quinta-feira, 20 de janeiro de 2011

E o mês passou... uma calmaria leva ao Brasil, barco a deriva também precisa de porto...

( EU PROMETO UMA REVISÂO GERAL- POR ENQUANTO AGUENTEM OS ERROS)

19\01\2011 Lisboa

E o mês já passou, ora pois, as férias já terminaram, aqui no quarto do hostel aguardo para dormir minha última noite, hoje tem happy hour no hostel não sei até que horas, não sei se desço ou fico mesmo por aqui, tinha marcado com Paulo e Conceição de jantarmos, mas até agora eles não entraram em contato e fiquei sem o telefone deles.
Ontem fiquei andando com Rita de manhã e a tarde e no fim da tarde fomos com Ismaelson a estação do Oriente, um espaço imenso feito para a Expo 1998.Uma coisa gigantesca mesmo, toda a estrutura, na verdade um complexo de estruturas preparado para um objetivo. A estação é do arquiteto espanhol Calatravas e os outros projetos de outros arquitetos portugueses, fascinante realmente.
Andamos por tudo, tem ainda um oceanário, acho que é isso, um aquário enorme com peixes e todo o fundo do mar. Andamos eu ele e a Rita. Depois fui para a casa dele jantar lá, Eu ,ele, o Gleison e um Belga , todos dividem o apartamento, muito legal, bem decoradinho, maneiro. Bebemos 4 garrafas de vinho e comemos uma bacalhau super bom que o Gleison fez, ficou aquela conversa gostosa, agradabilíssima, já era quase uma hora da manhã quando peguei o metrô para voltar ao hostel. Aqui ainda fiquei conversando com Emilio, um espanhol que trabalha aqui um tempão sei que eram mais de 2 horas da manha quando fui dormir.Ótima noite. Hoje acordei relativamente cedo e fui andar, mas estava mal,meio de ressaca, fui a Fenac ver os livros e depois almocei um arroz de pato, muito bom . A tarde fui a casa de Fernando Pessoa e ao museu Caluste . Uma coisa enorme também, não vi a coleção mas encontramos com uma amiga do Ismaelson que faz aqui uma pesquisa sobre o espólio de Fernando Pessoa, isso é, toda a obra do Pessoa que não foi ainda vista, e disse-me ela que tem muita coisa inédita ainda, ela faz as transcrições e já publicou um livro sobre ele e tá com outro no prelo. Muito legal.
Depois vim para o hostel,já arrumei minha mala.
Agora escrevo.
Todo esse tempo,exatos 30 dias, tantas coisas vividas, algumas expectativas criadas e ocorridas,outras que não aconteceram. De tudo valeu muitíssimo a jornada.
Às vezes, estar distante do dia-a-dia faz-nos perceber com maior nitidez as coisas que nos cercam.
O tempo passa rápido, muito rápido, não nos damos conta de tudo que vivemos no exato momento em que vivemos, somente depois, muito depois, para alguns talvez nunca. E para outros em excesso, ficam o tempo todo matutando sobre aquilo que aconteceu .
Temos uma tendência em buscar razões para o que aconteceu, quando isso não adianta nada. Passou, foi-se e de que vale ficar deduzindo hipóteses para algo que não vai voltar. Talvez isso apenas sirva para não errarmos outra vez, de resto, são apenas cogitações, infundadas.
Mas voltando a viagem, chega uma hora em que já estamos de saco cheio de tudo. Não se quer ver mais nada ,nada mais interessa muito. Acho que tem um momento de sentar e pensar, eu disse que faria muito isso, mas na verdade fiz pouco. Escrever agora no final já ficou mais raro.
Viajar também cansa, meus amigos. Estou louca por um feijão com arroz e um bife bem gordo com salada. Já mandei e-mail pedindo minha mãe para fazer.
Acho que saturei minha escrita. Nem tenho mais o que escrever sobre a viagem.
Talvez fosse melhor escrever sobre a escrita, sobre o prazer do texto, bem barthesianamente. Escrever sobre as pessoas que encontramos na vida e nas viagens. O quanto muitas vezes temos necessidade de falar com elas. Ou o quanto muitas vezes temos necessidade de não falar, de não ter que pensar em outra língua para dialogar.
Escrever é um ato que demanda tempo, elaboração. Hoje falava, certas produções são feitas de imediato, outras demandam amadurecimento para serem feitas. Creio que eu ao escrever esse diário de bordo fiz foi levantar material, para uma escrita futura. Engraçado toda vida eu falo que estou juntando material para o que vou escrever,e nunca escrevo. Sim, um livro.
O meu ainda não tem editora, Tango, meu romance,falo para mim mesma. Registrado na biblioteca nacional. Tudo direitinho. Ao voltar vou procurar editora, é preciso. Todavia não sei se procuro com ele do jeito que tá ou se mudo. Acho que se mudar perde a essência . Ele é aquilo que é um complexo, um experimento de linguagem, de convulsão. Continuo tendo minhas hemorragias verbais e talvez as tenha toda vida. Registro o que sinto e vejo, deduzo as histórias dos fatos que me cercam e de meu contexto.
Assim registrar a Europa nesses dias de crise, mas na minha visão, me fez ver que temos diferenças , que temos arrestas, que temos que nos humanizar, que cada um tem uma forma diversa de estar no mundo.
Não somos no Brasil grossos ou estúpidos, pelo menos pensamos que não somos. Me bateu um sono...





17\01\2011- Lisboa

Ando tão preguiçosa, não dá para escrever todo dia, já esqueci montes de coisas, e vou indo conhecendo e vendo e sentindo, e vivendo sem muito dar bola.
Cheguei a Lisboa sábado a tarde, tomei um táxi e vim direto para o hostel. Sem problemas, cheguei e saí para comer e flanar. Comi num restaurante que achei uma carne de porco alentejana, que delícia, lógico que com vinho,já falei que vou chegar rolando, ainda bem que são só mais dois dias. Saí almocei e fui rodar, parecia que estava na minha cidade, tamanha familiaridade com o espaço, lembrava de pouca coisa ou quase tudo, saí e fui andando dei com um bonde e entrei, achei que tava indo para casa, Santa Teresa, subi e estava lá no bairro alto andando, vendo os mirantes, entrando fotografando, meu olhar para foto se apurou por aqui, não sei porque. Andei pelo bairro alto, e depois desci fui andando pela rua do Carmo, fui até a brasileira, vi o Pessoa lá sentado e todo o povo no Chiado, lojas e lojas o povo na rua, parecia primavera, os saldos, o fim de tarde sem frio, sem chuva tudo favorável . Andei muito até ficar com dó de mim , voltei ao hostel, e encontrei muitos brasileiros, tomei banho e desci para papear. Eram dois cariocas um menino e uma menina estudantes de educação física, um grupo de paraenses, e outros e Odulina, a paraguaia mais brasileira que já conheci, vive há mais de 16 anos em São Paulo muito gente boa.
Ficamos amigos, domingo marquei com Odulina de fazermos juntas o tour, saímos cedo no 28, e fomos, Castelo São Jorge, Afana, Estrela, igrejas mil,mirantes, ruas, comercio, Belém, torre de belém, gerônimos, museu, exposição Egito, múmias, almoço em Belém, vinho, pastel de belém, hostel, encontramos Rita, outra paulista que acabara de chegar, sugeri e fomos para o bairro alto para acabar de gastar nosso passe de dia inteiro.
Andamos todo o bairro descemos a pé, e viemos embora, para o hostel, jornada pesada, só flanando , vendo., sentindo a cidade.
Hoje saímos as três, tiramos fotos com o Pessoa, andamos pelo bairro alto olhamos o outro lada, vimos estatua de Adamastor olhando para o rio. E fomos as compras, as duas vão embora amanhã e hoje Rita resolveu torrar o resto de dinheiro que tinha . Fui na onda mas contida. Depois almoçamos e saímos de novo a ver as lojas e flanar e depois voltei ao hostel para encontrar meu amigo Ismahelson, já estando estada desisti de ir para a cãs dele. Descer com toda mala, tudo isso, já to cansada, daqui só para o aeroporto. Foi ótimo rever meu amigo depois de mais de 10 anos, conversamos, conversamos, flanamos, me levou a uma confeitaria tradicional, deliciosa onde exageradamente comi torta de limão e pastel de nata com café com leite. Depois saímos a flanar e fomos até o restaurante alentejano, um prédio que não damos nada por ele por dentro e dentro é como o palácio do Sultanamet, azulejos toda influência árabe ali condensada no meio do prédio e no salão acima todo neoclássico, uma loucura , muito lindo, voltamos e íamos indo a Fenac ver os livros quando encontro Paulo, paramos no meio da rua e ficamos a conversar, que legal . Ismahelson s e foi e fui andar com Paulo e conceição,levei os dois ao Alentejano, tomamos no caminho licor de canjijin( será isso) uma espécie de cereja, e foi flanando,até aqui o hostel ,entrei tomei um banho, e agora escrevo. Ao chegar ao quarto encontro Bia uma menina de 21 anos que faz sua primeira mochilada pela Europa, é estudante de medicina da USP, lembrei de quando vim a primeira vez que fiz exatamente isso foi por mil países e capitais entrando e saindo 42 dias, muito bom mas também muito louco e cansativo.

