domingo, 20 de outubro de 2019

Nada como dois dias de passeio para relaxar

Então que você se estressa na semana, vem o sábado e domingo e   te dão folga  com direito a passeio. Nada melhor, até a queimação na boca que voltei a sentir passou, hoje não tive, também não comi o dia todo.  Acordei as 9 tomei café e saí com Jayne  e  Keith, de van para um Market  de domingo. Isso que dizer uma feira de tralhas e não tralhas que ocorre cada domingo num lugar, tipo feira da praça xv,  só que hoje por estar chovendo muito e frio tinha quase ninguém negociando.   Ainda bem, eu digo pois se não acabaria caindo em tentação.  Tem de tudo,   tudo mesmo. E é incrível a atração deles por isso. Parece que ninguém compra nada novo. Ficam procurando as coisas antigas e baratas e haja tralha, o Keith vai todo domingo. Infelizmente hoje como ele chamou a Jayne e ela me chamou  não deu para os chilenos irem, acho até que eles propuseram,  mas pelo que senti ele queria ir sozinho com Ela, mas ela me chamou e eu não ia recusar. Para mim foi ótimo, mas creio que estava pintando certo clima. Passeamos todo dia  por estradas  grandes e pequenas e depois chegamos a POITIERS, que eu não conhecia pois só cheguei na  rodoviária. Linda cidade. Várias Igrejas,  ruas bonitas, e espaço  bem interessantes, entramos no Palácio de justiça e estava tendo uma exposição do kimsooja uma sulcoreana  que  givi em Nova York, arte pos moderna,  tinha uma grande mesa onde as pessoas pegavam argila e moldaram como quisessem,a maioria bolas e a ideia era  ter naquele espaço o universo.  Minha bola ficou um peão. Gostei e deixei.  Depois numa sala um filme  com os vários trabalhos , o filme é no Marrocos, e vi ali Coisa a belíssimas, o trabalho de bordar, de moldar o barro para fazer Tajine,   o trabalho do povo nos tanques de amaciar o couro, como o que vi em Fez ,  o barro para fazer aqueles azulejos que montam os mosaicos árabes,  e também as tecelans que fazem os tapetes.  Lindo mesmo.  Depois fomos caminhar  e tomar um café.  Não almoçamos.  Ele nos trouxe, e aqui  tomei sopa e depois eles saíram  de novo. Eu não quis ir , talvez eu esteja errada , ambos são casados, mas eu não quis empatar mais do que todo o dia.
Precisaria de alguém mais sagaz para avaliar. 
Ontem também foi ótimo pois  fomos a vários lugares,  e comemos num  blog restaurante de comida do mundo todo.  Tipo selfservice   só que sem balança, comi japonês, chinês e outras coisas.Depois  cau nos doces francesa. Aff. E sem caminhar porque chovia demais .
Vimos ontem uma casa para Jayne, estranho que a casa tinha 3 espaços em lugares diferentes. Um era um primeiro andar  no piso da rua onde funciona um tipo galeria, encima os 3 quartos e banheiro. Depois em outra rua um cave,  um beco, ondetembarril de vinho guardado e depois uma barracão com um jardim atrás , acabado , mas um excelente espaço. Esses 3 espaços por 47 mil euros, isso dá menos de 200mil reais.  No coração da cidade de San Lois.   Dá para fazer um negócio  e ainda  construir uma casa.  Ela já pensou em fazer um b&b pois a casa atual dela é um antigo hotel que ela dá, isso.  Aqui também na Paula é isso. Ou seja,  principalmente no verão é que o povo ganha dinheiro . Pois no inverno nada tem.
