Uma nova viagem se inicia, dessa vez sem que o roteiro esteja rigorosamente definido, sem estar acompanhada, é como da primeira vez, à vontade dos ventos.
sábado, 8 de janeiro de 2011
Cheguei a Espanha
Donostia San Sebastian 6\1\2011
Finalmente deixei Paris para trás e segui viagem, todavia não vim sozinha dessa vez vim junto com Lucilene e Julia sua filha.Saímos de Paris ontem dia 5 as 7:10 da manhã, tomamos o TGV na gare Monparnasse em direção a Hendaye cidade do país basco francês que já é na fronteira com San Sebastian, na Espanha. Passamos com Bayone, Biarits , Bordoux ,ou seja ,o campo e a zona litorânea do norte da frança onde ela se cruza com a Espanha. O TGV vai andando devagar e logo pega velocidade e ficamos quase surdas. A viagem foi ótima acabamos indo separadas e eu fui sozinha lendo, saímos ainda era noite e com a velocidade não dá para ver a paisagem do lado de fora.Chegamos a Hendaye e logo vemos que tem um trem para San Sebastian, cidade que me foi indicada por Nico lá na Capadoccia e que realmente agradou.
Na verdade não estou mais na cidade mas no trem a caminho de Salamanca.
Bem chegamos a fronteira , ontem, saltamos, descobrimos o trem e fomos almoçar num restaurante do lado da estação, José o nome, comemos carne de porco com macarrão e molho de mostarda, tomamos vinho e comemos sobremesa( uma torta basca) era o prato do dia. O garçom era espanhol. Sempre tem essas fórmulas que são boas e rápidas. Depois de comer nos dirigimos a estação pequena que fica do lado da grande da ferrovia francesa. Tomamos o trem local e chegamos a cidade, San Sebastian. A cidade fica entre um rio e o mar, muito bonitinha, porte médio com tudo que se precisa. Muito bem cuidada. Andamos da estação do trem local, como um metrô até o hostel que eu tinha visto na internet,que ficava no centro histórico. O povo muito interessante, é o país basco e isso tem implicações. Vemos muitas bandeiras azuis e brancas nas janelas, outras com a representação do país branca e vermelha e o mapa em preto. O povo muito simpático e fala a língua basca, que vem em todas as informações e falam também o castelhano. Do basco na entendemos, mas o castelhano eles me entendem perfeitamente e eu os entendo também. A cidade é um misto de Barcelona com Paris, Prédios baixos com sacadinhas, cujo guarda corpo é de ferro. Os prédios todos coladinhos, uma parte da cidade onde ficamos é ainda mais velha, a outr aparece século XIX e a outra mais moderna. É uma cidade turística, com praias e rio.
Chegamos a estação do trem urbano e fomos andando até o hostel, chuviscava mas isso não impediu que fossemos conhecendo a cidade. Muito me agradou. Depois de chegarmos ao hostel e deixarmos as coisas saímos para andar e ver o que se tinha e também para vermos como sairíamos rumo a Salamanca. O clima maravilhoso, sem frio , dava para ficar sem lá, só com um casaco. Fomos caminhando até a estação de treme depois de ônibus vendo a melhor condução. Em todas as esquinas tem as direções das coisas com o tempo de chegada a pé a cada uma, maravilha, ser anda sem mapa para os pontos principais. Quando saímos do hostel, depois de quase não ficar lá, porque uma mulher chata queria que tivéssemos feito as reservas pela internet e isso nós não fizemos ,porque não sabíamos quando chegaríamos. Bem um americano que lá estava trabalhando disse que tinha vaga e que já tinha falado com o dono e nós ficamos. Ficamos num quarto separado para as três e não tinha café da manhã, mas tinha cozinha. Outra droga é que não pudemos deixar as bagagem depositadas hoje para andar pela cidade e só pegar trem a noite. A vecchia estrega que queria papar o americano não deixou, queria cobrar 10 euros por bagagem, louca. Bem, diante disso resolvemos pegar o trem de 13:30 para Salamanca, nesse que agora estou.
Todavia, acordamos cedo e fomos ver a cidade, a outra parte que não vimos ontem. Tem igrejas lindas , a do bom pastor que é a matriz, uma catedral gótica, no centro da praça com muitos vitrais coloridos, belíssima e na outra ponta da rua uma mais barroca de Santa Maria, que tem um São Sebastião na frete, esculpido, muito linda também, essa encravada entre casas no bairro velho. Uma de frente para outra, interessante.
As tradições católicas são fortes como toda Espanha. Hoje é dia de reis e é feriado, tudo está fechado, só bares e padarias abertas, essas porque as pessoas compram o pão de reis e levam para casa.
Ontem teve uma manifestação muito bonita a noite, que sem o frio foi possível curtir. Todo o povo foi para a rua principal ver a procissão dos reis magos, Melchior,Baltazar e Gaspar. A Procissão era grande com muitas crianças, orquestras, carros alegóricos desfilando, cada rei com seus súditos e todos distribuíam caramelos, jogavam para a população que assistia. Os reis vinham a caráter como todo o resto, e cada um com suas riquezas ,um entrou de camelo, outro de cavalo e outro de elefante, um elefante de verdade. Os carros alegóricos eram puxados por touros robustos e tinham pôneis, cavalos, cisnes, e ovelhas. Muito legal, todos encantados com os animais,a músicas e tochas acesas . Assistindo também haviam muitas,mais muita crianças, aliás, eu nunca vi tanta criança numa cidade européia, bebês, uma quantidade enorme, tanto aqui como na França, acho que está dando certo a bolsa de 1000 euros, se ainda há, para a população procriar, pois tem criança demais. Coisa de vermos casais com 3 crianças.São lindas as crianças com todas aquelas roupas fofas para o frio. Os bebês ficam nos carinhos todos enrolados só aparecendo a carinha . Me deu a maior saudade da Alice, que ia ficar linda nesses casacos fofos.
Depois da procissão fomos passeando até chegar ao hostel, mas antes passamos num mercado, como aquele em que eu fazia minhas compras na Itália. Compramos vinho, salmão defumado, queijo brie, pão, pizza, par ao jantar e café da manhã. Chegamos no hostel fomos comer e beber e conversar e decidir o que faríamos hoje.
Julia toda sedutora para o americano, que lógico não rejeitou seus encantos.
Dormimos relativamente cedo para sair hoje cedo e ver a cidade um pouco mais. Levantamos, tomamos café e saímos, a temperatura estava agradabilíssima , sem frio,e sem vento,ótima para passear e fotografar. e foi o que fizemos.Andamos e fotografamos os lados que ainda não tínhamos ido, o lado da praia que parece aqueles balneários como San marino , Portofino e os outros. Sem dúvida que no verão isso aqui deve ferver, deve ser muito bom.
A cidade como disse é tratada e bonita, tem um monte alto com uma imagem, não subimos eram 3 km a pé ,não tínhamos tempo, uma vez que decidimos hoje mesmo ir para Salamanca . Tem também muitas lojas a preços convidativos, muitos hotéis pequenos e restaurantes. Agradabilíssimo estar aqui.
Por ultimo passamos mais uma vez na catedral do bom pastor e sentamos no banco e encontramos um casal do Rio grande do norte, passeavam e escutaram-nos conversando e pararam para falar um pouco. Simpáticos. Não são como outros que você fala e as pessoas fingem que não são brasileiros. Talvez por medo, sei lá, sei que eu quando escuto alguém, falar a minha língua em outra parte do mundo quero logo me comunicar, ainda mais quando estou sozinha, mas tem gente que não tem esse espírito. Essa comunicabilidade, quer ficar isolada. Foi assim quando escutei alguém falar lá na Capadoccia e perguntei se eram brasileiros, os cara parece que se assustaram e sumiram. Vai ver eram gays medrosos, aqueles que temem sair do armário, coisa tranquila, quando se encaram com naturalidade, mas tem gente que tem medo de ser visto, vai entender... Cada um com suas neuras.
Outra questão aqui nessa parte da Espanha é o idioma, o basco é uma língua completamente diferente, acho que não é do mesmo tronco lingüístico do indo europeu, por isso envolvendo a língua tem outra questões culturais e de identidade, daí, os movimentos separatistas como o ETA.
Estamos parados na estação Vitória, e por exemplo, olho o nome das coisas e é muito diverso, escuto o povo falando no trem e é como , nem sei, não identifico os fonemas, um som gutural que lembra os ciganos. Vou qualquer dia desses, em casa, ler um pouco sobre isso. Esse estudo de língua e sua genealogia me interessa. Como as língua foram se disseminando pelo mundo e suas semelhanças e diferenças.
Depois continuo.
Finalmente deixei Paris para trás e segui viagem, todavia não vim sozinha dessa vez vim junto com Lucilene e Julia sua filha.Saímos de Paris ontem dia 5 as 7:10 da manhã, tomamos o TGV na gare Monparnasse em direção a Hendaye cidade do país basco francês que já é na fronteira com San Sebastian, na Espanha. Passamos com Bayone, Biarits , Bordoux ,ou seja ,o campo e a zona litorânea do norte da frança onde ela se cruza com a Espanha. O TGV vai andando devagar e logo pega velocidade e ficamos quase surdas. A viagem foi ótima acabamos indo separadas e eu fui sozinha lendo, saímos ainda era noite e com a velocidade não dá para ver a paisagem do lado de fora.Chegamos a Hendaye e logo vemos que tem um trem para San Sebastian, cidade que me foi indicada por Nico lá na Capadoccia e que realmente agradou.
Na verdade não estou mais na cidade mas no trem a caminho de Salamanca.
Bem chegamos a fronteira , ontem, saltamos, descobrimos o trem e fomos almoçar num restaurante do lado da estação, José o nome, comemos carne de porco com macarrão e molho de mostarda, tomamos vinho e comemos sobremesa( uma torta basca) era o prato do dia. O garçom era espanhol. Sempre tem essas fórmulas que são boas e rápidas. Depois de comer nos dirigimos a estação pequena que fica do lado da grande da ferrovia francesa. Tomamos o trem local e chegamos a cidade, San Sebastian. A cidade fica entre um rio e o mar, muito bonitinha, porte médio com tudo que se precisa. Muito bem cuidada. Andamos da estação do trem local, como um metrô até o hostel que eu tinha visto na internet,que ficava no centro histórico. O povo muito interessante, é o país basco e isso tem implicações. Vemos muitas bandeiras azuis e brancas nas janelas, outras com a representação do país branca e vermelha e o mapa em preto. O povo muito simpático e fala a língua basca, que vem em todas as informações e falam também o castelhano. Do basco na entendemos, mas o castelhano eles me entendem perfeitamente e eu os entendo também. A cidade é um misto de Barcelona com Paris, Prédios baixos com sacadinhas, cujo guarda corpo é de ferro. Os prédios todos coladinhos, uma parte da cidade onde ficamos é ainda mais velha, a outr aparece século XIX e a outra mais moderna. É uma cidade turística, com praias e rio.
Chegamos a estação do trem urbano e fomos andando até o hostel, chuviscava mas isso não impediu que fossemos conhecendo a cidade. Muito me agradou. Depois de chegarmos ao hostel e deixarmos as coisas saímos para andar e ver o que se tinha e também para vermos como sairíamos rumo a Salamanca. O clima maravilhoso, sem frio , dava para ficar sem lá, só com um casaco. Fomos caminhando até a estação de treme depois de ônibus vendo a melhor condução. Em todas as esquinas tem as direções das coisas com o tempo de chegada a pé a cada uma, maravilha, ser anda sem mapa para os pontos principais. Quando saímos do hostel, depois de quase não ficar lá, porque uma mulher chata queria que tivéssemos feito as reservas pela internet e isso nós não fizemos ,porque não sabíamos quando chegaríamos. Bem um americano que lá estava trabalhando disse que tinha vaga e que já tinha falado com o dono e nós ficamos. Ficamos num quarto separado para as três e não tinha café da manhã, mas tinha cozinha. Outra droga é que não pudemos deixar as bagagem depositadas hoje para andar pela cidade e só pegar trem a noite. A vecchia estrega que queria papar o americano não deixou, queria cobrar 10 euros por bagagem, louca. Bem, diante disso resolvemos pegar o trem de 13:30 para Salamanca, nesse que agora estou.
Todavia, acordamos cedo e fomos ver a cidade, a outra parte que não vimos ontem. Tem igrejas lindas , a do bom pastor que é a matriz, uma catedral gótica, no centro da praça com muitos vitrais coloridos, belíssima e na outra ponta da rua uma mais barroca de Santa Maria, que tem um São Sebastião na frete, esculpido, muito linda também, essa encravada entre casas no bairro velho. Uma de frente para outra, interessante.