15\1\2011 Trem para Lisboa

Ontem foi meu último dia no Porto, fui flanar sem destino, comer num restaurante típico portuense, comprar coisinhas para Alice e encontrar com Isabel ao fim da tarde. Saí de manhã do hostel e pela Rua da Alegria fui ver onde era o restaurante que Ruça me falou, Mursa do porto, acho que é isso, como a rua era longa e do lado do hostel aproveitei fui descendo direto e passando por ruas ainda inusitadas do trajeto, até entrar de novo na Santa Catarina, rua do comércio, andei toda manhã entrava em lojas e saia, via , até experimentei, mas não gostei de nada, só Alice levou, calças, jaquetas, batas com um preço muito bom.
Quando já ia pelo meio dia, procurei de novo o tal restaurante e fui, lotado, aguardei e entrei. Comi no Porto o bacalhau grelhado com batatas, sopa portuguesa e vinho da casa e ainda pão e café tudo por 5 euros, uma pechincha, se fizer a conta do euro a 3 reais sai 15, e não como no Brasil bem por 15 reais em lugar nenhum.
Saí satisfeita e bem, depois de tudo isso e mais vinho do que um cálice. No restaurante compartilhei a mesa com 2 portugueses novos e com eles eu conversava, reclamavam da falta de emprego, das condições do país que não andam lá muito bem. Muita gente reclamando de tudo que anda acontecendo. Na televisão o tempo todo falava das enchentes do Rio de Janeiro, Teresópolis. Engraçado porque eles ficam atentos às noticias de lá, e tem mais , uma noticia que muito os interessou foi o aparecimento da mulher do Michel Temer, dizem aqui que é como um conto de fadas. Uma mulher tão jovem e bonita.
Bem, saí de novo andando e fui dar na beira douro na Ribeira, o sol tinha saído, o céu estava azul, uma delícia, fiquei sentada sem agasalho aquecendo ao sole me aparece o mesmo senhor da terça feira. Ficou comigo conversando, falou da família e tudo o mais , muito simpático. Fez ali comigo sua terapia, por 2 dias. È legal que eu também falava, e nós dois estranhos conversávamos sobre tudo, desde família até coisas como globalização e tudo mais. Um senhor bem antenado com o mundo, vivido, disse-me que fica ali nesses dias enquanto aguarda a esposa fazer um tratamento para os ossos.
O sol se foi, e o frio chegou, depedimo-nos e fomos. Fui subindo até a praça onde tem o prédio da bolsa e depois subi passando pela estação São Bento. Ia olhando tudo, muitos prédios a venda, alguns que já foram comprados e já restaurados, Quando assim passam a valer o dobro. Parei numa sapataria para ver uns sapatos baratos e fiquei conversando com a vendedora,um tempão, e ela falava, de novo da crise que passam.
Despedi-me e subi, na subida, num dos prédios já restaurados colocaram uma boulangerie de paris esse é o nome, Uma pastisserie como tem aos montes em Paris, deliciosas, um pecado para a dieta.
Subi até a rua formosa onde entrei para aliviar a subida da Rua Firmeza, entrei pela Santa Catarina e cheguei na Firmeza no hostel, encontrei Pedro e ficamos a conversar do lado de fora, o hostel tem uma espécie de quintal que tem um bar, um palco , horta, coelhos, todo um clima de quinta, e ali rolam eventos no verão e primavera quando já é mais quente. Pedro... muito gato, mas muito na dele. Deu minha hora fui arrumar a mala, colocar toda a tralha de fechar, um caos, coloquei de qualquer jeito e tive que fazer 2 malas pois não dava. Que inferno essa coisa de mala e tudo que temos que carregar, e eu não sou consumista, mas parece que tenho que fazer um curso de como arrumar mala par tudo caber,a inda mais essas coisas de nécessaire. Que espaço ocupam. Arrumei tudo e desci para esperar Isabel.
Isabel,está a mesma depois de 8 anos, disse-me que foi ao Brasil 2 vezes, mas deve ter me mandado e-mail , não sei para onde porque não recebi. Fomos tomar aum café numa cafeteria tradicional na Santa catarina (Magistral) muito bonita com madeira e espelhos uma coisas meio Art noveaux com madeiras fazendo curvas, Muito bonita. Infelizmente ela tinha um jantar e conversamos por umas 2 horas. E foi, foi bom revê-la e lembrarmos de nos época em Roma . Ela foi comigo até o hostel e partiu e eu sem saco de escrever, fiquei navegando e depois dormi.
Hoje levantei cedo e o John o s irlandês que está hospedado no hostel fez a super gentileza de levar-me ao metro, levar minha mala grande que tá de matar, desceu todas as escadas comigo, um doce. Digo sempre que anjos aparecem na minha vida sempre para me ajudar, e é assim...
Na plataforma de embarque encontrei 3 brasileiras baianas, simpáticas que me ajudaram com a mala no trem.
Sigo a Lisboa, fim da viagem, tenho ainda 5 dias, chamei a Alba para vir, tomara que venha seria legal. Também vou ligar para o Paulo e sua amiga. E curtir, Talvez encontre o Ismahelson, mas ele não deu mais notícias, deve estar em Paris.
Estou meio preguiçosa para escrever, acho que vou parar, e olhar um pouco a paisagem do trem .



Entre os capítulos
Resolvi fazer um capítulo que ficará entre todos, nesse aparecerá algumas coisas que esqueci de falar e que não vou voltar ao texto para colocar. Coisas que vi, e que esqueci de colocar no texto e que me chamaram atenção.

Jóias- quando fui a Grécia com meus pais em outubro de 2003, chamou-nos atenção a quantidade de lojas de jóias. Também na Itália , principalmente Florença onde a Ponte Vecchia quase só tem esse tipo de loja e Veneza, todavia nada se compara a Turquia, a Istambul. Meu Deus, é assustador o número de joaleirias, no Grande Bazar, no Spice Bazar, nas ruas, são jóias de verdade e bijuteria, mas tem mais jóias de verdade, ouro e prata , e pedra que qualquer outro lugar em que eu já tenha ido. Eu nem cheguei perto para saber preços. Sei que na Turquia era mais barato, mas não era meu objetivo, já tenho muita coisa de bijuteria, lógico.
Mas mesmo com essa quantidade lojas, não se vê nem mulheres nem homens usando tais jóias, muito pelo contrário, as mulheres não usam quase nada, anel ,no máximo um pequenininho em uma das mãos, um brinco pequeno, cordão nem dá pra ver com tanta roupa, mas no verão é o mesmo não usam nada. Me lembro de Ariana ,minha amiga italiana que comprava muita jóia e não usava nada, comprava muita roupa e usava sempre as mesmas, isso é estranho demais, talvez seja o consumo pelo consumo, uma espécie de pulsão, sei lá o que é. Jóias, roupas, bibelôs, a quantidade de opções é interminável e a grande dúvida é do que escolher. Não é mais se algo é bom ou ruim, mas o que escolher diante da diversidade de coisas. Acho que isso deve estar causando certa angústia no homem moderno, proporciona uma espécie de vazio, porque ao comprar uma coisa, passa o desejo de possuir aquela coisa, mas imediatamente surge outro desejo de comprar outra coisa. Então as pessoas viram apenas consumidoras. As casas são abarrotadas de trecos que não servem para nada, de roupas que não são usadas, de berimbaus. Qual seria o sentido disso? Creio que não tem sentido, nem ao menos se pode usar um pé de cada sapato por vez, em cada pé um diferente, porque fica exótico demais, já que a convenção é usar dois iguais. Aí as pessoas tem 50 pares de sapato no armário, não dá tempo de usar tudo. Esse é só um exemplo. Todavia a fabricação de tudo isso é que gera empregos e salários e move a economia mundial, não se produz apenas para sobreviver, produz-se para mexer a economia e o dinheiro ir de um lado para outro. Opa, desviei a atenção. Mas de jóias para economia é um pulo, será que uma sociedade que usa muitas jóias é uma sociedade em boas condições econômicas no mundo de hoje. Pode ser que não. Jóias são coisas de tradição. A mulher oriental, digo, muçulmana, indiana, africana usa muita coisa, não sei. Os adornos sempre atraíram as mulheres e homens também. a indiana dessas todas é a que mais mostra as jóias, as muçulmanas deve ter jóias sob a roupa, só para a alcova, as africanas usam seus adornos , muito mais naturais. A brasileira usa bastante também. O fato é que na verdade, a visão geral é que as pessoas compram e não usam.
Eu mesmo tenho muita bijuteria e uso quase nada. Mas adoro ver as joaleirias e parar para ver as peças bonitas, sempre gostei.
Em Portugal, pelo menos aqui no Porto eu não vi joaleirias, nem lojas muito sofisticadas, creio que as pessoas aqui são mais rústicas ,na forma de vestir e de lidar. Lógico que deve ter o povo sofisticado, como todo lugar,mas aqui no centro, não tem essas lojas. Na França, tem algumas, mas não tanto quanto na Turquia.
Outra coisa que é curiosa é que o custo de vida aqui é muito menor que em Paris. Um almoço aqui no porto custa menos da metade do almoço em Paris, ou que na Espanha. Não sei se isso é um grande problema, não entendo de economia, mas tudo leva a crer que sim. Como ser um mercado comum com essa diferença. Certamente os salários aqui são menores. Talvez por isso essa crise que vivem. Vejo aqui muito pedinte na porta das igrejas e em outros sítios. Historicamente, sabemos que essa região do norte era muito pobre. O Miguel Torga, segundo minha amiga que estuda a obra e vida do escritor falou-me isso. Que ele diz que a miséria era enorme por aqui.


Transporte- O sistema turco e francês de transporte parece atender bem às necessidade do povo. Sendo turista e ficando circunscrita a determinados espaços-chave, fica difícil analisar isso. O metrô de Paris continua bom, se vai a toda parte de trem, e as conexões são boas,um serviço antigo e eficiente. Tem também os trens de superfície , que seriam uma alternativa muito boa para o Rio e outras cidades brasileiras, por exemplo um trem, train, que ligasse mesmo pela superfície o centro da cidade do Rio até, a Tijuca(Usina) e outro até a zona sul, pelo aterro, direto até o Leblon, uma pista, creio que seria bem mais barato que o fazer o metro, só na via principal, outro ligando o centro até o Meyer ou mais, são retas, e que na verdade, diminuiriam o número de ônibus a trafegar e descongestionaria o trânsito, mas haveria aí o problema das concessões de linhas de ônibus e vans.A máfia nesses setores no Brasil é enorme, uma obra de metro até a zona sul gasta muito mais do que colocar trilhos e cabos elétricos no alto. Ufa!!. Se eu for falar em Santa Teresa, aí a coisa fica ainda mais feia. O interesse das empresas de ônibus em manter duas linhas para subir é muito mais importante do que de fato fazer a restauração dos trilhos e dos bondes, que serviriam de forma rápida à população. Todavia isso não acontece, o ônibus passa nos mesmos lugares que o bonde, e por isso o seu peso danifica os trilhos e afunda o paralelepípedo, sem contar outros problemas que o ônibus causa, polui, é caro, etc. Mas não adianta, se não mudar a mentalidade,não teremos no Brasil um sistema de transporte bom dentro das cidades .
Portugal, aqui no Porto tem um sistema de transporte aparentemente eficiente, tem bonde, metro, ônibus , táxis. Todo tipo de opção que custam cerca de um euro e cinquenta, ou um euro.

Música – estava eu com a duas coreana num restaurante de kafka em Sultanamed, Istambul, conversa vai e vem, o turco, garçom, me diz não falava português,mas que gostava muito do Roberto Carlos eu imediatamente cantei para ele, Eu te proponho..., acho que já falei isso, já to me repetindo.
Outro rapaz, Eduard , romeno que também trabalha temporariamente em Istambul, me disse que gostava muito de Jobim.
A música árabe é muito forte tem instrumentos de percussão também e cordas, vi lojas de instrumentos por toda cidade. E vi também vídeos com cantores de massa, vídeos alegres com dança e música e shows que atraem multidões. Coisas bem sensuais.
No albergue no Porto tem um irlandês, John, que parece estar morando aqui. O cara fica o dia inteiro vendo vídeos de música e colocando música no computador. Dentre as músicas que tocam aqui no hostel, O andarilho, o primeiro hostel a ser aberto aqui, tem Chico Buarque e outros. A bossa nova ainda é a musica do Brasil mais conhecida no mundo.

Povo- existe uma forma muito singular em cada povo, que mesmo a mais terrível globalização não consegue apagar. Há uma coisa singular em cada cidade, melhor dizendo. Coisa que é diferente dentro do próprio povo. O parisiense não é o francês, assim como o portenho não é o argentino e o carioca não é o brasileiro. Cada um com seu cada um e vamos muito bem. A diferença é que faz a coisa ficar interessante nesse contexto.
Todavia tem questões que se misturam com as influências boas ou ruins que se têm . Falar desses povos que visito , que tem séculos de tradição em muitos campos é algo complexo porque suas raízes são fortes e por mais que a coisa mude algo de primitivo estará sempre lá. No campo do social, antropológico, o que nem sempre se configura em termos políticos. As vezes as questões políticas se inserem brutalmente no contexto social. Não estou falando aqui de política como a arte de viver na polis,mas de uma política , como o estabelecimento das relações de poder entre o estado e seu povo.
Penso especificamente em países divididos como a Coréa, a Alemanha durante um tempo. Esses tem questões complexas a serem vistas, quem fica sob qual domínio político, qual sistema econômico e isso afeta diretamente a vida ,ou a família das pessoas. Ou seja, uma instituição criada pelo povo para o servir é que de repente tem um papel estranho, divide família, impõem regras absurdas, controla tudo. Não só no socialismo, mas no capitalismo também. É louco aquele que se acha livre num sistema como o nosso, com milhões de ofertas,onde não se consegue escolher e onde o consumo é quase que imposto, e para resistir a ele é uma guerra.
Que a guerra entre povos sempre existiu ,isso é fato, que a influência, imposição de culturas não é algo novo já estamos cansados de saber. Mas eu não sei qual a força disso num mundo onde a comunicação cria o que quer. Antes os exércitos chegavam, matavam, saqueavam, tomavam posse das coisas dos outros, ficavam séculos e saiam, ou jamais saiam. Como os árabes 6 séculos na península ibérica, que quando saíram deixaram sua influência.
Todavia hoje, a dominação, a usurpação acontece pela rede, pela mídia, que faz pensarmos o que ela quer. Termos a imagem que lhe aprouver, vestir o que querem, comer o que querem, não precisa nem o cara sair de casa para ir a Conchichina fazer o outro consumir o seu produto e ter a imagem que ele quiser na cabeça. Está tudo uniformizado. Será?? Preciso pensar mais sobre isso...(falar do frances, comida, do turco, café da manha etc)

As comidas-
Essas deverias ser um capítulo a parte de qualquer viagem.E como é bom experimentar esses novos sabores, cores, temperos, aromas e beber vinho todo dia.
Aqui no Porto a culinária é também muito saudável. Muito peixe, muito azeite e muito pão, restaurante lotados a hora do almoço, seja o dia que for, cafés por todo lado, parece que o português só come na rua. Na rua a comida não é cara como em outra capitais. E se as confeitarias lotam par ao café e o pastel de nata, as 4 da tarde em Portugal, na Espanha lota as 7, para os tapas e o copo de cerveja, só depois disso os espanhois retornam ao lar. Como é que se come bem por aqui, França, Espanha, Portugal...