 Reparo que tem muita coisa sendo vendida, nessas pequenas vilas.  EM Ville Franche de Rouergue  também muita coisa sendo vendida e como disse as cidades parecem fantasmas. 
Por aqui ainda é pior nas vilinhas, em cidade como Potiers não, tem muitas lojas e muito movimento durante a semana. 
Essa semana fará 2 meses que estou por essas bandas. Muito já vi e muito por ver.
Muitas ideias e possibilidades para levar. 
O que as pessoas estão procurando agora,  será que temos  no Brasil, eu tenho na  cidade , o mesmo potencial por desenvolver, ou Lá é tudo tão diferente assim.Acho  que num mundo que busca a sustentabilidade certas coisas são essenciais. Um novo olhar sobre os produtos, uma sobrevida mais longa para tudo que se tem. Não dá mais para produzir em excesso e criar cada vez mais lixo e cada vez mais consumir os recursos naturais, pois vai chegar uma hora que não mais terá petróleo, água, etc,o mundo caminha para exaustão dos recursos. 
 O que tenho visto por aqui são os dois lados,  nas duas casas muita desorganização,  entretanto na mais rica, um excesso de coisas,  coisas muito boas, nada  é jogado fora,   Nada, mesmo.  Produz-se muito lixo também na casa rica.  As coisas industrializadas são muito embaladas e enquanto em uma  se reutilizável até os sacos de papel, na outra  nada disso.  Se separa  um pouco. Por exemplo tudo que  é verde ou comida vai para compostagem.   Mas  as  vezes a compostagem é uma zona.
Não tem os níveis separados. 
 Eu na jardinagem  separei muita coisa pois podei muitas plantas, mas tudo foi jogado junto no mafuá. 
Outra coisa que se faz, terrível eu achei, e queimar  os galhos. Semana passada foi muita queima, minha roupa que estava na corda ficou um horror.  Também a lenha para as lareiras. Muito tronco para o inverno é  separado, creio eu que a lenha deve ser mais barata que o gás que aquece aqueles aparelhos.  
O que não sei  é se há reflorestamento suficiente. Toda casa tem uma reserva de lenha. Será que só tiram?  
Sei que a Madeira é renovável , mas tem que ser plantada e esperar crescer.  É cada tora de madeira que não sei em quanto tempo chega ao tamanho em que é colhida.
 Nessa região em que estou agora, tem muita plantação, muita mesmo, é comportamento agrícola.   Óbvio que algumas devem ser orgânicas, mas tenho certeza que  não tudo.  Girassol e outras coisas é o que vejo.  Grandes máquinas e terrenos preparados para a plantação.  Essa semana a chuva chegou generosa e é incrível  a marcação da mudança de estação.  Folhas caindo, verdes que viram vermelho e marrom, outras amarelas no matiz de cores fabuloso. De fato uma paisagem singular.  FRIO ainda não é demais,   o vento é chato. E aqui como tem pouca montanha nesse meio, o vento é muito forte, aqui perto tem vários enormes cataventos e redes de transmissão sobre as plantações. Ou seja energia limpa, bem diverso  do midi Pirineus, que era muito montanhoso. 
Assim vou conhecendo tudo.  Talvez ainda veja mais por aqui em janeiro. Tudo vai depender. Tudo mesmo.
 Em cada igreja que entrei hoje e sempre meu agradecimento e meus eternos pedidos, que serão e são atendidos.


