Fiz hoje também um passeio com um guia que contratei. Muito bom pois possibilitou conhecer mais da história local.
O jardim está enchendo com as pessoas que chegam para passear no fim de tarde. E hoje ainda é dia do descanso.
Andei tanto com o guia que tô cansada até para escrever. Aqui nessa sombra dos bambus e laranjeiras e uma outra árvore que não sei o nome ,tipo um pinheiro, tenho vontade de deitar no banco, mas o guarda não vai deixar.
Passa de tudo a minha frente. TUristas e locais.
Que preguiça de escrever.Mas acho que penso com os dedos e contemplo escrevendo.
Tem 2 dias que saí de casa e parece que já estou aqui a muito mais tempo. Impressiona como a distância faz com que tudo pareça de fato distante ,longe e nem é tanto tempo.
Estava pensando sobre isso ao atravessar a praça com o sol tinindo sobre a cabeça.
Tanta coisa que pode ser simplesmente deixada de lado e que ficamos amarrados. Eu fico. E coisas que não ajudam em nada na existência. Meu questionamento é sobre nossas próprias amarras provocadas pelo medo de algo que,deveras, nunca sabemos bem o que é.
Pensando que o que temos é apenas um corpo com vida e é isso nosso único e maior bem e com ele podemos conseguir ir um pouco adiante.
Lógico que tememos sempre por isso. E é justo pois se formos violentados podemos perder o precioso da vida física e mental.
A mental é primordial para que possamos viver com bem estar e o que leva o corpo. Se a cabeça não pensa o corpo padece, ou a cabeça é o chicote do corpo. Dois ditados que me vem . Parar para pensar na vida é então viver.
Pensar sobre o que é e o que pode ser. Não sair no automático de deixar a vida levar sem dar-lhe direção. Pois que se assim não fizer , a corrente pode levar para um lugar que vai te fazer sofrer, que vai te penalizar.
O que fazemos de nós é nossa responsabilidade, sempre. Talvez tentemos vez por outra culpar alguém, dizemos que fomos enganados. Mas na verdade nós nos deixamos enganar.
Falo hoje o de sempre .
O que intriga a mim e a humanidade. A finitude desse espaço tempo pois é nesse que tenho minha consciência. Se tem algo antes e depois não tenho disso lembrança. Logo, convivo com o hoje e dele busco fazer o melhor com toda intensidade e paixão.
Como essa viagem, dentro de mim mesma e num lugar muito diferente. Tão diferente que parece implica em mim a meditação que falávamos no kundaline do silêncio. E olha que falam comigo e como.
As mulheres me sorriem, os homens me chamam. Kkkk
Falam comigo e eu finjo que nada sei. Nunca fui tão dissimulada.
Ontem me ofereceram marijuana. O cara falava muitas línguas até que entendi a palavra.
Hoje sentada no parque chegaram 3 mulheres uma mãe com a filha de uns vinte poucos anos ou mais e uma amiga delas, presumo.
Lógico que falando em árabe como se eu entendesse tudo. Eu olhava e ria. E Disse que era brasileira. Ela no gesto falou que eu parecia marroquina ao tom de pele também , engraçado que veio me beijou no rosto e quis tirar foto comigo. Tiramos . A filha saiu e a mãe ficou sentada como que rezando. Depois a filha voltou . Me mostrou seu cabelo por baixo do véu , tinha luzes e uma piranha de flores azuis. Fiz um elogio. Elas se foram. Depois fui caminhar e sentei em outro posto. Deu 7 horas e parque começou a fechar. Veio a multidão e elas juntos de novo falou comigo e me beijou.
Antes disso no banco sentou outra moça com uma criança. Também falou,eu apenas respondi - Salamaleicon. Mas a criança estava com um pacote de miojo na mão achando que era outra coisa. Quando eu junto com ela vimos falamos macarrão, e descobri que também em árabe , talharim é talharim. Dei a criança cujo nome era Raul pós estava escrito na camiseta uma balinha de menta.
Fiquei no parque até fechar esperando o sol abaixar. Sai e fui adestrada para a porta Blue, azul é a cor de Fez e verde a cor do islã. Por isso nos minaretes tem verde.
Atravessei a praça lotada. E pensei como nos falta isso no Rio. Estar nas praças para observar o tempo passar. Estar nos jardins sem medo de ser assaltado.
Aqui na velha medina onde estou hospedada vejo crianças andando o tempo todo. Hoje que tá quase tudo fechado e ontem a noite elas ficam jogando futebol na rua. Muitos meninos.
As meninas não vi.
Quando atravessava um outro rapaz veio falar comigo em ingles dizendo ser filho de marroquino com italiana e que morava em Paris. Disse que era gay. Ficou de papo. Vestia de fato uma roupa sui generis.
Despedi pois estava cansada e fui descendo a Medina até o hotel.
Na andança com o guia fui a muitos lugares. Bairro judeu, Mesquita, fui ao curtume e vi os lugares onde se prepara o couro. Tudo manual e é usado cocô de pombo para tirar os pelos do couro. Cada banheira tem algo diverso. Um trabalho muito árduo. Também árduo é o trabalho dos caras que ficam colocando resto de cedro para queimar e esquentar água nos hamman, tipo banho turco que vou amanhã com Imã, que me chamou.
Também fui as várias zonas da Medina.
É muito louco. A Medina de Fez é a maior do país e a mais antiga e tradicional. Mas é uma sujeira. Pqp. Gato tem aos montes na rua. Mas diferente de Istambul na tem cheiro de cocô de gato.
Muitos filhotes. Se minhas amigas Silvia, Malu e outros aqui chegassem iam sair com uma gataiada na mala.
Uma coisa me chama atenção aqui e pergunto para Imã se dentista aqui é muito caro. Disse que sim. Pois o povo tem os dentes horríveis. Dentes cariados. Dentes da frente. Parece que não escovam os dentes.
Hoje ainda almocei num restaurante bem legal. Comi um couscus. Muito bom. Mas muita comida. Eles não misturam as coisas. Colocam no pratinho tudo por cima. A comida tem muito cominho e é meio adocicada.
Também fiz fotos todavia não consigo postar junto com a escrita.