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

caminho,caminho,... caminante non hai camino...

( Não reparem os erros tá indo no ato, não dá tempo de reler, quando chegar passo a limpo )
13\12\2011 Estação de Vigo

Hoje deixei Santiago as 11:15 da manhã rumo a Vigo, terra de meu tio Juan, teria que vir para cá de qualquer jeito pois o trem da noite não pára em Redondela, então optei por vir cedo e ver a cidade. É uma cidade grande, tem alguns vestígios ainda de uma cidade antiga,mas são poucos, a cidade moderna engoliu a velha, de maneira que a estação de trem está quase no meio da cidade, é uma cidade no alto, cheia de ladeiras , ou seja, a cidade fica meio encravada entre o mar e a montanha, parece que está toda em torno de uma baia calma o que favorece a criação de mariscos, tem muita criação por aqui. Todavia eu devo ter ido para o lado errado em que se come os mariscos porque no centro da cidade não achei um restaurante para comer os famosos mariscos. Acabei optando por comer Jamon, de novo aquele menu, com entrada, segundo prato, sobremesa e café. Eu não sei como o povo consegue ser magro e é. Não se vê a rua pessoas obesas. Sempre magras elegantes.
Então acordei cedo em Santiago, tomei café no hostel,na cafeteria e saí para dar a última volta, já estava dominando a cidade medieval, saí apenas com meu senso de direção apurado pela jornada de ontem, fui até a catedral e fui procurar a igreja de São Francisco que ficava próxima a catedral segundo o peregrino que dormiu comigo, no mesmo quarto . Pausa para o parêntesis.
(Ontem já havia falado que achava que tinha chegado alguém no hostel e estava lá quando o peregrino chegou. Um homem devia ter seus quarenta e tal, músico que acabava de chegar a Santiago vinha do caminho francês e dali iria até o mar. A principio fiquei meio cabreira, com medo, achei uma roubada, porque quando o quarto tá cheio, beleza, mas quando só tem duas pessoas, eu fiquei reticente. O cara chegou e começamos a conversar, eu entendia ele super bem, fazia o caminho pela segunda vez, mora em Barcelona, e estava quase um mês caminhando, me falou da experiência e do contato com a natureza, me mostrou o que acho pelo caminho, pedras lindas, sementes. Ficamos conversando sobre essas coisas, os caminhos do mundo, os Incas, Machu Picchu , com o mapa íamos falando. Depois eu tinha que dormir e ele também, ele ficou arrumando a mala ,sei lá o que , apagou a luz, eu acabei dormindo, me convenci que nada poderia fazer, imaginei que para ser peregrino deve-se ser uma pessoa boa, antenada com o cosmos e a bondade de Santiago e São Francisco, isso me fez não ter mais medo , relaxar e dormir. Antes pensei e se o cara ronca? Felizmente não roncava e não fez qualquer barulho, muito respeitoso, falou que tinha família no Brasil com quem sua mãe se comunicava. De manhã acordamos e ainda tomamos café juntos, nem perguntei seu nome, porque ficaria como O peregrino de Santiago, também não trocamos telefone, eu o fotografei uma hora quando encontrei no meio da cidade, mas de longe.)
Depois de ver de novo a cidade bem rápido peguei minha mala e fui rumo a estação de trem e parti.
A Igreja de São Francisco foi de novo a que mais me emocionou, não senti qualquer coisa de diferente na catedral de Santiago,mas São Francisco temos nós um relação de encontros em viagens e sempre me emociono ao reencontra-lo. Dessa vez achei alguns cartazes com fotos e orações de peregrinos e achei um cuja primeira frase é bem interessante, e viva, fotografei e vou colocar no blog. Creio que é o que todo viajante procura, ou toda pessoa. A busca que nos move, que pode ser lugar comum, que se F, mas é isso mesmo. As vezes, é necessário ir para voltar. Sempre é necessário ir , descobrir, armazenar, olhar o que é diferente para sistematizar o que ta dentro, o que somos, o que acham que somos e não somos. Todas as questões que envolvem o viver, viver só, viver com alguém, viver em sociedade. Tudo passa pela nossa cabeça quando nos distanciamos do dia –a -dia e deixamos de pensar no quotidiano e pensamos além dele. Quando buscamos pensar em nada é que as grandes questões se estabelecem em nós. Os grandes desejos ou não desejos, a certeza de que temos de abandonar a velha roupa que já não nos cabe, como diz o Pessoa. As vezes temos que nos despir de nossas característica apanhadas no tempo deixar que novo vento sopre sobre nós. Deixar que venha a tempestade e vê-la chegar, revolucionar e passar por dentro de nós e sair. Deixar a tempestade chegar, estar e passar.
Acho que nos últimos anos foi meio isso que se deu , 8,9,10, alguém que chega e saí que nem se liga do que faz, que pouco se busca porque acha que já se sabe. Um viajante sem de fato querer ser viajante porque não se permite viajar de verdade. Não digo a viagem de fotos e espaços meticulosamente descritos como faço em meu diário de bordo, mas a viagem mais legal, que se podia fazer através de um contato único com outro. Bem , esses anos todos, não só os últimos mas tantos outros , já está na hora de deixar. Se não podemos juntar as peças do mosaico, que nunca será construído, que ele então se perca de uma vez e deixe para o tempo, para trás, que não seremos nós a dar conta disso. Infelizmente nem tudo que juntamos e pensamos na vida pode por nós ser de fato vivido. Tem gente que prefere se abster, que fazer. Nada, e como diz meu amigo Marcelo Augusto,artista,
meu chefe, não devemos guardar afeto par ao fenecimento. Essa frase me marcou tanto e o pior é que ele nem se deu conta quando a falou.
È isso,a s vezes falamos coisas, fruto do que vivemos e não nos damos conta, só quando alguém diz que dizemos ou quando lemos o que escrevemos é que vemos. È como se estivéssemos num transe qualquer e aquilo reverbera no espaço e sai, voz ou escrita...
Acho que viajei dessa vez. Bem mais uma ou menos uma viagem não importa. Fato é que ta muito legal. Uma semana ainda tenho. Não sei o que vou fazer, ficar em Lisboa, descansar, porque o corre, corre cansa também. Acho que vou deixar Sevilha para uma próxima vez, pois sim, virei ainda muitas outras vezes a Europa, como vou a qualquer cidade próxima. Isso aqui não é mais algo impossível que só se faz uma vez na vida. A tecnologia consegui aproximar, tenho ainda a muitos anos e muito por desvendar. Então tenho ainda que voltar a Itália, a Espanha, a Grécia e mais . Visitar amigos...
Ao meu lado aqui na estação tem um grupo de velhinhos e velhinhas, conversam, creio em galego. São 3 mulheres e 2 velhos, as mulheres falam sem parar, acho esperam alguém , ou não só vem aqui porque é quente. É um hábito interessante. Falam e eu não entendo uma palavra, se não presto atenção. A estação aqui é nova e grande. Vigo é a capital da Galícia creio eu. Todavia achei as coisas aqui bem caras, no centro, mesmo San Sebastian e Salamanca pareciam mais barato, mas como o Porto, não fui em nenhuma a não ser a Turquia .
No Porto, já devo ter dito, tudo é bem em conta, para nós brasileiros.
Acho que to com fome, creio que vou chegar rolando ao Brasil, comendo como estou, mas tenho a desculpas que caminho mais de 8 horas por dia. Va bene!, eu me desculpo a generosidade das porções e pratos e o vinho, todo dia, é o frio, é o frio...
Vou dar uma volta ,porque depois são 3 horas de trem,naquele trem ruim , desconfortável dos portugas .

