé aguardando a hora de navegar, como já disse navegar é sempre preciso. Por outro lado, viver nada tem de preciso. Em frente ao Botequim Capelto sob o sol que sai escreve-se a crônica do dia.
Mulheres de bota de salto trafegam a beira. Turistas aproveitam o sol para comer a rua. Mulheres aproveitam o sol para estender sua roupas. São calcinhas, camisolas, pijamas, tapetes. Embaixo deles a rua estreita sobre o mesmo muro, abaixo do muro o restaurante do cais.
Uma mesa cheia de turistas falando inglês . Na outra um casal de namorados de nacionalidade indefinida,frente a mim um homem só na mesa. Semicalvo, branco, blazer quadriculado, barba por fazer. No pulso esquerdo um relógio e mexe ao telefone celular. Esse é o grande companheiro do homem pós-moderno.
Ele nunca está só. Sempre pode lançar mão de um número para falar. Ele desliga o telefone e põe a mão no queixo . Observa os passantes, como eu. É serio ,não da par dizer se turista ou não.
A maioria aqui é turista, português ou não.
Tem uma comida chamada francesinha que não sei o que é. Se me lembrar pergunto no próximo restaurante que for.
Mais uma janela se abre,agora o segundo andar do mesmo prédio.são estendidos dois casacos pesados pretos e duas calças pretas,também uma camisa marrom.
Virei-me para o rio, do lado esquerdo a ponte, linda, a Eifel virada ao contrário, do lado direito um grupo de estudantes portugueses fazem algazarra para fotografar.
No mesmo banco que eu um senhor sentou-se de boina cinza, cabelos brancos, olhos azuis que combinam com o pulôver. A mão tem um celular mas são rudes. Lembra o Anthony Hopikns,tem um sorriso contido na face ao observar. Olha para mim, talvez esteja curioso com o que faço. Estou sentada no banco apoiada no encosto escrevendo o que vejo. Acho que fotografo com a escrita o que vejo. No entanto não dou conta de tudo que vejo. Com o sol, todos saíram de suas tocas, assim também os pássaros . O senhor começa a conversar comigo...











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