As tradições católicas são fortes como toda Espanha. Hoje é dia de reis e é feriado, tudo está fechado, só bares e padarias abertas, essas porque as pessoas compram o pão de reis e levam para casa.
Ontem teve uma manifestação muito bonita a noite, que sem o frio foi possível curtir. Todo o povo foi para a rua principal ver a procissão dos reis magos, Melchior,Baltazar e Gaspar. A Procissão era grande com muitas crianças, orquestras, carros alegóricos desfilando, cada rei com seus súditos e todos distribuíam caramelos, jogavam para a população que assistia. Os reis vinham a caráter como todo o resto, e cada um com suas riquezas ,um entrou de camelo, outro de cavalo e outro de elefante, um elefante de verdade. Os carros alegóricos eram puxados por touros robustos e tinham pôneis, cavalos, cisnes, e ovelhas. Muito legal, todos encantados com os animais,a músicas e tochas acesas . Assistindo também haviam muitas,mais muita crianças, aliás, eu nunca vi tanta criança numa cidade européia, bebês, uma quantidade enorme, tanto aqui como na França, acho que está dando certo a bolsa de 1000 euros, se ainda há, para a população procriar, pois tem criança demais. Coisa de vermos casais com 3 crianças.São lindas as crianças com todas aquelas roupas fofas para o frio. Os bebês ficam nos carinhos todos enrolados só aparecendo a carinha . Me deu a maior saudade da Alice, que ia ficar linda nesses casacos fofos.
Depois da procissão fomos passeando até chegar ao hostel, mas antes passamos num mercado, como aquele em que eu fazia minhas compras na Itália. Compramos vinho, salmão defumado, queijo brie, pão, pizza, par ao jantar e café da manhã. Chegamos no hostel fomos comer e beber e conversar e decidir o que faríamos hoje.
Julia toda sedutora para o americano, que lógico não rejeitou seus encantos.
Dormimos relativamente cedo para sair hoje cedo e ver a cidade um pouco mais. Levantamos, tomamos café e saímos, a temperatura estava agradabilíssima , sem frio,e sem vento,ótima para passear e fotografar. e foi o que fizemos.Andamos e fotografamos os lados que ainda não tínhamos ido, o lado da praia que parece aqueles balneários como San marino , Portofino e os outros. Sem dúvida que no verão isso aqui deve ferver, deve ser muito bom.
A cidade como disse é tratada e bonita, tem um monte alto com uma imagem, não subimos eram 3 km a pé ,não tínhamos tempo, uma vez que decidimos hoje mesmo ir para Salamanca . Tem também muitas lojas a preços convidativos, muitos hotéis pequenos e restaurantes. Agradabilíssimo estar aqui.
Por ultimo passamos mais uma vez na catedral do bom pastor e sentamos no banco e encontramos um casal do Rio grande do norte, passeavam e escutaram-nos conversando e pararam para falar um pouco. Simpáticos. Não são como outros que você fala e as pessoas fingem que não são brasileiros. Talvez por medo, sei lá, sei que eu quando escuto alguém, falar a minha língua em outra parte do mundo quero logo me comunicar, ainda mais quando estou sozinha, mas tem gente que não tem esse espírito. Essa comunicabilidade, quer ficar isolada. Foi assim quando escutei alguém falar lá na Capadoccia e perguntei se eram brasileiros, os cara parece que se assustaram e sumiram. Vai ver eram gays medrosos, aqueles que temem sair do armário, coisa tranquila, quando se encaram com naturalidade, mas tem gente que tem medo de ser visto, vai entender... Cada um com suas neuras.
Outra questão aqui nessa parte da Espanha é o idioma, o basco é uma língua completamente diferente, acho que não é do mesmo tronco lingüístico do indo europeu, por isso envolvendo a língua tem outra questões culturais e de identidade, daí, os movimentos separatistas como o ETA.
Estamos parados na estação Vitória, e por exemplo, olho o nome das coisas e é muito diverso, escuto o povo falando no trem e é como , nem sei, não identifico os fonemas, um som gutural que lembra os ciganos. Vou qualquer dia desses, em casa, ler um pouco sobre isso. Esse estudo de língua e sua genealogia me interessa. Como as língua foram se disseminando pelo mundo e suas semelhanças e diferenças.
Depois continuo.
quarta-feira, 5 de janeiro de 2011
Ciao Paris!!!
04\1\2011 Paris.
Hoje foi o último dia de Paris, uma sensação estranha me invade agora a noite. São 19:30, Amélia ainda não chegou, amanhã levantarei muito cedo pois o TGV parte as 7:10 da manhã. Logo devo me levantar as 5:30, para sair as 6 ou antes. Certamente ainda estará escuro. Não gosto de sair muito cedo, mas também, não chegarei tarde no local.
Vamos amanhã , eu e Lucilene e Julia, sua filha. Todavia mesmo assim aquela sensação de partir me acomete . Não senti isso em Istambul, mas não deixei lá pessoas que gosto. Aqui como sempre deixo essa querida amiga, que sempre foi tão gentil, amiga e companheira comigo. Uma amizade desinteressada, generosa, me recebe em sua casa como se aqui fosse um hotel 5 estrelas, melhor impossível, conversamos, comemos juntas, vemos programa na televisão, discutimos sobre a vida e seu sentido. Queria muito que um dia ela fosse a minha casa para eu retribuir-lhe, não sei se a altura, pois não tenho a sua sofisticação parisiense.
Mas estou triste pela saída. Recordo-me quando aqui a primeira vez estive, e que sair desse aconchego de amiga foi muito difícil, eu estava sozinha, com 22 anos e toda a europa a frente para conhecer. Montei um roteiro louco que passava por todas as capitais, da Holanda a Portugal, passando pela Inglaterra, subindo pela Itália, passando por Viena, Alemanha, Suíça, uma viagem corrida, de passe, dormindo muitas vezes no trem, mas não estava frio,era primavera. Foram 42 dias, no fim estava exausta, ansiosa para voltar mais satisfeita. Pensei muito sobre minha vida, quando estava sozinha, vi o que não queria mas não decidi o que queria. Foi logo depois de me formar em direito. Depois voltei para ficar um ano na Itália, fiz de novo um pequeno giro com meus pais, com a Êmili e depois com o Emil. Mesmos lugares e lugares diversos, sempre numa eterna curiosidade que me é peculiar. Querendo sempre saber e sempre ver. Entrando por vielas e descobrindo jardins , como é bom descobrir jardins. Hoje menos ansiosa, um pouco mais consciente do que espero da vida e de seu sentido, mas não completamente. Acho que isso nunca vou achar, já que o sentido está no próprio caminho a própria vida, nas pessoas que conhecemos nos lugares que vamos, no valor que damos a essas pessoas e no afeto que lhes dispensamos, pois como diz meu amigo Marcelo Augusto, não se deve guardar afeto para o perecimento. Afeto se distribui, o quanto mais, melhor, depois de morto para que termos o afeto de alguém? E até agora ninguém provou que morto tem afeto por alguém.
Dos que foram resta a lembrança viva, e talvez isso seja o sentido da vida eterna. Porque de quem foi, além da fotos desbotadas na parede e das lembranças , nada há. E como diz Drummond, e como dói. Sei lá.
Fico pensando naquela pessoa que mal dispensa afeto, que não quer ter afeto, que louca, que louco, tenho pena, não pode dispor da beleza ,da alegria de ter afeto e de se doar.
Mas não vou fazer disso tudo um manual de lembranças ocasionais vindas a tona por causa da partida. Tenho consciência de que para mim, partir sempre foi o mais difícil, mesmo tendo que voltar, sabendo que vou voltar. Será que ainda volto a Paris nessa vida? Levando-se em conta que devo morrer com uns 80 anos, volto sim, pelo menos uma 3 ou 4 vezes, uma a cada sete anos, ou dez anos. Bom número, sofisticação e bom gosto e coisa gostosa, tem que ser cultivado, e só aqui é possível esse máximo.
Nenhum outro lugar do mundo, que me perdoem as outras cidades maravilhosas, mas é isso.
Mas quero vir fora do excesso de frio, para sentar na rua e ficar, primavera tá bom, sem muito calor também.
Bem a viagem segue, pela França não muito, entraremos na Espanha e depois na Terrinha, Portugal. Li no guia que Laura me emprestou muita coisa sobre Portugal. O Porto, Lisboa , tudo mais pequenino, como dizem eles, estás a perceber... tenho que treinar meu sotaque. Aqui eu não falo nada, na Espanha vamos ver. Lucilene e a filha vão comigo até o Porto, vamos ver a casa do Miguel Torga, e todas aquelas coisas por lá. Creio que por lá as coisas são mais baratas que aqui. Todavia por mais que tentemos não conseguimos ficar sem comprar nada. A mala está cheia, um saco carregar mala, descer metro etc e tal. A comodidade é a rainha. Com ela imperando não saímos de casa. Temos é que desapegar e levar menos coisa possível e não comprar.
Mas é difícil ainda mais em época de liquidação.
Tem montes de berimbau por aqui , que temos que controlar para não levar...
Já to com saudade, estou também cansada, andei hoje ,v i coisas, saí com as meninas e agora aqui espero Amélia que hoje foi ao Vale do Loire, o tour pelos castelos. Muito bonito. Eu já fiz com ela esse passeio .
Hoje é dia 4, agora parece passar rápido, só tenho mais 16 dias de férias. Vou parar de contar. Amanhã TGV às 7 da matina.
Mas hoje fui ainda a Pigale, flanei pelo Boulevard Rochechuart, comprei uma boina, preto e branca, para eu usar com Alice e proteger do f rio.
Depois encontrei com as meninas e fomos as compras para elas comprarem coisinhas, fomos ao terraço da Printemps e, por estar demasiado frio não andamos mais. Creio ser muito complexa a relação de mãe e filha que elas tem. Complexa demais. Existem filhos tiranos, filhos que fazem questão de abusar de sua posição de filhos, que obrigam e sujeitam os pais, tudo por atenção, e pais que por culpa ou sei lá o que se sujeitam a tudo. Muito difícil, as vezes penso que é melhor mesmo não ter filhos,não sei se saberia lidar com tudo isso.
03\1\2011 - Paris
Rua, flanar, flanar, flanar. Frio, quente, frio. Saí cedo a flanar pela cidade sem mapa. Me encontraria com Amélia as 12:30 no Metrô Tulieres, Jardim do Louvre, para almoçarmos. Perdi-me e achei-me, cheguei, vi milhões de coisas para comprar que não vou comprar. Para que eu quero mais roupa de frio, não há necessidade, mas é F, dá a maior vontade de comprar tudo. Mas pra que? pergunto-me antes de ceder a tentação. Mas um bagulho na gaveta sem usar ,ainda mais com o aquecimento global. Mas é brabo não ceder, tem que ter força, ainda mais com as liquidações.Montes de casacos, blusas e cachecol, gorros. Imagino, se esse casaco que tô usando agora estava guardado há 7 anos, pra que eu quero outros, sem condições, e as botas... loucura, mas como levar.Comprei uma bolsa...
Encontrei Amélia e fomos a Defense almoçar . Passamos na Place de Voges, da casa do Victor Hugo, aquela gracinha, fomos pelo Marré e chegamos num típico e tradicional restaurante Francês, Bulfinger, uma comida deliciosa e uma sobremesa muito boa com um vinho bom, deu até calor. Como é bom. Eu me rendo aos prazeres parisienses... quero vir todo ano, risos... Acho que tinha que ter uma máquina de giro, máquina de flanerie mundial.
Voltamos para casa de ônibus.
Nesse dias esqueci das minhas drogas chinesas, faz tempo que não tomo nada, só champanhe... ui,ui, ui...
02\1\2011Paris
Lucilene me ligou dia primeiro e combinamos de nos encontrar ontem no Museu D’orsai, que tem todo povo( arte) do século XIX: Monet, Goughain, Van Gogh, Gustavo Moreau, Delacroix, e muitos objetos e móveis Art noveaux , as peças que misturam madeira, ferro, vidro, exóticas, belíssimas daquele século. Tinha também outras exposições temporárias, cheias de simbolismo. Fiquei esperando Luci, um tempão, ela se perdeu e foi sem a Julia, que não passara muito bem a noite. Eu também me confundi, saí da casa da Amélia cedo para ir a pé, desci a Rochefoucoult entrei na rua do lado da Lafaiete, passei Madeleine e cheguei na Praça Concorde, fui pelo Champs até os Palais Royal, quando me dei conta que não era ali. Puts, desci peguei o metrô correndo e fui até o lugar combinado. Fiquei aguardando, aguardando e nada, o frio estava de matar, a fila monstruosa. Eu rodava, rodava, talvez estivesse mais frio por estar na beira do Sena. Sei que quando ela apareceu ainda ficamos uma hora na fila para conseguir entrar. Todo povo estava nos museus ontem, porque era o primeiro domingo do mês e nesse dia os museus são de graça. Fomos apenas ao D’orsai , já vi os outros e quero mais dessa vez sentir a cidade do que ficar dentro dos museus, que de certa forma ,creio perderam um pouco da sua força. De novo aquela questão da aura. Lógico que no museu o contato é direto com a obra, tem-se contato com sua aura e todas as suas características estão ali presentes e podemos ter a recepção que se espera, ou não .
