Uma nova viagem se inicia, dessa vez sem que o roteiro esteja rigorosamente definido, sem estar acompanhada, é como da primeira vez, à vontade dos ventos.
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
aniversário, surpresas, queijos e cogumelos
domingo, 6 de outubro de 2019
Domingo pré- véspera de aniversário
Parece que quero fazer tudo em um dia e isso é impossível, o jardim tá muito detonado. Meu exercício aqui no meu auto conhecimento será controlar a minha ansiedade, trabalhar devagar com o tempo a meu favor. Preciso exercitar isso, ir com calma, como todos fazem. Eu tenho atenção no que faço, mas parece que essa ansiedade me coloca acelerada.
Ontem na hora do café da manhã fui colocar geléia no pote e ele caiu e quebrou, acidentes, uma M arrumei tudo, mas é chato. Paula entendeu bem. Depois fui para o jardim cortar a erva de passarinho e depois todo mundo foi junto arrumar a garagem.
A noite teve um jantar com todos que aqui estão e um casal convidado, ele escocês e ela inglesa, tinha ainda Damian, francês amigos de Anain, ela canadense, eu, Alexander ucraniano e um a casal de americanos.
Caraca, eu entendia muito pouco, o francês também não entendia inglês direito. Eles falavam rápido e durou um tempão, comi pra burro. Aí meu deus, isso está um horror, o menu foi, uma salada de grão de bico primeiro, depois frango assado com bacon e batata assada, e depois sobremesa, e vinho e queijinho especial com mel. Caraca!!! Tudo muito gostoso. Como o pessoal estava muito de papo e já passava da 22 h, aproveitei a deixa de Anain que foi para a sala da lareira e me mandei para não ter que tirar a mesa e lavar os pratos, pois os verdes são enormes e não cabem na máquina de lavar louça.
Acho que escrevi algo ontem, mas estava com tanto sono que esqueci o que foi.
Dormi, sonhei com alguém do supremo tribunal federal, fala sério meu inconsciente, não tem mais o que fazer? tudo bem que certas coisas ficam na cabeça para sempre, fazer o que?
Hoje acordei e não desci de imediato, é domingo, folga me dei, mesmo assim depois do café da manhã, esperei os hóspedes e arrumei tudo, pois Paula estava conversando com o cara americano que estava ajudando ela no site. acho que ela tem pouco hóspede e quer aumentar a frequência.
Aquela questão complexa, mesmo sendo campanha, um pouco perto de Poitiers, tem que ter carro para chegar, é longe do resto. A estrada não tem movimento e a vila mais perto é 6 km, ainda não fui mais vou . Queria ir lá hoje, mas chove e faz frio. Lá tem Carrefour, o mercado.
Espero que nessa semana ela comece a me dar umas aulas. Ou então tudo isso não vai ter adiantado muito.
Sei que não vai ser assim, temo até não acelerar muito, mas deixa pra lá, vale a experiência.
Gravei 2 videos de fantasia e depois vou gravar mais. Tenho que primeiro fazer o roteiro.
Bem, analisando os fatos realmente é interessante, ter um B&B nesse esquema. Ela não tem funcionários, tem ao todo 6 quartos na casa e na torre um, eu acho, deve ser um apartamento e uma casa a mais fora, onde está Alexander que ela aluga também . Como disse ela trabalha sozinha com ajuda de workaway. Ou seja, sem custos trabalhistas, sempre gente nova, a Anain acho que já é amiga e disse que vem aqui pela quarta vez.Disse-me também que vai a lugares pequenos.
Paula cozinha também para os hóspedes que quiserem, se não é só para o povo da casa, no momento 4 pessoas.
Ontem o almoço foi ao ar livre, foi ovo com maionese, pão, sopa de tomate e sanduíche com a sopa. Disse-me que bem inglês.
A chuva parece que parou, vou dar uma andada.
sábado, 5 de outubro de 2019
FOTOS -The Priory Pressigny Le Prieuré, 14 Place de l'Eglise, 79390, Pressigny, Deux-Sèvres, França
sexta-feira, 4 de outubro de 2019
Segunda Casa.
Vim parar ainda mais longe da civilização, no entanto na casa, como é uma guest house, ou B&B, tem gente o tempo todo para jantar.
Pessoas que ficam um dia, dois,três. Hoje é meu primeiro dia, cheguei ontem à tarde. Fiquei meio estressada pois na rodoviária não encontrava a Paula. Depois de quase uma hora é que consegui atender ao telefone e finalmente encontramos. Ela muito simpática e atenciosa. Pelo caminho fomos conversando, ela me contou tudo e explicou que no momento estava com 2 workway. Anais e Alexandro , ela canadense e ele ucraniano. Dois tipos exóticos. A mulher deve ser mais velha que eu e acho que usa uma peruca, tenho quase certeza, ele um rapazola de 27 anos, todo afetado nos modos. Segundo Paula, ele não é de fato workaway, parece que tem algum lance na Ucrânia de veio parar aqui. No espaço são 3 casas, a principal,em que estou, uma outra moderna e a torre. Eu estou hospedada no último piso, acho que era uma cela monástica, meu banheiro é em frente, só que tá sem água e luz, tudo muito requintado, no entanto tirando os quartos e a sala, o jardim e cozinha são uma bagunça sem fim, isso sem contar a lavanderia e depósito embaixo da casa, na garagem . Impressionante a zona. Parece que tem coisa demais. O tipo acumulador. Mas tudo de muito bom gosto e do tipo caro.
Quando cheguei fomos almoçar, ela preparou um mexilhão, já é a Segunda vez que como aqui.