12\1\2011- Santiago de Compostela

Acho mesmo que é preciso tempo para assentar as informações e para depois escrever. Cada dia o que escrevo não passa de uma tomação de notas, só que em vez de escrever no papelzinho vou escrevendo de maneira meio coletiva. Ou seja vou compartilhando com quem quiser e tiver saco de ler, o que tenho vivido e minhas impressões do caminho. Sei que muitas vezes me repito, saio do tom, divago sobre mil coisas ao mesmo tempo, mas é isso que se faz quando se conversa sobre viagem. Eu sei que provavelmente só falarei dessa viagem quando me perguntarem, ou quando eu fizer outra viagem, aí tudo dessa virá a mente e todas coisas que hoje vivendo não entendo fará sentido para mim e para minha história.
Cada igreja que entro faço três pedidos e aqui na península ibérica haja igreja para se entrar. Portugal e Espanha são recheados de igrejas, conventos, seminários , tudo que se construiu, foi em nome de Deus, todavia ,não era assim bem em nome de Deus, na verdade em nome de quem construiu que visava apenas o seu lugar no paraíso. O medo da morte é na verdade o que sempre conduziu o homem para suas criações sejam quais forem. São nas igrejas que se encontram os mais belos monumentos, as mais lindas pinturas, as mais bonitas jóias. Todo ouro e toda pedraria em oferecimento a Deus pelos seus poderes de levar o dono de toda aquela riqueza para o céu tão almejado.
Aqui em Santiago na catedral, espaço dos mais importantes do catolicismo, tem um altar escondidinho lá num canto que tem um santo que não sei quem é, amanhã verei, e uma Nossa Senhora das Graças, ou seja , junto dos santos tem aquela mesa de oferenda onde se bota um euro e acende a vela. Aí nessa bandeja de vela tem escrito, não coloque bilhetes no santo apenas donativos. Não obstante a proibição o santo tava cheio de bilhetinhos na mão . Ou seja, que pensar disso. È lógico que tudo aquilo, todo patrimônio tem que ser mantido, e custa caro restaurar, cuidar etc, todavia até deixar bilhete, mensagem é proibido. Tem que se pagar, enfim, para se ter o reino dos céus ,mesmo assim , isso não é garantido. Vai que chega a porta e São Pedro diz que você pagou pouco, aí meu caro ,vais para o tártaro. Tão bem mostrado no filme Nosso lar., ou no Inferno de Dante na Divina Comédia.
Mas tudo isso faz parte, encontrei um senhor hoje dentro da igreja que veio me perguntar de onde eu era,estava curioso me olhando,e dentro do lugar da urna, ali no máximo da capela, onde tem os restos do apostolo, o moço me pergunta e começa a falar. Eu meio sem graça porque seria um lugar de silêncio e o senhor a falar, que gosta muito de arte sacra. Tudo bem,mas puxar papo logo ali na urna.
Respondi a ele e saí. não me parecia espanhol, talvez italiano. Depois disso eu estava sentada esperando o museu abrir, as 16h, depois da sesta, e entram numa barulheira um grupo enorme de japoneses, ou coreanos , ou chineses, não sei o que de fato eram, entram fazendo barulheira e u que estava disposta a quase dormir ali dentro, me levantei e desisti de entrar no museu. Afinal, arte sacra é quase tudo igual e ontem já vi o museu sacro do Porto, da Igreja de São Francisco e também já vi, Vaticano e todos de Ouro Preto, Bahia, Mariana todos outros mais. Logo, hoje, mesmo com chuva, porque não parou de chover um minuto, eu resolvi deixar os tesouros da Igreja de lado e parti para a cidade. Fui andando sem mapa, andando, andando, a principio estava tudo fechado,e eu cheguei na hora da sesta. Vim direto ao hostel, que já sabia o nome e tinha um folder com um mapa esquisito. Vim da estação de trem até aqui a pé, é longe. Mas sem peso ta beleza. Uma menina que estuda matemática aqui me indicou a metade do caminho. Quando chegamos na cidade velha ela chegou a sua casa de estudante e eu segui. Lógico que me perdi, vila medieval é isso, labiríntica , demora um tempinho para se entrar no clima. Só sei que a rua estava deserta, porque além da sesta tinha a chuva. Bem uma senhora que estava passando foi interrompida no seu caminho por mim, essa minha cara de anjo barroco bochechudo, logo anjo do aleijadinho, fez a senhora sair do seu caminho, dar a maior volta e me deixar na porta do hostel. Agradeci, na verdade não sou eu o anjo, eu é que encontro sempre anjos no meu caminho.
Bem, entrei no hostel, eu sozinha aqui, me disse a menina que fez minha ficha. Porém agora que cheguei vi que já tem outra pessoa no quarto, pois tem uma cama arrumada e um chinelo embaixo da cama. Tomara que seja alguém legal. Lá no Porto eu estava sozinha, depois que as meninas se foram, naquele quartão para 6 pessoas.
Voltando, eu fiz tudo que era para fazer no hostel , deixei minha mala e saí, cheia de fome, e tudo estava fechado. Até que passei numa birosca , um restaurante daqueles que só vai quem conhece, no centro histórico , olhei para dentro, sme qualquer elegância, três mesas ocupadas, na porta um quadro, com menu do dia 7 euros, primeiro, segundo prato, bebida e sobremesa. Sabendo que tudo estava fechado e eu não tinha passado pela rua dos restaurante, entrei e fui saber o que tinha. Tinha um montão coisas para primeiro e segundo prato, eu então pedi, a sopa galega, e frango assado e vinho da casa. O senhor trouxe para eu me servir uma sopeira enorme com um caldo grosso super gostoso que por si só já era um almoço, comi um pouco, ele abriu uma garrafa de vinho e deixou na mesa para mim, com pão , depois de comer umas duas conchas cheias ele veio com o frango, um pedação com batata frita, depois disso ainda tinha sobremesa , eu escolhi a torta de Santiago,mas pedi para ele colocar um pedaço bem pequeno e ele o fez, aí junto pedi o café, caramba tinha que sair rolando sentar na catedral e dormir com todo esse peso e frio e chuva. Tudo muito gostoso, estou procurando fazer uma refeição dessas apenas por dia, porque se não to frita.
Assim depois de comer pra burro fui em busca da catedral. Achei, linda e imponente, lembrei do meu amigo Flores que fez o Caminho, e qual seria a emoção de um peregrino que caminha tantos quilômetros, passa frio e fome para depois chegar até aqui e se fortalecer com a força que uma jornada dessa dá a pessoa que a ela se submete. De fato é uma conquista, uma superação,não só esse caminho simbólico mas tantos outros.
Enfim, vista a igreja desisti de ver o museu sacro, estava sem muito saco. Saí flanando de sombrinha pela cidade, entrava nas ruas, saía dos labirintos, quando a chuva apertava entrava nas lojinhas que começavam a abrir depois das 4 da tarde. Comprei o pratinho clássico da minha mãe e agora uma bolinha com algo dentro para a coleção que a Alice vai ter e ainda uma cruz de Santiago. Ou seja, foi-se a grana do museu, bem gasta.Continuei andando e dei numa rua que já saia do centro histórico, da viela medieval. Entrei então num parque muito bonito que no alto tem a igreja de Santa Suzana, cheguei por acaso a ela. Fui andando e no meio do parque tem uma estatua em tamanho real e cores reais de duas velhas, fotografei ,mas não sei do que se trata. Fui em direção a um coreto meio mouro branco e do lado dele tinha uma subida para um morrinho, mesmo estando deserto subi e lá encima um platô de arvores sem folhas e as folhas todas no chão formando um lindo tapete de inverno, fiquei encantada com aquela imagem que parecia ter sido tirada de um conto de fadas, vou colocar a imagem depois, então andando dei com a igreja de Santa Suzana que estava fechada e desemboca numa escadaria que dá numa visão do alto e tem uma estatua de Rosália de Castro uma poetisa, que é muito homenageada aqui. Depois verei de quem se trata e sua história. Estava num parque, muito bonito, fui contornando dei numa bela imagem de toda cidade velha de Santiago, lindíssima, fiz várias fotos e queria ser fotografada ali, to sem sorte com fotos minhas nessa viagem,pqp, bem pedi a uma moça que passeava com dois filhos. Ela teve boa vontade mas confessou não saber tirar foto, eu ensinei, a foto que primeiro ela enquadrou, ela tremeu, a segunda não saiu a igreja como era para sair, ela não conseguia enquadrar. Fazer o que? Amanhã tentarei ir lá antes de ir embora para ver se bato a foto. Saí do parque e sentei num café, mesmo com chuva tinha uma barraca. Tomei um café com leite quente e vem com um bolinho local, aquilo aqueceu um pouco, mas a Galícia é muito úmida ,não é tão frio, gira em trono doa 12 a 15 graus, mas é úmida, parece que você esta molhado. A roupa te encosta e parece úmida,não é uma boa sensação. Continuei meu trajeto já revendo coisas que vi quando cheguei, fui andando para o lado direito da cidade e dei numa via com calçadas estreitas com prédios laterais. Bem , chovia, e era a hora de saída de escola, vinham muitas crianças com seus pais, crianças lindas com guarda chuvas na mão, outras em carinhos com cobertura, todas encasacadas e comendo alguma coisa. Quase sempre um pedaço de pão, as vezes uma banana. Era isso uma 5:30 ou 6 da tarde. Fui até longe , vários colégios, e voltei entrando direto no centro histórico. Fui seguindo a rua pelo mapa e encontrei o hostel.
Amanhã acho que vou almoçar em Vigo, preciso ir para lá porque o trem a noite sai de lá. Sai as 19:30 e não pára em Redondela, onde apanhei. Por falar em trem, o trem que peguei de Redondela para cá é simplesmente maravilhoso, melhor que o TGV, todo novo, cadeiras confortáveis, um banheiro ótimo, enorme,tudo claro,lugar para bicicleta, para cadeira de roda os vidros grandes permitindo ver a paisagem. Ao contrario do trem do Porto até Redondela, que vai para Vigo,pqp, que coisa horrível, um trem pior que o metro local, umas cadeiras duras, sem espaço para pernas, o pior trem que peguei, e foi enguiçando, a luz acabava e voltava . É um trem que vai enchendo e esvaziando o tempo todo. Já quase em Redondela falei com o maquinista que toda hora passava ,era um português jovem, simpático que me informou sobre tudo, fez questão foi lá na cabine falou com o outro maquinista espanhol, trouxe a carta de navegação e ficou puxando papo. Falou-me de Vigo e de La Corunha, disse que por essa região tem o melhor marisco, e que é muito famoso. Perguntou-me onde eu ia e disse que se eu fosse para Vigo que ele me levava nos lugares que ele conhecia, já que ficaria ali e só voltaria no trem de amanha de manha . Disse que tem um restaurante que se pega uma balsa de 20 minutos e se vai nas fazendas de mariscos. Fiquei curiosa.
Vigo é terra do meu tio Juan.
Bem os portugueses que eu tenho encontrado são muito prestimosos, querem ajudar, te falam tudo, esse do trem falou para eu tomar cuidado, perguntou se eu já tinha hotel reservado, eu disse que não, e nunca tenho. Eles querem sempre ajudar. Ontem mesmo o Pedro, do hostel do Porto foi atrás de um despertador par mim, depois levou quarto, aí falamos da possibilidade de vir de ônibus, só que o ônibus era em outro horário, eu tinha visto no livro, Time table que estava no hostel . Então o Pedro foi lá ligou para rodoviária , viu os preços e horários e voltou para me falar, gracinha, aliás duplamente gracinha... mas não achei bom o horário do Ônibus sairia do Porto as 13:30 da tarde e chegaria aqui a noite. Não gosto de chegar a noite, ainda mais tendo que desvendar a cidade, então optei por vir mesmo de trem as 7:55 da manhã e chegando aqui as 13:30.
Amanhã farei o mesmo e aproveito para conhecer Vigo.
Caso contraria perderia todo o dia.
Isabel minha amiga portuguesa leitora da Sapienza, quando eu lá estava, entrou em contato comigo, e-mail. Eu disse a ela o que faria, amanhã quando chegar ao Porto vou ligar para ela , para ver se nos falamos ou nos vimos na sexta.
O Paulo Da ABEU também mandou-me e-mail que chegaria hoje a Lisboa, legal vamos ver se encontro todo esse povo e também o Ismailson.
Não sei que horas são, tenho sono, a noite passada com a coisa do horário não dormi direito, fiquei ligada o tempo todo que nem deixei o despertador despertar,antes dele já estava acordada,no trem também quase não cochilei, também, aquele banco duro e em pé.