sábado, 19 de outubro de 2019

Novas vilas, antigas, muito antigas

Sant Louis

Paternay

Mais uma na rota do caminho de Santiago na França

Outono e suas cores

sexta-feira, 18 de outubro de 2019

No quarto

Sextou de novo

Sextou por aqui e o trabalho não pára, a jardinagem,  e o pior o cara foi embora e eu agora além de cortar também tenho que tirar o que cortei e levar no carrinho para a compostagem. Buaaaá. Pior sem ele.
Mas semana que vem a essa hora não estarei mais aqui.
Nova etapa, novos caminhos e descobertas. Crianças, cidade, aulas. Ou seja, talvez tudo diverso.
Parece que depois que falei com Jayne e expressei meu tédio e que queria sair para passear resolveram sair comigo amanhã, assim espero, se me dão o carro eu vou sozinha, mesmo com o volante do lado direito. De bike é que fica brabo, pois têm vento e não é descida.
Cortei muita coisa de manhã e terminei o jardim da frente da casa na rua. Meu quadril doi, tensão ou trabalho,nunca sei. Dormi bem. Mas a preocupação continua. 10 dias para fazer 2 meses. Talvez considere a possibilidade de voltar  antes.
Saí para caminhar com Ella, andamos uma hora, peguei hora sois secos para semente, plantei, espero que nasça.
Almoçamos tarde, camarão, pão,maionese salada, patê e queijo.
 Tomei meu banho cedo,  e tô aprendendo a me controlar.  O contrato é de 5 horas por dia, cumpri as minhas, na verdade muito mais.  Então agora vou ficar de bobeira no quarto escrevendo. Tentando ver se meu computador conecta.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Arrumando o anexo para fotos

A casa

Momento de tensão

Nem sempre  as coisas são simples.  Depois de ontem do estresse  aqui na casa com o  rapaz da Ucrânia,  ele me mandou mensagem pedindo o endereço de onde fiquei antes de vir para cá. Tive dúvida,   receio,  não sabia o que fazer. Então resolvi que mostraria a  mensagem.   Afinal eu estou na casa  e mal conheço qualquer dos lados.
 Hoje  o Kis, inglês veio para conversar  com o rapaz e levá-lo. Eles decidiram assim. Eu nada tenho com isso.
Na saída eu estava na cozinha e o rapaz veio.   Me pediu para guardar sua bagagem no meu quarto, que tinha  coisas de valor,  eu disse que não, que guardasse na lavanderia.  Eu não queria   complicação para mim.  Sei lá o que tinha ali, talvez ele não tivesse entendido que esteja sendo despejado.
Ele insistiu, disse que seria umas horas apenas.  Eu disse não.  O que eu faria, morri de pena,mas  aquilo poderia me comprometer.   Não queria levá-lo ao meu quarto, com  meu dinheiro e passaporte, muito menos  guardar as coisas dele. Não era para ele voltar. Eu  de  fato não entendia o que ele dizia,  e fazia mais ainda sinal que não entendia.
 Achei melhor falar com Jayne, explicar o que ele pedia,  e assim fiz.   Talvez ali quando Paula  foi falar com ele é que ele entendeu.
Na verdade, ela  já estava de saco cheio dele faz tempo. 
Ele não tinha iniciativa,  só ficava  no quarto. Contou uma história que tinha asilo político , mas não se sabe.
Talvez eu o tenha decepcionado. Mas o que eu poderia fazer? 
Eu pensava e se tem uma  bomba na mochila.  Quem é ele,   se não é  um workaway,   um exilado político é um  refugiado,  não imigrante. E por que espera para saber onde vai?  E  por que não decide a própria vida?   E por que  se faz de sonso?   Ele entendia o que diziam, ele escreve em inglês, fala.   Qual seria a intensão dele.  Escreveu uma carta para Paula e depois diz que ela era estranha.
Não sei,  não quero ser injusta, mas o que esperaria. 
Achei que ele ficou me rondando queria  falar ou pedir, e eles não levavam. Até que falei com Paula,  por que esperam?  Leva logo se é para fazê-lo.  Ela muito ocupada arrumando a outra casa para fazer fotos para alugar.
 Até que foram, respirei aliviada. Mas tensa. Depois do almoço vi o zap da família, parece que juntou toda tensão e desejei a chorar e não conseguia parar. Aff,  falei  com EMILI,   agora com Alice que tá  doentinha hoje com febre e melhorei.  Sentei aqui no sol para escrever e esquentar.
 Ou seja, até aqui tenso.


quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Quando tudo parece calmo

Muito trabalho  no Jardim pela manhã e à tarde  sentei, descansei,   corrigi texto e escrevi.  Entediada que estou com esse lugar que não tem nada,  plantações e  zero de gente, nem o pobre do aplicativo detecta alguém.  Exceto o caixa do supermercado Carrefour  ,( 6 km de distância) que reconheci na foto.  Aff!! 
 Depois de sair para caminhar com a cachorra, voltei à sala com lareira e fui tomar meu banho. Depois do jantar que foi  servido no prato na sala da lareira  o clima esquentou. Não sei direito o que aconteceu,  e me pareceu uma discussão,   aí que a dona da casa, fica puta com alguma coisa que foi feita  errado, no que diz respeito à colocação do lixo para fora, na verdade ela já está tensa com a história faz tempo. Parece que rolou, rolou algo que diz respeito à natureza jurídica do outro workaway.
Como já havia dito, acho que de fato ele não é  o que parece,   tapado ou coisa assim, talvezse faça disso. Meio sonso,  cuja  situação seja controversa.
Seria mesmo exilado político, ou  não passa de imigrante ilegal.  Talvez diga para mim uma coisa é faça outro, e seja outra,  meu medo é ser terrorista aguardando na célula a hora de agir.
 Fiquei tensa que comi todo chocolate belga que ganhei ontem.
A dona da casa também, afinal ela também não é francesa e vive aqui. Pode dar ruim para ela abrigar alguém que não tenha visto.
 O que eu sei,é que isso tá maus pata história  de detetive. 
Támbem o cara parece que escreveu para a dona faz dias e meio  falava umas coisas . 
Não sei como é esse povo.
Sei que me coloco dos dois lados.  Dele e dela.  De mim ele até parece gostar, nos demos bens, eu o ajudo e ele a mim . Mas ele já esta aqui a quase  2 meses, tempo que eu ficarei na Escócia, mas eu fui combinada e posso sair a qualquer momento.
Sei que  ele entende bem inglês e  ao contrário de  mim,sabe exatamente o que falam e porque falam.
Fiquei preocupada, ao que me pareceu, ela  vai levá-lo amanhã para Poitiers. 
Não sei o que ele espera, ou se é apenas alguem querendo fugir de sua condição. Eu fiquei com pena dele .Mas não sei.