Todavia com a internet através de imagens mais fortes que a de papel dos livros se entra nos museus e se visita o que quiser, com todos os inter-textos que lhe darão as mais variadas informações. Já conhecemos a obra antes de termos contato com elas e isso pode , quem sabe, fazer com que ela perca um pouco a sua mágica aura. Num museu lotado de gente, que quer apenas fotografar e mostrar que ali esteve, quem pode ficar ali parado contemplando uma obra daquelas. Poucos que não foram engolidos pelo “esquemão” de visita guiada por gente ou por áudio-guia.
Mas eu gostei da ida ao museu ontem, mesmo lotado, vi uma parte que creio não tinha visto , a parte Art noveaux, que eu aprecio muito.
No mais estou andando na rua, no metrô, em algumas igrejas, quase nenhuma. A proposta de Paris dessa vez foi outra. Foi a deixar levar... ir, FLANAR, e é só o que tenho feito. Sinto –me um verdadeiro flâneur. Saio de manha e só volto a tarde quando os pés já não aguentam mais, tomo um banho, tomo champanhe e vinho da melhor qualidade no meu hotel 5 estrelas, digo a Amélia .Ainda tenho vontade de morar um tempo por aqui. Quem sabe?? Eu sou louca, quero habitar todos os lugares, estar em todos e não estar em nenhum... Talvez voando sobre todos olhando-os do alto.
Depois do museu fui com Luci, até o seu albergue ver a Julia e depois voltar. Tomamos o metro e fomos para um quarteirão onde eu nunca havia estado, na linha da Torre Eifel. Lá longe, um bairro distante do centro um pouco, como se fosse a Tijuca. Simpático o lugar, vê-se que é uma outra cidade , mais nova, prédios antigos , mas maioria novo. Não é Paris do século XIX, mas do século XX tranqüilo , eu moraria ali na boa, o aluguel deve ser mais barato e não é tão longe. Tem infra-estrutura. Pegamos a menina no albergue e saímos, tentamos um restaurante, mas já era 3 h da tarde de domingo, fechado. Por fim paramos num pé sujo e fiz a pior refeição da viagem até agora. Um kebab parisiense com batata frita e coca cola. O garçom, atendente era multimídia, lavava, cozinhava, abria massa, fritava batata, servia e com a mesma mão, sem luvas, ele pegava o dinheiro do cliente e dava o troco. Bom, overdose de vitamina S( de sujeira). Tudo bem, as bactérias não sobrevivem muito ao frio que está fazendo. No fim nada fica a dever para ao andes bolivianos e peruanos ou Caruaru. Estou ficando expert em matéria de bactéria. Chega não pensamos mais nisso.
Depois de comermos pegamos o metrô e fomos direto para a praça Charles de Gaule Etoile, lá no arco O céu tinha aberto um pouco e tinha até lugares azuis, a torre a vista, estava um lindo fim de tarde. Fotografei nos lugares. Fomos descendo o Champs Elisier que estava super lotado, quando esfriava muito entravamos nas loja para aquecer. E foi escurecendo até que tudo se iluminou a decoração que eu ainda não tinha visto. Muito lindo, realmente. As meninas (Luci e Julia15 anos) foram comprando os apetrechos para o frio, Labello( para os lábios), luvas, cachecol, apetrechos fundamentais. Fomos andando até a praça Concorde onde está a imensa roda gigante toda iluminada, linda. Passamos pela vila de Noel e a multidão e nos pusemos na fila para subir, 10 euros, subimos, e ver Paris lá de cima a noite foi o máximo. Confesso que fiquei com medo de me mexer, eu fiquei de frente para Torre e de costas para Sacre Coeur. Na Cabine que é fechada fomos nós três e mais um casal, que ficava se mexendo, e eu fiquei assustada. Mas depois relaxei e virei para ver a igreja que gosto. As fotos ficam longe, mas a sensação é boa, lá de cima, tudo iluminado por pontinhos de luz e Paris faz jus ao nome de Cidade Luz. Duas voltas, apenas e acabou.
Descemos, fui comer um tipo wafer de chocolate, nutela, muito gostoso. Saímos de lá fomos em direção a Galeria Lafaiete, passamos pela Madeleine e saímos em frente a Printemps, só que ontem, domingo, estava tudo fechado. A Printemps ainda tinha suas vitrines acesas, onde a decoração optou por representações luxuosíssimas de quadros(creio eu) um luxo sem igual, até animais empalhados. Diferente da Lafaiete que colocou bichinhos de pelúcia como marionetes cantando e dançando, um deles era do musical Mama mia, que está em cartaz aqui.De lá vim para casa e as meninas pegaram o metro e foram. Cheguei e fui ver email e tentar montar minha viagem, creio que defini o roteiro,vou para Hendaye, país Basco francês na fronteira com Espanha, de lá Biaritz e San Sebastian, saindo de SS, para Salamanca, e depois o Porto, já Portugal, primeira etapa de TGV e depois não sei. Cansei de internet anotando hotéis e trens. Tomei champanhe e ainda comi sopinha e cama.
1\1\2011 Paris
São 8 da manhã, condicionamento é fogo, não consigo acordar tarde. Talvez melhor, porque meu dia rende muito.
Ontem saí pela cidade, me perdia, me achava. Fui a Sacre Coeur, que estava tão lotada que desisti de entrar no primeiro momento, aí fui andar por Montmartre, que delícia, mesmo lotado como estava, estava bom, porque com o frio, as pessoas fazem barreira contra o vento. Tava zero grau a tarde, ninguém merece, andei, andei, entrei em montes de lojinhas de bagulhadas, souvenir, só para sair do frio, os cafés, lotados e restaurantes também, porque o povo disputava o lugar quentinho.Muito brasileiro, muito mesmo. Dois sinais, ou a coisa para nós está boa, ou aqui é que ta ruim. Creio que para nós melhorou, se pode um pouco mais que antes. Me recordo que a primeira vez que vim a Europa, gastava-se o valor de um carro, hoje esse valor ta mais em conta. Ainda não é barato, mas já se pode dividir a passagem em suaves prestações e usar cartão de credito , ou seja, se não se vem apenas consumir bens materiais a viagem não sai assim tão fora das possibilidades de uma pessoa que ganhei mais ou menos.
Depois de andar muito entrei na igreja SC e fiquei,ainda assisti a metade de uma missa. Era para sair do frio, pois os pés já congelavam.
Desci o morro e fui caminhando até a Galeria Lafaiete tava lotada, mas muito lotada, muita gente comprando. Voltei para casa e esperei Amélia que chegou com toda uma ceia para nós. Ficamos por aqui, tomando vinho, champanhe, conversando para o frio sair. Nem fui para rua, acabamos ficando por aqui. Escutei os fogos na rua mais não fui até lá, não tive coragem, o frio me imobiliza. Um saco. Mas valeu muito foi muito agradável ficar aqui.
A cidade continua tão linda, Paris tem um astral muito legal. O próprio nome já se vende sozinho , é impressionante a quantidade de produtos que tem licença para usar o nome Paris, que por si só já vende o produto.
Ao ficar sentada na igreja fiquei reparando como o turista vê as coisas, ele não vê nada, passa pelas coisa. É assim, ele entra, olha tudo como num monobloco,não respeita as indicações do local para não tirar foto, olha tudo como alguém que passa de TGV por uma paisagem, e sai para a próxima estação. Ou seja, no fim da viagem, parece que nada viu, uma ou outra imagem fica retida nos seus olhos. Tudo é visto sem muita atenção, até porque é tanta coisa, que a capacidade de apreensão fica prejudicada.
Aqui na Europa , e talvez em todo lugar do mundo deve ser assim, o que difere é que aqui, pela quantidade de monumentos, história e os muitos detalhes da história de cada um , fica realmente difícil para a pessoa captar tudo numa primeira volta.
Fiquei em casa ontem (31\12), tomando vinho e comendo gostosuras francesas com Amélia. Isso aqui é um luxo de iguarias, eu adoro, queijos, vinhos, patês, tudo de bom, e Amélia gosta e preparar e ser requintada. Logo nem saí de casa, também não tive ânimo, o frio estava demais.
Fiquei pensando se me arrependeria em não ir ao Champs Elisier, acabei dormindo com o vinho. Mas foi bom, segundo os brasileiros que encontrei agora de manhã, nada teve, só a contagem regressiva, não tem fogos aqui. Emilizinho deve se lembrar, que quando nós viemos juntos, o povo do albergue tava comentando a frustração que foi ficar naquela expectativa e nada de fogos.Ontem foi o mesmo, segundo o casal que conversei hoje cedo num café.
Hoje saí , fui até o Champs Elisier, andando sem mapa, dominando a cidade. Realmente isso é um desbunde, o francês, ou parisiense é muito sofisticado, acho que o mais sofisticado da Europa, do mundo, um luxo mesmo.
Caminhei pelo Champs, entrei num café numa galeria, tomei um chocolate e fiquei observando o povo, encontrei o casal de brasileiros de Porto Alegre e coitados, os aluguei, falei até não acabar mais, sei lá, o povo vem e fica com medo de sair das redondezas do hotel, dei para eles um monte de dicas; e fui até o arco entrei pela rua de dentro, F .Sant Honoré( onde Amélia morava), cheia de galerias de arte, o palácio do Sarcosi e grifes famosas. A vitrine da Hermes está um luxo, linda, saí na Hausmann, (aquele prefeito que mudou a cara da cidade no século XIX, e que foi copiado pelo Pereira Passos lá no Rio, o Pereira, estudou aqui e era visto como Hausmann tropical).
Aprendi sobre a reforma de Paris no Marshall Bermann, Tudo que é sólido desmancha no ar , que faz a ponte entre Baudelaire e Walter Benjamim e Paris, capital do século XIX. Da Hausmann que hoje tem a Printemps, a Galeria Lafaiete, voltei para casa. Hoje está dando para andar, só o pé que não aquece. Comi pão com queijo e vinho aqui na casa da Amélia, estou tentando não exagerar na comida. E também o comércio hoje está todo fechado, nem restaurante está aberto.
Realmente tenho que me render, Paris me enlouquece, cada vez que venho fico extasiada, isso passa,mas a sofisticação é uma coisaaaa. Não tem cidade no mundo assim, templo de consumo e templo de cultura também.
Tudo bem que tem coisa diferente no ar: tem pedinte por vários lado, dentro do café, na boca do metro, das igrejas, não sei de onde é o povo. Mas é algo diverso do que já vi, coisa comum para nós do Brasil, mas talvez não muito comum aqui no primeiro mundo, onde se supunha estarem os problemas resolvidos. Esses são pedintes mesmo, diferente daquele que eu falava quando morava na Itália. Eu dizia, tem diferença, se você entra num metrô e vem um cara cantando, dançando, tocando um instrumento e depois pede uma moeda, você diz, aqui até no metrô tem cultura, interpretação romântica, pelo lado positivo, eu poderia dizer que é pedinte de qualquer maneira. Agora se o cara está só pedindo, todo sujo, sem nada oferecer, aí dizemos sem romantismo, essa sociedade está com problemas.
Andei até tarde e antes de anoitecer já estava em casa, lendo o guia de Portugal tentando preparar a segunda parte da viagem.
Hoje foi o último dia de Paris, uma sensação estranha me invade agora a noite. São 19:30, Amélia ainda não chegou, amanhã levantarei muito cedo pois o TGV parte as 7:10 da manhã. Logo devo me levantar as 5:30, para sair as 6 ou antes. Certamente ainda estará escuro. Não gosto de sair muito cedo, mas também, não chegarei tarde no local.
Vamos amanhã , eu e Lucilene e Julia, sua filha. Todavia mesmo assim aquela sensação de partir me acomete . Não senti isso em Istambul, mas não deixei lá pessoas que gosto. Aqui como sempre deixo essa querida amiga, que sempre foi tão gentil, amiga e companheira comigo. Uma amizade desinteressada, generosa, me recebe em sua casa como se aqui fosse um hotel 5 estrelas, melhor impossível, conversamos, comemos juntas, vemos programa na televisão, discutimos sobre a vida e seu sentido. Queria muito que um dia ela fosse a minha casa para eu retribuir-lhe, não sei se a altura, pois não tenho a sua sofisticação parisiense.