11\1\2011- Porto
O encanto do Porto, cidade que aparentemente tem dois lados, só que na outra margem do rio não é Porto é Gaia. Todavia tem duas cidades m esmo assim, uma cidade de cima e uma cidade de baixo. O rio corre com pressa, a pressa que eu não tenho nesse momento quando não me deixo contaminar pela velocidade dos dias que passam.
Nas águas velozes do rio os pássaros marinhos se deliciam, ficam a deriva, deixam a correnteza levar e sem se manifestar vão seguindo. Seria assim muito bom pensar que a vida é quem rege e que seria só deixa-la levar.
Um dia de chuva intensa, outro de sol, nem tanto sol mas uma forma de luz que deixa todos os relevos mais visíveis, que traz o limite das cores, que faz o tracejo, que delineia o objeto olhado.
Quando em muito sol não temos delimitações. Hoje cada objeto da paisagem está tracejado , delineado. Cada telhado com telhas cor de barro intenso, cada fachada amarela e carmim( um vermelho meio vinho com janelas em branco que sobressaem). A ponte Luiz I é cinza em ferro. O prédio em torno da catedral é branco com contornos das janelas em pedra, três andares ao alto.
A imagem de Sandeman tem por toda parte. Um homem de capa preta de chapéu de abas largas e uma taça de vinho do porto à mão.
As torres das igrejas se destacam na paisagem e os becos também. O rio é de uma cor indefinida que não chega a fazer um espelho na água. Não chove nem faz o sol de domingo mas está agradabilíssimo. Sentada na beira do rio, confortavelmente depois de um cozido a portuguesa e uma taça de vinho no Restaurante Adão, do outro lado do rio junto as casas de vinho, só tenho a dizer,“Eta vida besta!”, Drumondianamente.
Olho os passantes, olho os pássaros à deriva, como eu, como eu?deixando a corrente levar. Deve ser uma brincadeira legal, eles falam alto, gritam. Também desse lado tem cachorros na rua.
Entrei no Restaurante Adão porque me agradou o quadro do lado de fora, a fachada toda de azulejo azul e branco . Quando entrei só vi homens sentados comendo, fiquei apreensiva. O homem que servia levou-me à mesa. Todos olharam. A sensação foi estranha, pensei em sair ,mas lembrei-me que não estava em Istambul. Em algum lugar escutei, brasileira. Pode ter sido minha imaginação. Mas não tenho um tipo que pode se chamar de portuguesa. As pessoas olham, talvez pensem no Brasil ou no Paquistão, ou no Egito.
Descubro que todos os tipos podem ser de qualquer lugar, afinal brasileiro não tem cara.
As mulheres por aqui tem cabelos curtos e escuros, com o frio não as vejo muito de saias.
O trem do metrô passa no segundo plano da ponte Luis I, tenho uma imensa vontade de comer doces.
Não vou visitar as adegas,passei , entrei, e alguns não fazem visita guiada para uma pessoa . Hoje a cidade está menos turística que no domingo, muitos restaurantes e lojas fechados.
Ao longe o sino toca, acho que fora de hora 13:45.
O tempo está nublando mais, estava um mormaço sem vento, tão quentinho, dava vontade de dormir a beira rio. Vou falar para meus pais virem aqui.
Do outro lado, Porto, restaurantes e centro da cidade.
No quarto prédio amarelo, sobre o restaurante onde tem a placa “rua em cima do muro”,uma senhorinha estende à janela seus tapetes recém lavados.
Já são 3 horas da tarde. A beira Douro no cais Ribeira a vida corre sem pensar. No restaurante “ O buraquinho”, 6 homens possivelmente navegadores conversam em pé aguardando a hora de navegar, como já disse navegar é sempre preciso. Por outro lado, viver nada tem de preciso. Em frente ao Botequim Capelto sob o sol que sai escreve-se a crônica do dia.
Mulheres de bota de salto trafegam a beira. Turistas aproveitam o sol para comer a rua. Mulheres aproveitam o sol para estender sua roupas. São calcinhas, camisolas, pijamas, tapetes. Embaixo deles a rua estreita sobre o mesmo muro, abaixo do muro o restaurante do cais.
Uma mesa cheia de turistas falando inglês . Na outra um casal de namorados de nacionalidade indefinida,frente a mim um homem só na mesa. Semicalvo, branco, blazer quadriculado, barba por fazer. No pulso esquerdo um relógio e mexe ao telefone celular. Esse é o grande companheiro do homem pós-moderno.
Ele nunca está só. Sempre pode lançar mão de um número para falar. Ele desliga o telefone e põe a mão no queixo . Observa os passantes, como eu. É serio ,não da par dizer se turista ou não.
A maioria aqui é turista, português ou não.
Tem uma comida chamada francesinha que não sei o que é. Se me lembrar pergunto no próximo restaurante que for.
Mais uma janela se abre,agora o segundo andar do mesmo prédio.são estendidos dois casacos pesados pretos e duas calças pretas,também uma camisa marrom.
Virei-me para o rio, do lado esquerdo a ponte, linda, a Eifel virada ao contrário, do lado direito um grupo de estudantes portugueses fazem algazarra para fotografar.
No mesmo banco que eu um senhor sentou-se de boina cinza, cabelos brancos, olhos azuis que combinam com o pulôver. A mão tem um celular mas são rudes. Lembra o Anthony Hopikns,tem um sorriso contido na face ao observar. Olha para mim, talvez esteja curioso com o que faço. Estou sentada no banco apoiada no encosto escrevendo o que vejo. Acho que fotografo com a escrita o que vejo. No entanto não dou conta de tudo que vejo. Com o sol, todos saíram de suas tocas, assim também os pássaros . O senhor começa a conversar comigo...











segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Navegar é preciso, viver nâo é preciso...

Salamanca e depois o Porto- cheguei à terrinha e como é bom...

09\01\2011 Porto – Portugal

Finalmente... Chegamos ao Porto. Chegamos ontem as 11 h da manhã depois de uma viagem braba de trem de Salamanca para cá. Saímos de Salamanca as 4:30 da madrugada, passamos em Coimbra onde saltamos, pois o trem ía para Lisboa, e pegamos o comboio para cá. O tempo não era bom, chovia fino e tudo estava nublado. Saímos da estação de campanha e fomos para a estação São Bento que fica no centro do Porto. Lá checamos onde era a rua do hostel que eu tinha visto na internet, O andarilho , Rua da firmeza, só que eu não peguei o número, e a rua é a maior ladeira. Tudo bem, pelo mapa fomos pela rua Sá da bandeira direto e lá no alto viramos a esquerda para a nossa rua ,mais uma ladeira a pé com toda bagagem. Burrice pura a nossa, não sei porque não pegamos logo um táxi. As vezes a gente se acha intocável, e sofre por causa disso. Compra-se coisas e traz-se peso e depois haja braços e pernas para aguentar.
Bem, depois de procurar encontramos e subimos as escadas, um casarão antigo de esquina, todo transado, a sala de convivência é um lounge com coisas bem legais e ultra modernas, tirei fotos.
Arrumamos as coisas e depois saímos para comer e bundear, almoçamos um bacalhau num restaurante chamado Estrela do oriente, bem tradicional e gostoso, derrubamos uma garrafa de vinho e a chuva caia sem parar. Depois de devidamente alimentadas, deixamos a Julia, que foi dormir e caímos no mundo. Saímos andando pelo alto e cada caminho dava num espaço, sítio diferente, com igrejas mil, com sobrados com azulejos e toda uma arquitetura muito bonitinha, portuguesa com certeza.
Chegamos a Igreja do Carmo, com toda parede externa de azulejo, aquele painel azul decorado, fiz fotos interessantíssimas , aí começa a chover de novo, passa então um bondinho como o lá de Santa Teresa, entramos no bonde e vamos onde ele nos levar. Vai andando até o passeio alegre, metade do caminho, lá saltamos, e pegamos outro bonde que vai até o infante e depois volta ao passeio alegre no final. Ao lado do Rio Douro, todo aquele passeio , de longe víamos a foz do rio, com o mar batendo nas rochas. A cidade é um encanto. Saltamos no infante e viemos subindo passando pela estação São bento, entramos em todas as igrejas em quase todas havia missa e muita gente assistindo, olhamos cada uma e sua arquitetura, assim como a arquitetura dos sobrados.
Subimos a Sá de bandeira de novo e chegamos ao hostel, mortas, mas felizes, andamos a tarde toda, no fim da tarde a chuva já havia passado e estava agradável, não muito frio. Subimos para o quarto tomamos banho e saímos para comer algo no shopping que tem na rua do lado. Comemos e viemos embora dormir, eu que não tinha dormido a noite anterior enfim estava na cama depois de colocar as fotos no blog. Chovia muito a noite não dava para ficar na rua.
Hoje domingo, acordamos cedo, fizemos o pequeno almoço e saímos , o dia estava maravilhoso, um céu azul divino, sem chuva ou qualquer nuvem, como aqueles dias secos de inverno no Rio de Janeiro, uma luminosidade e com menos frio. Nós saímos andando para cima, pela Sá de Bandeira e viramos na Gonçalo... aí caímos na Praça da República, Igreja da Lapa, Lapa e fomos descendo a Rua Boavista, uma rua enorme, que creio deve ligar vários bairros, no meio dela tem uma praça com uma estatua e do lado a casa da música um prédio ultra-moderno com design arrojado e no alto, no terraço uma parede de vidro para ver a cidade, todavia as paredes internas desse espaço são decoradas com azulejo azul formando aqueles desenhos. Muito bonito, a mistura da tradição e da pós-modernidade do edifício. Embaixo as crianças ficam andando de patins e skate, lembrei-me que tenho que voltar a andar de patins para acompanhar a Alice.
Continuamos pela rua Boavista que nunca terminava, parece que ela entra em outros bairros, bairros novos com construções novas e comércio requintado, andamos até chegar o cruzamento que dava para o museu de arte contemporânea, um lindo parque num bairro muito chique, acho que é a fundação Serralves , um museu privado que estava bem cheio com uma exposição sobre arte marginal. Hoje era de graça. Ficamos um tempão a ver a exposição e depois fomos em busca do rio.
Queríamos passear junto ao rio e comer por lá. Só que andamos muito, muito, muito e não chegávamos, aí desviamos o caminho e fomos descobrindo coisas, passamos por conjuntos habitacionais, prédios pequenos que parecem de classe média, aí chegamos ao rio, finalmente. Nesse bairro parece que há um certo contraste entre as mansões ao lado do museu e o conjunto habitacional.
Estava um dia lindo demais, o rio, o azul do céu, no lugar de observar os pássaros. Tomamos então um ônibus, o 500, e fomos para a Ribeira a beira do Douro; no lugar muitos restaurantes a beira rio. Sentamos, comemos, pataniscas com arroz de feijão, e bacalhau na nata, tomamos vinho e ao sair fomos caminhar, tomar o funicular e andar sobre a ponte Luis I, ponte feita por Auguste Eifel, o mesmo da torre de Paris.
Enquanto escrevo aqui, agora no hostel, no quarto, Julia e Lucilene ficam me sacaneando deitadas na mesma cama. Por causa do frio estão dormindo juntas é bonito vê-las juntas, creio que com o tempo ficarão mais próximas e amigas. A menina é muito carinhosa com a mãe que não parece muito de paparicar ou ficar fazendo carinhos. As vezes rola um arranca rabo com a menina sendo um pouco agressiva com a mãe, que no entanto, não fala muito, mas lhe faz todas as vontades de consumo.
Conversamos bastante Lucilene e eu. Falamos de literatura , de viagens etc. Ela lembra do namorado \marido que ficou em São Paulo, fala muito de suas viagens anteriores e seu relacionamento com um francês . É uma pessoa muito vivida , com muitas histórias para contar, teve muitas experiências, principalmente em viagens .
Foi legal viajar com elas . Viagem em grupo é sempre exercício de tolerância e as vezes de Let it be. Não tivemos problemas até agora, as vezes ficamos um pouco de saco cheio com questões adolescentes, mas no geral a menina não parece muito curiosa, gosta mais de lojas e compras do que de museus e arquitetura. Chamo atenção dela para as boas fotos que pode fazer com sua câmera especial. Acho que com o tempo ela vai aprender as possibilidades que tem e a sorte também. Adolescência as vezes é fase do narcisismo, mas vê-se que coisas mal resolvidas as vezes destoam da paisagem que se pretende uniforme .
Mas voltando ao Porto. Atravessamos a ponte de trem, na volta e saltamos no metrô e viemos andando até o hostel, comemos sanduíches de coisas que compramos no mercado e aqui estou a escrever.