E depois do mexilhão, queijo. A noite jantamos primeiro omelete de cogumelos frescos que o visinho deu, frango com batata, torta de sobremesa e queijo. Vixe vou virar uma bola. Tomei vinho ontem e hoje. É muito requinte para não tomar.
De manhã fui a última a chegar a mesa, linda, tomei café e fui para o jardim, arrumei todo o jardim colado a casa e depois parti para podar a lavanda. Fiquei quebrada. Muita rosa e fiquei toda lanhada.
Tem muita coisa para fazer no jardim, tem hora que nem sei por onde começar.
O garoto parece que não faz nada, ou se faz de lesado. E a moça trabalha costurando e limpando eu acho. Só sei que agora a noite quem lavou e colocou na máquina fui eu.
Minha mão tá um bagaço. Preciso aprender a pegar mais leve. Sou intensa demais, quero fazer tudo num dia, não sei pra quê. A vila é minúscula não tem nada e nada tem. O caminho do paraíso fantasma, deve ser isso. Ninguém para perturbar ou apurrinhar.
Saí a tarde para andar e não vi viva alma.
Onde o povo fica? Tem uma escola maternal, ou seja, deve ter alguém.
Hoje falei com meu pai,mãe, Alice e Emili, até me emocionei. Bateu aquela saudade além da preocupação .
Realmente é cada coisa, acho que aos poucos vou acostumando com a língua, mas eles conversando eu consigo entender por alto, tudo não.
Na caminhada vi uma casa cheia de pássaros, estranho, achei. Não sei onde fica o cara que faz permacultura. Mas sei que é muita coisa para fazer aqui na casa.
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quinta-feira, 3 de outubro de 2019
Em trânsito, bus Bordeaux / Poitiers
Definitivamente não posso comprar chocolate, pois s3 comprar como tudo, sem intervalos e haja peso.
Saí cedo, estava escuro e não gosto de acordar de noite ainda. A sensação é estranha.
Preocupada estou, pois a Paula não deu News. Ontem ela errou e foi me buscar. Não tenho culpa eu mandei tudo. EU mandei cópia da passagem é também o endereço. Mas essa porcaria não tem internet. Nem meu telefone nem a do ônibus . Mas falei que tinha sms.
Na estrada muitos cata-ventos nas plantações. Dá um sono. São 10:30 Eu devo chegar daqui a uma hora. Espero que ela esteja me esperando no lugar certo.
quarta-feira, 2 de outubro de 2019
Hora de partir
São Francisco e Santa Clara.
Amanhã cedo deixo Bordeux cidade que me encantou. Hoje perambulei pelas mais belas igrejas, fiz minha peregrinação com afinco e agradecia e pedia, recorrentemente como sempre, mas hoje com muito mais empenho e fé que tudo correrá bem.
Em busca dos vitrais maravilhosos, flanei por bairros multicoloridos de muitas influências. Encontrei todos os tipos possíveis, muçulmanos, africanos, espanhóis e franceses é claro. Dessa cidade saiam muito navios que iam povoar as Américas, pois para o atlântico é perto e o rio é navegável, por isso tantos navios ancorados no porto .
Fui ao mercado dos capucines e almocei num restaurante libanês para quebrar o costume e a noite comi crepe na casa da Gabriela que tão gentilmente me recebeu e acolheu.
A vida é feita de amigos, e é bom quando fazemos novos e podemos compartilhar nossos planos. Tenho muitos amigos e cada um faz parte do meu universo pessoal com sua singularidade e com cada um eu aprendo um pouco.
Minha próxima anfitriã se confundiu e foi me buscar hoje. Só vi quando cheguei em casa. Que chato. Espero que seja tudo legal, antecipei por uma semana a ida para la. Mas também sairei antes do que previa, la para o dia 24 ou 25 quando vou para casa da Amelia, uma grande amiga portuguesa que mora em Paris.
Partir e chegar, dos polos do mais importante, o caminho, esse é o que sempre importa mais.
São Michel e muito mais, dando ciao a Bordeaux
Dentro da catedral inspiro-me para escrever. Ela fica escondida, seu entorno é sujo e sem a pompa de de Santo André. Mas também gótica tem vitrais maravilhosos. Paro em frente ao principal e fico a contemplar a beleza das luzes coloridas que refletem pelos vidros,é de fato um espetáculo que seduz. O vidro é sempre muito bonito e as cores mais ainda. Os formatos aqui não são fiéis as formas, parecem figuras como as mulheres do Picasso, a demoiselle, um tanto cubistas nas mais variadas cores. Fotografei, o que não costumo fazer dentro de igreja. Mas aqui pode. As pedras são encardidas aqui nessa igreja, ainda não houve a restauração que houve na de Santo André.
Ao adentrar esse tipo de espetáculo ficamos embriagados e penso que para o povo antigo isso era Deus. Algo enorme desse jeito, belo, reluzente e que sem dúvida devia promovia a verdadeira epifania.
terça-feira, 1 de outubro de 2019
Em português Bordéus
Minha amiga Ana Inácio, me disse como em Português de Portugal é chamada essa cidade, Bordéus. Não sei se tem algo a ver com o nome da coisa, creio que não, pode ser borda do Rio Gironde, ou a cor do vinho. Não sei, sei que a cidade me encantou.
Hoje flanei mais pela rua descobrindo pontos que não tinha visto. Cheguei a catedral já estava aberta, estacionei a bike, coloquei o cadeado e parti.
