domingo, 29 de setembro de 2019

Domingo em Bordeux

 29 de setembro, Domingo, mais um.





Bordeaux et le pont de Pierre


 Ontem em trânsito todo dia, sai de  Villefranche as  845 da manhã e  cheguei a casa de Gabi as 18 horas mais ou menos.
 Meu primeiro destino foi Toulouse, cheguei a estação as 10:30 da manhã  com a mala pesada, pensei em procurar um locker e deixar a  mala e sair para passear  ganhando tempo, mas o locker da estação estava fechado, morri na praia,  que fazer? não dava para sair pela cidade com uma mala a reboque de 21 kg,  sem jeito sentei na estação  com wifi e fiquei tentando instalar as coisas uber principalmente pois sabia que precisaria ao chegar à Bordeaux.  As vezes esses processos de internet sacrificam, pqp.  Consegui já que o uber fire que eu tenho não funciona por aqui.   deu 11:30 fui comer algo por depois entraria do ônibus e só chegaria as 17:05. Comi no mesmo lugar de quando cheguei mês atrás, lógico que uma quiche muito gostosa. Sentada  na mesinha uma moça pede licença e senta, ela e sua bike com bagagem etc, também comendo uma quiche,  Aí pergunto a ela de onde é, em inglês, ela  me responde Alemanhã, ela devolve a pergunta eu respondo e  emendo  querendo saber se ela está rodando de BIke, lógico que sim, tava na cara , conversamos um pouquinho e ela vai. Depois eu me  distraio  vendo um homem dançar na estação ao som do piano que la tem e que  toca quem quiser , canta também, aqui na estação de Bordeaux também tem um. O legal é xxque sempre tem gente tocando. Acho que também tem uma tendencia a  transformar as estações em espaço de cultura e lazer com salas vip  e com lojas também. As estações como os aeroportos  vem sofrendo   mudanças e são verdadeiros centros de consumo. Além disso como tem wifi gratuito,  fica muita gente  no celular, apenas usados  a tecnologia.
Estações de trem e rodoviárias são espaços diferentes, ficam normalmente no centro das cidades e aglomeram  muita gente diferente, esquisita, por vezes bêbados etc, um povo  muito estranho e também todos que tão em trânsito. As vezes também é um lugar para o povo de rua dormir, principalmente no frio e no calor o ar condicionado.  Tem  gente que fica ali sentado, fazendo não sei o que, olhando, observando,  certamente tem os que fazem pequenos furtos, um povo também fedido que só.
 Nesse espaço múltiplo a vida  acontece de uma forma diversa. Uns com pressa, outros preocupados, o medo muitas vezes constante na face de quem vem e vai, os encontros, as chegadas e as partidas, como aquele programa da tv. Cada um uma história, uma ideia de  amor, de felicidade, ou de  vida.  jovens , velhos, crianças que amam o espaço vazio para correr e  brincar.  Ali também  conhecemos gente, Eu sempre conheço,  recordo-me de em tanger conhecer uma menina árabe que ficou minha amiga no instagran e facebook. E tudo começou com um sorriso  tímido daqui e de lá, e como sempre sozinha eu  estou sempre a olhar para tudo. As mulheres e as crianças sempre me sorriem. 

Mas  tem os seguranças que também ficam de olho. Em Toulouse as duas vezes que passei pela estação presenciei a chegada de soldados armados com fuzis fazendo a ronda, certamente esquadrões anti terrorismo. Pelo que vi Toulouse tem muito imigrante, muito árabe  e  muito negro.
Depois de comer  minha  quiche fui para a estação  rodoviária ao lado, descobri que era também um espaço  agradável    com banheiro  free, limpo e wifi , fiquei ali a observar o povo que passava até as 13 horas. Ao meu lado uma senhora  negra com trajes típicos, estampado africano um carrinho de ajuda para andar , ela  comia varias coisas. chegou depois um rapaz com sua bagagem falou com ela, sentou, esperou e depois seguiu, depois ela  levantou-se e  foi embora para a rua. Outras pessoas pelo visto só usam o espaço para ir ao banheiro. Os seguranças ficam de olho. Muita gente tem preferido a viagem de ônibus pois é muito mais barata. Só para ter ideia  eu paguei 5 euros  de  Toulouse a Bordeaux, 3 horas de viagem e  paguei de trem de Ville Franche a Toulouse  10 euros e  pasmem, paguei num taxi da  estação de Bordeux até acasa da Gabi, 25 euros e 30 centavos. Ou seja,  absurdo um trajeto de 8 kilometros de  carro ser isso tudo, no fim gastei 40 euros de passagem. O taxi  foi outra história, não tem  taxi andando como no rio e vc faz sinal e pega, vc tem que  ligar e marcar, Eu tinha instalado o uber para evitar esse tipo de dilema, não adiantou, não consegui usar o aplicativo na estação e  a porcaria do chip  que comprei não entra a internet. tenho apenas sms e telefone comum, ou seja, já no desespero entrei num hotel, e o recepcionista disse que não falava inglês, eu logo disse sou brasileira e com sorriso ele saiu e foi me mostrar onde eu poderia pegar o taxi.  Fui andando, ao chegar numa outra parte da estação, taxi não tinha, uma família  de haitianos que estava chegando sendo recepcionada pelo irmão, o rapaz era um taxi,  negro com aquele lindo sorriso os dentes branquinhos e um chapéu panamá, de dentro do carro ele me viu, saltou e  veio me entregar o cartão,  eu falei para ele  onde eu ía, lógico que ele aproveitou  e disse que faria a corrida  mesmo   com a família dentro do carro,  pegou minha mala colocou no banco junto com a irmã e mandou eu entrar. Eu fui. Fazer o que, queria  chegar. no carro é que fiquei sabendo da história da família, em inglês é claro.
 AH! esqueci de contar, na hora de embarcar no ônibus foi um caos, primeiro o ônibus não estava  na baia que estava marcando no telão, se eu não levanto não embarcaria depois de estar todo mundo dentro a motorista começa a contar e ficamos 30 minutos esperando pois a conta não batia. Aí ela resolveu fazer a  chamada, um monte de  nome árabe, pensei comigo a um  homem bomba. Depois de  muito chamar e contar ela descobre que um  passageiro que tinha entrado em  outro lugar  se mandou e não prosseguiria a  viagem. Foi então que saímos,  na saída, um carro parado no lugar errado e  ela pára e começa a buzinar e grita para o lado, o cara reclama e sai e ela grita: parado no lugar errado, e todo mundo ri. Depois de novo quando o ônibus tem que parar para deixar uns passageiros no meio da  viagem. No mais a viagem transcorreu  bem. Muitos  vinhedos pelo caminho, afinal o vinho bordeaux é daqui. Estava cansada cheguei a dormir no ônibus  e acordei sem ar meio ronco de boca aberta.

