sábado, 21 de setembro de 2019

Dia de folga e preguiça


21 de setembro. Quase primavera no Brasil e outono aqui. Desde ontem um vento que não pára, muito forte e  o barulho é constante parece até o mar. Engraçado, pois não estou acostumada com vento em floresta, e o barulho é muito semelhante ao do mar batendo sem parar.
 As folhas começam a cair e  é muita folha, tem árvore que fica completamente pelada, o ciclo de cada folha verde é ficar amarela e depois meio marrom até virar de  novo  adubo para outras plantas. Aqui, tudo que é vivo vai para compostagem e tem 4 espaços para isso em níveis diversos de putrefação,  ou seja, no processo de  decomposição. Nada se  perde, tudo se  transforma se não me não me engano disse Lavosier. Creio que essa é grande importância de  pensarmos a sustentabilidade. Sem excesso de embalagem, sem excesso de plásticos e outras coisas que nossa sociedade produziu.
O movimento bio  tá crescendo, só espero que não seja apenas um modismo e que as pessoas realmente parem de produzir lixo. Essa cultura vejo  aqui nessa casa  que estou e  é bem presente. Eles reaproveitam tudo. Os sacos de papel são guardados e reusados  sempre,  embalagem de plástico também, vidros  todos  são reutilizados para as  geleias que são feitas com as frutas do verão para se comer no inverno. A framboesa é a que mais produz, impressionante, duas carreira da planta produz por dia  pelo menos  duas  caixinhas maiores que aquelas de morango que vende no Brasil, também tomates, um pezinho de nada produz por dia uma caixinha ou mais, também a vagem macarrão uma única carreira produz tanto que tem que ser colhido todo dia.
Não tem chovido, desde que cheguei dia 28 de agosto     só choveu um dia. Yves me disse que  quando o vento parar vai chover. Só espero que não esfrie muito.
 Acordei hoje depois da hora e  como não tinha nada planejado, ou tinha, ía a Vila, mas fiquei com preguiça, com o vento a volta seria de matar, 11 km de bike subindo eu ficaria morta. Então fiquei, colhi tomate e  framboesa, antes molhei as plantas,depois fui fazer meus  vídeos, fiz 4  e postei, Depois do almoço vim para meu chatô,  dormi e li. Li em inglês  Asterix e Obelix, mas sinto que meus aprendizado tá paralisado. Também terminei de assistir o filme Alan Kardec que tinha começado ontem, às 17 horas saí para caminhar por uma hora. Voltei fui tomar meu banho e 7 horas o sino tocou, Yves fez o jantar e fui comer. Fez porco assado, uns bifes e  abobrinha recheada e vagem. Entretanto tava bem apimentado, mas gostoso. Oh povo pra gostar de  pimenta. Tomamos vinho e depois Yogurt de baunilha para  adoçar a boca.
Sinto que já engordei, que M, tanto para perder e menos de um mês para ganhar.

No jantar perguntei ao Yves se conhecia Kardec, disse que não, aí conversamos sobre religião e concordamos que qualquer  fundamentalismo é  ruim, que o importante é o respeito a todas as religiões e credos. Como eu, ele gosta do Budismo que eu não considero religião mas uma filosofia de  vida, uma forma de estar presente em tudo que se faz, de não cultivar maus pensamentos, de ter pensamentos positivos sempre, pois se somos energia essa pode ser transformada se transformamos nossas vibrações. Seja lá a religião que  for, o que importa é fazer o bem, amar ao próximo e a si mesmo, ser pacífico, desejar ao outro o mesmo que deseja para si mesmo, tratar todos igualmente.
Tanta  coisa que se  pode fazer, tanta coisa que é preciso fazer e transformar. Transformar-se o tempo todo quando vemos que  deve partir de nós a atitude de mudar.
Cristalizar-se jamais, não nascemos para isso. Não é porque não aprendeu, que vai viver a vida toda sem fazer,   essa é  a mudança que precisamos, que o planeta precisa, que as relações precisam, que a sociedade precisa.
 Fulano , ciclano,  beltrano, não fazem seu dever de casa porque não aprenderam,  desculpas, nunca é tarde para mudarmos o comportamento, seja ele qual for, alimentar, amoroso, briguento, doméstico, todos, pois tudo é passível de mudança.
Consumir menos, não consumir por consumir.  Difícil numa sociedade que prega o tempo todo que todos devem consumir muito para ter produção e  emprego. Só que a coisa não é bem assim, não,  não é. Pode-se  consumir muito e o emprego não vem, a equação não é essa. Qual será pergunto-me?