Entrei fiz meus agradecimentos e pedi muito, com muita força e atenção pela saúde de meu pai e minha mãe. Foram duas as igrejas de Santo André e a Notre Dame que tem muitas pela França, nessa muito bonita também repeti meus agradecimentos e pedidos e reparei que vários dos murais tem como foco a figura feminina. Também que Santo Antônio também aqui é muito reverenciado, com imagens em todas as igrejas que visitei.
Saindo da catedral passei pelo palácio de justiça, uma construção que mistura o sagrado e o moderno com umas coisas redondas como uma coisa meio indígena, e depois descobri a biblioteca, toda de vidro arredondada, ultra moderna com uma arquitetura arrojada. Ali o pessoal também senta nas mesas para lanchar. Coisa muito comum cada um com seu sanduichinho ou marmitinha.
Não fui a beira do rio hoje, mas descobri outros pontos da cidade com lojas chiques e caras, as famosas etiquetas e o refino parisiense. Fui descobrindo passo a passo cada lugarzinho, sem o mapa, o que é melhor, comi chocolate e acabei sem fome para almoçar e quando vi já passava das 14h, aí os restaurantes já estão vazios e os preços diferentes. Acabei comendo uma salada com queijo brie no Paulos que já conhecia da estação.
Descobri o Grande Teatro e o Allées de Tourny uma grande alameda com jardim no meio e em uma das ruas que dava nela o grande anjo com sua fonte imensa e tudo do lado de onde hoje tinha um grande parque de diversões, era o Valdeville, a Place da república e ainda um Carrefour no meio de uma praça, uma estrutura também ultra moderna espelhada que mostrava os prédios antigos do lado refletidos.
Vários pontos aqui são patrimônios da humanidade e quando cheguei ao office de turismo vi que já tinha visto todos.
Andei todo dia e não me cansei, hoje até choveu, somente na volta me perdi de novo e parava para consultar a foto do mapa que tinha feito, até que me achei sem consultar ninguém..
Tudo já combinado para quinta feira encontrar minha nova anfitriã.
Um pouco agitada, faz parte com tudo que está acontecendo. De novo mudarei de idioma, espero dar conta do recado, que não sei qual de fato será, mas tudo indica que o lugar é um pouco mais próximo da vila principal.
Combinei com minha amiga Amelia que passarei em sua casa no fim do mês antes de ir para UK.
Tô com medo do frio, espero que ele demore a chegar e que nem venha, mas todos que eu falo torcem o nariz, dizendo que não escaparei.
Frio não é muito bom, pois dá sensação de abandono. Mas o lugar que ficarei com mais frio será o que pretendo mais sair, pois que tentarei fazer o curso. Vamos a ver já que ser fada do lar não é muito mole.
Muita apreensão e no corpo a adrenalina da espera.
Uma linda cidade - Bordeaux
A cidade é linda, um conjunto arquitetônico bem preservado com seus edifícios em estilo talvez do final do século XIX, uma Paris em miniatura.
Sai de casa cedo e fui de bike direto ao centro, a cidade tem ciclovias por todo lado, algumas especiais e outras pintadas na pista. Muita gente vai para o trabalho de bike, as distancias são curtas e não tem ladeiras. Tudo plano.
Flanei pela cidade todo dia, a moda de Baudelaire nas ruas movimentadas e nas lojas e galerias. Na rua Sant Remi fui direto e parei na margem do rio, um belo passeio público cheio de gente, de bikes, e na ponta uns restaurantes, estilo Puerto Madeiro em Buenos Aires. Ali muita gente andando, passeando, conversando. Era já hora do almoço e as pessoas chegavam com seus lanches e marmitas e comiam sentados ali na murada do parque. Muito agradável. Aproveitei a bike e corri toda a margem de uma ponte a outra, olhando o lindo quarteirão de edifícios baixos e antigos, praças com fontes muito lindas. O sol saiu e o calor chegou, andava olhava, voltava, o povo simpático e alegre. rua Sta Catarina, Galeria Lafaiete, como sempre bela para olhar e não para comprar. Lojinhas de 2 euros e aquela loja da Noruega com várias coisinhas interessantes. Comprei para as crianças a lembrança que tinha prometido da competição de mudança de roupa da manhã.
Já eram 2 da tarde quando bateu a fome, procurei um restaurante com um menu que cabia no meu bolso. Sentei na Praça do parlamento onde havia mais gente, deixei a bike amarrada. O restaurante era bom, comi salada com frango e batata frita e depois comi um yogurte com mel, paguei 10 euros. Bom preço para uma refeição completa, caro para nós brasileiros pobres, uma média de 47 reais, o dobro do que pagava quando comia no trabalho. Se bon, como dizem aqui.
Voltei para casa pois ficaria com as crianças e vim, entrei no mercado comprei pão, geleia, queijo, yogurte, e lógico me perdi no final do caminho. Uma rapaz que passava percebeu e parou para me ajudar, muito gentil mas também não sabia, não deu certo, entrei numa rua em obra os operários também não e vinha uma moça com um carinho de bebê, me aconselharam a perguntar com duas informações e soube e mandou eu seguir ela, CHEGUEI. Um amor .
Em casa ajeitei para Gaby, a garagem com muitas coisas. Depois fiquei com as crianças, contei história e brinquei, já treinando para a casa em Edimburgo.
domingo, 29 de setembro de 2019
Domingo em Bordeux
Ontem em trânsito todo dia, sai de Villefranche as 845 da manhã e cheguei a casa de Gabi as 18 horas mais ou menos.