7\1\2011- Salamanca

São 2 h da manhã, pegaremos o trem para Coimbra\Porto daqui a 2 horas; Estamos no hostel de Salamanca e eu não consigo dormir. Deitei as 11 relaxei um pouco mas não consigo mais. Levantei e resolvi escrever. Odeio quando isso ocorre. Pode ser ansiedade, medo de perder o trem, sei lá que M é essa. Milhões de pensamentos vem a minha mente. Os presentes, o cara do ônibus, tudo que aconteceu, todas as preocupações do Brasil. Tudo que se torna gigante nesse momento onde todos dormem e eu fico acordada.
Salamanca é linda, mas pouco curtimos de verdade a cidade, seus monumentos. Andamos num tipo trenzinho, vimos os pontos turísticos e depois a Júlia conseguiu, de certa forma , nos desviar para as compras. Ficamos rodando a cidade toda até chegar a estação do trem e decidirmos ir nessa madrugada de trem para Portugal.
Lucilene tem dia para voltar a Paris, dia 10, logo temos que ir . Eu teria ficado, mas combinei e não quero ser chata e quebrar o combinado no meio do caminho. Vamos juntas até o Porto.
Nessas paragens o transporte para o outro lado da fronteira não é muito bom. Só tem um trem, esse que vamos pegar e que passa as 4:30, ônibus não há e carro não alugam se não for deixar aqui mesmo. Como Lucilene não dirige para poder voltar com o carro para cá fomos obrigadas a pegar o trem da madruga .
Estou ansiosa com o fim da viagem, um pouco cansada dessa semana corrida em que saímos na 4ª feira de Paris e hoje sábado já chegaremos ao Porto tendo passado por 2 cidades gracinhas, Donastia san sebastian e Salamanca. Aqui em Salamanca gostaria de ficar mais um pouco. A cidade é barata e segura, porte médio, vive em torno da universidade, não tem indústrias, ou melhor ,a industria é a do turismo, só que não sei se os habitantes tem essa consciência . As pessoas são simpáticas ao dar informações , não temos medo de andar na rua. Tem muitos jovens por causa da universidade que é uma das mais antigas da europa. Toda cidade é feita de uma pedra clara que ao sol brilha como ouro. A catedral barroca monumental com suas torres imponentes ao despontar na azul do céu , que mesmo com o frio insiste em ter momentos de luz intensa. Hoje choveu por vários momentos mas isso não impediu que andássemos bastante por todo lugar,esmiuçando a cidade velha e nova, bairros medievais nas ruelas do centro e a cidade maior em torno da estação e da gran via.
Visitamos o convento e igreja de San Esteban , lindíssimos que forma com outros conventos e a faculdade e os seminários o corpo arquitetônico muito lindo e reluzente .
Como toda cidade medieval tem poucas árvores e as que tem são secas por causa do inverno. Aqui na Espanha os horários são interessantes, levantamos tarde porque o inverno é forte e quando saímos já são 10 horas da manhã. Ao meio dia almoçamos e é hora da sesta( dúvida se s ou c) que vai até 4:30 da tarde. Depois dessa hora todo comercio funciona até as 8 da noite e todo povo com as rebaixas de preço vai para rua aproveitar as liquidações de inverno.Realmente uma loucura os preços das coisas,mesmo em euro da para fazer a festa e comprar.
Almoçamos hoje nas ruas de Salamanca um menu completo, com paella e prato principal com carne de veado e batata e ainda sobremesa ,muito gostosa, um doce local como uma espécie de profiteroles com caldo de chocolate por cima. A noite, essa de hoje, fomos a uma cafeteria que como as brasserias francesas só que com tortilhas,tapas, bocaditos. As comidas aprecem aquelas dos botecos do Rio, e ficam ali expostas para o freguês escolher sem cerimônia, aliás as coisas são muito self service. Parece que os espanhóis passam sempre por esses cafés depois do trabalho, antes de voltarem para casa. Eles chegam, tomam um cerveja, comem um tapa e se vão. É uma coisa até familiar, homens, crianças mulheres, bem interessante de ver. As cafeterias ficam cheias de gente e é uma barulheira. Presenciamos isso umas 2 vezes. Quando anteontem dia 6 chegamos a Salamanca, e era feriado, dia de reis, e hoje é dia 7.
Chegamos aqui dia 6 a noite, viemos de trem e a estação estava lotada de gente, em torno dela há um shopping com carrefour e outras lojas. Saltamos do trem tomamos um taxi até o hostel que eu havia anotado e que fica atrás do seminário Calatravas e do lado de San Estebam, ou seja, dentro do centro histórico, muito bem localizado. Todavia ficamos num quarto separado fora do hostel, numa rua ao lado. O que foi bom,um quarto só para nós com banheiro mas sem café da manhã. O cara da recepção foi com minha cara e fez ainda abatimento no preço, ou seja 15 euros por pessoas, pechincha, próximos de tudo, da gran via, da plaza maior, dos monumentos. Depois de chegarmos fomos para a rua almoçar e jantar. Comemos num restaurante típico e tomamos uma garrafa de vinho . Comemos sépia na plancha de entrada e carne de vaca com batata assada e pão. E ainda “compartimos” uma sobremesa com chocolate e sorvete de tangerina. Acho que vou chegar rolando ao Brasil. Depois da janta fomos caminhar e reconhecer a cidade, eram umas 10 da noite. A plaza maior ainda estava com a árvore de natal toda linda, azul.
Hoje dia 7 andamos pela cidade de carrinho turístico e achamos um locutório , liguei para casa. falei com todos. Eu estava achando que hoje era 5ª feira mas já é sexta, me perdi no tempo. Falta só 11 dias para o fim de minha jornada européia, não sei onde vou ao certo,O porto, talvez Santiago de Compostela antes de Lisboa e Sevilha talvez fique para a próxima vez , vou amadurecer o João Cabral para depois aportar por aqui, vou ficando com o Fernando Pessoa por enquanto.

sábado, 8 de janeiro de 2011

cheguei a Espanha - Donostia San Sebastian


Julia e Lucilene na roda gigante


almoço francês- eu e Amélia


De volta a Paris- Sacre coeur


ciao Turquia


café da manhã no istambul hostel


volta a istambul- chegou o frio de verdade


espanhóis na capadoccia


o vento e suas esculturas na capadoccia


lagoa na capadoccia


caminhada para cavernas desenhadas na capadoccia


balões na capadoccia


bandeira turca





Capadoccia



Mulheres rezando na Mesquita nova
Mercado de peixe
Mulher de burca na mesquita nova
Pescadores sobre Galata
Istambul do alto da torre galata
Eu e as corenas comendo kebab
Topikapi palacio do sultão
O Bósforo atrás de mim
Haga Sofia

istambul

Mesquita azul

Cheguei a Espanha

Donostia San Sebastian 6\1\2011

Finalmente deixei Paris para trás e segui viagem, todavia não vim sozinha dessa vez vim junto com Lucilene e Julia sua filha.Saímos de Paris ontem dia 5 as 7:10 da manhã, tomamos o TGV na gare Monparnasse em direção a Hendaye cidade do país basco francês que já é na fronteira com San Sebastian, na Espanha. Passamos com Bayone, Biarits , Bordoux ,ou seja ,o campo e a zona litorânea do norte da frança onde ela se cruza com a Espanha. O TGV vai andando devagar e logo pega velocidade e ficamos quase surdas. A viagem foi ótima acabamos indo separadas e eu fui sozinha lendo, saímos ainda era noite e com a velocidade não dá para ver a paisagem do lado de fora.Chegamos a Hendaye e logo vemos que tem um trem para San Sebastian, cidade que me foi indicada por Nico lá na Capadoccia e que realmente agradou.
Na verdade não estou mais na cidade mas no trem a caminho de Salamanca.
Bem chegamos a fronteira , ontem, saltamos, descobrimos o trem e fomos almoçar num restaurante do lado da estação, José o nome, comemos carne de porco com macarrão e molho de mostarda, tomamos vinho e comemos sobremesa( uma torta basca) era o prato do dia. O garçom era espanhol. Sempre tem essas fórmulas que são boas e rápidas. Depois de comer nos dirigimos a estação pequena que fica do lado da grande da ferrovia francesa. Tomamos o trem local e chegamos a cidade, San Sebastian. A cidade fica entre um rio e o mar, muito bonitinha, porte médio com tudo que se precisa. Muito bem cuidada. Andamos da estação do trem local, como um metrô até o hostel que eu tinha visto na internet,que ficava no centro histórico. O povo muito interessante, é o país basco e isso tem implicações. Vemos muitas bandeiras azuis e brancas nas janelas, outras com a representação do país branca e vermelha e o mapa em preto. O povo muito simpático e fala a língua basca, que vem em todas as informações e falam também o castelhano. Do basco na entendemos, mas o castelhano eles me entendem perfeitamente e eu os entendo também. A cidade é um misto de Barcelona com Paris, Prédios baixos com sacadinhas, cujo guarda corpo é de ferro. Os prédios todos coladinhos, uma parte da cidade onde ficamos é ainda mais velha, a outr aparece século XIX e a outra mais moderna. É uma cidade turística, com praias e rio.
Chegamos a estação do trem urbano e fomos andando até o hostel, chuviscava mas isso não impediu que fossemos conhecendo a cidade. Muito me agradou. Depois de chegarmos ao hostel e deixarmos as coisas saímos para andar e ver o que se tinha e também para vermos como sairíamos rumo a Salamanca. O clima maravilhoso, sem frio , dava para ficar sem lá, só com um casaco. Fomos caminhando até a estação de treme depois de ônibus vendo a melhor condução. Em todas as esquinas tem as direções das coisas com o tempo de chegada a pé a cada uma, maravilha, ser anda sem mapa para os pontos principais. Quando saímos do hostel, depois de quase não ficar lá, porque uma mulher chata queria que tivéssemos feito as reservas pela internet e isso nós não fizemos ,porque não sabíamos quando chegaríamos. Bem um americano que lá estava trabalhando disse que tinha vaga e que já tinha falado com o dono e nós ficamos. Ficamos num quarto separado para as três e não tinha café da manhã, mas tinha cozinha. Outra droga é que não pudemos deixar as bagagem depositadas hoje para andar pela cidade e só pegar trem a noite. A vecchia estrega que queria papar o americano não deixou, queria cobrar 10 euros por bagagem, louca. Bem, diante disso resolvemos pegar o trem de 13:30 para Salamanca, nesse que agora estou.
Todavia, acordamos cedo e fomos ver a cidade, a outra parte que não vimos ontem. Tem igrejas lindas , a do bom pastor que é a matriz, uma catedral gótica, no centro da praça com muitos vitrais coloridos, belíssima e na outra ponta da rua uma mais barroca de Santa Maria, que tem um São Sebastião na frete, esculpido, muito linda também, essa encravada entre casas no bairro velho. Uma de frente para outra, interessante.
As tradições católicas são fortes como toda Espanha. Hoje é dia de reis e é feriado, tudo está fechado, só bares e padarias abertas, essas porque as pessoas compram o pão de reis e levam para casa.
Ontem teve uma manifestação muito bonita a noite, que sem o frio foi possível curtir. Todo o povo foi para a rua principal ver a procissão dos reis magos, Melchior,Baltazar e Gaspar. A Procissão era grande com muitas crianças, orquestras, carros alegóricos desfilando, cada rei com seus súditos e todos distribuíam caramelos, jogavam para a população que assistia. Os reis vinham a caráter como todo o resto, e cada um com suas riquezas ,um entrou de camelo, outro de cavalo e outro de elefante, um elefante de verdade. Os carros alegóricos eram puxados por touros robustos e tinham pôneis, cavalos, cisnes, e ovelhas. Muito legal, todos encantados com os animais,a músicas e tochas acesas . Assistindo também haviam muitas,mais muita crianças, aliás, eu nunca vi tanta criança numa cidade européia, bebês, uma quantidade enorme, tanto aqui como na França, acho que está dando certo a bolsa de 1000 euros, se ainda há, para a população procriar, pois tem criança demais. Coisa de vermos casais com 3 crianças.São lindas as crianças com todas aquelas roupas fofas para o frio. Os bebês ficam nos carinhos todos enrolados só aparecendo a carinha . Me deu a maior saudade da Alice, que ia ficar linda nesses casacos fofos.
Depois da procissão fomos passeando até chegar ao hostel, mas antes passamos num mercado, como aquele em que eu fazia minhas compras na Itália. Compramos vinho, salmão defumado, queijo brie, pão, pizza, par ao jantar e café da manhã. Chegamos no hostel fomos comer e beber e conversar e decidir o que faríamos hoje.
Julia toda sedutora para o americano, que lógico não rejeitou seus encantos.
Dormimos relativamente cedo para sair hoje cedo e ver a cidade um pouco mais. Levantamos, tomamos café e saímos, a temperatura estava agradabilíssima , sem frio,e sem vento,ótima para passear e fotografar. e foi o que fizemos.Andamos e fotografamos os lados que ainda não tínhamos ido, o lado da praia que parece aqueles balneários como San marino , Portofino e os outros. Sem dúvida que no verão isso aqui deve ferver, deve ser muito bom.
A cidade como disse é tratada e bonita, tem um monte alto com uma imagem, não subimos eram 3 km a pé ,não tínhamos tempo, uma vez que decidimos hoje mesmo ir para Salamanca . Tem também muitas lojas a preços convidativos, muitos hotéis pequenos e restaurantes. Agradabilíssimo estar aqui.
Por ultimo passamos mais uma vez na catedral do bom pastor e sentamos no banco e encontramos um casal do Rio grande do norte, passeavam e escutaram-nos conversando e pararam para falar um pouco. Simpáticos. Não são como outros que você fala e as pessoas fingem que não são brasileiros. Talvez por medo, sei lá, sei que eu quando escuto alguém, falar a minha língua em outra parte do mundo quero logo me comunicar, ainda mais quando estou sozinha, mas tem gente que não tem esse espírito. Essa comunicabilidade, quer ficar isolada. Foi assim quando escutei alguém falar lá na Capadoccia e perguntei se eram brasileiros, os cara parece que se assustaram e sumiram. Vai ver eram gays medrosos, aqueles que temem sair do armário, coisa tranquila, quando se encaram com naturalidade, mas tem gente que tem medo de ser visto, vai entender... Cada um com suas neuras.
Outra questão aqui nessa parte da Espanha é o idioma, o basco é uma língua completamente diferente, acho que não é do mesmo tronco lingüístico do indo europeu, por isso envolvendo a língua tem outra questões culturais e de identidade, daí, os movimentos separatistas como o ETA.
Estamos parados na estação Vitória, e por exemplo, olho o nome das coisas e é muito diverso, escuto o povo falando no trem e é como , nem sei, não identifico os fonemas, um som gutural que lembra os ciganos. Vou qualquer dia desses, em casa, ler um pouco sobre isso. Esse estudo de língua e sua genealogia me interessa. Como as língua foram se disseminando pelo mundo e suas semelhanças e diferenças.
Depois continuo.