Hoje saí com as crianças de  manhã fomos a um parquinho. Tetê é uma fofa já fizemos anel e eu fiz penteado no cabelo dela. Os meninos também são uns fofos e  eu  falo uma  mistura de português  e inglês e eles  francês e eu peço para traduzir, nos demos  bem.
 Descansei e amanhã  vou de bike pela cidade  explorar tudo. Quinta devo já ir para a outra cidade. E vamos que  vamos. 


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Em trânsito

Começo hoje a percorrer meu roteiro. Fiz mudanças para facilitar a vida é o peso da bagagem. Pra que carregamos tanta coisa. Tudo bem que vou ficar 5 meses e com frio, mas sempre é muito. Um muito me dificulta caminhar. Pqp.
No trem vou olhando as paisagens, tentando relaxar pois a cada mudança uma tensão.  Fácil nunca é.  Arrumar mala,  verificar o trajeto,  comprar passagem, o corpo reclama, fica tenso, não dorme direito e sente dor. Sempre fui assim, como não jogar no corpo a adrenalina . 
Já  penso no resto do caminho,  a segunda casa, a terceira em que ficarei mais tempo, o frio e depois?  Se meu povo não vier, que roteiro fazer? Ou não fazer?  Arrumar outra casa e pronto. Talvez a casa da  Pan,  outra inglesa, ou a Grécia, mas no inverno?  Espanha? Portugal? Tudo para decidir  mais para frente. Natal?  Onde?

sexta-feira, 27 de setembro de 2019

Dia de doces

27 Setembro, Cosme e Damião
Dia de pegar doces, não sei qual o sincretismo disso, sei que existe, mas não lembro.  Sempre pegávamos os doces e  Alice, mesmo no Rio, passeia pela pracinha  pois  tem gente que passa por lá para  dar os saquinhos.
Eu  ia embora hoje, mas por uma falta de zelo perdi o trem antes da hora,  explico, achei que tinha comprado a passagem e estava tudo certo , mas não foi o que aconteceu.  Então deixei para amanhã, comprei  ontem o ônibus e o trem comprei hoje pelo aplicativo que instalei e aí então consegui pagar pelo cartão.Mais caro com certeza pois aqui tudo que se compra  com antecedência é mais barato. Eu tinha  visto essa mesma passagem integral por 10 euros.  Diferente de nós no Brasil, onde desconto não existe.
Ontem fiz um vídeo, dizendo do sair e do chegar,a apreensão que todos temos nesses momentos. O começo sempre dando dúvidas representando o desconhecido, que está por vir e as novas expectativas que naturalmente criamos. Não que seja bom, não é, mas  faz parte do viver. 
Percebi nesse tempo o quanto podemos nos adaptar ,  em qualquer situação minimamente  saudável e acomodamos  com  tudo.
Margaret chegou ontem e  como fiquei hoje já lustrei as cadeiras de madeira e arrumei todo o depósito de máquinas e outras coisas, o material da jardinagem.  Não me deram nem uma colher de chá  foi de pau mesmo. Ou seja,  não sei o que o próximo workaway fará.  Certamente ela vai colocá-lo para roçar todo o morro pois que de resto Eu fiz.
E eu que achei que teria moleza hoje.  Acontece que eu sou rápida no que faço e isso faz com que eu faça sempre mais.
A tarde vou sair com ela até o centro. Ela me chamou, e fomos a Vila, sexta feira a tarde e muita coisa fechada . Muito estranho isso, a cidade medieval parece fantasma, tudo interessante mas sem vida. Fico pensando se com sol já tá assim imagina no frio. Só deve ter o vento dos Pirineus cortando as ruas e fazendo barulho.
Não consegui saber o preço do aluguel ´por aqui, mas é uma cidade  boa de se morar, imagino eu. Não é tão pequena, nem é grande. Tem tudo e  tem história também.
Fomos a um centro de cultura, mais ou menos isso, que tem uma biblioteca inglesa, isto é, só com livros ingleses e ela pega emprestado para ler.
Olhando a estante escolhi para ela pois havia, o Cem Anos de Solidão do Gabriel Garcia Marques, um da Katerine Mensfield  e um do Milan Kundera. Espero que ela goste.
Depois passamos numa especie de açougue e num mercadinho Biocoop e voltamos para casa.
Como disse, a onde BIO  é grande e  interessante. 
 Amanhã sairei cedo, meu trem é 8:45h em Toulouse  e 14 horas de Toulouse par Bordeax, vou de ônibus, pois o preço é muito mais barato, sem comparação.
Fiz a  malas, é o perrengue de sempre,  embora eu esteja usando a técnica do enrolado, para caber tudo, é  muito peso. também comprei dois elásticos para segurar a mala, já que tenho um só ziper.
Já separei a roupa e agora é só fechar a mala e partir.
Novas coisas me esperam.  Preocupações também, mas sempre pensamento positivo. esperando aprender  mais. 
To cansada e com sono. Ainda não são 9 horas da  noite mais sinto-me muito cansada, sem condições de  pensar para escrever.Amanha terei tempo no ônibus e trem para o balanço do mês. 



    

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

Diferente, apenas diferente

23 de setembro-

Será hoje  o fim da estação? Início da  primavera e do outono, faz tempo que não leio um jornal ou vejo uma news de TV.
Meus  anfitriões dizem que o jornal francês só tem notícia da França e que o francês só olha para o próprio umbigo. Não sei, nem tenho como dizer.
Ontem  a noite quando fui para o último xixi do dia, vivi uma experiência no mínimo espantosa, como já falei  o toilete, isso quer dizer  onde fazemos as necessidades é do lado de fora, biológico, tenho que sair  a noite  com um lampião  de led  pelo caminho e chegar lá.  Só que fica realmente um breu, e 22horas  quando vou dormir eu subo até lá, não é longe,mas  como estamos no meio da  floresta temos chance de ter visitas, então fui, dei de cara com algo que se assustou com a luz e deu meia  volta, eu fui,  fazer o que , não era raposa,  tinha uma cara que vi rápido, corri fiz xixi e desci varada.  De manhã falei para o Yves, e agora  a pouco colocamos a câmera para  ver se pegamos algo,  eles já conseguiram  filmar  os veados lá no morro .   Desde que cheguei 4 cobras, pequenas, mas cobra,  já apareceram na casa. Aqui do meu lado não, graças a Deus. Também rato.  Tudo bem que estamos no mato,  mas tem ração, semente e as plantações e acho que isso atrai. A gata  pega rato, vi ela com um, bem grandinho.
 Amanhã vou limpar  o galpão espero que não me apareça nenhum. Hoje limpei e arrumei todos os armários da  cozinha e um da sala.  Caraca  tudo  misturado, tenho certeza que ela não sabe as coisas que tem. Tem muito utensílio de  cozinha. Arrumei as  gavetas , tudo.  Acho que valeu assistir tanto programa de organização, eu devia ter tirado foto do antes e depois. Dei mole, mas a  próxima casa se tiver isso para fazer  eu vou tirar.Tenho quase certeza que terá, principalmente na Escócia, que tem criança.
Também tem outra coisa, o Yves  é muito bagunceiro, não coloca nada no lugar, , manter a casa arrumada deve ser difícil. Fiz também o jantar hoje,  fiz omelete de cogumelo,  batata rústica com alecrim  e  vagem refogada com tomate e cebola, Ele gostou. Depois do jantar tem queijo.
Tenho sentido demais os mesmos sintomas de quando ainda estava em casa, queimação,  na boca, horrível e estou tomando o  remédio.  Também fazendo o uso de antiácido, não sei se  é a sertralina, se é ansiedade, que bosta que é. 
Tenho acompanhado  a visualização do blog e me parece legal. Também  dos vídeos.  O blog já passou   de 43mil desde que  comecei, faz muito tempo coma viagem ao Peru. 10 anos já.