Meu primeiro destino foi Toulouse, cheguei a estação as 10:30 da manhã com a mala pesada, pensei em procurar um locker e deixar a mala e sair para passear ganhando tempo, mas o locker da estação estava fechado, morri na praia, que fazer? não dava para sair pela cidade com uma mala a reboque de 21 kg, sem jeito sentei na estação com wifi e fiquei tentando instalar as coisas uber principalmente pois sabia que precisaria ao chegar à Bordeaux. As vezes esses processos de internet sacrificam, pqp. Consegui já que o uber fire que eu tenho não funciona por aqui. deu 11:30 fui comer algo por depois entraria do ônibus e só chegaria as 17:05. Comi no mesmo lugar de quando cheguei mês atrás, lógico que uma quiche muito gostosa. Sentada na mesinha uma moça pede licença e senta, ela e sua bike com bagagem etc, também comendo uma quiche, Aí pergunto a ela de onde é, em inglês, ela me responde Alemanhã, ela devolve a pergunta eu respondo e emendo querendo saber se ela está rodando de BIke, lógico que sim, tava na cara , conversamos um pouquinho e ela vai. Depois eu me distraio vendo um homem dançar na estação ao som do piano que la tem e que toca quem quiser , canta também, aqui na estação de Bordeaux também tem um. O legal é xxque sempre tem gente tocando. Acho que também tem uma tendencia a transformar as estações em espaço de cultura e lazer com salas vip e com lojas também. As estações como os aeroportos vem sofrendo mudanças e são verdadeiros centros de consumo. Além disso como tem wifi gratuito, fica muita gente no celular, apenas usados a tecnologia.
Estações de trem e rodoviárias são espaços diferentes, ficam normalmente no centro das cidades e aglomeram muita gente diferente, esquisita, por vezes bêbados etc, um povo muito estranho e também todos que tão em trânsito. As vezes também é um lugar para o povo de rua dormir, principalmente no frio e no calor o ar condicionado. Tem gente que fica ali sentado, fazendo não sei o que, olhando, observando, certamente tem os que fazem pequenos furtos, um povo também fedido que só.
Nesse espaço múltiplo a vida acontece de uma forma diversa. Uns com pressa, outros preocupados, o medo muitas vezes constante na face de quem vem e vai, os encontros, as chegadas e as partidas, como aquele programa da tv. Cada um uma história, uma ideia de amor, de felicidade, ou de vida. jovens , velhos, crianças que amam o espaço vazio para correr e brincar. Ali também conhecemos gente, Eu sempre conheço, recordo-me de em tanger conhecer uma menina árabe que ficou minha amiga no instagran e facebook. E tudo começou com um sorriso tímido daqui e de lá, e como sempre sozinha eu estou sempre a olhar para tudo. As mulheres e as crianças sempre me sorriem.
Mas tem os seguranças que também ficam de olho. Em Toulouse as duas vezes que passei pela estação presenciei a chegada de soldados armados com fuzis fazendo a ronda, certamente esquadrões anti terrorismo. Pelo que vi Toulouse tem muito imigrante, muito árabe e muito negro.
Depois de comer minha quiche fui para a estação rodoviária ao lado, descobri que era também um espaço agradável com banheiro free, limpo e wifi , fiquei ali a observar o povo que passava até as 13 horas. Ao meu lado uma senhora negra com trajes típicos, estampado africano um carrinho de ajuda para andar , ela comia varias coisas. chegou depois um rapaz com sua bagagem falou com ela, sentou, esperou e depois seguiu, depois ela levantou-se e foi embora para a rua. Outras pessoas pelo visto só usam o espaço para ir ao banheiro. Os seguranças ficam de olho. Muita gente tem preferido a viagem de ônibus pois é muito mais barata. Só para ter ideia eu paguei 5 euros de Toulouse a Bordeaux, 3 horas de viagem e paguei de trem de Ville Franche a Toulouse 10 euros e pasmem, paguei num taxi da estação de Bordeux até acasa da Gabi, 25 euros e 30 centavos. Ou seja, absurdo um trajeto de 8 kilometros de carro ser isso tudo, no fim gastei 40 euros de passagem. O taxi foi outra história, não tem taxi andando como no rio e vc faz sinal e pega, vc tem que ligar e marcar, Eu tinha instalado o uber para evitar esse tipo de dilema, não adiantou, não consegui usar o aplicativo na estação e a porcaria do chip que comprei não entra a internet. tenho apenas sms e telefone comum, ou seja, já no desespero entrei num hotel, e o recepcionista disse que não falava inglês, eu logo disse sou brasileira e com sorriso ele saiu e foi me mostrar onde eu poderia pegar o taxi. Fui andando, ao chegar numa outra parte da estação, taxi não tinha, uma família de haitianos que estava chegando sendo recepcionada pelo irmão, o rapaz era um taxi, negro com aquele lindo sorriso os dentes branquinhos e um chapéu panamá, de dentro do carro ele me viu, saltou e veio me entregar o cartão, eu falei para ele onde eu ía, lógico que ele aproveitou e disse que faria a corrida mesmo com a família dentro do carro, pegou minha mala colocou no banco junto com a irmã e mandou eu entrar. Eu fui. Fazer o que, queria chegar. no carro é que fiquei sabendo da história da família, em inglês é claro.