quarta-feira, 5 de janeiro de 2011

Ciao Paris!!!

04\1\2011 Paris.

Hoje foi o último dia de Paris, uma sensação estranha me invade agora a noite. São 19:30, Amélia ainda não chegou, amanhã levantarei muito cedo pois o TGV parte as 7:10 da manhã. Logo devo me levantar as 5:30, para sair as 6 ou antes. Certamente ainda estará escuro. Não gosto de sair muito cedo, mas também, não chegarei tarde no local.
Vamos amanhã , eu e Lucilene e Julia, sua filha. Todavia mesmo assim aquela sensação de partir me acomete . Não senti isso em Istambul, mas não deixei lá pessoas que gosto. Aqui como sempre deixo essa querida amiga, que sempre foi tão gentil, amiga e companheira comigo. Uma amizade desinteressada, generosa, me recebe em sua casa como se aqui fosse um hotel 5 estrelas, melhor impossível, conversamos, comemos juntas, vemos programa na televisão, discutimos sobre a vida e seu sentido. Queria muito que um dia ela fosse a minha casa para eu retribuir-lhe, não sei se a altura, pois não tenho a sua sofisticação parisiense.
Mas estou triste pela saída. Recordo-me quando aqui a primeira vez estive, e que sair desse aconchego de amiga foi muito difícil, eu estava sozinha, com 22 anos e toda a europa a frente para conhecer. Montei um roteiro louco que passava por todas as capitais, da Holanda a Portugal, passando pela Inglaterra, subindo pela Itália, passando por Viena, Alemanha, Suíça, uma viagem corrida, de passe, dormindo muitas vezes no trem, mas não estava frio,era primavera. Foram 42 dias, no fim estava exausta, ansiosa para voltar mais satisfeita. Pensei muito sobre minha vida, quando estava sozinha, vi o que não queria mas não decidi o que queria. Foi logo depois de me formar em direito. Depois voltei para ficar um ano na Itália, fiz de novo um pequeno giro com meus pais, com a Êmili e depois com o Emil. Mesmos lugares e lugares diversos, sempre numa eterna curiosidade que me é peculiar. Querendo sempre saber e sempre ver. Entrando por vielas e descobrindo jardins , como é bom descobrir jardins. Hoje menos ansiosa, um pouco mais consciente do que espero da vida e de seu sentido, mas não completamente. Acho que isso nunca vou achar, já que o sentido está no próprio caminho a própria vida, nas pessoas que conhecemos nos lugares que vamos, no valor que damos a essas pessoas e no afeto que lhes dispensamos, pois como diz meu amigo Marcelo Augusto, não se deve guardar afeto para o perecimento. Afeto se distribui, o quanto mais, melhor, depois de morto para que termos o afeto de alguém? E até agora ninguém provou que morto tem afeto por alguém.
Dos que foram resta a lembrança viva, e talvez isso seja o sentido da vida eterna. Porque de quem foi, além da fotos desbotadas na parede e das lembranças , nada há. E como diz Drummond, e como dói. Sei lá.
Fico pensando naquela pessoa que mal dispensa afeto, que não quer ter afeto, que louca, que louco, tenho pena, não pode dispor da beleza ,da alegria de ter afeto e de se doar.
Mas não vou fazer disso tudo um manual de lembranças ocasionais vindas a tona por causa da partida. Tenho consciência de que para mim, partir sempre foi o mais difícil, mesmo tendo que voltar, sabendo que vou voltar. Será que ainda volto a Paris nessa vida? Levando-se em conta que devo morrer com uns 80 anos, volto sim, pelo menos uma 3 ou 4 vezes, uma a cada sete anos, ou dez anos. Bom número, sofisticação e bom gosto e coisa gostosa, tem que ser cultivado, e só aqui é possível esse máximo.
Nenhum outro lugar do mundo, que me perdoem as outras cidades maravilhosas, mas é isso.
Mas quero vir fora do excesso de frio, para sentar na rua e ficar, primavera tá bom, sem muito calor também.
Bem a viagem segue, pela França não muito, entraremos na Espanha e depois na Terrinha, Portugal. Li no guia que Laura me emprestou muita coisa sobre Portugal. O Porto, Lisboa , tudo mais pequenino, como dizem eles, estás a perceber... tenho que treinar meu sotaque. Aqui eu não falo nada, na Espanha vamos ver. Lucilene e a filha vão comigo até o Porto, vamos ver a casa do Miguel Torga, e todas aquelas coisas por lá. Creio que por lá as coisas são mais baratas que aqui. Todavia por mais que tentemos não conseguimos ficar sem comprar nada. A mala está cheia, um saco carregar mala, descer metro etc e tal. A comodidade é a rainha. Com ela imperando não saímos de casa. Temos é que desapegar e levar menos coisa possível e não comprar.
Mas é difícil ainda mais em época de liquidação.
Tem montes de berimbau por aqui , que temos que controlar para não levar...
Já to com saudade, estou também cansada, andei hoje ,v i coisas, saí com as meninas e agora aqui espero Amélia que hoje foi ao Vale do Loire, o tour pelos castelos. Muito bonito. Eu já fiz com ela esse passeio .
Hoje é dia 4, agora parece passar rápido, só tenho mais 16 dias de férias. Vou parar de contar. Amanhã TGV às 7 da matina.
Mas hoje fui ainda a Pigale, flanei pelo Boulevard Rochechuart, comprei uma boina, preto e branca, para eu usar com Alice e proteger do f rio.
Depois encontrei com as meninas e fomos as compras para elas comprarem coisinhas, fomos ao terraço da Printemps e, por estar demasiado frio não andamos mais. Creio ser muito complexa a relação de mãe e filha que elas tem. Complexa demais. Existem filhos tiranos, filhos que fazem questão de abusar de sua posição de filhos, que obrigam e sujeitam os pais, tudo por atenção, e pais que por culpa ou sei lá o que se sujeitam a tudo. Muito difícil, as vezes penso que é melhor mesmo não ter filhos,não sei se saberia lidar com tudo isso.

03\1\2011 - Paris


Rua, flanar, flanar, flanar. Frio, quente, frio. Saí cedo a flanar pela cidade sem mapa. Me encontraria com Amélia as 12:30 no Metrô Tulieres, Jardim do Louvre, para almoçarmos. Perdi-me e achei-me, cheguei, vi milhões de coisas para comprar que não vou comprar. Para que eu quero mais roupa de frio, não há necessidade, mas é F, dá a maior vontade de comprar tudo. Mas pra que? pergunto-me antes de ceder a tentação. Mas um bagulho na gaveta sem usar ,ainda mais com o aquecimento global. Mas é brabo não ceder, tem que ter força, ainda mais com as liquidações.Montes de casacos, blusas e cachecol, gorros. Imagino, se esse casaco que tô usando agora estava guardado há 7 anos, pra que eu quero outros, sem condições, e as botas... loucura, mas como levar.Comprei uma bolsa...
Encontrei Amélia e fomos a Defense almoçar . Passamos na Place de Voges, da casa do Victor Hugo, aquela gracinha, fomos pelo Marré e chegamos num típico e tradicional restaurante Francês, Bulfinger, uma comida deliciosa e uma sobremesa muito boa com um vinho bom, deu até calor. Como é bom. Eu me rendo aos prazeres parisienses... quero vir todo ano, risos... Acho que tinha que ter uma máquina de giro, máquina de flanerie mundial.
Voltamos para casa de ônibus.
Nesse dias esqueci das minhas drogas chinesas, faz tempo que não tomo nada, só champanhe... ui,ui, ui...