 Às vezes fico em dúvida do que escrevo, se  tem mais cara de Blog ou de livro, talvez de blog, não são muitas aventuras, é um dia a dia diferente do que estou acostumada.
Por 2O anos direto eu  trabalhava na faculdade  dando aulas e  esse tipo de trabalho que tô fazendo aqui era  só em casa. E quando a casa é nossa tendemos a  deixar para depois, e nunca  fazemos muito bem feito. Aqui eu tô usando esse tipo de trabalho de limpar e  organizar a casa como uma espécie de meditação.
Ali  dobrando,  arrumando eu desligo e também reflito sobre muita coisa. Procuro também dar um  toque de beleza.  Enfeito, ponho flores, pinto,  dobro tudo bem dobrado, arrumei o armário de roupa todo por cores, principalmente as roupas de frio . Na verdade só essas pois eles separam  para deixar no armário apenas a roupa da estação.  Não são como nós, que usamos tudo o tempo todo.    Margaret tem pouca roupa, tudo na  maioria azul marinho, mais inglesa impossível, não tem vestidos e não tem   o monte de  coisas que eu tenho, bolsas, sapatos, lenços, bijouterias,  acho que ela não tem nada disso . Será a  vida mais simples assim? ou apenas menos bela?  Creio  que a vaidade é importante, não em excesso, mais  valoriza.
A idade é cruel com as mulheres nesse campo, embora eu não veja aqui  a mesma cobrança que temos no Rio de Janeiro.
Estou numa cidade do interior, e  de fato não vi muita gente, não vi muitos  adultos  jovens como eu,  esqueço que tenho 50, e me coloco nos 30 anos. Não vi,  muita gente  bem mais idosa. Eu não me sinto com a idade que tenho,  não consigo, e não sei se tenho também que conseguir.  A pele muda,  o cabelo vai perdendo a cor,  o viço é  outro assim como a força muscular e a facilidade para emagrecer.  Cansam  mais  determinadas atividades, já é possível se  detectar  o nosso limite. Antes eu não tinha ideia do cansaço, acordava às  6 e trabalha às  vezes  até às 23 h, tinha dia que ficava na Barra  internada  dia todo e noite e dia seguinte de novo, e ainda cuidava de casa e  lia e escrevia.
Quando  chegava o fim do ano  estava um caco. Esse ano tudo diferente, tudo completamente diverso, nem  melhor , nem pior, diverso, com outros  objetivos para  refletir.
Desisti de passar meu  aniversário em Paris, aff!!,que  besta!!!,   vou para Bourdeax  e depois logo para a outra casa. Passarei pela cidade luz no fim de outubro, logo o evento em que eu ia apresentar minha pesquisa não vai rolar.  E vamos lá, amanhã o dia será longo, oxalá tudo correrá bem. 
     

           

domingo, 22 de setembro de 2019

Eu em Peyrusse Le Roc



Não gosto de selfie, mas tem hora que não tem jeito!!!

Especialidade, Médio Evo




Peyrusse-le-Roc 

Peyrusse-le-Roc        A cidade de Peyrusse era a capital do maior distrito financeiro de Rouergue (106 paróquias) e abrigava em seus muros 187 homens de armas e 4 cavaleiros, tinha até 40 famílias nobres, incluindo a família de Peyrusse, Medicys. , a família Cornely, a Besse, mas também seis cartórios, um cambista e muitas fábricas.
Peyrusse aproveitou suas minas de prata exploradas desde a antiguidade: sete poços estão listados no território atual da cidade. O comércio da cidade era importante: várias feiras e dois mercados semanais.
Em 11 de fevereiro de 1369, Carlos V concedeu uma carta de privilégios à comuna e assinou entre os cônsules da cidade e o conde de Rodez em nome do duque de Anjou e do rei.
A cidade estava deserta durante o xviii ª  século e foi entregue às empresas de demolição no xix th  século e início do xx °  século. Uma consciência coletiva surgiu a partir de 1956, para salvar os restos dessa herança. O prefeito Louis Cassan-Louis, o professor de Azais, o secretário Joulie, Maurice Vernhes, Herve, Hubert, Revel, Gibergues e a guarda rural Delmoly foram os pioneiros, juntamente com outros; que é quando nós redescoberto um mausoléu da xiv ª  século localmente chamado do Rei Tomb.
Hoje, o site é um resort e destino turístico.
   
Resultado de imagem para Peyrusse-le-Roc22 de setembro,último domingo por aqui.
Como prometido, o vento parou e choveu bem hoje a tarde, mas já parou e o céu abriu  e  amanhã teremos  sol. Ainda bem,  pois  quero curtir ao máximo a quentura do verão.
Hoje fui com Yves a mais uma Vila  Medieval para minha coleção. Nesta, fiz uma trilha pauleira, subi no alto dessa torre da foto passando por uma escadinha de ferro e depois  trilha  pela montanha. A vila é uma  belezinha, bem pequena e agradável. Chegamos bem cedo nós  dois e Toffifix. Andamos pela vila e  depois na hora da trilha fui indo e ele levou Toff para a Van. Ele é ancião, já disse, não consegue andar muito  e teve a mesma coisa que a Grécia  cachorra lá de casa. Entretanto,  o cachorrinho tá bem pesado. Também  é o tempo todo  o bicho comendo aquelas comidas  de latinha e mais biscoito e tudo de gostoso, queijo ele adora, pasta também.  Eu digo que ele só quer comer delícias e  passear de Van. É só pegar a chave da Van que ele levanta todo alegre.
Mas na trilha passamos por vários prédios em ruína da cidade antiga, a igreja era enorme. Explico, tem a cidade atual e abaixo dela a antiga  vila encrustada no morro e na beira do rio; com uma ruína enorme de igreja, um hospital dos ingleses, de 3 andares e outras coisas, ou seja,   era uma super vila  que no seculo XVIII por estar vazia  foi entregue para demolição, somente em 1956, é que  brotou a consciência  de  resgatá-la.
Essa história é muito interessante, pois antes da data do abandono, como talvez  esteja acontecendo com muitas, ela era  enorme com muitos moradores .