AH! esqueci de contar, na hora de embarcar no ônibus foi um caos, primeiro o ônibus não estava na baia que estava marcando no telão, se eu não levanto não embarcaria depois de estar todo mundo dentro a motorista começa a contar e ficamos 30 minutos esperando pois a conta não batia. Aí ela resolveu fazer a chamada, um monte de nome árabe, pensei comigo a um homem bomba. Depois de muito chamar e contar ela descobre que um passageiro que tinha entrado em outro lugar se mandou e não prosseguiria a viagem. Foi então que saímos, na saída, um carro parado no lugar errado e ela pára e começa a buzinar e grita para o lado, o cara reclama e sai e ela grita: parado no lugar errado, e todo mundo ri. Depois de novo quando o ônibus tem que parar para deixar uns passageiros no meio da viagem. No mais a viagem transcorreu bem. Muitos vinhedos pelo caminho, afinal o vinho bordeaux é daqui. Estava cansada cheguei a dormir no ônibus e acordei sem ar meio ronco de boca aberta.
Hoje saí com as crianças de manhã fomos a um parquinho. Tetê é uma fofa já fizemos anel e eu fiz penteado no cabelo dela. Os meninos também são uns fofos e eu falo uma mistura de português e inglês e eles francês e eu peço para traduzir, nos demos bem.
Descansei e amanhã vou de bike pela cidade explorar tudo. Quinta devo já ir para a outra cidade. E vamos que vamos.
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Em trânsito
Começo hoje a percorrer meu roteiro. Fiz mudanças para facilitar a vida é o peso da bagagem. Pra que carregamos tanta coisa. Tudo bem que vou ficar 5 meses e com frio, mas sempre é muito. Um muito me dificulta caminhar. Pqp.
No trem vou olhando as paisagens, tentando relaxar pois a cada mudança uma tensão. Fácil nunca é. Arrumar mala, verificar o trajeto, comprar passagem, o corpo reclama, fica tenso, não dorme direito e sente dor. Sempre fui assim, como não jogar no corpo a adrenalina .
Já penso no resto do caminho, a segunda casa, a terceira em que ficarei mais tempo, o frio e depois? Se meu povo não vier, que roteiro fazer? Ou não fazer? Arrumar outra casa e pronto. Talvez a casa da Pan, outra inglesa, ou a Grécia, mas no inverno? Espanha? Portugal? Tudo para decidir mais para frente. Natal? Onde?
sexta-feira, 27 de setembro de 2019
Dia de doces
Eu ia embora hoje, mas por uma falta de zelo perdi o trem antes da hora, explico, achei que tinha comprado a passagem e estava tudo certo , mas não foi o que aconteceu. Então deixei para amanhã, comprei ontem o ônibus e o trem comprei hoje pelo aplicativo que instalei e aí então consegui pagar pelo cartão.Mais caro com certeza pois aqui tudo que se compra com antecedência é mais barato. Eu tinha visto essa mesma passagem integral por 10 euros. Diferente de nós no Brasil, onde desconto não existe.
Ontem fiz um vídeo, dizendo do sair e do chegar,a apreensão que todos temos nesses momentos. O começo sempre dando dúvidas representando o desconhecido, que está por vir e as novas expectativas que naturalmente criamos. Não que seja bom, não é, mas faz parte do viver.
Percebi nesse tempo o quanto podemos nos adaptar , em qualquer situação minimamente saudável e acomodamos com tudo.
Margaret chegou ontem e como fiquei hoje já lustrei as cadeiras de madeira e arrumei todo o depósito de máquinas e outras coisas, o material da jardinagem. Não me deram nem uma colher de chá foi de pau mesmo. Ou seja, não sei o que o próximo workaway fará. Certamente ela vai colocá-lo para roçar todo o morro pois que de resto Eu fiz.
E eu que achei que teria moleza hoje. Acontece que eu sou rápida no que faço e isso faz com que eu faça sempre mais.
A tarde vou sair com ela até o centro. Ela me chamou, e fomos a Vila, sexta feira a tarde e muita coisa fechada . Muito estranho isso, a cidade medieval parece fantasma, tudo interessante mas sem vida. Fico pensando se com sol já tá assim imagina no frio. Só deve ter o vento dos Pirineus cortando as ruas e fazendo barulho.
segunda-feira, 23 de setembro de 2019
Diferente, apenas diferente
Será hoje o fim da estação? Início da primavera e do outono, faz tempo que não leio um jornal ou vejo uma news de TV.
Meus anfitriões dizem que o jornal francês só tem notícia da França e que o francês só olha para o próprio umbigo. Não sei, nem tenho como dizer.
Ontem a noite quando fui para o último xixi do dia, vivi uma experiência no mínimo espantosa, como já falei o toilete, isso quer dizer onde fazemos as necessidades é do lado de fora, biológico, tenho que sair a noite com um lampião de led pelo caminho e chegar lá. Só que fica realmente um breu, e 22horas quando vou dormir eu subo até lá, não é longe,mas como estamos no meio da floresta temos chance de ter visitas, então fui, dei de cara com algo que se assustou com a luz e deu meia volta, eu fui, fazer o que , não era raposa, tinha uma cara que vi rápido, corri fiz xixi e desci varada. De manhã falei para o Yves, e agora a pouco colocamos a câmera para ver se pegamos algo, eles já conseguiram filmar os veados lá no morro . Desde que cheguei 4 cobras, pequenas, mas cobra, já apareceram na casa. Aqui do meu lado não, graças a Deus. Também rato. Tudo bem que estamos no mato, mas tem ração, semente e as plantações e acho que isso atrai. A gata pega rato, vi ela com um, bem grandinho.
Amanhã vou limpar o galpão espero que não me apareça nenhum. Hoje limpei e arrumei todos os armários da cozinha e um da sala. Caraca tudo misturado, tenho certeza que ela não sabe as coisas que tem. Tem muito utensílio de cozinha. Arrumei as gavetas , tudo. Acho que valeu assistir tanto programa de organização, eu devia ter tirado foto do antes e depois. Dei mole, mas a próxima casa se tiver isso para fazer eu vou tirar.Tenho quase certeza que terá, principalmente na Escócia, que tem criança.