terça-feira, 15 de outubro de 2019

O outono chegou



 Junto com outono suas cores e paisagens em transformação. Tudo muda de cor e tudo muda seus estado em poucos minutos, como uma  folha verde que fica amarela e cai, um dia depois ela está marrom manchando a grama.  O tempo, esse agregado da natureza, também muda o a cada segundo, impressiona como em um dia, tempos todas as temperaturas e estados, sol, chuva, frio, vento,calor, chuva com sol e as folhas caem como se fosse chuva. Varemos e um segundo depois tudo está cheio de novo de  folhas.
 Levantei tarde nesses dias, mesmo porque  não tenho dormido bem,  acordei as 3 da madrugada e  quem disse que dormia. Peguei então o celular e vi , nem sei mais o que, pois que também não queria  escrever,  mais um tempo e sono veio, todavia conturbado, preocupado.
 Quando   vi já estava na hora e eu hoje aproveitando que choveu muito queria  trabalhar no jardim.
 trabalhei sozinha  toda manhã,  plantando, arrumando vasos, cortando, varrendo as folhas e juntando  e depois a  tarde também.  Preciso me controlar para não querer fazer tudo no mesmo dia,  afinal ainda tenho 10 dias aqui. O jardim já tem outra cara, resta saber se  vai ter  manutenção no que estou fazendo, certamente não.  Ao meio dia fiz almoço, risoto com vegetais e frango     que   ficou muito bom. Alexandro  só chegou na hora do almoço, estava na casa. Das duas uma ou faz mesmo corpo mole de   desentendido ou a coisa é mesmo grave.
 Fiquei pensando se de fato ele é algum grupo e fica esperando alguém definir  para onde ele vai. Me disse que  a cabeça estava queimando, pois estava com problemas. Eu perguntei se ele decidia para  onde iria ou se decidiam por ele. Não entendi a resposta, talvez tenha se evadido. Ontem na sala, após a tempestade e antes de eu fazer o jantar conversamos sobre arte, eu falei a ele sobre Walter Benjamim e  Hannah Arent     que ele não conhecia, pelo jeito o curso é mais pautado na linguística que em teoria. Expliquei para ele sobre a aura da obra da arte, a sua quintessencia e a reprodutibilidade técnica, ele parece ter gostado.
Está escrevendo um livro em inglês,  ou seja , deve saber muito, é  de  aventura, ficção  , perguntei a história  ele não me falou, perguntei do personagem principal, também não, disse que são muitos.
 Não sei se tenho pena, pois que liberdade  ele não tem, se for de uma célula terrorista muito menos. Disse-me que tem 5 irmãos, ou 4 , que seus pais tem 48 anos. Ou seja, ele poderia ser meu filho.
Minha anfitriã chegou junto com sua amiga, eu estava caminhando com Ella, a cachorra, trouxe-me chocolate belga de presente. Fiz o jantar e coloquei a mesa.
Tomei  o resto de champanhe que estava na geladeira. Minha próxima anfitriã me  escreveu,  olhei de novo o perfil dela, tem um bebe de 1 ano e hoje tinha um feedback de uma casal de brasileiros que lá estiveram. Ainda vi na tradução que ele toca forro.  Já vi que vai ser mesmo muito diferente a próxima casa, onde vou cozinhar e arrumar e cuidar das crianças. O pior é que a criança ainda deve usar  fraldas. aff! e vai falar português, dois meses lá. Oxalá tudo corra bem.
 Limpando  o jardim  hoje coloquei Maria Gadu e Caetano, cantando juntos, depois Marisa Monte e Cancanhoto, como nossa música é rica, cada uma que cantava mais eu me identificava com a letra. Ia trabalhando  a mente naquele transe, agora entendo o bem que faz cuidar das plantas, parece que desestressa, ta aí mais uma coisa a ser feita na fazenda. Vejo também o quanto aprendi  com minha mãe, o quanto sei, e como sei, As  vezes descobrimos  que sabemos coisas que  não nos damos conta, e isso é  de fato fabuloso. Se a mente está aberta nós trafegamos em estados diversos e nos descobrimos cada  vez mais.
Lembro do romance de  meu amigo " É o inverno Leon", e me dou conta que é no outono que  perdemos as  amarras, ficamos secos, para depois voltar a sorrir na primavera e no verão. No inverno hibernamos.
 AH, sim, com tanta música, tanta transformação, vamos indo, indo, indo. 

cores do outono



Casa temporária Pressigny


Cachorrinha das trufas


cachorrinha das trufas


Da janela do quarto de dormir


segunda-feira, 14 de outubro de 2019

Uma tarde, uma hora, um minuto, um segundo


                