Esse processo  de preservação,  podemos dizer que é algo, de certa forma, recente em todo mundo. Alguns lugares despertaram mais cedo, outros mais tarde. Sem dúvidas, que tem diferença de lugar para lugar. Aqui essas vilas medievais são de fato bem pequenas e não tem mais condições de abrigar  muita gente e um dado importante a população europeia vem decaindo,  diferente  dos países em desenvolvimento que só crescem e  as cidades pequenas vão inchando e se transformando, todavia sem a consciência de preservação do passado. As poucas que  mantiveram  a estrutura são hoje  cidades turísticas e  isso aconteceu porque ficaram isoladas durante um tempo, perderam sua atividade primordial e agora  acenderam para o turismo é o caso de Parati e Tiradentes. Mas  os problemas começam a surgir no entorno delas.

Mas não é só isso, o sentimento de preservação é algo que tem que ser introjetado nas pessoas,  caso contrário jamais existirá, isso porque o novo seduz,  o novo dá menos trabalho  e o novo não tem um compromisso com uma memória que pode ser deixada de lado. Porém se não cultivamos esse passado, não temos  chance de um futuro melhor,  somente a  memória pode nos dar a capacidade de  reflexão, erros e acertos para continuar.
 Sei que a  sociedade do consumo não gosta muito disso,   já que prega,obviamente, o consumo, para que apostar no velho, no concerto das coisas, se pode comprar uma  nova. Mas aí é que está a questão, todas as coisas tem história e essa só nasce a partir da sua própria existência.

Subi no alto na torre, e de lá se via todo o vale, era um ponto de observação e proteção  para a cidade.
 A paisagem tá se modificando, são verdadeiros tapetes de  folhas em todos os lugares.
Saímos da  vila,    e viemos para casa, pedi a Yves para parar numa pastisserie e eu comprei um pão bem gostoso. Ao chegar fiz a salada para o almoço, que foi melão orange com presunto, salada de  tomate com cebola roxa e passas , pão, queijo e de  sobremesa chá com bolo inglês,  não da para fazer dieta. Agora a noite teve capelete com  abobrinha recheada de  ovo e  maionese com mostarda.
A história da maionese foi engraçada, ontem Yves inventou de  fazer uma maionese, tô vendo ele na cozinha,  com um monte de vasilhas, uma batedeira e colocando de pouquinho em pouquinho a gema do ovo e azeite, mas  apesar de  não ficar  com gosto ruim , não era maionese. Aí hoje ele olhou na internet e acrescentou a mostarda, quando entrei na cozinha agora de noite  ele veio me mostrar o resultado. Deu certo,  cozinhou a abobrinha amarela e ligou para irmã,  para perguntar sobre como fazer.  Tudo no  capricho, mas faz  uma sujeira que só.  Quando tirou a batedeira do ovo,espirou ovo e óleo para todo lado. Toffifix que gostou pois saiu lambendo, isso ele me disse. Amanhã vou ter que passar pano na cozinha toda.
Hoje só passeei, a tarde dormi e  li, estava sem internet.  Bom que pelo menos adiantei minha leitura que acaba nunca acontecendo, to lendo  A aventura das línguas , muito legal  pois explica sobre todas as línguas indo europeias e outras que  não são desse tronco.  Segundo o autor as primeiras línguas tiveram sua base  no sânscrito a mais perfeita delas e depois a influência do latim.

Comprei minha passagem para Bordeux, dei mole e paguei mais caro 5 euros. Sacanagem.
Hoje também falei com Monique pelo telefone, irmã de Yves, que é uma gracinha.
Alice me  mandou vídeo, da jaboticabeira da  fazenda cheia de jaboticaba e  o tomateiro que plantei com tomatões, incrível, em menos de um mês e a natureza da seus frutos. 
Eu aqui  tô separando sementes para levar, de framboesa, vagem, avelã, tomatinho, já devo ter dito isso, vou acabar ficando repetitiva.
 Uma coisa  não tá  boa, voltei a sentir  a queimação na boca. Um saco.     
       
 
 

     














sábado, 21 de setembro de 2019

Dia de folga e preguiça


21 de setembro. Quase primavera no Brasil e outono aqui. Desde ontem um vento que não pára, muito forte e  o barulho é constante parece até o mar. Engraçado, pois não estou acostumada com vento em floresta, e o barulho é muito semelhante ao do mar batendo sem parar.
 As folhas começam a cair e  é muita folha, tem árvore que fica completamente pelada, o ciclo de cada folha verde é ficar amarela e depois meio marrom até virar de  novo  adubo para outras plantas. Aqui, tudo que é vivo vai para compostagem e tem 4 espaços para isso em níveis diversos de putrefação,  ou seja, no processo de  decomposição. Nada se  perde, tudo se  transforma se não me não me engano disse Lavosier. Creio que essa é grande importância de  pensarmos a sustentabilidade. Sem excesso de embalagem, sem excesso de plásticos e outras coisas que nossa sociedade produziu.
O movimento bio  tá crescendo, só espero que não seja apenas um modismo e que as pessoas realmente parem de produzir lixo. Essa cultura vejo  aqui nessa casa  que estou e  é bem presente. Eles reaproveitam tudo. Os sacos de papel são guardados e reusados  sempre,  embalagem de plástico também, vidros  todos  são reutilizados para as  geleias que são feitas com as frutas do verão para se comer no inverno. A framboesa é a que mais produz, impressionante, duas carreira da planta produz por dia  pelo menos  duas  caixinhas maiores que aquelas de morango que vende no Brasil, também tomates, um pezinho de nada produz por dia uma caixinha ou mais, também a vagem macarrão uma única carreira produz tanto que tem que ser colhido todo dia.
Não tem chovido, desde que cheguei dia 28 de agosto     só choveu um dia. Yves me disse que  quando o vento parar vai chover. Só espero que não esfrie muito.
 Acordei hoje depois da hora e  como não tinha nada planejado, ou tinha, ía a Vila, mas fiquei com preguiça, com o vento a volta seria de matar, 11 km de bike subindo eu ficaria morta. Então fiquei, colhi tomate e  framboesa, antes molhei as plantas,depois fui fazer meus  vídeos, fiz 4  e postei, Depois do almoço vim para meu chatô,  dormi e li. Li em inglês  Asterix e Obelix, mas sinto que meus aprendizado tá paralisado. Também terminei de assistir o filme Alan Kardec que tinha começado ontem, às 17 horas saí para caminhar por uma hora. Voltei fui tomar meu banho e 7 horas o sino tocou, Yves fez o jantar e fui comer. Fez porco assado, uns bifes e  abobrinha recheada e vagem. Entretanto tava bem apimentado, mas gostoso. Oh povo pra gostar de  pimenta. Tomamos vinho e depois Yogurt de baunilha para  adoçar a boca.
Sinto que já engordei, que M, tanto para perder e menos de um mês para ganhar.