Também tem outra coisa, o Yves é muito bagunceiro, não coloca nada no lugar, , manter a casa arrumada deve ser difícil. Fiz também o jantar hoje, fiz omelete de cogumelo, batata rústica com alecrim e vagem refogada com tomate e cebola, Ele gostou. Depois do jantar tem queijo.
Tenho sentido demais os mesmos sintomas de quando ainda estava em casa, queimação, na boca, horrível e estou tomando o remédio. Também fazendo o uso de antiácido, não sei se é a sertralina, se é ansiedade, que bosta que é.
Tenho acompanhado a visualização do blog e me parece legal. Também dos vídeos. O blog já passou de 43mil desde que comecei, faz muito tempo coma viagem ao Peru. 10 anos já.
Às vezes fico em dúvida do que escrevo, se tem mais cara de Blog ou de livro, talvez de blog, não são muitas aventuras, é um dia a dia diferente do que estou acostumada.
Por 2O anos direto eu trabalhava na faculdade dando aulas e esse tipo de trabalho que tô fazendo aqui era só em casa. E quando a casa é nossa tendemos a deixar para depois, e nunca fazemos muito bem feito. Aqui eu tô usando esse tipo de trabalho de limpar e organizar a casa como uma espécie de meditação.
Ali dobrando, arrumando eu desligo e também reflito sobre muita coisa. Procuro também dar um toque de beleza. Enfeito, ponho flores, pinto, dobro tudo bem dobrado, arrumei o armário de roupa todo por cores, principalmente as roupas de frio . Na verdade só essas pois eles separam para deixar no armário apenas a roupa da estação. Não são como nós, que usamos tudo o tempo todo. Margaret tem pouca roupa, tudo na maioria azul marinho, mais inglesa impossível, não tem vestidos e não tem o monte de coisas que eu tenho, bolsas, sapatos, lenços, bijouterias, acho que ela não tem nada disso . Será a vida mais simples assim? ou apenas menos bela? Creio que a vaidade é importante, não em excesso, mais valoriza.
A idade é cruel com as mulheres nesse campo, embora eu não veja aqui a mesma cobrança que temos no Rio de Janeiro.
Estou numa cidade do interior, e de fato não vi muita gente, não vi muitos adultos jovens como eu, esqueço que tenho 50, e me coloco nos 30 anos. Não vi, muita gente bem mais idosa. Eu não me sinto com a idade que tenho, não consigo, e não sei se tenho também que conseguir. A pele muda, o cabelo vai perdendo a cor, o viço é outro assim como a força muscular e a facilidade para emagrecer. Cansam mais determinadas atividades, já é possível se detectar o nosso limite. Antes eu não tinha ideia do cansaço, acordava às 6 e trabalha às vezes até às 23 h, tinha dia que ficava na Barra internada dia todo e noite e dia seguinte de novo, e ainda cuidava de casa e lia e escrevia.
Quando chegava o fim do ano estava um caco. Esse ano tudo diferente, tudo completamente diverso, nem melhor , nem pior, diverso, com outros objetivos para refletir.
Desisti de passar meu aniversário em Paris, aff!!,que besta!!!, vou para Bourdeax e depois logo para a outra casa. Passarei pela cidade luz no fim de outubro, logo o evento em que eu ia apresentar minha pesquisa não vai rolar. E vamos lá, amanhã o dia será longo, oxalá tudo correrá bem.
domingo, 22 de setembro de 2019
Especialidade, Médio Evo
Peyrusse-le-Roc
A cidade de Peyrusse era a capital do maior distrito financeiro de Rouergue (106 paróquias) e abrigava em seus muros 187 homens de armas e 4 cavaleiros, tinha até 40 famílias nobres, incluindo a família de Peyrusse, Medicys. , a família Cornely, a Besse, mas também seis cartórios, um cambista e muitas fábricas.22 de setembro,último domingo por aqui.
Como prometido, o vento parou e choveu bem hoje a tarde, mas já parou e o céu abriu e amanhã teremos sol. Ainda bem, pois quero curtir ao máximo a quentura do verão.
Hoje fui com Yves a mais uma Vila Medieval para minha coleção. Nesta, fiz uma trilha pauleira, subi no alto dessa torre da foto passando por uma escadinha de ferro e depois trilha pela montanha. A vila é uma belezinha, bem pequena e agradável. Chegamos bem cedo nós dois e Toffifix. Andamos pela vila e depois na hora da trilha fui indo e ele levou Toff para a Van. Ele é ancião, já disse, não consegue andar muito e teve a mesma coisa que a Grécia cachorra lá de casa. Entretanto, o cachorrinho tá bem pesado. Também é o tempo todo o bicho comendo aquelas comidas de latinha e mais biscoito e tudo de gostoso, queijo ele adora, pasta também. Eu digo que ele só quer comer delícias e passear de Van. É só pegar a chave da Van que ele levanta todo alegre.
Mas na trilha passamos por vários prédios em ruína da cidade antiga, a igreja era enorme. Explico, tem a cidade atual e abaixo dela a antiga vila encrustada no morro e na beira do rio; com uma ruína enorme de igreja, um hospital dos ingleses, de 3 andares e outras coisas, ou seja, era uma super vila que no seculo XVIII por estar vazia foi entregue para demolição, somente em 1956, é que brotou a consciência de resgatá-la.