                    16h 20 minutos, dia 14 de outubro, a casa estava vazia,  nenhum  ser trafegava naquela tarde,  estava apenas eu e meu computador . Sentada na sala aristocrática  com móveis e acessórios ingleses do Lord Dolmer tudo parece escurecer. Olho pela janela e uma imensa tempestade se avizinha. A sala naturalmente clara tem que ter as luzes acesas,  a trovoada de verão que se dá no outono traz junto consigo os raios e a chuva.
               Saio correndo para pegar as  roupas na corda, dois imensos lençóis brancos e fronhas também brancas, o vento é tão forte que quase perco os têxteis, retiro todos e me dirijo a lavanderia escura, uma porta dá somente para aquele espaço, não sei onde é a luz, por isso deixo a porta aberta e começo a dobrar, mais ou menos, os lençóis.  Vejo vários interruptores e disjuntores, aperto todos e  um deles faz a luz de repente acender. Termino o trabalho, fecho a porta que da  para  fora e   apago a luz , começo a sair e  outra  porta atrás de  mim bate com toda força.  Do lado de fora os roncos da trovoada  aumentam.  Descubro que  deixei aberta a janela da cozinha, um grande janelão de  vidro que bate sem parar, corro lá fecho, mas o trinco normal está emperrado, o fogão  vai molhando e finalmente consigo um outro trinco.  Penso nos outros cômodos da casa, estaria algum aberto, são 3 andares, do solo ao topo e ainda tem um subsolo que é um mafuá  só de  tanta coisa que tem numa bagunça terrível, tudo junto e misturado. 
                  Volto para sala, tudo está muito escuro, acendo a luz principal, pego meu o computador e começo a   usar. A internet não funciona,  roda, roda e nada acontece. O barulho da  chuva fica mais forte, forte, forte. Sentada no sofá chique,  vejo pelo vidro a minha frente o reflexo das árvores do lado de fora se debatendo e dançando com o vento.  O céu tem aquela cor esbranquiçada mas está escuro. A luz da sala é amarela e a parede também, os sofás verde e rosa pálido, esse mesmo que o povo usa na boca agora, nude, num tecido sofisticado. Sobre o cravo, ou seria piano,  três fotos, uma de um casal com máscaras, outra de uma mulher vestida de noiva e outro de uma menina.  Na parece o Lorde em trajes  de nobreza e aquele cabelo ou peruca brancos. Embaixo do piano uma mala velha daquelas antigas, não está deitada, estranho, está em pé. Quem colocaria uma mala de decoração em pé?
                  Passo os olhos pelo resto do ambiente, atrás do sofá verde a minha frente tem uma porta de vidro e do lado esquerdo da porta uma mesa cheia de retratos, embaixo da  mesa  um objeto interessante, dois círculos de madeira na horizontal com vários carreteis de  linha de coser.   Na mesma parede a lareira e sobre ela um grande espelho, o espelho aumenta o tamanho da sala.
                De repente  o silêncio invade a sala,  nem trovão, nem  chuva, nem  vento, nem  nada, apenas a respiração do computador. Enfim, tudo não passou de  alguns minutos  na observação da natureza das coisas.         



domingo, 13 de outubro de 2019

Feira de campo, nada de anéis

Domingo 13 de outubro.
Estou numa  feirinha de campo e tomei coragem  e sentei do lado com meus anéis.  Coloquei a 8 euros. Não sei se o público  é para isso.
Mas imediatamente veio uma chata  e me perguntou  se eu era amiga da Paula , eu disse que sim,  eu disse que fazia os  anéis, e perguntei se podia ficar.  Ela meio sem graça disse que não.  Então enfiei a viola no saco e fazer o que? Nada.
Fotografar o resto da feira  e pronto. Voltar para  casa e ficar o dia inteiro de boas  como diz meu amor.
 No fundo achei uma sacanagem, em nada  afetaria a feira, certamente os vendedores deveriam pagar uma taxa para a organização.
 Voltei para casa, ajudei Susan com algumas coisas, almoçamos e eu descansei. Bom,  pois de fato andava muito cansada com toda aquela trabalheira na casa e eu com toda dedicação. Depois que Su e Peter se foram eu e Alexander ficamos sozinhos, fomos caminhar com Ella e voltamos a casa. tomamos chá e conversamos todo tempo. Lógico que o assunto foi política, e ele me contou que está na condição de  exilado político da Ucrânia pois estava sofrendo ameaças lá. Sem maiores detalhes pois quanto mais se sabe, mais comprometido se  fica. Mas mesmo assim fomos falando sobre tudo, ele  parece que escrevia e  alguns não gostaram. Acho que é  poeta e se interessa por isso.   Ficou então menos tímido só comigo e fala mais alto  para fora e não para dentro com medo. Afinal é um  homem de 27 anos, podia ser até meu filho. Já sorri . Eu hoje perguntei se ele tinha namorada ou namorado na Ucrânia, disse que nenhum dos dois.          

 Fiz o jantar e  conversamos ainda mais, ele preguntou da poesia do meu pai  e eu mostrei a ele.

