Dia nublado, o sol sai vez por outra,sem turistas, cidade vazia, poucos restaurantes abertos na rua principal, mas o suficiente para os poucos que na rua passeiam. Como vim viver a vida grega acordei muito cedo, pois fui dormir as 9 . Levantei, tomei um cafezinho no quarto e saí, decidi que iria hoje a uma igreja assistir cerimônia ortodoxa do domingo. Me arrumei, pois tudo mundo vai arrumado à igreja, não de preto , mas de vermelho. Não que quisesse chamar atenção, mas porque meu espírito está para vermelho e Branco, São Jorge.
No caminho comprei logo meu tickete para amanhã cedo, saio 9:30 rumo a Athenas, chegando lá às 15. Ou seja, todo dia no barco. A moça da agência Mila,arranhou um bom dia, eles sabem vender, eu fui a primeira cliente do dia. Dei o passaporte e ela, e ela disse _ mas esse nome é grego, _sim,é. Expliquei a história . Depois fui para igreja.
Entrei, perguntei com o olhar se podia, - sim, pode. Entro, sento. Vai chegando gente o tempo todo. O povo chega,dá umas moedinhas, pega uma vela fina,acende, coloca na bandeja e sai a beijar as imagens no vidro, não são os santos são imagens pintadas planas num vidro. Depois vou fotografar.
Todo mundo beija,aquilo me parece mais anti higiênico que a aguinha na igreja católica. Bem, até as crianças são carregadas a beijar. Uma beijação só, em todo canto e ao fundo o povo canta como um mantra,uma ladainha mesmo.
Uma hora eu cruzo as pernas e a moça vem me pedir para descruzar. Ok!
Fico lá tentando meditar,às 9 horas entra o patriarca com as crianças de roupa e velas na mão e ele segurando um quadro também. Vão para frente, continua a ladainha. Ele fica de costas dentro da casinha . O povo o todo tempo faz uns sinais da Cruz, eu acho. Tava demorando muito e fiquei ansiosa, aí saí. Andei,andei até um bairro colado que tem uma vista do Porto e da portada. E depois desci dei de cara com outra igreja maior ainda, entrei de novo, estava muito cheia, queria ver algo diferente. Ali um patriarca novo, teve uma hora que cantava de frente,e logo virava. Caramba, impossível ficar,mesmo querendo o brinde do final. Esperei um pouco e sai. Olhei se tinha Ônibus para algum lugar,mas creio que não.
Comprei um café e tô na beira mar escrevendo. Aqui sentada vejo todo o povo que estava na igreja passando.
Meu plano de fazer um cruzeiro de um dia morreu, não tem isso essa época. Eu tinha pensado em ir a Delos e Míconos,mas nada feito. Ficarei mesmo por aqui.
Reparo que depois da igreja o povo senta no café. É tudo gente daqui mesmo.
Na Marina, tal como em Paros não tem mais barquinhos coloridos agora são lanchas de fibra,catamarãs,voadeiras.
A modernidade chegou por todo lado. Tudo se aluga, mas o barco inteiro. A água é claríssima e calmíssima.
A vida vai devagar, tudo já está descoberto, Ulisses já mostrou ao mundo, aos bárbaros, a sua ideia de superioridade. Hoje ela não vale nada, mas ficou marcada no imaginário da civilização europeia, pois que sempre acham que são melhores que todos.
A ideia de democracia ganhou fôlego todos esses séculos, talvez porque não tenhamos desenvolvido outro modelo melhor até agora. O lugar da Grécia depois de tanto, é tão pequeno quanto a sua faixa de terra. Subdesenvolvida e cheia de caquinhos arqueológicos, já que as grandes estátuas foram roubadas e estão no Louvre, como a Nike, e em outros países.
Resta pouco aqui, mesmo depois da campanha de repatriação dos monumentos gregos.
Lutam para sobreviver como muitos pequenos e alguns grandes como o Brasil.
O povo é demais simpático, sou bem recebida em todos os lugares, sem falar grego. Não são como os italianos,ou os venezianos. Aliás, a Grécia teve durante muito tempo uma Dominação veneziana.
A história grega recente é por demais polêmica, tem questão com a Turquia, com a Itália, Albânia, tem território que era, que foi, que não é mais, que voltou. Ou seja, um samba doido.
( um casal vem falar comigo, surpreendem que sou turista e me dão aquele papelzinho do Testemunho de Jeová, me dão em inglês e com endereços na internet. Caraca os caras são profissionais.
A produção é americana. Ou seja...