Mas estou triste pela saída. Recordo-me quando aqui a primeira vez estive, e que sair desse aconchego de amiga foi muito difícil, eu estava sozinha, com 22 anos e toda a europa a frente para conhecer. Montei um roteiro louco que passava por todas as capitais, da Holanda a Portugal, passando pela Inglaterra, subindo pela Itália, passando por Viena, Alemanha, Suíça, uma viagem corrida, de passe, dormindo muitas vezes no trem, mas não estava frio,era primavera. Foram 42 dias, no fim estava exausta, ansiosa para voltar mais satisfeita. Pensei muito sobre minha vida, quando estava sozinha, vi o que não queria mas não decidi o que queria. Foi logo depois de me formar em direito. Depois voltei para ficar um ano na Itália, fiz de novo um pequeno giro com meus pais, com a Êmili e depois com o Emil. Mesmos lugares e lugares diversos, sempre numa eterna curiosidade que me é peculiar. Querendo sempre saber e sempre ver. Entrando por vielas e descobrindo jardins , como é bom descobrir jardins. Hoje menos ansiosa, um pouco mais consciente do que espero da vida e de seu sentido, mas não completamente. Acho que isso nunca vou achar, já que o sentido está no próprio caminho a própria vida, nas pessoas que conhecemos nos lugares que vamos, no valor que damos a essas pessoas e no afeto que lhes dispensamos, pois como diz meu amigo Marcelo Augusto, não se deve guardar afeto para o perecimento. Afeto se distribui, o quanto mais, melhor, depois de morto para que termos o afeto de alguém? E até agora ninguém provou que morto tem afeto por alguém.
Dos que foram resta a lembrança viva, e talvez isso seja o sentido da vida eterna. Porque de quem foi, além da fotos desbotadas na parede e das lembranças , nada há. E como diz Drummond, e como dói. Sei lá.
Fico pensando naquela pessoa que mal dispensa afeto, que não quer ter afeto, que louca, que louco, tenho pena, não pode dispor da beleza ,da alegria de ter afeto e de se doar.
Mas não vou fazer disso tudo um manual de lembranças ocasionais vindas a tona por causa da partida. Tenho consciência de que para mim, partir sempre foi o mais difícil, mesmo tendo que voltar, sabendo que vou voltar. Será que ainda volto a Paris nessa vida? Levando-se em conta que devo morrer com uns 80 anos, volto sim, pelo menos uma 3 ou 4 vezes, uma a cada sete anos, ou dez anos. Bom número, sofisticação e bom gosto e coisa gostosa, tem que ser cultivado, e só aqui é possível esse máximo.
Nenhum outro lugar do mundo, que me perdoem as outras cidades maravilhosas, mas é isso.
Mas quero vir fora do excesso de frio, para sentar na rua e ficar, primavera tá bom, sem muito calor também.
Bem a viagem segue, pela França não muito, entraremos na Espanha e depois na Terrinha, Portugal. Li no guia que Laura me emprestou muita coisa sobre Portugal. O Porto, Lisboa , tudo mais pequenino, como dizem eles, estás a perceber... tenho que treinar meu sotaque. Aqui eu não falo nada, na Espanha vamos ver. Lucilene e a filha vão comigo até o Porto, vamos ver a casa do Miguel Torga, e todas aquelas coisas por lá. Creio que por lá as coisas são mais baratas que aqui. Todavia por mais que tentemos não conseguimos ficar sem comprar nada. A mala está cheia, um saco carregar mala, descer metro etc e tal. A comodidade é a rainha. Com ela imperando não saímos de casa. Temos é que desapegar e levar menos coisa possível e não comprar.
Mas é difícil ainda mais em época de liquidação.
Tem montes de berimbau por aqui , que temos que controlar para não levar...
Já to com saudade, estou também cansada, andei hoje ,v i coisas, saí com as meninas e agora aqui espero Amélia que hoje foi ao Vale do Loire, o tour pelos castelos. Muito bonito. Eu já fiz com ela esse passeio .
Hoje é dia 4, agora parece passar rápido, só tenho mais 16 dias de férias. Vou parar de contar. Amanhã TGV às 7 da matina.
Mas hoje fui ainda a Pigale, flanei pelo Boulevard Rochechuart, comprei uma boina, preto e branca, para eu usar com Alice e proteger do f rio.
Depois encontrei com as meninas e fomos as compras para elas comprarem coisinhas, fomos ao terraço da Printemps e, por estar demasiado frio não andamos mais. Creio ser muito complexa a relação de mãe e filha que elas tem. Complexa demais. Existem filhos tiranos, filhos que fazem questão de abusar de sua posição de filhos, que obrigam e sujeitam os pais, tudo por atenção, e pais que por culpa ou sei lá o que se sujeitam a tudo. Muito difícil, as vezes penso que é melhor mesmo não ter filhos,não sei se saberia lidar com tudo isso.
03\1\2011 - Paris
Rua, flanar, flanar, flanar. Frio, quente, frio. Saí cedo a flanar pela cidade sem mapa. Me encontraria com Amélia as 12:30 no Metrô Tulieres, Jardim do Louvre, para almoçarmos. Perdi-me e achei-me, cheguei, vi milhões de coisas para comprar que não vou comprar. Para que eu quero mais roupa de frio, não há necessidade, mas é F, dá a maior vontade de comprar tudo. Mas pra que? pergunto-me antes de ceder a tentação. Mas um bagulho na gaveta sem usar ,ainda mais com o aquecimento global. Mas é brabo não ceder, tem que ter força, ainda mais com as liquidações.Montes de casacos, blusas e cachecol, gorros. Imagino, se esse casaco que tô usando agora estava guardado há 7 anos, pra que eu quero outros, sem condições, e as botas... loucura, mas como levar.Comprei uma bolsa...
Encontrei Amélia e fomos a Defense almoçar . Passamos na Place de Voges, da casa do Victor Hugo, aquela gracinha, fomos pelo Marré e chegamos num típico e tradicional restaurante Francês, Bulfinger, uma comida deliciosa e uma sobremesa muito boa com um vinho bom, deu até calor. Como é bom. Eu me rendo aos prazeres parisienses... quero vir todo ano, risos... Acho que tinha que ter uma máquina de giro, máquina de flanerie mundial.
Voltamos para casa de ônibus.
Nesse dias esqueci das minhas drogas chinesas, faz tempo que não tomo nada, só champanhe... ui,ui, ui...
02\1\2011Paris
Lucilene me ligou dia primeiro e combinamos de nos encontrar ontem no Museu D’orsai, que tem todo povo( arte) do século XIX: Monet, Goughain, Van Gogh, Gustavo Moreau, Delacroix, e muitos objetos e móveis Art noveaux , as peças que misturam madeira, ferro, vidro, exóticas, belíssimas daquele século. Tinha também outras exposições temporárias, cheias de simbolismo. Fiquei esperando Luci, um tempão, ela se perdeu e foi sem a Julia, que não passara muito bem a noite. Eu também me confundi, saí da casa da Amélia cedo para ir a pé, desci a Rochefoucoult entrei na rua do lado da Lafaiete, passei Madeleine e cheguei na Praça Concorde, fui pelo Champs até os Palais Royal, quando me dei conta que não era ali. Puts, desci peguei o metrô correndo e fui até o lugar combinado. Fiquei aguardando, aguardando e nada, o frio estava de matar, a fila monstruosa. Eu rodava, rodava, talvez estivesse mais frio por estar na beira do Sena. Sei que quando ela apareceu ainda ficamos uma hora na fila para conseguir entrar. Todo povo estava nos museus ontem, porque era o primeiro domingo do mês e nesse dia os museus são de graça. Fomos apenas ao D’orsai , já vi os outros e quero mais dessa vez sentir a cidade do que ficar dentro dos museus, que de certa forma ,creio perderam um pouco da sua força. De novo aquela questão da aura. Lógico que no museu o contato é direto com a obra, tem-se contato com sua aura e todas as suas características estão ali presentes e podemos ter a recepção que se espera, ou não .
Todavia com a internet através de imagens mais fortes que a de papel dos livros se entra nos museus e se visita o que quiser, com todos os inter-textos que lhe darão as mais variadas informações. Já conhecemos a obra antes de termos contato com elas e isso pode , quem sabe, fazer com que ela perca um pouco a sua mágica aura. Num museu lotado de gente, que quer apenas fotografar e mostrar que ali esteve, quem pode ficar ali parado contemplando uma obra daquelas. Poucos que não foram engolidos pelo “esquemão” de visita guiada por gente ou por áudio-guia.
Mas eu gostei da ida ao museu ontem, mesmo lotado, vi uma parte que creio não tinha visto , a parte Art noveaux, que eu aprecio muito.
No mais estou andando na rua, no metrô, em algumas igrejas, quase nenhuma. A proposta de Paris dessa vez foi outra. Foi a deixar levar... ir, FLANAR, e é só o que tenho feito. Sinto –me um verdadeiro flâneur. Saio de manha e só volto a tarde quando os pés já não aguentam mais, tomo um banho, tomo champanhe e vinho da melhor qualidade no meu hotel 5 estrelas, digo a Amélia .Ainda tenho vontade de morar um tempo por aqui. Quem sabe?? Eu sou louca, quero habitar todos os lugares, estar em todos e não estar em nenhum... Talvez voando sobre todos olhando-os do alto.
Depois do museu fui com Luci, até o seu albergue ver a Julia e depois voltar. Tomamos o metro e fomos para um quarteirão onde eu nunca havia estado, na linha da Torre Eifel. Lá longe, um bairro distante do centro um pouco, como se fosse a Tijuca. Simpático o lugar, vê-se que é uma outra cidade , mais nova, prédios antigos , mas maioria novo. Não é Paris do século XIX, mas do século XX tranqüilo , eu moraria ali na boa, o aluguel deve ser mais barato e não é tão longe. Tem infra-estrutura. Pegamos a menina no albergue e saímos, tentamos um restaurante, mas já era 3 h da tarde de domingo, fechado. Por fim paramos num pé sujo e fiz a pior refeição da viagem até agora. Um kebab parisiense com batata frita e coca cola. O garçom, atendente era multimídia, lavava, cozinhava, abria massa, fritava batata, servia e com a mesma mão, sem luvas, ele pegava o dinheiro do cliente e dava o troco. Bom, overdose de vitamina S( de sujeira). Tudo bem, as bactérias não sobrevivem muito ao frio que está fazendo. No fim nada fica a dever para ao andes bolivianos e peruanos ou Caruaru. Estou ficando expert em matéria de bactéria. Chega não pensamos mais nisso.
Depois de comermos pegamos o metrô e fomos direto para a praça Charles de Gaule Etoile, lá no arco O céu tinha aberto um pouco e tinha até lugares azuis, a torre a vista, estava um lindo fim de tarde. Fotografei nos lugares. Fomos descendo o Champs Elisier que estava super lotado, quando esfriava muito entravamos nas loja para aquecer. E foi escurecendo até que tudo se iluminou a decoração que eu ainda não tinha visto. Muito lindo, realmente. As meninas (Luci e Julia15 anos) foram comprando os apetrechos para o frio, Labello( para os lábios), luvas, cachecol, apetrechos fundamentais. Fomos andando até a praça Concorde onde está a imensa roda gigante toda iluminada, linda. Passamos pela vila de Noel e a multidão e nos pusemos na fila para subir, 10 euros, subimos, e ver Paris lá de cima a noite foi o máximo. Confesso que fiquei com medo de me mexer, eu fiquei de frente para Torre e de costas para Sacre Coeur. Na Cabine que é fechada fomos nós três e mais um casal, que ficava se mexendo, e eu fiquei assustada. Mas depois relaxei e virei para ver a igreja que gosto. As fotos ficam longe, mas a sensação é boa, lá de cima, tudo iluminado por pontinhos de luz e Paris faz jus ao nome de Cidade Luz. Duas voltas, apenas e acabou.
Descemos, fui comer um tipo wafer de chocolate, nutela, muito gostoso. Saímos de lá fomos em direção a Galeria Lafaiete, passamos pela Madeleine e saímos em frente a Printemps, só que ontem, domingo, estava tudo fechado. A Printemps ainda tinha suas vitrines acesas, onde a decoração optou por representações luxuosíssimas de quadros(creio eu) um luxo sem igual, até animais empalhados. Diferente da Lafaiete que colocou bichinhos de pelúcia como marionetes cantando e dançando, um deles era do musical Mama mia, que está em cartaz aqui.De lá vim para casa e as meninas pegaram o metro e foram. Cheguei e fui ver email e tentar montar minha viagem, creio que defini o roteiro,vou para Hendaye, país Basco francês na fronteira com Espanha, de lá Biaritz e San Sebastian, saindo de SS, para Salamanca, e depois o Porto, já Portugal, primeira etapa de TGV e depois não sei. Cansei de internet anotando hotéis e trens. Tomei champanhe e ainda comi sopinha e cama.