Fico pensando na vida dessas pessoas, exiladas,  que não sabem o que farão da vida. Um caminho incerto, um medo das coisas e das pessoas, uma  condição que não se explica. Bem certo então que ele não é um workaway,  pelo jeito, é  sério que devia estar passando fome. Disse-me que não quer ficar na França e  também não sabe ao certo onde vai. De onde será que ele vai tirar dinheiro? 
Ou seja, as  condições políticas do mundo  nunca serão plenamente de paz. Sempre haverá alguém  oprimido, pois que sempre se tem um opressor, seja lá em que nível for.  A  liberdade de expressão e de vida é  uma grande ambição e muitas vezes as  pessoas se aprisionam e depois não conseguem sair. Tem gente que foge, outras que se aprisionam em seus casulos e passam a viver para dentro com medo de tudo. Uma  vez meu professor disse: liberdade é o sonho de quem se deixou aprisionar.  Mas como isso se dá? de várias  formas, por querer ou sem querer, na verdade   todos temos a ilusão de  que a liberdade é algo de fora para dentro, mas primeiro ela tem que estar dentro e faz parte de  como você entende o de dentro com o de fora. 
As vezes a  pessoa tá tão presa e não se dá conta disso, outras vezes a prisão é nos sentimentos, nos costumes, nas relações abusivas. Também tem prisão na culpa, quando se deixa de fazer, ou se faz e dá ruim,e não tem como consertar e aquela sensação ficará eternamente te culpando e te aprisionando. Pessoas que  não sabem perdoar e que guardam rancor ficam presas por inteiro a esses sentimentos e parece que são infernizadas por eles. Essas acho que nunca terão paz  e sem paz não há liberdade.Acho eu. Ambas vem de dentro, uma vez que você tem de verdade paz ela te dá liberdade de  ser e fazer o que você quer, sem culpa de nada, sem querer mais ou menos, apenas o necessário.
Muita coisa tem passado pela minha cabeça esse tempo, de fato  é um tempo que me dei para não pensar em nada, não saber de nada, não tentar entender nada. O que mais faço é desenvolver o senso de observação que nunca me foi bom, de atenção no que faço, com calma e tempo. Quando estou cortando no jardim, estou plena ali, concentrada, também quando limpando e arrumando. A responsabilidade em fazer bem feito.
Engraçado, me dou conta que estou sozinha nesse imenso casarão, ex mosteiro com suas paredes de pedra e suas madeiras rangendo. E tá fazendo um barulho esquisito  de vez quando parece uma água caindo ou algo ligando e desligando. Levantei para ver e nada. deixa pra lá,  não vou ficar ligando para isso. Amanhã novos afazeres, pretendo arrumar uma cabana do jardim  onde tem todo material de jardinagem, muitos potes e instrumentos e sementes que vou plantar. Minha dor melhorou, talvez por um processo de desobstrução  intestinal. Que saco isso.
 Mas como ia dizendo, acho que esses meses são um tempo para mim, mas que tudo, de fato sabático, lógico que certas preocupações persistem, e pensamentos repetitivos também, mas tudo também tem a ver com os hormônios e datas, somos seres hormonais, químicos  e  físicos.     Ou seja,  substâncias e energia, é isso, e nossos pensamentos não seriam diversos disso também, continuo com a minha sertralina e  a ignácia e um champanhe vez por outra como hoje. Prometi a minha amiga Emilia que tomaria por ela, logo quando tem eu tomo, de noite, longe do remédio. Aqui o povo bebe sempre, um bom vinho junto às refeições. Coisa normal.
E vamos indo, mais 10 dias por aqui e me vou para a cidade luz.
Muitas coisas ainda por decidir, o natal, o ano novo, as férias efetivamente em  janeiro. Preciso  resolver pois tudo que se compra encima da hora é muito mais caro.
Ontem falei com Alice e achei ela meio tristinha, me disse que estava com sono. Tô com saudade da minha garotinha que reclamou que eu não mandei pelo correio o presente dela, vê-se mal acostumada pela tia. 
Vou a partir de amanha mudar meus métodos em duas coisas, estudar pelo menos 20 minutos por dia,  comer menos pão e caminhar .  Metas a serem cumpridas antes do frio chegar.
Ai os barulhos, devem ser os esquilos do lado de fora. Vi dois, ontem e hoje, com uma linda cauda  felpuda. Também vi bichinhos como porquinhos da índia. Muito fofinhos, E galos que parecem estar  de  meias.    