Essa história é muito interessante, pois antes da data do abandono, como talvez esteja acontecendo com muitas, ela era enorme com muitos moradores .
Esse processo de preservação, podemos dizer que é algo, de certa forma, recente em todo mundo. Alguns lugares despertaram mais cedo, outros mais tarde. Sem dúvidas, que tem diferença de lugar para lugar. Aqui essas vilas medievais são de fato bem pequenas e não tem mais condições de abrigar muita gente e um dado importante a população europeia vem decaindo, diferente dos países em desenvolvimento que só crescem e as cidades pequenas vão inchando e se transformando, todavia sem a consciência de preservação do passado. As poucas que mantiveram a estrutura são hoje cidades turísticas e isso aconteceu porque ficaram isoladas durante um tempo, perderam sua atividade primordial e agora acenderam para o turismo é o caso de Parati e Tiradentes. Mas os problemas começam a surgir no entorno delas.
Mas não é só isso, o sentimento de preservação é algo que tem que ser introjetado nas pessoas, caso contrário jamais existirá, isso porque o novo seduz, o novo dá menos trabalho e o novo não tem um compromisso com uma memória que pode ser deixada de lado. Porém se não cultivamos esse passado, não temos chance de um futuro melhor, somente a memória pode nos dar a capacidade de reflexão, erros e acertos para continuar.
Sei que a sociedade do consumo não gosta muito disso, já que prega,obviamente, o consumo, para que apostar no velho, no concerto das coisas, se pode comprar uma nova. Mas aí é que está a questão, todas as coisas tem história e essa só nasce a partir da sua própria existência.
Subi no alto na torre, e de lá se via todo o vale, era um ponto de observação e proteção para a cidade.
A paisagem tá se modificando, são verdadeiros tapetes de folhas em todos os lugares.
Saímos da vila, e viemos para casa, pedi a Yves para parar numa pastisserie e eu comprei um pão bem gostoso. Ao chegar fiz a salada para o almoço, que foi melão orange com presunto, salada de tomate com cebola roxa e passas , pão, queijo e de sobremesa chá com bolo inglês, não da para fazer dieta. Agora a noite teve capelete com abobrinha recheada de ovo e maionese com mostarda.
A história da maionese foi engraçada, ontem Yves inventou de fazer uma maionese, tô vendo ele na cozinha, com um monte de vasilhas, uma batedeira e colocando de pouquinho em pouquinho a gema do ovo e azeite, mas apesar de não ficar com gosto ruim , não era maionese. Aí hoje ele olhou na internet e acrescentou a mostarda, quando entrei na cozinha agora de noite ele veio me mostrar o resultado. Deu certo, cozinhou a abobrinha amarela e ligou para irmã, para perguntar sobre como fazer. Tudo no capricho, mas faz uma sujeira que só. Quando tirou a batedeira do ovo,espirou ovo e óleo para todo lado. Toffifix que gostou pois saiu lambendo, isso ele me disse. Amanhã vou ter que passar pano na cozinha toda.
Hoje só passeei, a tarde dormi e li, estava sem internet. Bom que pelo menos adiantei minha leitura que acaba nunca acontecendo, to lendo A aventura das línguas , muito legal pois explica sobre todas as línguas indo europeias e outras que não são desse tronco. Segundo o autor as primeiras línguas tiveram sua base no sânscrito a mais perfeita delas e depois a influência do latim.
Comprei minha passagem para Bordeux, dei mole e paguei mais caro 5 euros. Sacanagem.
Hoje também falei com Monique pelo telefone, irmã de Yves, que é uma gracinha.
Alice me mandou vídeo, da jaboticabeira da fazenda cheia de jaboticaba e o tomateiro que plantei com tomatões, incrível, em menos de um mês e a natureza da seus frutos.
Eu aqui tô separando sementes para levar, de framboesa, vagem, avelã, tomatinho, já devo ter dito isso, vou acabar ficando repetitiva.
Uma coisa não tá boa, voltei a sentir a queimação na boca. Um saco.
sábado, 21 de setembro de 2019
Dia de folga e preguiça
21 de setembro. Quase primavera no Brasil e outono aqui. Desde ontem um vento que não pára, muito forte e o barulho é constante parece até o mar. Engraçado, pois não estou acostumada com vento em floresta, e o barulho é muito semelhante ao do mar batendo sem parar.
As folhas começam a cair e é muita folha, tem árvore que fica completamente pelada, o ciclo de cada folha verde é ficar amarela e depois meio marrom até virar de novo adubo para outras plantas. Aqui, tudo que é vivo vai para compostagem e tem 4 espaços para isso em níveis diversos de putrefação, ou seja, no processo de decomposição. Nada se perde, tudo se transforma se não me não me engano disse Lavosier. Creio que essa é grande importância de pensarmos a sustentabilidade. Sem excesso de embalagem, sem excesso de plásticos e outras coisas que nossa sociedade produziu.
O movimento bio tá crescendo, só espero que não seja apenas um modismo e que as pessoas realmente parem de produzir lixo. Essa cultura vejo aqui nessa casa que estou e é bem presente. Eles reaproveitam tudo. Os sacos de papel são guardados e reusados sempre, embalagem de plástico também, vidros todos são reutilizados para as geleias que são feitas com as frutas do verão para se comer no inverno. A framboesa é a que mais produz, impressionante, duas carreira da planta produz por dia pelo menos duas caixinhas maiores que aquelas de morango que vende no Brasil, também tomates, um pezinho de nada produz por dia uma caixinha ou mais, também a vagem macarrão uma única carreira produz tanto que tem que ser colhido todo dia.
