O Cão Sem Plumas ( João Cabral de Melo Neto)
A cidade é passada pelo rio como
uma rua é passada por um cachorro;
uma fruta por uma espada. O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão ora o ventre triste de um cão, ora o outro rio de
aquoso pano sujo dos olhos de um cão.
O poema, a cidade, o rio, a vida, antes
João era o que mais falava daquele lugar . Hoje temos novas imagens pelo viés de
Assis e Mendonça os cineastas. Certamente tem outros que falam, a música fala,
Mangue Beach, Chico que já se foi, tão cedo. Mas a cidade apesar de tudo
sobrevive e me encanta sempre. Terceira vez que lá vou e encantada fico com seu
espaço entre os rios e seu traçado. Mas mesmo com todo encanto não deixo de ver
a poluição dos rios, o cheiro de matéria pútrida que não é do mangue, mas do
esgoto. Todo tipo de plástico e outras coisas que jogamos, nós humanos, no rio.
O Rio Beberibe, Capibaribe parecem mortos. E eu ao olha-los fico imaginando se
fossem limpos. Será que um dia serão? Tanta coisa que não se faz. Mas a cultura
insiste, o fervor da rua e do frevo, e do galo, e das pessoas. Eu gosto. vale
sempre a visita.
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