sexta-feira, 11 de outubro de 2019

Sextou mais uma vez

11 de outubro.
Os fantasmas não apareceram na noite passada  e olha que eu ainda assisti a um programa sobre os subterrâneos de Londres.  Depois comi sozinha todo o chocolate que ganhei no aniversário numa linda caixinha e fui dormir. Sonhos não muito agradáveis  eu tive com furtos e perdas de documentos.
 Mas nenhuma freira  veio me visitar, apaguei tudo. Nem Ella, a  cachorra, dormiu aqui. Hoje fiz minha mudança para o novo quarto, ficarei junto com os hóspedes uma vez que Paula  viajou. Não é minha função atende-los, vieram de carro da Inglaterra até aqui para um casamento. Tudo arrumado para recebe-los, Chá com  bolo de limão e champanhe.
Acontece que aqui não tem  nada e  o povo tem que ir ao mercado em Thenezai e  vai sobrar para Susan organizar  a comida. Susan é amiga de Paula e também  como  uma empregada de   longa data que mora na  Inglaterra e veio junto com o marido Peter para ajudar Paula e preparar o quintal para o inverno, eu a estou ajudando,  não é  novinha, são ingleses com cara de ingleses    são simpáticos e não falam  francês.  Hoje no mercado
 Eu arrumei muita coisa e  hoje estava de folga mas , nada para fazer fui arrumar uma mesa na lavanderia. Meu Deus  que é aquilo.  Tudo e  mais um pouco, acho que ela  não joga nada fora, não é possível e com essa coisa de  ter que estar com os quartos livres sem ocupação dos armários  tudo é colocado naquele cômodo, impressionante. arrumei um pouco a mesa separando as coisas, mais inviável de  se  organizar tudo num dia, ela teria que  sentar e jogar muita coisa  fora.  E pelo que vejo é assim que acontece, as pessoas procuram, não acham, então compram outros objetos, isso é o consumismo e acaba tendo muito de  tudo e tudo de muito boa qualidade.
A tarde  saí para andar um pouco, não fui de bike, pois depois do tombo de ontem,  fiquei meio baqueada na  mão e no quadril.  Pois então bike leve com marcha, na marcha errada ela parou e fui movimentar e pow, no chão.
 Diferente de Ville franche, mas também    deserto é isso por aqui. As estradas se cruzam, tudo muito bem cuidado e tratado, até porque é área de produção tem que ter  estrada para escoar a produção. Mas me pergunto cadê o povo. o banco crédito agrícola é o mas encontrado pela região. Tem sempre uma boulagerie, padaria, mercado, e igreja fechada, hoje arrisquei e meti o olho pela buraco da fechadura da igreja para vê-la por dentro, mas  só consegui ver o altar  ultimo e seu vitral.
Já estou com minha passagem para dia 24 ir para Paris e  29 Edimburgo. Oxalá tudo corra bem aqui e no    Brasil principalmente.
 Olhando esse vilarejos lembro do filme de Vardá, VillagesVisages, ou o contrário,sempre erro e  fico pensando se de fato nesses lugares a vida corre diferente. Lugares que não são turísticos. O cara do caixa do mercado hoje ficou me olhando que parecia que eu era um ET.Não sei se  me achou bonita ou feia.
No jantar que hoje foi na casa anexa terminamos e ficamos conversando, o casal eu e Alexander,  i lógico que o papo fui política e  comunismo e não comunismo. E  de novo tenho que explicar em inglês a questão  da Amazõnia.
Susan é um amor e acha que eu entendo tudo que ela tá falando, ai meu Deus. mas  duas coisas eu sei bem, a gíria Super, tudo eles falam supeeeér  e  o copotea, Inglês a cada duas horas pelo menos toma uma caneca de chá com leite ou não.