1\1\2011 Paris
São 8 da manhã, condicionamento é fogo, não consigo acordar tarde. Talvez melhor, porque meu dia rende muito.
Ontem saí pela cidade, me perdia, me achava. Fui a Sacre Coeur, que estava tão lotada que desisti de entrar no primeiro momento, aí fui andar por Montmartre, que delícia, mesmo lotado como estava, estava bom, porque com o frio, as pessoas fazem barreira contra o vento. Tava zero grau a tarde, ninguém merece, andei, andei, entrei em montes de lojinhas de bagulhadas, souvenir, só para sair do frio, os cafés, lotados e restaurantes também, porque o povo disputava o lugar quentinho.Muito brasileiro, muito mesmo. Dois sinais, ou a coisa para nós está boa, ou aqui é que ta ruim. Creio que para nós melhorou, se pode um pouco mais que antes. Me recordo que a primeira vez que vim a Europa, gastava-se o valor de um carro, hoje esse valor ta mais em conta. Ainda não é barato, mas já se pode dividir a passagem em suaves prestações e usar cartão de credito , ou seja, se não se vem apenas consumir bens materiais a viagem não sai assim tão fora das possibilidades de uma pessoa que ganhei mais ou menos.
Depois de andar muito entrei na igreja SC e fiquei,ainda assisti a metade de uma missa. Era para sair do frio, pois os pés já congelavam.
Desci o morro e fui caminhando até a Galeria Lafaiete tava lotada, mas muito lotada, muita gente comprando. Voltei para casa e esperei Amélia que chegou com toda uma ceia para nós. Ficamos por aqui, tomando vinho, champanhe, conversando para o frio sair. Nem fui para rua, acabamos ficando por aqui. Escutei os fogos na rua mais não fui até lá, não tive coragem, o frio me imobiliza. Um saco. Mas valeu muito foi muito agradável ficar aqui.
A cidade continua tão linda, Paris tem um astral muito legal. O próprio nome já se vende sozinho , é impressionante a quantidade de produtos que tem licença para usar o nome Paris, que por si só já vende o produto.
Ao ficar sentada na igreja fiquei reparando como o turista vê as coisas, ele não vê nada, passa pelas coisa. É assim, ele entra, olha tudo como num monobloco,não respeita as indicações do local para não tirar foto, olha tudo como alguém que passa de TGV por uma paisagem, e sai para a próxima estação. Ou seja, no fim da viagem, parece que nada viu, uma ou outra imagem fica retida nos seus olhos. Tudo é visto sem muita atenção, até porque é tanta coisa, que a capacidade de apreensão fica prejudicada.
Aqui na Europa , e talvez em todo lugar do mundo deve ser assim, o que difere é que aqui, pela quantidade de monumentos, história e os muitos detalhes da história de cada um , fica realmente difícil para a pessoa captar tudo numa primeira volta.
Fiquei em casa ontem (31\12), tomando vinho e comendo gostosuras francesas com Amélia. Isso aqui é um luxo de iguarias, eu adoro, queijos, vinhos, patês, tudo de bom, e Amélia gosta e preparar e ser requintada. Logo nem saí de casa, também não tive ânimo, o frio estava demais.
Fiquei pensando se me arrependeria em não ir ao Champs Elisier, acabei dormindo com o vinho. Mas foi bom, segundo os brasileiros que encontrei agora de manhã, nada teve, só a contagem regressiva, não tem fogos aqui. Emilizinho deve se lembrar, que quando nós viemos juntos, o povo do albergue tava comentando a frustração que foi ficar naquela expectativa e nada de fogos.Ontem foi o mesmo, segundo o casal que conversei hoje cedo num café.
Hoje saí , fui até o Champs Elisier, andando sem mapa, dominando a cidade. Realmente isso é um desbunde, o francês, ou parisiense é muito sofisticado, acho que o mais sofisticado da Europa, do mundo, um luxo mesmo.
Caminhei pelo Champs, entrei num café numa galeria, tomei um chocolate e fiquei observando o povo, encontrei o casal de brasileiros de Porto Alegre e coitados, os aluguei, falei até não acabar mais, sei lá, o povo vem e fica com medo de sair das redondezas do hotel, dei para eles um monte de dicas; e fui até o arco entrei pela rua de dentro, F .Sant Honoré( onde Amélia morava), cheia de galerias de arte, o palácio do Sarcosi e grifes famosas. A vitrine da Hermes está um luxo, linda, saí na Hausmann, (aquele prefeito que mudou a cara da cidade no século XIX, e que foi copiado pelo Pereira Passos lá no Rio, o Pereira, estudou aqui e era visto como Hausmann tropical).
Aprendi sobre a reforma de Paris no Marshall Bermann, Tudo que é sólido desmancha no ar , que faz a ponte entre Baudelaire e Walter Benjamim e Paris, capital do século XIX. Da Hausmann que hoje tem a Printemps, a Galeria Lafaiete, voltei para casa. Hoje está dando para andar, só o pé que não aquece. Comi pão com queijo e vinho aqui na casa da Amélia, estou tentando não exagerar na comida. E também o comércio hoje está todo fechado, nem restaurante está aberto.
Realmente tenho que me render, Paris me enlouquece, cada vez que venho fico extasiada, isso passa,mas a sofisticação é uma coisaaaa. Não tem cidade no mundo assim, templo de consumo e templo de cultura também.
Tudo bem que tem coisa diferente no ar: tem pedinte por vários lado, dentro do café, na boca do metro, das igrejas, não sei de onde é o povo. Mas é algo diverso do que já vi, coisa comum para nós do Brasil, mas talvez não muito comum aqui no primeiro mundo, onde se supunha estarem os problemas resolvidos. Esses são pedintes mesmo, diferente daquele que eu falava quando morava na Itália. Eu dizia, tem diferença, se você entra num metrô e vem um cara cantando, dançando, tocando um instrumento e depois pede uma moeda, você diz, aqui até no metrô tem cultura, interpretação romântica, pelo lado positivo, eu poderia dizer que é pedinte de qualquer maneira. Agora se o cara está só pedindo, todo sujo, sem nada oferecer, aí dizemos sem romantismo, essa sociedade está com problemas.
Andei até tarde e antes de anoitecer já estava em casa, lendo o guia de Portugal tentando preparar a segunda parte da viagem.
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
Foram tantas emoções...
31\12\2010-Paris- Último dia do ano
Estou na casa da Amélia, são 11 horas da manhã, ainda não saí hoje, estou descansando do trajeto de ontem, o dia inteiro para chegar a Paris. Cheguei aqui depois das 10 da noite, fiz outro caminho para chegar, em vez de pegar o sutlle de ônibus peguei o trem. Um rapaz muito simpático me ajudou no trem até a Gare du nord e de lá peguei o metro. Ao sair na estação Saint George, olha o santo guerreiro de novo, perguntei de novo e cheguei bem mais fácil que na primeira vez. Está muito frio, mesmo com aquecimento ligado tá frio. Coloquei meu diário em dia, e logo vou a rua. Amélia agora mora em outra estação do metro, antes era na Concorde, agora na ,mesma linha(12), mas a frente, pertinho da Sacre Coeur, de Pigalle, um lado menos chique mas também central. Estou com medo do frio na rua, mas vou sair.
Falei agora no telefone com a Emili em Mangaratiba, e falei com Alice também, bateu uma saudade boa, bom que todo mundo está lá em casa, vai ter festa, bem legal.
Aqui não sei o que farei, acho que provavelmente verei fogos na rua, mas também nada muito cheio. Com o frio não dá nem vontade de sair. Amélia vai trabalhar amanhã e depois, e hoje também está trabalhando. Ela é um amor de pessoa. Por hoje é só, vamos a Paris, que não é todo mundo que tem a sorte de estar aqui... Vualá...
30\12\2010- Zurique , aeroporto.
Porcaria, tudo tem que pagar aqui, tentei conectar enquanto espero o vôo, mas não consigo é igual Portugal, mesma droga, entra a rede mas para entrar a sua página não se consegue.
Bem, um dia inteiro perdido só para se deslocar de uma cidade a outra. De Istambul para Paris , saí do hostel às 10 da manhã, são 17:15 , já anoitece e ainda não cheguei a Paris,pqp, o melhor é mesmo viajar de trem, você chega e chega, não tem que tirar roupa, tirar sapato, ficarem te enchendo de perguntas, te apalpando,é F.
Ainda bem que o resto da viagem vou fazer de trem,talvez perca-se menos tempo com burocracias de segurança, faço viagem a noite e chego de dia, de avião saio de dia , perco o dia todo e chego de noite, por causa do inverno.
Hoje dia 30 o aeroporto está lotado e vou chegar a Paris de novo a noite, para ralar no metrô até a casa da Amélia. Tomara que não esteja nevando, porque aqui em Zurique já nevou muito hoje, está tudo tão branco. Dentro do aeroporto é muito calor, abre-se uma porta e bloom o vento gelado entra. Eu não sei como o povo consegue ficar de casaco o tempo todo. Um calor da peste. Por isso que a roupa deles fica fedendo, porque suam e não tiram o casaco. Depois, haja nariz.
Tem montes de italianos aqui, porque é transferência de vôo para Milão, Bari, Roma, Veneza.
Estou torcendo para Paris estar mais quente, já não agüento mais tanta roupa.
Tô cansada, esse trânsito, esse deslocamento é “very tired”.
Um belo italiano empurra um carro, que bate em mim, pede desculpa. É legal ficar olhando-os com olhos antropológicos: como falam, como gesticulam. Sempre como se tivessem sido desaforados. Reclamam, o mundo deles é que é certo.Uma mulher indignada porque aqui em Zurique o avião para longe e tem que vir para dentro do aeroporto de ônibus.
(Parêntesis)Acaba de sair meu vôo, e dá também a temperatura em Paris, 2graus, caramba, vou virar pinguim... tem que botar luva etc, espero que não esteja chovendo e que não tenha neve.
Devo chegar à casa da Amélia pela nove horas ou mais, o brabo é o vento. Já estou com medo, o frio faz eu me sentir abandonada, louca para logo tomar um banho.
Hoje é o penúltimo dia do ano, tanta coisa aconteceu. Estava no avião e de soslaio olhei a revista em francês de uma mulher que estava do meu lado, ela lia o horóscopo. Vi lá meu signo, e prometia. Nem vou falar para não criar “uruca”, essa gíria é muito velha.
O povo tampou a minha visão, fica todo mundo louco para embarcar. Meu próximo voo é curto, acho que uma hora. Quando cheguei a esse aeroporto hoje, a pouco, lembrei-me de um viajante de entre-lugares, pensei se o encontrasse num lugar desse, o que ele faria, o que eu faria, nada??, olharia e ficaria por isso, seria muita ironia do destino. Deixa pra lá, que esse destino parece não me pertencer.
Tentei ligar para casa, o telefone parece que não faz mais esse tipo de chamada, não tem onde comprar cartão telefônico, quando liguei meu pai atendeu na casa da Emili e disse que Alice estava com febre de novo, aí acabou o cartão e fiquei sem saber.Quando chegar na Amélia vou tentar ligar para o Rio. Espero o dia de levar a minha lindinha para viajar. Tem tanta criança viajando, agora mesmo tem uma pequena ,deve ter no máximo um ano de idade, lourinha,está a minha frente, solta, brincando, muito fofa.
Amanhã tenho mil coisas para fazer em Paris, antes de encerrar o ano . Abriram de novo o portão e o frio. Vou para fila.
29\12\2010-De volta a Istambul.
O tempo corre e passa devagar ao mesmo tempo, parece que estou aqui faz um tempão. O dia é curto e logo é noite, não aguento mais falar inglês, língua chata e povo chato o americano,vai me dando um nervoso, e tem só 8 dias que saí do Brasil. Mas a droga do imperialismo americano faz isso, o mundo todo fala inglês, ou deve falar inglês, e eles não se sujeitam a falar qualquer outra língua.
Ontem(28) no tour que fiz na Capadoccia tinha uma americana que ficava o tempo todo falando, estava ela e o filho, me parecia que devia ser da academia , alguma professora ou estudiosa . Ela tudo perguntava, tudo tinha comentário, não deixava o coitado do guia em paz, ele por sua vez, com um inglês talvez muito bom, falava rápido demais. Eu quase não entendia, para mim, ele falando parecia o som da reza que se faz aqui nos auto-falantes a cada 3 ou 4 horas,quando tocam os sinos das mesquitas e eles rezam voltados para Meca,ou devem rezar. Obrigação de muçulmano. Mas acho que esse costume aqui na Turquia está perdendo a força. Não vejo muita gente parada na hora da reza. Bem, a explicação do guia para mim é como uma ladainha, rs,rs. Tem hora que ele explicando as imagens nas cavernas e só entendo quando ele fala Jesus Cristo. Nas cavernas as pinturas são bizantinas, e é o início do cristinismo. Aqui na Capadoccia tem muita imagem ,nas cavernas, de São Jorge( o santo guerreiro- feriado 23 de abril no Rio de Janeiro) , e Jesus Cristo. Então ele fala, param,param, param, Jesus Cristo.parece piada mas é verdade. Embora tenham todas essas imagens, nada de cristanismo se vê, nenhuma imagem do santo guerreiro para vender , afinal o país é muçulmano.
