Qual seria a resposta para essas duas questões? Tem gente que fala que viajou e fica em toda conversa falando sobre isso, tem gente que não fala nada, tem gente que não fala, não escreve e fica quietinho, tem gente que nem viaja, nem no tempo, nem na arte, que dirá na experiência de outro.
Queria poder sentar e escrever as viagens imaginárias, todavia me falta criatividade para isso. Toda arte parte de um estado de realidade, da mímeses segundo Platão e depois seu pupilo Aristóteles e essa realidade muda de acordo com a leitura dela que faz quem escreve e isso tem maior ou menor grau de semelhança com o real.
Eu bem queria ter ou ser tudo sem precisar sair de casa , mas necessito viver as coisas. Não as planejo viver ou sentir , simplesmente as coisas acontecem e eu as tento relatar de imediato.
Talvez não seja essa a maneira mais interessante, uma vez que dizem ser necessário tempo para elaborar. Mas se eu não escrever no ato , parece que tudo se perde. E nunca mais vou sentar e fazer. Quem sabe um dia eu com tudo isso ainda escreva um romance. Já tem muito material em todos os meus blogs, mas com a correria da vida falta tempo, falta algo mais.
Toda vida sinto como esse processo de ver e sentir tudo que nos acontece.
Na viagem parede que isso está potencializado ao quadrado e viajando sozinha a escrita é a maior companhia.
Ao escrever me alimento de sensações que somente mais tarde darei conta.
Quando fiz a primeira viagem sozinha com 22 anos, foram 41 dias de mochileiro, entrando e saindo do trem na Europa. Conheci tanta gente, e hoje vejo que aquela foi a mais corajosa de todas.
Sem falar inglês direito, o que por relaxamento continua, sem reservas em hotéis, sem internet que não existia, somente com um guia de albergues da juventude emprestado.
Não havia planejado ir só, mas as contingências se fizeram.
Sofri com muito medo, mas não voltei .
Depois dessa viagem as condições técnicas foram melhorando.
Também fui com amigas Lilian, Malu, Emili, Emil, pai, mãe, Célia, Eliana e sua amiga, Paulo, Antonio, Geraldo, Lucilene com a Júlia , não foram muitas e nem em todas eu escrevia, quando sozinha escrevo mais, porque a escrita se torna uma companhia.
É algo como: precisamos falar sobre nós, e olhando a vida de outras pessoas nos damos conta da nossa. Como choque de realidade, eu sei que tal vida nem sempre é o que parece ser. Nem a minha é.
Qual o sentidos dos lugares, o que eles Tem? Por que os escolhi em detrimento de outros?
O que eu procuro neles, nos museus que vou, na simplicidade dos hotéis que fico e na gente que encontro?
Eu não teria grana para ficar em caros hotéis e talvez eles não me proporcionassem a mesma experiência.
Ontem eu falava isso com a turca. Agora eu já sou a anciã do hostel. Mas aqui somente fiquei em um em Marraquexe. Nós outros lugares fiquei em riad normais com quarto individual etc.
Mas os riads tem espaço coletivo de convívio o que já denota um espírito diferente daqui.
Eles de fato parecem viver em comunidade. Vê-se pelas praças cheias todo dia até tarde da noite, pelos grandes pratos coletivos de comida.
Na Europa os hosteis tem muita gente mais velha, que abre a mão de certo conforto para sentir outras coisas.
Até porque , se eu fosse para um 5 estrelas nem sairia de casa.
Ainda não testei o b&b. Será a nova experiência.
Mas voltando a escrita, todos que escrevem tem um interlocutor imaginário. Alguém para quem te importa dizer algo , as vezes você mesmo.
Perguntei ontem a Alice se ela estava lendo. Disse que não. Não sei se um dia ela virá comigo.
A contar pela minha família somos descolados, ficamos pra lá e pra cá de casa em casa, e mesmo parados estamos nos movimentando até com os móveis. Mudamos os moveis de lugar ou os mudamos de casa.
Escrevi um tanto e apagou. Porra.!!
Falava eu do meu interlocutor imaginário e falava que algum meses atrás disse -me alguém que estava me deixando viver.
Talvez equivocadamente a pessoa pense que isso seja possível.EU vivo independente dela, ela seria algo mais para compartilhar emoções. Mas talvez a pessoa não entenda que compartilhar não seja apenas bens. Que existe algo mais que se pode doar. Seria bom poder compartilhar o que fazer e fazer junto. Mas nem tudo é como se espera. Como sonhamos ser e temos que aprender a viver com o que temos, com o que a vida pode nos dar se buscarmos. Porque parado o fluxo de energia não pode ficar.
Mas esse não é o meu interlocutor , ele é leve e gosta de ir comigo sentindo comigo o caminho. Ele lê e tenta se transportar comigo. E está comigo, pois penso nele quando escrevo.
Quisera um dia trazer todos , que talvez caibam num fusca. A pensar pelos que curtem ler . Pois tem quem só goste das imagens como não está funcionando a colocação de fotos devo estar perdendo leitores.
Se todos fizessem um like talvez eu soubesse. Bem, tem gente que não se mostra.
E eu com certeza continua vivendo pois gosto da vida é ela tem que ser leve, porque somos leves apesar de tudo que se vê é sente.
Uma nova viagem se inicia, dessa vez sem que o roteiro esteja rigorosamente definido, sem estar acompanhada, é como da primeira vez, à vontade dos ventos.
quinta-feira, 19 de julho de 2018
Por que viajar e para que escrever?
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Elis, amiga linda, adoro ler seus textos. Viajo na sua viagem, imagino as cidades marroquinas com suas lindas descrições. Vi/imaginei voce gesticulando e rindo sentada num banco de Praça conversando com as mulheres marroquinas. Vejo até o colorido das roupas das marroquinas. Continue, estou nesta viagem. Queria muiiito ter ido. Falta as fotos, mas eu crio 😅. Bjs😍
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