Tudo isso faz parte da angústia do viver, além de tantas outras, não, viver não é simples, nem fácil, ainda mais quando pensamos tanto. Mas ainda  bem, pois posso escrever  e elaborar, sinal que estou fora da engrenagem mecânica que só produz, ou tudo é minha ilusão. Não sei, o sistema é por demais perverso. Quem sabe. Lembrei da série da Black Mirrow. Alucinada e dá uma cutucada na gente.
Problemas que hoje são globais e não mais locais, mas que lá repercutem.
Não sei porque  comecei a falar  tudo isso.  Não quero falar de política pelas vias  mais próximas, pois tudo é política, tudo é  e faz parte da vida na polis.  Nem quero falar do eu, já que disso to sempre na espreita.
Certos sentimentos precisam de tempo para elaboração. Olhar  e ver  é atividade complexa que só. E para poucos, normalmente estamos  muito bem escondidos de  nós mesmos, mais que de tudo.

Ultrapassar a  barreira de nosso eu interior e nos mostrarmos de verdade para nós mesmos, não é coisa muito simples.
Tenho dentro de mim dois seres, um que  fala para o outro, um mais racional que chama atenção o tempo todo, o outro uma coisa inexplicável,  que não consigo entender com meu lado racional;
 Não sei qual dos dois as pessoas vêem mais. Lógico que isso depende de quem olha e sinto  muitas vezes que a leitura que o outro faz de nós é tremendamente equivocada.
Isso porque quando o outro nos lê, dá sentido, interpreta o que falamos, como agimos etc, o outro tem por base o referencial dele, o que ele viveu, e  não o que ele tá vendo,por isso as coisas são tão complicadas, simplesmente porque as pessoas não vêem as outras como elas verdadeiramente são, mas a partir de si mesmo. Isso não quer dizer que sentem empatia,  compaixão, se colocam no lugar do outro, não, não é isso. Se  fosse  seria bom,  a dificuldade está justamente em  as  pessoas não conseguirem se colocar no lugar de quem elas observam. Infelizmente.

Daí tanta distorção, tanto mal entendido, tanta dor e tanto rancor. E muitos guardam isso pela vida, reverberam  isso que vai os tornando seres doentes, pois sua luz vai se extinguindo.
Sei lá  eu o  motivo de tanta  fala.
Aqui no meu chatô,  tá quentinho, depois vou para um mosteiro,  que virou  B&B, só espero que o abrigo do workaway não seja uma verdeira cela monástica fria. Do frio é  o que tenho medo. Frio dá sensação de abandono, de fora do útero, de vazio.  Só de pensar já dói. lembrei-me que terei que comprar  um pijama. O meu durmo agora, imagina no inverno, não  dá nem para botar o braço fora da coberta. Durmo hoje de pijama, meia, um lençol e dois cobertores.  De manhã antes do amanhecer é o momento mais frio.             










       

 
 

3 comentários:

  1. Olá prima,a cada texto que você escreve sinto você um pouquinho perto de mim.Gosto muito de ler suas aventuras!
    Bjs no coração

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  2. Acompanhando vc dia a dia irmã, estamos juntos e perto. Obrigado pelos textos que dividi conosco. Bjs

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  3. Oi, amiga! Engraçado você faltar aqui em sustentabilidade, porque assisti na semana passada uma palestra justamente sobre o assunto. E fiquei muito reflexiva sobre isso depois. Ouvindo, ou melhor, lendo - acho que ouvindo mesmo, porque parece que escuto você - suas palavras sobre como os seus anfitriões pensam a situação, fico também pensando em como pequenas coisas podem mudar o mundo. Eu não sou muito consumista, assim como sei que você também não é, porém ainda falta muito em mim e em muitos para agir com os "erres" pregados pelo pensamento sustentável: refletir, repensar, reutilizar, reciclar... não me vêm os outros. O fato é que, realmente, não nos colocamos no lugar do outro, como você bem falou.
    E vamos que vamos! Fazendo terapia com você...bjss saudosos

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