Também as pessoas agem normalmente, (comum para o resto da europa), com roupas normais e é interessante que há certos vídeos que passam na televisão onde as mulheres são expostas como as do Brasil. De maiô, cantando, dançando de forma muito sensual para um país muçulmano.
No dia do natal, nem lembro mais o que fiz. Mas no dia 26 fui ao Taksin, bairro que tem discotecas, cafés etc, e um comércio fenomenal. É uma coisa de louco o comércio daqui. Andei o dia todo e a noite peguei o ônibus para Capadoccia. Abre-se um capítulo. Antes porém, do Taksin fui andando, andando até que dei de novo na Torre Gálata, sobre a qual já falei. Tirei de novo foto e desci, atravessei a ponte do mesmo nome e cheguei ao lado do Mercado egípicio( Spice bazar) onde vendem especiarias e toda sorte de coisas.
Ali na praça do Spice bazar e a Mesquita Nova(Yeni Cami) fiquei horas, tem uns restaurantes no barco, na verdade lanchonetes no barco, o barco é a cozinha e o povo compra sanduíche de peixe com cebola, e na mesinha, ao relento mesmo, tem molho de limão. Lógico, que foi o que comi, vi o povo todo comendo achei que não me faria mal, e não fez. Fiquei ali observando os passantes, parece que domingo é o dia em que todos vão para rua , para as compras, mais que no sábado.A passagem subterrânea era um coisa de louco. Se a pessoa bobear é pisoteada. É um subterrâneo que atravessa as pistas de carro e train, o trem de superfície que dá a volta na cidade.
Acho também que no domingo tinha alguma manifestação política, porque estavam muitas pessoas com uma bandeira diferente na mão e com fitas verdes escritas em árabe. Depois de comer fui passear de barco pelo Bósforo. Uma visão muito bonita, o lado asiático com muitas casas a beira do mar,casas maravilhosas , e também os palácios vistos de longe e o forte, e a cidade. É uma cidade enorme, alegre, cheia de gente.
Chama atenção também o número de pescadores, as pessoas param sobre a ponte Gálata e ficam pescando, é programa legal da cidade, tirei foto. Também ao logo do Bósforo e do canal se vê gente pescando, pode estar o maior frio. Quando fui pegar o ônibus para Capadoccia era uma espécie de parque a beira mar e a noite o povo pescando.
Nesse mesmo dia 26, fiquei parada em frente ao Spice bazar depois do passeio ao Bósforo e fotografei o lugar. Era tanta gente, um mar de gente, homens , mulheres , crianças, velhos, jovens, uma pluralidade interessantíssima.
É interessante também ver que as roupas aqui são muito escuras, homens na maioria vestem preto e mulher também;os casacos são pretos. Ao contrário disso são os orientais, turistas que estão por toda parte. A europa e a Turquia foram invadidas , tem mais coreano, japonês etc do que qualquer coisa. Eles só chegam em bando, todos de casacos coloridíssimos. Vermelho, rosa, azul, todas as cores. Invadem todos os espaços e os europeus os chamam de china.
Pelo que observei, os coreanos são mais comedidos nas compras. Não ficam entrando nos lugares e comprando, como os japoneses tempos atrás. Pelo contrário, eles não compram nada, até bala trazem do seu país. Pelo jeito a Turquia está na moda na corea, eles vem e ficam por aqui, não vão para outro país.
Creio que daqui a uns poucos anos eles invadem o resto, vamos ver se estou certa.
Prova disso é que nos tours por aqui, Istambul e Capadoccia só tem coreano, my god!!! E quando falam, tem rixa com os japoneses. Muito engraçado.
Mas voltemos a americana chata que várias vezes vinha me perguntar algo que eu não entendia e respondia. E ela parava, ía puxar assunto com outros. Em uma hora, descendo o cânion, veio ela me dizer que o Rio de Janeiro era muito caro. Eu disse que sim, realmente é uma cidade cara, que está mais barato viajar pela Europa do que pelo Brasil. Até aí nada, o problema é que esses caras, americanos etc, querem só moleza, exploram os países e querem que sua moeda tal como a língua sejam as maiores e melhores. O americano, e tem pouco por aqui, está F. e ainda tem uma arrogância horrível, ainda parece que são os donos do mundo. Falam como se só eles soubessem das coisas. O Europeu também é assim, mais ainda o italiano, todavia eles vêm perdendo a pose diante das crises. Espero que o brasileiro não se torne um povo arrogante com o giro que a história nos reserva.
Mas mudemos um pouco de assunto.
Por outro lado certas línguas ou linguagens são universais, isso é fantástico . A Capadoccia foi um show, dois dias intensos desde o ônibus até a chegada aqui em Istambul. Mas, capítulo a parte será feito em forma de ficção. Deixe a imaginação se fartar porque relato de viagem deve ser relato, afinal é viagem de conhecimento, meu e de outros, digamos. ,
Então, ficam no Elipseficcional certas partes para imaginação fértil... ou não.
Cheguei a Göreme , pequena cidade da Capadoccia pela manhã, o transfer chegou e me levou. Marmed, o rapaz que veio me pegar,( se não for esse nome não tem problema, nomes são coisas a parte,não dá para decorar em tão pouco tempo, ainda mais em outra língua)era dono ou gerente do star cave, onde fiquei. Amanhecia, me levou para ver os balões , muito lindo, o céu estava azul e os balões coloridos iam subindo enfeitando o céu, eu não voei porque não daria tempo, pensei.
Todavia isso não era para o transfer fazer, em vez de me levar ao hotel, ele foi passear comigo , me dava a mão, me abraçava,dizia que o lugar era romântico, me mostrou as montanhas, tirou foto me dando beijo no rosto, andava de mão dada comigo, eu pensava, será que isso é um costume...
Alá, alá,alá.....salamaleico salem...
Tudo bem que o turco é hospitaleiro , mas já estava meio demais, tanta coisa assim num só dia. O ônibus, a chegada, são “ tantas emoções”. Bem o tempo que fiquei no hotel, falava com Marmed naturalmente e ele ficava me olhando. Era um turco muito bonito, um homem fisicamente interessante. A noite quando cheguei do restaurante estava lá com uma criança bonitinha da idade da Alice, disse que era seu filho, vai saber.
Fato é que ao sair do hostel na noite de 28 Marmed foi me levar a porta do hotel, Marmed muito hospitaleiro e carinhoso. Acho que deve ser do costume muçulmano beijar as pessoas e abraçar muito. Me chamou para jantar com ele e como estava tudo vazio tomamos juntos um chá que ele fez. Eu tinha hora para o ônibus but...O tempo as vezes é feito por nós, jamais é perdido, sempre se ganha, sempre... Perguntou-me se eu voltaria ali outra vez. Quem sabe...
Fui embora, no ponto do ônibus ía sentar-me no terraço de um restaurante ao lado da estação de ônibus para aguardar, sentei, pedi uma sopa de ervilha. Aí dentro do restaurante estava o espanhol e seus filhos, e me chamaram para entrar e comer com eles. Mandou um turco que falava espanhol me chamar, entrei, comi com eles. Olhares a parte, eles também iriam embora naquela hora. Todavia nosso ônibus era diferente. Eles foram no mesmo ônibus que vieram e meu voucher era de outro. Despedi-me deles, mas antes troquei e-mail com o espanhol e disse que talvez os visitasse na Espanha. Fizemos uma foto no restaurante.
Meu ônibus demorou mais de uma hora para chegar, mas veio vazio, fiquei com duas poltronas para mim, tomei um remédio relaxante e dormi toda viagem chegando a Istambul pelas 7 horas da manhã, ainda noite.
27\12\2010, Capadoccia
Aqui estou num restaurante com a cara da Turquia e de todo mundo árabe, coisa de filme. Tudo vermelho, com sofá também vermelho estampado, de tapete. Tudo fofo quase no chão, como aquelas tendas árabes que vê nos filmes e livros, um clima da terra, do oriente médio, das mil e uma noites que sempre me encantaram desde criança.
Dentro do restaurante está bem quente. Tem mesa de coreanos, de ocidentais e eu sozinha sentada na mesa fofa escrevendo, coisa que no Rio na faço, mas que acho aqui muito bom. Observo tudo, tomo um cálice de vinho da Capadoccia e como um yogurte com pão, e escrevo, e olho as coisas e penso. Essa liberdade de curtir as coisas que gosto, de curtir mesmo sozinha. É bom viajar sozinha, não esperava que tantos anos depois eu fosse fazer isso de novo. Todavia quando viajo com a Malu e a Lílian nós rimos muito, caçoamos das coisas, brincamos, em grupo se ri mais, é mais gente para dividir .
Cheguei a Capadoccia hoje pela manhã, foi dos dias mais intrigantes da viagem.
Comprei um pacote na agência do lado do hostel, tudo incluído, hotel, ônibus, almoço, com a mochila pequena.
Eis que estou no ônibus e senta ao meu lado um espanhol que chega com dois filhos adolescentes(14 anos). Chamou minha atenção, não sei porque.talvez fosse atraente...
Ônibus saiu depois de muitas confusões de lugares marcados e não marcados, cheio de chinas, como dizem os europeus.
Ele, o espanhol, ao meu lado num péssimo lugar do ônibus, junto à geladeira no meio do Ônibus onde não dá para esticar as pernas, e as pernas começaram a se confundir, e as pernas e pernas e pernas e braços e pele e frio e casaco e mãos...
Ele me falou sobre ele, seus filhos e uma filha portuguesa, seu trabalho, eu falei do meu e chegamos a Göreme, a cidadezinha pequena onde ficam os hoteis da Capadoccia. Não os vi mais nesse dia, até procurei,não nos cruzamos no tour, mas os vi chegando na vam tour de longe..
No tour, hoje, fui a muitas cavernas. Junto comigo estava Nico, um argentino, 27 anos, simpático, de Córdoba, ficamos amigos, juntos, todo o tour. Olhando ele era super parecido com Paulo Marcio, mas sem baraba. Ele esta viajando pela europa, etc desde março e foi me dizendo o que fazia, muito bom humor,nada parecido com os portenhos. Foi bom porque finalmente tive alguém para tirar fotos minhas nos lugares. Aliás isso é o grande problema de viajar sozinho, as fotos. Não que eu seja narcisista, mas PÔ, quero ter pelo menos uma foto minha no lugar que estive, but, está um terror, os coreanos batem foto muito mal . Você pede para fazerem um foto sua no espaço, no monumento e eles tiram só você e aí tem que depois ficar procurando que monumento é aquele. Alá ... Ou seja, tenho pouquíssimas fotos minhas nos lugares, fazer o que é o preço que se paga.
25\12\2010, Istambul
Nada como viajar a um país muçulmano, não tem natal, hoje 25 tudo funciona..
Andei, andei “até ficar com dó de mim”,nunca andei tanto, vou caminhando e olhando e vendo coisas diversas e iguais e esqueço o tempo, não vejo a hora passar. É legal, meus pés doem mas não estou cansada . Penso em nada, ou melhor, em compras agora. Entrei nas mesquitas e esqueci de pedir, esqueci que mesquita é igreja também, falha terrível para uma viagem “mística” como essa. Tudo bem, tô legal.
Sei que certas coisas não mudam e outras mudam sempre. Estou gostando muito de viajar sozinha de novo, é bom. Nada como os amigos para rirmos juntos, mas se ninguém pode, sozinha é uma opção gostosa estou constatando. Também estar sozinho interfere na disponibilidade para conhecer pessoas, na verdade nunca estou sozinha acabo conhecendo alguém e fazendo amizade e ficando papeando . Ainda bem que não está o frio que pensei aqui em Istambul. Amanhã vou para Capadoccia e lá veremos, mais dois dias e volto para cá e vou para Paris. Sem nada pensar, isso é possível... Gastando sem preocupação o dinheiro suado que ganhei num ano de muito trabalho. Dia 29 é dia de comprar tudo que vou levar aqui da Turquia. Seria melhor comprar aqui, mas como carregar, por mim levava tapetes, almofadas, aguiler, tudo do mundo de Ali Baba e Aladim, mas tem ainda 20 dias para carregar e depois isso pode virar um berimbau... lembro da Débora, que fazer com um berimbau em casa, enfiar em que lugar. Aquelas coisas que compramos em viagem e depois viram um traste dentro de casa , não combinam com nada , até que resolvemos nos desfazer delas, e um grande problema se desfaz. Aliás, como quase tudo na vida, quando desapegamos, let it be, passa, e não são mais problemas, e percebemos o quanto de tempo ficou imobilizado na coisa.
