16h 20 minutos, dia 14 de outubro, a casa estava vazia, nenhum ser trafegava naquela tarde, estava apenas eu e meu computador . Sentada
na sala aristocrática com móveis e
acessórios ingleses do Lord Dolmer tudo parece escurecer. Olho pela janela e
uma imensa tempestade se avizinha. A sala naturalmente clara tem que ter as luzes
acesas, a trovoada de verão que se dá no
outono traz junto consigo os raios e a chuva.
Saio correndo para pegar as
roupas na corda, dois imensos lençóis brancos e fronhas também brancas,
o vento é tão forte que quase perco os têxteis, retiro todos e me dirijo a
lavanderia escura, uma porta dá somente para aquele espaço, não sei onde é a luz,
por isso deixo a porta aberta e começo a dobrar, mais ou menos, os lençóis. Vejo vários interruptores e disjuntores, aperto
todos e um deles faz a luz de repente
acender. Termino o trabalho, fecho a porta que da para
fora e apago a luz , começo a
sair e outra porta atrás de
mim bate com toda força. Do lado
de fora os roncos da trovoada aumentam. Descubro que
deixei aberta a janela da cozinha, um grande janelão de vidro que bate sem parar, corro lá fecho, mas
o trinco normal está emperrado, o fogão
vai molhando e finalmente consigo um outro trinco. Penso nos outros cômodos da casa, estaria
algum aberto, são 3 andares, do solo ao topo e ainda tem um subsolo que é um
mafuá só de tanta coisa que tem numa bagunça terrível,
tudo junto e misturado.
Volto para sala, tudo está muito escuro, acendo a luz
principal, pego meu o computador e começo a
usar. A internet não funciona,
roda, roda e nada acontece. O barulho da
chuva fica mais forte, forte, forte. Sentada no sofá chique, vejo pelo vidro a minha frente o reflexo das
árvores do lado de fora se debatendo e dançando com o vento. O céu tem aquela cor esbranquiçada mas está
escuro. A luz da sala é amarela e a parede também, os sofás verde e rosa pálido,
esse mesmo que o povo usa na boca agora, nude, num tecido sofisticado. Sobre o
cravo, ou seria piano, três fotos, uma
de um casal com máscaras, outra de uma mulher vestida de noiva e outro de uma
menina. Na parece o Lorde em trajes de nobreza e aquele cabelo ou peruca brancos.
Embaixo do piano uma mala velha daquelas antigas, não está deitada, estranho,
está em pé. Quem colocaria uma mala de decoração em pé?
Passo os olhos pelo resto do
ambiente, atrás do sofá verde a minha frente tem uma porta de vidro e do lado
esquerdo da porta uma mesa cheia de retratos, embaixo da mesa um
objeto interessante, dois círculos de madeira na horizontal com vários carreteis
de linha de coser. Na
mesma parede a lareira e sobre ela um grande espelho, o espelho aumenta o tamanho
da sala.
De repente o silêncio invade a
sala, nem trovão, nem chuva, nem vento, nem nada, apenas a respiração do computador. Enfim,
tudo não passou de alguns minutos na observação da natureza das coisas.
Suspense...
ResponderExcluirComo você narra bem!!!
ResponderExcluirLindo.Elis a poesia consagra este momentos. Escrevemos para fugir do tédio, dos medos, dos horrores. Tudo é transformado em poder e amor. Começando pela natureza... Tudo em conformidade... Os raios, a chuva, os ventos, o céu... Tudo acontecendo como um dia de chuva de verão...
ResponderExcluirUm belo texto de um momento feliz, a poesia fluindo nas entrelinhas.
ResponderExcluirAmiga, mais uma vez fiquei perto de você. Tive a sensação perfeita de ser conduzida pelos ventos que sopravam o seu dia...
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