No jantar perguntei ao Yves se conhecia Kardec, disse que não, aí conversamos sobre religião e concordamos que qualquer  fundamentalismo é  ruim, que o importante é o respeito a todas as religiões e credos. Como eu, ele gosta do Budismo que eu não considero religião mas uma filosofia de  vida, uma forma de estar presente em tudo que se faz, de não cultivar maus pensamentos, de ter pensamentos positivos sempre, pois se somos energia essa pode ser transformada se transformamos nossas vibrações. Seja lá a religião que  for, o que importa é fazer o bem, amar ao próximo e a si mesmo, ser pacífico, desejar ao outro o mesmo que deseja para si mesmo, tratar todos igualmente.
Tanta  coisa que se  pode fazer, tanta coisa que é preciso fazer e transformar. Transformar-se o tempo todo quando vemos que  deve partir de nós a atitude de mudar.
Cristalizar-se jamais, não nascemos para isso. Não é porque não aprendeu, que vai viver a vida toda sem fazer,   essa é  a mudança que precisamos, que o planeta precisa, que as relações precisam, que a sociedade precisa.
 Fulano , ciclano,  beltrano, não fazem seu dever de casa porque não aprenderam,  desculpas, nunca é tarde para mudarmos o comportamento, seja ele qual for, alimentar, amoroso, briguento, doméstico, todos, pois tudo é passível de mudança.
Consumir menos, não consumir por consumir.  Difícil numa sociedade que prega o tempo todo que todos devem consumir muito para ter produção e  emprego. Só que a coisa não é bem assim, não,  não é. Pode-se  consumir muito e o emprego não vem, a equação não é essa. Qual será pergunto-me?


Tudo isso faz parte da angústia do viver, além de tantas outras, não, viver não é simples, nem fácil, ainda mais quando pensamos tanto. Mas ainda  bem, pois posso escrever  e elaborar, sinal que estou fora da engrenagem mecânica que só produz, ou tudo é minha ilusão. Não sei, o sistema é por demais perverso. Quem sabe. Lembrei da série da Black Mirrow. Alucinada e dá uma cutucada na gente.
Problemas que hoje são globais e não mais locais, mas que lá repercutem.
Não sei porque  comecei a falar  tudo isso.  Não quero falar de política pelas vias  mais próximas, pois tudo é política, tudo é  e faz parte da vida na polis.  Nem quero falar do eu, já que disso to sempre na espreita.
Certos sentimentos precisam de tempo para elaboração. Olhar  e ver  é atividade complexa que só. E para poucos, normalmente estamos  muito bem escondidos de  nós mesmos, mais que de tudo.

Ultrapassar a  barreira de nosso eu interior e nos mostrarmos de verdade para nós mesmos, não é coisa muito simples.
Tenho dentro de mim dois seres, um que  fala para o outro, um mais racional que chama atenção o tempo todo, o outro uma coisa inexplicável,  que não consigo entender com meu lado racional;
 Não sei qual dos dois as pessoas vêem mais. Lógico que isso depende de quem olha e sinto  muitas vezes que a leitura que o outro faz de nós é tremendamente equivocada.
Isso porque quando o outro nos lê, dá sentido, interpreta o que falamos, como agimos etc, o outro tem por base o referencial dele, o que ele viveu, e  não o que ele tá vendo,por isso as coisas são tão complicadas, simplesmente porque as pessoas não vêem as outras como elas verdadeiramente são, mas a partir de si mesmo. Isso não quer dizer que sentem empatia,  compaixão, se colocam no lugar do outro, não, não é isso. Se  fosse  seria bom,  a dificuldade está justamente em  as  pessoas não conseguirem se colocar no lugar de quem elas observam. Infelizmente.

Daí tanta distorção, tanto mal entendido, tanta dor e tanto rancor. E muitos guardam isso pela vida, reverberam  isso que vai os tornando seres doentes, pois sua luz vai se extinguindo.
Sei lá  eu o  motivo de tanta  fala.
Aqui no meu chatô,  tá quentinho, depois vou para um mosteiro,  que virou  B&B, só espero que o abrigo do workaway não seja uma verdeira cela monástica fria. Do frio é  o que tenho medo. Frio dá sensação de abandono, de fora do útero, de vazio.  Só de pensar já dói. lembrei-me que terei que comprar  um pijama. O meu durmo agora, imagina no inverno, não  dá nem para botar o braço fora da coberta. Durmo hoje de pijama, meia, um lençol e dois cobertores.  De manhã antes do amanhecer é o momento mais frio.             










       

 
 

sexta-feira, 20 de setembro de 2019

E o destino tá sempre escrito 1

O vento chegou hoje aqui outra vez, a  noite foi mal dormida e  fria, acordo mais tarde sem a sensação de  que posso ser chamada atenção. De certo eu não tenho noção da relação que  temos. Besteira  minha isso.  Cheguei  à cozinha e Yves já tinha  comido seu cereal e feito o café. Estava com o computador sobre a bancada  ouvindo música brasileira, o Boca Livre num concerto, bem legal. E depois  uma galera bem jovem também cantando nossa música.  Falei a  ele da notícia do Brasil, caí no choro. Me contive, não é fácil, de repente aquela sensação outra vez de tirarem o solo dos seus pés.
Que turbilhão que é a vida da  gente. Calma, preciso  me controlar, tudo vai dar  certo. Se existe destino ele está já traçado,meu pai disse, mas destino às vezes  é por demais cruel.
Tomei meu café , lavei a louça e  fomos arrumar o portão.  Lógico que minha dor de tensão no quadril começa a me acompanhar e ainda aquela sensação de  medo que dói na  boca do estômago.
Tempo para elaborar as coisas. 
Acho que vai esfriar, o tempo parece que tá mudando. Não fui a Villefrance vender anéis, desanimei um pouco. Falei com Emili a pouco, como sempre muito assustada. Precisamos acalmar.