Voltando ao assunto, mas essa tal democracia, certamente não era a grega de verdade, onde se tinha escravos e a mulher tinha um papel menor. O mundo vive um momento negro, muitas mudanças , muitas revoltas por pouco tempo, muita indignação sem ação, e uma alienação terrível. Líderes perversos e despreparados, chucros, fazendo o que o capital manda, violentado o povo. O que ganha a humanidade com o lucro exacerbado de alguns e pobreza de muitos?a doença e fome de milhões?
Sei que falo de um lugar privilegiado, que me permite ver também outros lados, e quero ve-los. Tento não me alienar com o consumo, com as idéias retrógradas, preconceituosas que estão mais aparentes agora, pois que há um festival de horrores em voga.
Parei. Chega!! Não quero me deprimir, já tomei minha sertralina hoje.
As crianças aqui andam sozinhas a brincar pela ilha. Esse grupinho passou aqui com caniço e malinha de pescar. Lindos!
Aliás os homens gregos são muito bonitos, pelo aplicativo tem uns verdadeiros deuses. Na rua também. Possuem os olhos claros,cor de azeitona, o nariz acentuado mas que compõe bem.
As mulheres têm algumas muito bonitas,elas são elegantes, se vestem bem. Os cabelos não são muito compridos,na maioria castanho. Loiras só as da televisão.
Algumas maduras se parecem muito com minha tia Penha. Mais velhas com minhas outras tias e minha mãe. Não são altas. Mas são Elegantes. As roupas das lojas são bonitas, tem muito salão de beleza também e olha que to falando de ilhas não tão grandes,com pouca gente, menos de 20mil moradores.
Chama também atenção o fato de o Povo, mesmo com sol estar encasacado.
Também as casas são mais limpas, me parece. Tudo é muito branco, se não estiver de fato limpo ferrou. As paredes brancas e o chão branco. As roupas de cama são cheirosas.
Sai caminhando para o lado da praia de São Jorge,muitos hotéis e restaurantes bem bonitos. A Praia é enorme e tinha um povo andando de caiaque, olhei o mapa e vi que era perto do hotel e fui tateando pela ruas numa lógica do meu GPS mental e deu certo. Fui até lá DEI um tempinho e rua, quase uma hora fui enveredando pelo labirinto da velha cidade, como numa mesquita, porque diferente de outras ilhas, pois tem muitos túneis o que quase não tem lá em Paros, lá é plano aqui é subida,e aqui muitos sobrados e a cidade está no morro, não tão alto como Santorine. Embora lá a cidade fique no topo do morro.
Procurei o restaurante que vi ontem, do lado da boulangerie, tava fechado aí fui descendo e achei uma taberna
Muito familiar e da terra, pedi uma salada grega para depois pedir outro prato, pão e vinho rose.
Comi tudo e não pedi outro prato e ainda teve sobremesa,um bolinho molhadinho com gosto de laranja. Fiquei ali observando a mesa do lado cheia de velhinhos comendo calamares, lula.
Até que o sol saiu muito forte e resolvo sair, fui pelo labirinto.Tentando ver se algo estava aberto. Nada, mais entrei por vielas diferentes.
Agora tô aqui sentada de novo conversando com a escrita, é assim quando se viaja sozinho. Não é ruim, eu gosto desse exercício, mas certas hora não ter com quem debater o que se vê é chato.
Um monte de gente tomando banho nesse cantinho, a água é morna, mas eu detesto sair da água e sentir frio.
Em vários lugares por onde passei tem gente pintando, reformando, arrumando,nas luminárias são colocados plásticos para aguentar inverno. Parece que tudo vai hibernar até abril.
Olhando daqui tem um mal educado no meio do portal onde é proibido, pois tem uma corda,assim como lixo no chão,não tem jeito, o bicho homem nunca se satisfaz com o que tem. Precisa sempre de mais e até que mudemos isso , talvez a terra não suporte, não é pessimismo. É pena mesmo, é tudo tão lindo com cores tão bonitas naturalmente, que precisam fazer ainda mais intervenções que no passado.
Fiquei por ali todo dia e ao final andei pelo cais a ver os ba5cos de pesca que chegavam, os restaurantes vem com seus carros comprar e os rapazes manuseiam caixas de isopor branco. Tudo muito cuidadoso.
Olhando de cima tem muito peixe. Parado na marina um veleiro lindo da Dinamarca de nome Pangea.
Também fotografei os últimos barquinhos de madeira.
São bonitinhos e pequenos. Depois já era quase 5 horas, resolvi vir para o hotel e inda comprei um bolinho de laranja dos deuses.
Que delícia.
Agora são 8.20 e já tô caindo de sono. Vejo na TV um programa em grego e já vi dois filmes um em alemão com legendagem grego e um em inglês com mesma legenda.
No jornal passou umas manifestações, mas não consegui identificar se era athenas e também não achei nada na internet.