As duas coreanas que andam comigo podiam ser minhas filhas. Tudo bem que eu teria que ter filho cedo, mas podiam. No entanto, nos damos bem, não tem diferença brutal de comportamento, ficaram pasmadas quando eu disse minha idade, meus 30 e uns, rs, disseram que pareço uns 27, adorei, fantástico.
Voltando falar da cidade, essa é encantadora, continuo afirmando,me encanta, hoje descobri a universidade. Acho que eu toparia ficar aqui morando por um semestre como leitora de português e cultura brasileira. Morando aqui nesse bairro,para ir a pé para a universidade. Um período. Traria todos os amigos para ver os mistérios da bela cidade.
Tem muito homem aqui, se vê mulheres na rua mas os homens são maioria. As mulheres cobrem os cabelos mas os lenços são cada vez mais coloridos. Ou seja, chamam mais atenção que os cabelos. Não ter muitas mulheres na rua , no entanto não quer dizer que tem menos mulheres, talvez isso ocorra porque elas ficam dentro de casa. É uma possibilidade. A cultura é machista na maioria dos países islâmicos. Todavia, as mulheres na rua, mesmo algumas com cabelos cobertos usam jeans apertado, coisa igual no Brasil, essa é a massificação e globalização da vestimenta.
Istambul, 24\12\2010
È natal e aqui não tem nada que se pareça com isso, minto, tem muita gente passeando nos pontos turísticos, muita gente viajando, chegando e saindo, mas não aquela loucura de consumo, que na verdade, sejamos justos, mesmo sem natal, deve ter nascido aqui.
O que tem de loja, bazar, tenda, quiosque etc e tal, é uma coisa enorme com tudo que se pode imaginar, é o Saara multiplicado por mil, eu não conheço a 25 de março em São Paulo, mas isso aqui deve ser maior, e algo diferente, é que aqui os vendedores ficam do lado de fora pegando o cliente . Eles vem atrás de você para te capturar para dentro da loja e se você não for eles ficam brabos, querem que você negocie com eles. Se não tem preço, já viu, é para chorar ,negociar, até que ele te convença a comprar.
Fui hoje com as duas coreanas ao Topkapi, Palácio do Sultão, uma coisa tão rica , tantas jóias, parece que o mundo todo presenteava o Sultão. Os aposentos são divinos, não no conceito divino e de luxo ocidental, não, aqui os desenhos, os azulejos os tapetes é que fazem, a riqueza. Tem ouro também, nas jóias e nos mantos, pedras preciosas são muitas, vários diamantes,esmeraldas, safiras, rubis e turquesas. A beleza do local é incrível e tem pontos de onde se vê toda Istambul, e o Bósforo dividindo ásia e europa.
Depois do palácio fomos caminhando, paramos num restaurante comemos kebab, restaurante bem típico, cheio de tapete, confortável, agradável. Tirei fotos.
Aí tomamos o traim elétrico e fomos ao outro lado, saltamos e subimos o morro para Gálata a torre de onde se vê toda a cidade, que é muito grande. Foi construída em 528 pelo rei de Bizâncio. Ao descer fomos por caminhos diversos até a margem do Bósforo onde tem muitos pescadores e também onde se vende peixe fresco. Tirei muitas fotos, mas não estou dando sorte com quem tira fotos minhas, cada qual pior. Será uma viagem onde eu apareço de longe nas fotos, bom exercício de desapego, de perder o narcisismo primitivo do ser.
Sim, porque é interessante, vamos aos lugares e queremos nos ver lá, não basta sentir e estar lá, temos que fotografar o tempo todo, e hoje a tecnologia massifica de tal forma fotografia que também os lugares estão perdendo sua aura.
Eu vi a Mesquita Azul várias vezes antes de entrar nela, de fato é impactante,mas é menos do que eu imaginava. O tamanho das Mesquitas não deixam nada a dever para o vaticano, a igreja de São Pedro, em Roma, ou a Catedral de Aparecida do Norte, todas se impõem pelo tamanho que tem, enormes ,fazendo nós mortais nos sentirmos um átomo diante daquela enormidade. Será que esses arquitetos, se sentiam assim diante de Deus, um mísero grão de área. No entanto, tem também o outro lado, faziam para que o povo se sentisse assim e continuasse a obedecer e talvez temer. Sempre existiu e sempre existirá o cerceamento das vontades da maioria, não tem jeito, sempre alguém tem que guiar.Mas deixamos isso de lado.
Gostei tanto dessa cidade, que moraria aqui um tempo. Aparentemente é muito segura, não tem problemas de medo, de segurança. As pessoas na rua têm comportamento tranquilo. As mulheres são muito bonitas, os homens, alguns sim, outros não. Todavia o mais incrível é que não tem uma uniformidade de feições, é uma misturada enorme. A facilidade de locomoção, a invasão dos países do leste, a invasão de turistas, só estando aqui e vendo para se ter certeza do que é o multiculturalismo.
Aliás é isso que se vive aqui onde estou, no quarto tem, 2 coreanas, eu, e agora mais duas, belgas, mas nem tanto, uma de família turca e outra de marroquina; ou seja o livro da Adriana Lisboa perto disso aqui é nada. Por isso que gosto de albergue, tudo bem que não é a melhor coisa do mundo, sem comentários. Mas se estivesse em hotel jamais conheceria gente como se conhece nos albergues.
Fora isso é a disposição para saber das pessoas. Jantamos eu e as coreanas num restaurante, comemos kafka com salada e o garçom me disse que gostava do Roberto Carlos, eu logo cantei – eu te proponho- e caímos todos na risada. Foi ótimo. Consegui enfim ligar para casa, que bom, escutar todo mundo e Alice.
Os dias passam devagar, mesmo anoitecendo cedo, ou talvez por isso, porque chega uma hora em que não aguento mais andar, aí tenho que parar. E venho para escrever.
Um relato cotidiano,nada sentimental, relato apenas, não sei se é isso que eu queria fazer de verdade quanto ao que escrevo. Sei que as impressões mais fortes essas vêm com o tempo, não de imediato, e temo que ao escrever de imediato perca o tempo de elaboração do que vejo e sinto.
Esse tempo, essa forma é que para mim são importantes. Ao observar cada coisa revejo as minhas, coisas da terra ,das pessoas, por isso o viajante é um ser em busca de si mesmo, e como jamais se encontra vive viajando tentando encontrar fora o que tá dentro. Eu sei disso, não busco nada fora, sei que tudo está sempre dentro, as misérias humanas, as angústias, as questões sem sentido, os casos mal terminados, a falta de sentimentos e as loucuras dos outros que temos que aceitar aprendendo a perder.
Tudo isso faz parte da viagem, não seria justo colocar um casaco e uma mochila e esquecer que dentro tem algo que não vai mudar, se não tiver disposição para tal.
Cada mesquita, cada templo, cada praça ,cada ponto tem uma história, mas a história individual, cada um com a sua dentro daquela história maior é que vai dar o clima do lugar. Vou pensar mais sobre isso.
Istambul, 23\23\2010
Fim de tarde, dia lindo, céu azul, sem frio, pouco frio, uma temperatura pouco mais baixa do que a que estou acostumada no Rio. Deve estar uns 23, sei lá.
Saí às 9 horas , duas coreanas vieram para o meu quarto. Simpáticas, com um inglês como o meu, assim podemos conversar, porque tem a disponibilidade e interesses das partes.
Fiz programas de turista, fui a Mesquita Azul, a Sofia e ao Museu de Arqueologia, imenso, 3 museus juntos. Andei muito, tanto que nem fui ao palácio do sultão, Topokai., que tinha até harém, vou amanhã.
Tudo aqui parece tranqüilo, ainda não me aventurei a pegar um trem qualquer e ver onde vai dar. AS cidade é enorme, aqui do terraço do hotel , lá no alto se vê o Bósforo e grande parte da cidade. E vindo de metro, que é em parte de superfície eu vi a parte nova. A cidade é nova, e os monumentos ficam dentro dessa nova cidade, é diverso de Roma por exemplo,ou Paris. Que tem o centro histórico e o em torno completamente diverso.
Andei tanto que esqueci de comer, comi agora fim de tarde.
Tudo parece barato porque o euro vale 2liras, é essa moeda?
Mas tudo muito interessante. Tem muita identidade com a Grécia, Tudo aqui lembra a Grécia . No museu arqueológico me senti em Atenas e vi o quanto eles estão investindo nesse lado, tudo muito organizado, arrumado mesmo, talvez melhor que não Grécia. Eu senti isso.
Sei que apesar de não ter quem tire foto de mim, estou gostando muito, as pessoas que pedi para tirar a foto , tiraram muito mal, puxa vida, isso é mal. Vou internalizando as coisas e depois escreverei.
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
É natal, será mesmo?
Istambul, 24\12\2010
É natal e aqui não tem nada que se pareça com isso, minto, tem muita gente passeando nos pontos turísticos, muita gente viajando, chegando e saindo, mas não aquela loucura de consumo, que na verdade, sejamos justos, mesmo sem natal, deve ter nascido aqui.
O que tem de loja, bazar, tenda, quiosque etc e tal, é uma coisa enorme com tudo que se pode imaginar, é o Saara multiplicado por mil, eu não conheço a 25 de março em São Paulo, mas isso aqui deve ser maior, e algo diferente, é que aqui os vendedores ficam do lado de fora pegando o cliente . Eles vem atrás de você para te capturar para dentro da loja e se você não for eles ficam brabos, querem que você negocie com eles. Se não tem preço, já viu, é para chorar ,negociar, até que ele te convença a comprar.
Fui hoje com as duas coreanas ao Topkapi, Palácio do Sultão, uma coisa tão rica , tantas jóias, parece que o mundo todo presenteava o Sultão. Os aposentos são divinos, não no conceito divino e de luxo ocidental, não, aqui os desenhos, os azulejos os tapetes é que fazem, a riqueza. Tem ouro também, nas jóias e nos mantos, pedras preciosas são muitas, vários diamantes,esmeraldas, safiras, rubis e turquesas. A beleza do local é incrível e tem pontos de onde se vê toda Istambul, e o Bósforo dividindo ásia e europa.
Depois do palácio fomos caminhando, paramos num restaurante comemos kebab, restaurante bem típico, cheio de tapete, confortável, agradável. Tirei fotos.
Aí tomamos o traim elétrico e fomos ao outro lado, saltamos e subimos o morro para Gálata a torre de onde se vê toda a cidade, que é muito grande. Foi construída em 528 pelo rei de Bizâncio. Ao descer fomos por caminhos diversos até a margem do Bósforo onde tem muitos pescadores e também onde se vende peixe fresco. Tirei muitas fotos, mas não estou dando sorte com quem tira fotos minhas, cada qual pior. Será uma viagem onde eu apareço de longe nas fotos, bom exercício de desapego, de perder o narcisismo primitivo do ser.
Sim, porque é interessante, vamos aos lugares e queremos nos ver lá, não basta sentir e estar lá, temos que fotografar o tempo todo, e hoje a tecnologia massifica de tal forma fotografia que também os lugares estão perdendo sua aura.
Eu vi a Mesquita Azul várias vezes antes de entrar nela, de fato é impactante,mas é menos do que eu imaginava. O tamanho das Mesquitas não deixam nada a dever para o vaticano, a igreja de São Pedro, em Roma, ou a Catedral de Aparecida do Norte, todas se impõem pelo tamanho que tem, enormes ,fazendo nós mortais nos sentirmos um átomo diante daquela enormidade. Será que esses arquitetos, se sentiam assim diante de Deus, um mísero grão de área. No entanto, tem também o outro lado, faziam para que o povo se sentisse assim e continuasse a obedecer e talvez temer. Sempre existiu e sempre existirá o cerceamento das vontades da maioria, não tem jeito, sempre alguém tem que guiar.Mas deixamos isso de lado.
Gostei tanto dessa cidade, que moraria aqui um tempo. Aparentemente é muito segura, não tem problemas de medo, de segurança. As pessoas na rua têm comportamento tranquilo. As mulheres são muito bonitas, os homens, alguns sim, outros não. Todavia o mais incrível é que não tem uma uniformidade de feições, é uma misturada enorme. A facilidade de locomoção, a invasão dos países do leste, a invasão de turistas, só estando aqui e vendo para se ter certeza do que é o multiculturalismo.