Almocei e depois da sesta fui terminar de passar óleo de linhaça no portão, ficou lindo ainda pintei de  amarelo a dobradiça, depois fui a oficina do Yves, certamente nunca varrida, perguntei a ele, ele respondeu: sometimes, logo, never. Perguntei se podia, comecei  a varrer, ele animou, aí fui. Tirei  tudo, era muito pó, tanto que meu cabelo saiu duro. Varri, limpei as prateleiras, puxei as máquinas juntei as coisas iguais.  Ele fez um chá, subi tomei, conversamos um pouco e ele me contou de sua vida e de quando conheceu Margareth.  Ele morou na Argélia, nasceu lá, veio para França já com 10 anos.Filhos de pais franceses eu acho. Contou-me que  seu irmão mais novo foi preso político, se entendi bem na Argélia. Acho devia ser pró-colonizador. Enfim, ficamos  conversando.  Depois voltei a  oficina  e só sai quando acabei. Ainda tem uma outra sala da oficina. Talvez eu limpe na segunda.
   Tomei meu banho e fui fazer o jantar. Fiz cuscus marroquino e  vagem( de novo- não, só outra vez,todo dia) com ovo,  foi o jantar, depois queijo e yogurte de  baunilha.
Pois então,  que um simples relato do dia não supre a  reflexão que nos acomete. Para quem as relações são  eventuais, tanto faz, tanto fez, mas  para quem para e pensa, a angústia, o medo, que nos invade  é  horrível. 
Meu amigo me disse que certos momentos são os piores, com o tempo o ser humano  vai indo, indo, indo.Oxalá, tudo vai dar certo, não há de ser. 

quinta-feira, 19 de setembro de 2019

Aceitar sem entender


Dia 19 setembro
,
Minha anfitriã viajou hoje e me deixou seu marido para eu cuidar. Sem problemas, administro bem uma casa e um geminiano, ainda mais sendo  de um pouco mais de idade. Acho eu. Fiz as saladas do almoço, almoçamos, arrumei tudo e vim para meu chatô. A tarde chamei ele para caminhar e fomos, certa hora  fiquei preocupada, pois se ele não está acostumado, vai que tem um troço, ai meu Deus. Eu perguntava ok, Yves ? ele respondia Ok. Beleza deu tudo certo, chegamos fiz a comida quente do jantar e ele  fez sardinha na brasa, comemos com vinho, lavei a louça e  vim para meu chatô. Ler , escrever.
Às vezes fico pensando que tem gente que acha que depois de se conhecer uma pessoa e  todos os seus, fruto de  uma relação que se viveu,  se deve romper com tudo  e todos. Eu não sou desse tipo, uma vez que conheço e me afeiçoo, quero manter a pessoa na  minha vida. Não entendo como as pessoas, talvez se achem pouco e se condicionam a  só ter relações com alguém, enquanto esse  alguém faz parte da vida do parente dele. Ora, se não houve briga, ou qualquer coisa, por que não se relacionar? Caramba, a vida é muito curta. Tem pessoas que você  gostaria e faria  bem manter relações. Sou amiga de todos, não  tenho inimigos ou desafetos, comungo com todos todo tempo. E como diz meu pai, se não é meu inimigo, meu amigo est. ( isso é latim, né?? Minha amiga Sandra).
Desde que fiz 50  tenho pensado muito nos comportamentos que temos ao longo da  vida e vejo que, como o tempo nosso é muito curto, não dá mais para  embotar certos sentimentos, não dá  para não falar, não dizer para as pessoas o que  você pensa sobre tudo. Se quiserem ouvi, bem,  que me ouçam, se não, amém, vou dizer de qualquer jeito, é só não me ler, Desconsiderar-me.  Sim,  pois o que  tenho a dizer é sempre por escrito. Não  tenho a verborragia falada, tenho a  escrita. E  que se tenha muita tinta e papel, ops!! ,agora muita bateria e energia .
Chega uma hora  em que  não se quer mais ficar  ronronando como gato, remoendo, ruminando como camelo o que se pensou. Não quero dizer que a pessoa deva ser indelicada, ou mal educada, ou arrogante, não é isso,  quero dizer que o que pensamos fruto de nossas reflexões deve ser dito, para que se pondere.  Vai que a outra pessoa pensa diferente e te faz ver que seu pensamento estava num caminho que não era, que estava bifurcado, sem  equilíbrio.          

 E  de repente tudo muda de figura, os caminhos nem sempre são aqueles que esperamos, tem ciladas e  tem o processo da vida  que chega a um dilema, dilema  esse que acomete tudo que vive.
Como é complexa, como não se tem explicação, como  às vezes precisamos aceitar sem entender, sem compreender tudo que acontece ao nosso redor.
Dormir hoje não vai ser fácil.                       

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

Aff pimenta



 Tô com preguiça de  escrever mas o que aconteceu agora na hora do jantar precisa ser dito. Heis que Margaret  cozinheira de mão cheia que vive fazendo coisa boa, hoje inventou de  fazer uns pimentões vermelhos  recheados para o jantar, já disse que comida quente é só na janta.
Então toca o sino, eu corro porque já tô faminta pois o almoço é às 13 e  só como de novo no jantar, já viu.  Vem o tabuleiro com aquela coisa bonita,ela coloca 2 para cada um e  nós nos servimos com uma batata em rodelas assada.  Ela gosta de  pimenta, mas  a coisa tava que eu soltava fogo pela boca.  Vou comendo devagar, tomando água e com a batata, para aliviar,  aí o marido começa a gemer e me olha, eu olho e faço aquela cara, daqui a pouco eu engasgo  de rir, chamo atenção dele como dizendo, por favor, não me olha assim e ela na minha frente comendo  tranquilamente, eu olhando para ela, e dizendo, olha o Yves, o prato dele tava cheio,  eu concentro vou comento ele de novo não conseguia comer gemia, an,an,  não aguento nem escrever deu acesso de riso.  Gente ele  gemia a cada garfada, eu parei, engasguei de novo. Mas o que ia fazer,  pedi desculpa, botei mais batata e tome , a  água foi toda, já quase no final perguntei a ele se queria azeite, ele imediatamente viu ali uma possibilidade de abrandar a coisa e correu à cozinha e pegou o azeite e colocamos e ele com prato ainda cheio o meu quase vazio, mas o azeite deu um alívio. Depois  do jantar ele correu e pegou Yogurte de baunilha  bem doce e comemos. Que loucura que foi, eu com medo de parar e pedir para pegar água e azeite, ele me olhando com aquela cara, passava a mão na cabeça, chamava o TOFF,  Jesus a situação foi complexa.

Acho que ela quis fazer algo especial, na verdade faz todo dia, amanhã ela viaja cedo e vou lá leva-la  junto e passar no comércio e na feira. Ou seja, café  7:30. 
 Hoje fomos a uma casa na Bastide em que ela cuida da horta,  muito linda e colhemos muito tomate, tomatinho que vou fazer um contrabando de  semente para a fazenda, tô preparando, também a framboesa  que é da  família da  amora e dá muito no verão, muito doce e ainda o tomate amarelo. Fiz um   vídeo da  colheita. Coisa doméstica.   Já decidi que da 27  vou para Bordeaux  e depois antes de Poitiers não sei.

terça-feira, 17 de setembro de 2019

Terça feira- dia de recolher o feno e trabalhar no jardim


https://youtu.be/0n97DI70zzc  
Vídeo do dia-  A  gestação.