02\1\2011Paris
Lucilene me ligou dia primeiro e combinamos de nos encontrar ontem no Museu D’orsai, que tem todo povo( arte) do século XIX: Monet, Goughain, Van Gogh, Gustavo Moreau, Delacroix, e muitos objetos e móveis Art noveaux , as peças que misturam madeira, ferro, vidro, exóticas, belíssimas daquele século. Tinha também outras exposições temporárias, cheias de simbolismo. Fiquei esperando Luci, um tempão, ela se perdeu e foi sem a Julia, que não passara muito bem a noite. Eu também me confundi, saí da casa da Amélia cedo para ir a pé, desci a Rochefoucoult entrei na rua do lado da Lafaiete, passei Madeleine e cheguei na Praça Concorde, fui pelo Champs até os Palais Royal, quando me dei conta que não era ali. Puts, desci peguei o metrô correndo e fui até o lugar combinado. Fiquei aguardando, aguardando e nada, o frio estava de matar, a fila monstruosa. Eu rodava, rodava, talvez estivesse mais frio por estar na beira do Sena. Sei que quando ela apareceu ainda ficamos uma hora na fila para conseguir entrar. Todo povo estava nos museus ontem, porque era o primeiro domingo do mês e nesse dia os museus são de graça. Fomos apenas ao D’orsai , já vi os outros e quero mais dessa vez sentir a cidade do que ficar dentro dos museus, que de certa forma ,creio perderam um pouco da sua força. De novo aquela questão da aura. Lógico que no museu o contato é direto com a obra, tem-se contato com sua aura e todas as suas características estão ali presentes e podemos ter a recepção que se espera, ou não .
Todavia com a internet através de imagens mais fortes que a de papel dos livros se entra nos museus e se visita o que quiser, com todos os inter-textos que lhe darão as mais variadas informações. Já conhecemos a obra antes de termos contato com elas e isso pode , quem sabe, fazer com que ela perca um pouco a sua mágica aura. Num museu lotado de gente, que quer apenas fotografar e mostrar que ali esteve, quem pode ficar ali parado contemplando uma obra daquelas. Poucos que não foram engolidos pelo “esquemão” de visita guiada por gente ou por áudio-guia.
Mas eu gostei da ida ao museu ontem, mesmo lotado, vi uma parte que creio não tinha visto , a parte Art noveaux, que eu aprecio muito.
No mais estou andando na rua, no metrô, em algumas igrejas, quase nenhuma. A proposta de Paris dessa vez foi outra. Foi a deixar levar... ir, FLANAR, e é só o que tenho feito. Sinto –me um verdadeiro flâneur. Saio de manha e só volto a tarde quando os pés já não aguentam mais, tomo um banho, tomo champanhe e vinho da melhor qualidade no meu hotel 5 estrelas, digo a Amélia .Ainda tenho vontade de morar um tempo por aqui. Quem sabe?? Eu sou louca, quero habitar todos os lugares, estar em todos e não estar em nenhum... Talvez voando sobre todos olhando-os do alto.
Depois do museu fui com Luci, até o seu albergue ver a Julia e depois voltar. Tomamos o metro e fomos para um quarteirão onde eu nunca havia estado, na linha da Torre Eifel. Lá longe, um bairro distante do centro um pouco, como se fosse a Tijuca. Simpático o lugar, vê-se que é uma outra cidade , mais nova, prédios antigos , mas maioria novo. Não é Paris do século XIX, mas do século XX tranqüilo , eu moraria ali na boa, o aluguel deve ser mais barato e não é tão longe. Tem infra-estrutura. Pegamos a menina no albergue e saímos, tentamos um restaurante, mas já era 3 h da tarde de domingo, fechado. Por fim paramos num pé sujo e fiz a pior refeição da viagem até agora. Um kebab parisiense com batata frita e coca cola. O garçom, atendente era multimídia, lavava, cozinhava, abria massa, fritava batata, servia e com a mesma mão, sem luvas, ele pegava o dinheiro do cliente e dava o troco. Bom, overdose de vitamina S( de sujeira). Tudo bem, as bactérias não sobrevivem muito ao frio que está fazendo. No fim nada fica a dever para ao andes bolivianos e peruanos ou Caruaru. Estou ficando expert em matéria de bactéria. Chega não pensamos mais nisso.
Depois de comermos pegamos o metrô e fomos direto para a praça Charles de Gaule Etoile, lá no arco O céu tinha aberto um pouco e tinha até lugares azuis, a torre a vista, estava um lindo fim de tarde. Fotografei nos lugares. Fomos descendo o Champs Elisier que estava super lotado, quando esfriava muito entravamos nas loja para aquecer. E foi escurecendo até que tudo se iluminou a decoração que eu ainda não tinha visto. Muito lindo, realmente. As meninas (Luci e Julia15 anos) foram comprando os apetrechos para o frio, Labello( para os lábios), luvas, cachecol, apetrechos fundamentais. Fomos andando até a praça Concorde onde está a imensa roda gigante toda iluminada, linda. Passamos pela vila de Noel e a multidão e nos pusemos na fila para subir, 10 euros, subimos, e ver Paris lá de cima a noite foi o máximo. Confesso que fiquei com medo de me mexer, eu fiquei de frente para Torre e de costas para Sacre Coeur. Na Cabine que é fechada fomos nós três e mais um casal, que ficava se mexendo, e eu fiquei assustada. Mas depois relaxei e virei para ver a igreja que gosto. As fotos ficam longe, mas a sensação é boa, lá de cima, tudo iluminado por pontinhos de luz e Paris faz jus ao nome de Cidade Luz. Duas voltas, apenas e acabou.
Descemos, fui comer um tipo wafer de chocolate, nutela, muito gostoso. Saímos de lá fomos em direção a Galeria Lafaiete, passamos pela Madeleine e saímos em frente a Printemps, só que ontem, domingo, estava tudo fechado. A Printemps ainda tinha suas vitrines acesas, onde a decoração optou por representações luxuosíssimas de quadros(creio eu) um luxo sem igual, até animais empalhados. Diferente da Lafaiete que colocou bichinhos de pelúcia como marionetes cantando e dançando, um deles era do musical Mama mia, que está em cartaz aqui.De lá vim para casa e as meninas pegaram o metro e foram. Cheguei e fui ver email e tentar montar minha viagem, creio que defini o roteiro,vou para Hendaye, país Basco francês na fronteira com Espanha, de lá Biaritz e San Sebastian, saindo de SS, para Salamanca, e depois o Porto, já Portugal, primeira etapa de TGV e depois não sei. Cansei de internet anotando hotéis e trens. Tomei champanhe e ainda comi sopinha e cama.




1\1\2011 Paris
São 8 da manhã, condicionamento é fogo, não consigo acordar tarde. Talvez melhor, porque meu dia rende muito.
Ontem saí pela cidade, me perdia, me achava. Fui a Sacre Coeur, que estava tão lotada que desisti de entrar no primeiro momento, aí fui andar por Montmartre, que delícia, mesmo lotado como estava, estava bom, porque com o frio, as pessoas fazem barreira contra o vento. Tava zero grau a tarde, ninguém merece, andei, andei, entrei em montes de lojinhas de bagulhadas, souvenir, só para sair do frio, os cafés, lotados e restaurantes também, porque o povo disputava o lugar quentinho.Muito brasileiro, muito mesmo. Dois sinais, ou a coisa para nós está boa, ou aqui é que ta ruim. Creio que para nós melhorou, se pode um pouco mais que antes. Me recordo que a primeira vez que vim a Europa, gastava-se o valor de um carro, hoje esse valor ta mais em conta. Ainda não é barato, mas já se pode dividir a passagem em suaves prestações e usar cartão de credito , ou seja, se não se vem apenas consumir bens materiais a viagem não sai assim tão fora das possibilidades de uma pessoa que ganhei mais ou menos.
Depois de andar muito entrei na igreja SC e fiquei,ainda assisti a metade de uma missa. Era para sair do frio, pois os pés já congelavam.
Desci o morro e fui caminhando até a Galeria Lafaiete tava lotada, mas muito lotada, muita gente comprando. Voltei para casa e esperei Amélia que chegou com toda uma ceia para nós. Ficamos por aqui, tomando vinho, champanhe, conversando para o frio sair. Nem fui para rua, acabamos ficando por aqui. Escutei os fogos na rua mais não fui até lá, não tive coragem, o frio me imobiliza. Um saco. Mas valeu muito foi muito agradável ficar aqui.
A cidade continua tão linda, Paris tem um astral muito legal. O próprio nome já se vende sozinho , é impressionante a quantidade de produtos que tem licença para usar o nome Paris, que por si só já vende o produto.
Ao ficar sentada na igreja fiquei reparando como o turista vê as coisas, ele não vê nada, passa pelas coisa. É assim, ele entra, olha tudo como num monobloco,não respeita as indicações do local para não tirar foto, olha tudo como alguém que passa de TGV por uma paisagem, e sai para a próxima estação. Ou seja, no fim da viagem, parece que nada viu, uma ou outra imagem fica retida nos seus olhos. Tudo é visto sem muita atenção, até porque é tanta coisa, que a capacidade de apreensão fica prejudicada.
Aqui na Europa , e talvez em todo lugar do mundo deve ser assim, o que difere é que aqui, pela quantidade de monumentos, história e os muitos detalhes da história de cada um , fica realmente difícil para a pessoa captar tudo numa primeira volta.

Fiquei em casa ontem (31\12), tomando vinho e comendo gostosuras francesas com Amélia. Isso aqui é um luxo de iguarias, eu adoro, queijos, vinhos, patês, tudo de bom, e Amélia gosta e preparar e ser requintada. Logo nem saí de casa, também não tive ânimo, o frio estava demais.
Fiquei pensando se me arrependeria em não ir ao Champs Elisier, acabei dormindo com o vinho. Mas foi bom, segundo os brasileiros que encontrei agora de manhã, nada teve, só a contagem regressiva, não tem fogos aqui. Emilizinho deve se lembrar, que quando nós viemos juntos, o povo do albergue tava comentando a frustração que foi ficar naquela expectativa e nada de fogos.Ontem foi o mesmo, segundo o casal que conversei hoje cedo num café.
Hoje saí , fui até o Champs Elisier, andando sem mapa, dominando a cidade. Realmente isso é um desbunde, o francês, ou parisiense é muito sofisticado, acho que o mais sofisticado da Europa, do mundo, um luxo mesmo.
Caminhei pelo Champs, entrei num café numa galeria, tomei um chocolate e fiquei observando o povo, encontrei o casal de brasileiros de Porto Alegre e coitados, os aluguei, falei até não acabar mais, sei lá, o povo vem e fica com medo de sair das redondezas do hotel, dei para eles um monte de dicas; e fui até o arco entrei pela rua de dentro, F .Sant Honoré( onde Amélia morava), cheia de galerias de arte, o palácio do Sarcosi e grifes famosas. A vitrine da Hermes está um luxo, linda, saí na Hausmann, (aquele prefeito que mudou a cara da cidade no século XIX, e que foi copiado pelo Pereira Passos lá no Rio, o Pereira, estudou aqui e era visto como Hausmann tropical).
Aprendi sobre a reforma de Paris no Marshall Bermann, Tudo que é sólido desmancha no ar , que faz a ponte entre Baudelaire e Walter Benjamim e Paris, capital do século XIX. Da Hausmann que hoje tem a Printemps, a Galeria Lafaiete, voltei para casa. Hoje está dando para andar, só o pé que não aquece. Comi pão com queijo e vinho aqui na casa da Amélia, estou tentando não exagerar na comida. E também o comércio hoje está todo fechado, nem restaurante está aberto.
Realmente tenho que me render, Paris me enlouquece, cada vez que venho fico extasiada, isso passa,mas a sofisticação é uma coisaaaa. Não tem cidade no mundo assim, templo de consumo e templo de cultura também.
Tudo bem que tem coisa diferente no ar: tem pedinte por vários lado, dentro do café, na boca do metro, das igrejas, não sei de onde é o povo. Mas é algo diverso do que já vi, coisa comum para nós do Brasil, mas talvez não muito comum aqui no primeiro mundo, onde se supunha estarem os problemas resolvidos. Esses são pedintes mesmo, diferente daquele que eu falava quando morava na Itália. Eu dizia, tem diferença, se você entra num metrô e vem um cara cantando, dançando, tocando um instrumento e depois pede uma moeda, você diz, aqui até no metrô tem cultura, interpretação romântica, pelo lado positivo, eu poderia dizer que é pedinte de qualquer maneira. Agora se o cara está só pedindo, todo sujo, sem nada oferecer, aí dizemos sem romantismo, essa sociedade está com problemas.
Andei até tarde e antes de anoitecer já estava em casa, lendo o guia de Portugal tentando preparar a segunda parte da viagem.