Aliás é isso que se vive aqui onde estou, no quarto tem, 2 coreanas, eu, e agora mais duas, belgas, mas nem tanto, uma de família turca e outra de marroquina; ou seja o livro da Adriana Lisboa perto disso aqui é nada. Por isso que gosto de albergue, tudo bem que não é a melhor coisa do mundo, sem comentários. Mas se estivesse em hotel jamais conheceria gente como se conhece nos albergues.
Fora isso é a disposição para saber das pessoas. Jantamos eu e as koreanas num restaurante, comemos kafka com salada e o garçom me disse que gostava do Roberto Carlos, eu logo cantei – eu te proponho- e caímos todos na risada. Foi ótimo. Consegui enfim ligar para casa, que bom, escutar todo mundo e Alice.
Os dias passam devagar, mesmo anoitecendo cedo, ou talvez por isso, porque chega uma hora em que não aguento mais andar, aí tenho que parar. E venho para escrever.
Um relato cotidiano,nada sentimental, relato apenas, não sei se é isso que eu queria fazer de verdade quanto ao que escrevo. Sei que as impressões mais fortes essas vêm com o tempo, não de imediato, e temo que ao escrever de imediato perca o tempo de elaboração do que vejo e sinto.
Esse tempo, essa forma é que para mim são importantes. Ao observar cada coisa revejo as minhas, coisas da terra ,das pessoas, por isso o viajante é um ser em busca de si mesmo, e como jamais se encontra vive viajando tentando encontrar fora o que tá dentro. Eu sei disso, não busco nada fora, sei que tudo está sempre dentro, as misérias humanas, as angústias, as questões sem sentido, os casos mal terminados, a falta de sentimentos e as loucuras dos outros que temos que aceitar aprendendo a perder.
Tudo isso faz parte da viagem, não seria justo colocar um casaco e uma mochila e esquecer que dentro tem algo que não vai mudar, se não tiver disposição para tal.
Cada mesquita, cada templo, cada praça ,cada ponto tem uma história, mas a história individual, cada um com a sua dentro daquela história maior é que vai dar o clima do lugar. Vou pensar mais sobre isso.
É natal e aqui não tem nada que se pareça com isso, minto, tem muita gente passeando nos pontos turísticos, muita gente viajando, chegando e saindo, mas não aquela loucura de consumo, que na verdade, sejamos justos, mesmo sem natal, deve ter nascido aqui.
O que tem de loja, bazar, tenda, quiosque etc e tal, é uma coisa enorme com tudo que se pode imaginar, é o Saara multiplicado por mil, eu não conheço a 25 de março em São Paulo, mas isso aqui deve ser maior, e algo diferente, é que aqui os vendedores ficam do lado de fora pegando o cliente . Eles vem atrás de você para te capturar para dentro da loja e se você não for eles ficam brabos, querem que você negocie com eles. Se não tem preço, já viu, é para chorar ,negociar, até que ele te convença a comprar.
Fui hoje com as duas coreanas ao Topkapi, Palácio do Sultão, uma coisa tão rica , tantas jóias, parece que o mundo todo presenteava o Sultão. Os aposentos são divinos, não no conceito divino e de luxo ocidental, não, aqui os desenhos, os azulejos os tapetes é que fazem, a riqueza. Tem ouro também, nas jóias e nos mantos, pedras preciosas são muitas, vários diamantes,esmeraldas, safiras, rubis e turquesas. A beleza do local é incrível e tem pontos de onde se vê toda Istambul, e o Bósforo dividindo ásia e europa.
Depois do palácio fomos caminhando, paramos num restaurante comemos kebab, restaurante bem típico, cheio de tapete, confortável, agradável. Tirei fotos.
Aí tomamos o traim elétrico e fomos ao outro lado, saltamos e subimos o morro para Gálata a torre de onde se vê toda a cidade, que é muito grande. Foi construída em 528 pelo rei de Bizâncio. Ao descer fomos por caminhos diversos até a margem do Bósforo onde tem muitos pescadores e também onde se vende peixe fresco. Tirei muitas fotos, mas não estou dando sorte com quem tira fotos minhas, cada qual pior. Será uma viagem onde eu apareço de longe nas fotos, bom exercício de desapego, de perder o narcisismo primitivo do ser.
Sim, porque é interessante, vamos aos lugares e queremos nos ver lá, não basta sentir e estar lá, temos que fotografar o tempo todo, e hoje a tecnologia massifica de tal forma fotografia que também os lugares estão perdendo sua aura.
Eu vi a Mesquita Azul várias vezes antes de entrar nela, de fato é impactante,mas é menos do que eu imaginava. O tamanho das Mesquitas não deixam nada a dever para o vaticano, a igreja de São Pedro, em Roma, ou a Catedral de Aparecida do Norte, todas se impõem pelo tamanho que tem, enormes ,fazendo nós mortais nos sentirmos um átomo diante daquela enormidade. Será que esses arquitetos, se sentiam assim diante de Deus, um mísero grão de área. No entanto, tem também o outro lado, faziam para que o povo se sentisse assim e continuasse a obedecer e talvez temer. Sempre existiu e sempre existirá o cerceamento das vontades da maioria, não tem jeito, sempre alguém tem que guiar.Mas deixamos isso de lado.
Gostei tanto dessa cidade, que moraria aqui um tempo. Aparentemente é muito segura, não tem problemas de medo, de segurança. As pessoas na rua têm comportamento tranquilo. As mulheres são muito bonitas, os homens, alguns sim, outros não. Todavia o mais incrível é que não tem uma uniformidade de feições, é uma misturada enorme. A facilidade de locomoção, a invasão dos países do leste, a invasão de turistas, só estando aqui e vendo para se ter certeza do que é o multiculturalismo.
Aliás é isso que se vive aqui onde estou, no quarto tem, 2 coreanas, eu, e agora mais duas, belgas, mas nem tanto, uma de família turca e outra de marroquina; ou seja o livro da Adriana Lisboa perto disso aqui é nada. Por isso que gosto de albergue, tudo bem que não é a melhor coisa do mundo, sem comentários. Mas se estivesse em hotel jamais conheceria gente como se conhece nos albergues.
Fora isso é a disposição para saber das pessoas. Jantamos eu e as koreanas num restaurante, comemos kafka com salada e o garçom me disse que gostava do Roberto Carlos, eu logo cantei – eu te proponho- e caímos todos na risada. Foi ótimo. Consegui enfim ligar para casa, que bom, escutar todo mundo e Alice.
Os dias passam devagar, mesmo anoitecendo cedo, ou talvez por isso, porque chega uma hora em que não aguento mais andar, aí tenho que parar. E venho para escrever.
Um relato cotidiano,nada sentimental, relato apenas, não sei se é isso que eu queria fazer de verdade quanto ao que escrevo. Sei que as impressões mais fortes essas vêm com o tempo, não de imediato, e temo que ao escrever de imediato perca o tempo de elaboração do que vejo e sinto.
Esse tempo, essa forma é que para mim são importantes. Ao observar cada coisa revejo as minhas, coisas da terra ,das pessoas, por isso o viajante é um ser em busca de si mesmo, e como jamais se encontra vive viajando tentando encontrar fora o que tá dentro. Eu sei disso, não busco nada fora, sei que tudo está sempre dentro, as misérias humanas, as angústias, as questões sem sentido, os casos mal terminados, a falta de sentimentos e as loucuras dos outros que temos que aceitar aprendendo a perder.
Tudo isso faz parte da viagem, não seria justo colocar um casaco e uma mochila e esquecer que dentro tem algo que não vai mudar, se não tiver disposição para tal.
Cada mesquita, cada templo, cada praça ,cada ponto tem uma história, mas a história individual, cada um com a sua dentro daquela história maior é que vai dar o clima do lugar. Vou pensar mais sobre isso.
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
chegando ao velho continente
Istambul 22\12\2010
O avião vai descendo, aterriza, a primeira imagem ao olhar pela janela, aquela bola de sol vermelho se pondo, pensei no país do sol poente, bela imagem, dizendo que o resto ainda está por vir. Dia inteiro de viagem, o segundo depois de ontem, os caminhos são longos, a poeira nunca sai dos cabelos, e eu cheguei aqui. Meio medrosa ainda para chegar no lugar.
Fila, longa fila, no aeroporto, horas em pé. Tirei a bota umas duas vezes pelo menos hoje, tanta segurança... e viver é tempestade, sem guarda chuva,já dizia Rahel por Hanna Arendt..
Meu hostel é atrás da Mesquita Azul, quem não veio, deve vir ver, uma rua cheia de restaurantes e hotéis tão linda que da vontade de ficar. E ainda tem milhões de pessoas querendo saber da onde você é, te oferecendo tudo, chamando para um drink. Pensei logo na Malu, quando saí, o que tem de loja de bijouteria por aqui e só andei um quarteirão, ela ficaria louca.
Os turcos são muitos simpáticos e como o brasileiro não tem cara, vim de metro até um ponto e depois peguei um táxi. Furada que fiz, teria transporte direto a 5 euros, e paguei mais que 15. Vivendo e aprendendo. Motorista não fala inglês, tudo bem nem eu, mas alguma coisa em que ser, eu não falo mas converso, vim conversando com uma menina do karzaquistão , ela mora na Inglaterra, e veio a passeio, tem cara de chinês amenizado. Pele branca e olhos puxados.
Passeie e voltei para o hostel ,hoje é descansar para repor as forças de dia sem dormir, no avião, e com os fusos, tem diferença.
Não bati nenhuma foto o que começo a fazer amanhã.
Paris, 22\12\2010
Começando pelas máquinas, sem dúvida esse mini computador foi a aquisição mais maravilhosa dos últimos tempos.Por isso até esqueci da caneta.
Vamos escrevendo direto e conectando com o mundo. Pode ser ruim porque não se desliga nunca, por outro lado é a informação. Pretendo ir escrevendo sempre, relatos e não relatos. Impressões de viagem... é isso que vou fazer.
Ainda está escuro não amanheceu, parece que começa o sol a sair. Nasce tarde e dorme cedo esse sol por aqui no hemisfério norte, essa época do ano. Pode isso parecer que o tempo é curto, ainda mais para quem vive muito o dia como eu.
Não sou noturna, gosto do dia, de produzir de dia, de vibrar com ele na sua esplendorosa luz.
Vou parar sabe-se lá quanto tempo ainda vai durar essa bateria...
O avião vai descendo, aterriza, a primeira imagem ao olhar pela janela, aquela bola de sol vermelho se pondo, pensei no país do sol poente, bela imagem, dizendo que o resto ainda está por vir. Dia inteiro de viagem, o segundo depois de ontem, os caminhos são longos, a poeira nunca sai dos cabelos, e eu cheguei aqui. Meio medrosa ainda para chegar no lugar.
Fila, longa fila, no aeroporto, horas em pé. Tirei a bota umas duas vezes pelo menos hoje, tanta segurança... e viver é tempestade, sem guarda chuva,já dizia Rahel por Hanna Arendt..
Meu hostel é atrás da Mesquita Azul, quem não veio, deve vir ver, uma rua cheia de restaurantes e hotéis tão linda que da vontade de ficar. E ainda tem milhões de pessoas querendo saber da onde você é, te oferecendo tudo, chamando para um drink. Pensei logo na Malu, quando saí, o que tem de loja de bijouteria por aqui e só andei um quarteirão, ela ficaria louca.
Os turcos são muitos simpáticos e como o brasileiro não tem cara, vim de metro até um ponto e depois peguei um táxi. Furada que fiz, teria transporte direto a 5 euros, e paguei mais que 15. Vivendo e aprendendo. Motorista não fala inglês, tudo bem nem eu, mas alguma coisa em que ser, eu não falo mas converso, vim conversando com uma menina do karzaquistão , ela mora na Inglaterra, e veio a passeio, tem cara de chinês amenizado. Pele branca e olhos puxados.
Passeie e voltei para o hostel ,hoje é descansar para repor as forças de dia sem dormir, no avião, e com os fusos, tem diferença.
Não bati nenhuma foto o que começo a fazer amanhã.
Paris, 22\12\2010
Começando pelas máquinas, sem dúvida esse mini computador foi a aquisição mais maravilhosa dos últimos tempos.Por isso até esqueci da caneta.
Vamos escrevendo direto e conectando com o mundo. Pode ser ruim porque não se desliga nunca, por outro lado é a informação. Pretendo ir escrevendo sempre, relatos e não relatos. Impressões de viagem... é isso que vou fazer.
Ainda está escuro não amanheceu, parece que começa o sol a sair. Nasce tarde e dorme cedo esse sol por aqui no hemisfério norte, essa época do ano. Pode isso parecer que o tempo é curto, ainda mais para quem vive muito o dia como eu.
Não sou noturna, gosto do dia, de produzir de dia, de vibrar com ele na sua esplendorosa luz.
Vou parar sabe-se lá quanto tempo ainda vai durar essa bateria...
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