Como uma boa  casa inglesa tudo aqui é determinado e metodicamente mandado. Tudo em ritual . Assim cada dia tem sua função, pelo menos para o workaway tem sido.  Pois que hoje mesmo eu tendo levantado com dor no quadril e falei isso, me deram um livro de exercício e um óleo para passar e depois lá fui eu recolher o feno que Yves cortou no morro, esse é o detalhe, isso quer dizer que depois que ele corta eu e Margareth  vamos com uma ancinho recolhendo e jogando numa lona  e depois pisamos morro acima para jogar num outro lugar. PQP,  é o pior serviço. Não sei como ela consegue fazer tido sozinha. Eu preferia cortar. Uma vez na semana é isso. Pesado pra burro.
Coisa que  realmente deve ser caro para eles pagarem alguém. Ele corta com a máquina still mas o brabo acho que é a nossa parte de recolher.
Depois fui tirar tiririca francesa do meio das pedrinhas. Tem uma manta por baixo e as pedras são por cima e as daninhas nascem assim mesmo.  Aí como são vários os caminhos com pedrinhas brancas, temos vários lugares. E Depois ainda,aliás foi antes colhi abóboras e  coloquei todas perto o  barracão, para madurarem,  a  abóbora parece igual a nossa  mas não é. Não é suculenta. Eu já sabia que tem que colher com um pedaço do caule para ela durar, isso aprendi na fazenda.
Estava morta ao acabar e ainda fui colher tomatinhos para o almoço e framboesa, nunca vi tanta, não aguento mais comer essa fruta. Mas tem muita por aqui. Eles não fazem suco o que acho que ficaria bom. Tipo morango com leite, será?
Almoço eu fiz duas saladas( uma de tomate com vagem picadinha e salsa e outra de abobrinha verde com  hortelã e alho-es gostaram da minha combinação),  é assim o almoço: salada,geralmente tomate , vagem ( que TÁ na época e são colhidos na hora)  pepino às vezes, azeitona,    a fruta melão,é comido antes da salada e depois da salada pão e queijo, e depois chá e bolo.

A tarde fui convocada para  ir ao mercado,  toda terça tem mercado,mas hoje foram vários, já que ela vai viajar e eu devo assumir o posto de cozinheira. Ela já determinou os dias. Nem liguei,  vou fazer o que eu quiser de Comida.
Nós fomos numa loja agrícola que mais parece a decatlon. Todas as máquinas, roupas, ferramentas e audaciosa de casa. Quase comprei um sabonete que vem em latinhas. Mas era caro 5 euros. E Depois carregar. 
Minha mala quebrou um fecho, ficou com um, já disse isso, comprei um daqueles elásticos para colocar e garantir.
Eles ainda compraram uma caixa d'água para recolher água do telhado para um pequeno laguinho para os patos.
Saiu o maior pau entre Eles e eu fui fugindo de fininho e vim para meu chatô.  Ele só faz o que ela manda, e fica inseguro de fazer sozinho as coisas. Ele é boa praça carinhoso com ela, e dá uma de  tô nem aí as vezes. Reparei isso, talvez pelo bem da relação, ela não é facil,  mas também assume tudo.  Muito igual,  parece que to em casa as vezes.  Será essa a forma dos homens ao ficarem mais velhos  ?   Não entendo. 
7 horas da noite em jantar,  cheguei do mercado ainda ajudei a carregar coisas e também a Cxa d'água para o lugar, segurei para não desabar do carrinho.  Conheci de longe Gerônimo, francês que mora aqui do lado.  De longe me pareceu interessante.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

Dia de pintura

https://youtu.be/9PG0MsQuKuw

Acima o vídeo, abaixo o dia.
Dia de pintura eu me vesti de acordo , traje completo para não sujar minha roupa.
O frio deu uma trégua, senti até calor na noite  passada. Mas de manhã é horrível.
Uma umidade que entra por dentro da gente, e da aquela sensação de abandono. Odeio sentir frio e me encapoto toda para ir ao toalete.
Só depois do café  com leite quente me sinto bem.
Já durmo pensando no café da manhã. Com pão e geleia feitos pelas Margareth.
Ela cozinha bem, e tem bolo com chá no almoço,  e os queijos de sobremesa.  Tá brabo fazer dieta. Caminhei a tarde  por uma nova rota, no meio da floresta. Deserto.   Não tem perigo, não tem a sensação de que a qualquer momento te podem pular na frente e tomar o celular ou te oferecer algum perigo. Isso é a tal qualidade de vida. O máximo um bicho na frente que eu até gostaria de ver. Outra cobra apareceu hoje na sala, também filhote. Me pelo toda só de pensar. Mas estamos na floresta,  tb tem coruja cantando o tempo todo. Do lado do meu chatô tem um micro laguinho com vários sapos. Quando eu chego perto eles pulam dentro d'água e eu querendo beijar um para ver se vira príncipe.  Até assim, em forma de sapo, andam me fugindo fazer o que.  Depois do almoço hoje  fiquei deitada no banquinho que vou transformar no meu estúdio de gravação.  Ali o sinal pega bem. Amanhã  vou gravar  alguns vídeos curtos. Assim espero, também quero ir a vila oferecer meus anéis.  Chega de vergonha, nada demais isso afinal. Falei com minha amiga Macolo    que me ligou.   E também li a tarde toda sobre a história das línguas. Mto interessante.
Enquanto trabalha hoje ouvi todo um show da Maria Betânia, que voz. Um show lindo em São Paulo. Que começa com a canção do Gonzaguinha , 'Começaria tudo outra vez se preciso fosse meus amor", lembrei de várias coisas na minha vida,  e ... deixa prá  lá.  Que seja  feito, o que eu não posso resolver , tá resolvido.   A Betânia grava cada coisa que mexe lá dentro da gente.  Lembrava quando criança que eu a escutava muito, adolescente também.  'De repente fico rindo a toa sem saber porquê, e vem a vontade de sonhar de novo te  encontrar".
A vida realmente é boa, 'mas nos prepara cada cilada'.
Agora tô trabalhando com Música, Depois ainda escutei Renato Russo.' É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã'.
E assim vou indo.  Não tô triste, nem feliz, tô normal, vivendo o que me propus experimentar.   É de fato uma experiência, que pode me servir para muita coisa, ser mais tolerante, ser mais calma,  menos ansiosa,  ser menos  muita coisa, pois que precisamos de menos para viver.
Eles aqui não tem smartphone, não usam wat zap. Ainda é sms.
A irmã do Yves, que morou no Brasil quer falar comigo, conversar, antes de eu partir, mas tb NÃO tem zap.
Eu acho que acima de Tudo eu farei amigos nessa viagem.
Aceitar o outro como ele é, respeitar suas manias e inseguranças  e observar  as pessoas. Eu sempre fui muito desligada quanto a isso.  Talvez ensimesmada demais e assim fui atropelando,  principalmente meus  "ex adversos",  sem querer coloquei muita coisa a perder, sem saber, sem me atentar para a personalidade alheia, as vezes muito diferente de mim, e outras tão igual.  Mas  sempre querendo o melhor, mas nem sempre convicta do que tava fazendo.  Tão difícil ser convicta. Ter certeza, nunca tive de nada, nem sei se um dia terei. Pois se eu quero abraçar o mundo, como posso escolher uma só coisa, e ser convicta dela? Talvez eu pareça inconstante e isso dá no outro a sensação de desprezo,de que não tô gostando, mas pode ser tudo simplesmente insegurança,medo.
As pessoas com medo atacam, somos bichos também. E hoje vejo que é preciso separar joio e trigo na atitude das pessoas. Às vezes dizem o que não sentem e quando vêem já foi, já fizeram o estrago, o mal entendido de você pedir o que não quer só para testar o outro, e se dar mal, pois o outro acha que você tá querendo o que falou.  Ninguém é adivinho, tudo tem que ser falado, letra por letra e mesmo assim tem confusão de interpretação.
Imagine em outra língua. Aff!!  Tem hora que fica punk de entender. Mas já senti que para eles tá bom. Eu cumpro a minha parte, bem feita.  Só espero que na próxima casa eu consiga uma professora . O sapo do lado tá coachando,  ai se virasse príncipe hoje...