Não tem chovido, desde que cheguei dia 28 de agosto só choveu um dia. Yves me disse que quando o vento parar vai chover. Só espero que não esfrie muito.
Acordei hoje depois da hora e como não tinha nada planejado, ou tinha, ía a Vila, mas fiquei com preguiça, com o vento a volta seria de matar, 11 km de bike subindo eu ficaria morta. Então fiquei, colhi tomate e framboesa, antes molhei as plantas,depois fui fazer meus vídeos, fiz 4 e postei, Depois do almoço vim para meu chatô, dormi e li. Li em inglês Asterix e Obelix, mas sinto que meus aprendizado tá paralisado. Também terminei de assistir o filme Alan Kardec que tinha começado ontem, às 17 horas saí para caminhar por uma hora. Voltei fui tomar meu banho e 7 horas o sino tocou, Yves fez o jantar e fui comer. Fez porco assado, uns bifes e abobrinha recheada e vagem. Entretanto tava bem apimentado, mas gostoso. Oh povo pra gostar de pimenta. Tomamos vinho e depois Yogurt de baunilha para adoçar a boca.
Sinto que já engordei, que M, tanto para perder e menos de um mês para ganhar.
No jantar perguntei ao Yves se conhecia Kardec, disse que não, aí conversamos sobre religião e concordamos que qualquer fundamentalismo é ruim, que o importante é o respeito a todas as religiões e credos. Como eu, ele gosta do Budismo que eu não considero religião mas uma filosofia de vida, uma forma de estar presente em tudo que se faz, de não cultivar maus pensamentos, de ter pensamentos positivos sempre, pois se somos energia essa pode ser transformada se transformamos nossas vibrações. Seja lá a religião que for, o que importa é fazer o bem, amar ao próximo e a si mesmo, ser pacífico, desejar ao outro o mesmo que deseja para si mesmo, tratar todos igualmente.
Tanta coisa que se pode fazer, tanta coisa que é preciso fazer e transformar. Transformar-se o tempo todo quando vemos que deve partir de nós a atitude de mudar.
Cristalizar-se jamais, não nascemos para isso. Não é porque não aprendeu, que vai viver a vida toda sem fazer, essa é a mudança que precisamos, que o planeta precisa, que as relações precisam, que a sociedade precisa.
Fulano , ciclano, beltrano, não fazem seu dever de casa porque não aprenderam, desculpas, nunca é tarde para mudarmos o comportamento, seja ele qual for, alimentar, amoroso, briguento, doméstico, todos, pois tudo é passível de mudança.
Consumir menos, não consumir por consumir. Difícil numa sociedade que prega o tempo todo que todos devem consumir muito para ter produção e emprego. Só que a coisa não é bem assim, não, não é. Pode-se consumir muito e o emprego não vem, a equação não é essa. Qual será pergunto-me?
Tudo isso faz parte da angústia do viver, além de tantas outras, não, viver não é simples, nem fácil, ainda mais quando pensamos tanto. Mas ainda bem, pois posso escrever e elaborar, sinal que estou fora da engrenagem mecânica que só produz, ou tudo é minha ilusão. Não sei, o sistema é por demais perverso. Quem sabe. Lembrei da série da Black Mirrow. Alucinada e dá uma cutucada na gente.
Problemas que hoje são globais e não mais locais, mas que lá repercutem.
Não sei porque comecei a falar tudo isso. Não quero falar de política pelas vias mais próximas, pois tudo é política, tudo é e faz parte da vida na polis. Nem quero falar do eu, já que disso to sempre na espreita.
Certos sentimentos precisam de tempo para elaboração. Olhar e ver é atividade complexa que só. E para poucos, normalmente estamos muito bem escondidos de nós mesmos, mais que de tudo.
Ultrapassar a barreira de nosso eu interior e nos mostrarmos de verdade para nós mesmos, não é coisa muito simples.
Tenho dentro de mim dois seres, um que fala para o outro, um mais racional que chama atenção o tempo todo, o outro uma coisa inexplicável, que não consigo entender com meu lado racional;
Não sei qual dos dois as pessoas vêem mais. Lógico que isso depende de quem olha e sinto muitas vezes que a leitura que o outro faz de nós é tremendamente equivocada.
Isso porque quando o outro nos lê, dá sentido, interpreta o que falamos, como agimos etc, o outro tem por base o referencial dele, o que ele viveu, e não o que ele tá vendo,por isso as coisas são tão complicadas, simplesmente porque as pessoas não vêem as outras como elas verdadeiramente são, mas a partir de si mesmo. Isso não quer dizer que sentem empatia, compaixão, se colocam no lugar do outro, não, não é isso. Se fosse seria bom, a dificuldade está justamente em as pessoas não conseguirem se colocar no lugar de quem elas observam. Infelizmente.
Daí tanta distorção, tanto mal entendido, tanta dor e tanto rancor. E muitos guardam isso pela vida, reverberam isso que vai os tornando seres doentes, pois sua luz vai se extinguindo.
Sei lá eu o motivo de tanta fala.
Aqui no meu chatô, tá quentinho, depois vou para um mosteiro, que virou B&B, só espero que o abrigo do workaway não seja uma verdeira cela monástica fria. Do frio é o que tenho medo. Frio dá sensação de abandono, de fora do útero, de vazio. Só de pensar já dói. lembrei-me que terei que comprar um pijama. O meu durmo agora, imagina no inverno, não dá nem para botar o braço fora da coberta. Durmo hoje de pijama, meia, um lençol e dois cobertores. De manhã antes do amanhecer é o momento mais frio.