domingo, 15 de setembro de 2019

Dia do ócio



https://www.youtube.com/watch?v=UKpP6BcGzMwhttps://www.youtube.com/watch?v=UKpP6BcGzMw


No último dia descansou. Tem uma passagem que diz isso, na bíblia eu acho.
Mas o que fazemos nesse dia? Muitas   coisas, quando em casa, arrumo a casa, faço almoço,  vou a feira da Glória as vezes, caminho, durmo a tarde e preparo tudo para a semana que começa.
Aqui tudo é um pouco diverso. Acordei mais tarde, pois tive uma despertar as 4 da manhã.  Depois de  tomar café e lavar tudo,  vim limpar meu quarto e depois o lugar que tomo banho. São separados o box e pia e o toilete que como  já disse  é aquele vaso numa casinha de madeira, acostumei, que vou lá com vista para floresta, fico sem trancar a porta, quando vejo que ninguém está por perto. O chato é a noite que tenho que levar um lampião. Essa é  a pior parte, mas em compensação,  como é tudo e escuro vejo as  estrelas. Não tenho medo de bicho tipo onça, porque aqui não tem, mas tem cobra, agora mesmo achei uma na cozinha. Fihote, mas é cobra, me pelo toda. Aqui para cima tem veado, eles colocaram uma câmera e pegaram as  imagens, uma gracinha, parecia que faziam show para a câmera .
Depois de limpar tudo, fui varrer as folhas, pois me incomoda a grama cheia de folha e sentei para finalmente fazer uns anéis. Não  mostrei os que trouxe para ninguém, nem falei, também não estive com ninguém, mas essa semana vou a Ville France  passar em umas lojas e oferecer.
Afinal não trouxe isso tudo a toa. PQP.
A tarde de hoje dormi, vi um programa de jardim no netflix e série e ainda saí para caminhar antes de tomar  banho .
Ao caminhar na estrada em direção a Batide , um completo deserto. Ia  pensando na forma de  fazer o vlog, para o you tube e nas coisas que disse e que tenho vontade de dizer.
Não sei, pode parecer , e é meio exibicionismo, mas não é isso que pretendo ao escrever. prefiro escrever  do que falar. Não gosto de me ver na tela. Fico reparando a boca, a pele, os cacuetes que tenho ao falar. To em dúvida quanto ao uso dessa mídia, mas sei que ela é mais efetiva, ainda mais se consigo falar em um minuto ou um minuto em meio.
Mas o ócio é  bom para isso, para pensarmos, contemplarmos a  vida, as coisas, prestarmos atenção naquilo que passa batido na maior parte das vezes.
Aquilo que o  budismo fala para fazermos. Acontece que  dificilmente nessa sociedade pósmoderna fazemos isso.
Parece  que  vivemos no automático, vivemos mesmo, tudo  acontece e vamos fazendo sem prestarmos atenção, quando vemos já é  noite de novo e nem terminamos. E o corpo pede para dormir e você vai pensando no dia seguinte. Se tá preocupado  nem dorme.

É tudo, é a lida do dia a dia, é o trabalho, é o dinheiro, é o amor,  o país, e quando você para  e contempla? Nunca.   Senta na frente da TV, vê um monte de  noticias ruins, um filme mais ou menos e vai dormir, ou pega um livro. Parar para olhar e refletir é quase uma heresia.  Tudo te chama. Hoje mais que nunca, você para e logo pega o celular e olha o wat zap, o instagran, o facebook e o mensager. CARAMBA!!!! quando acaba de ver, já tá na hora de levantar.
É tudo corrido mas não podemos mais ficar sem olhar essas coisas.  Ficar sem internet, como assim?
Aí, não vemos a abelha pousando, a borboleta voando, o barulho do rio, o céu estrelado e se perguntando como pode  tudo isso?

Por que corremos tanto se  o que nos espera no relógio é sempre menos um?  mas  corremos, queremos a estabilidade que não existe, queremos o poder que transforma alguns, queremos a grana para ir ao shopping.
Tem gente que trabalha feito mula para ir ao shopping comprar,  que doido, outros fazem outras coisas é bem verdade.
Não sei,  a contemplação  faz pensar, por isso ele é tão pouco usada. Não tó falando de vazio mental porque acho isso impossível, to falando de  ver, ouvir sentir com todos os canais abertos para essas sensações. E não precisa de droga para isso. Reparar em tudo, em si mesmo, nas coisas e nas pessoas, só por reparar não para fazer juízo de valor.
Meu quadril dói, isso é chato, me incomoda. Amanhã  de novo vou pintar.               

sábado, 14 de setembro de 2019

Caminante, no hay camino

A imagem pode conter: uma ou mais pessoas, pessoas em pé e ar livre


"Caminante, son tus huellas
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.”
Antônio Machado, poeta espanhol

Sempre  ouvi meu pai falar este poema,  com essa imagem da velhinha  hoje lembrei-me dele. Ela andava descendo a ladeira da cidade encravada no morro, onde o que mais se vê são caminhantes. Ela não tem a varinha deles, tem um guarda chuva que a  ajuda na  empreitada de subir e descer com peso da vida nas costas. Eu queria a foto, ela viu, eu disfarcei e depois eu cliquei. A idade pesa, a vida pesa, mas  o importante é caminhar, e se uma vereda não der, toma-se outra e pronto. 

Caminho de Santiago -uma parte na França.








Sábado 14\09- fui avisada que terei 2 dias de folga, hoje  e  amanhã, não pensei o que fazer, descansar, ir a Vila de  Bike, mas acordei e está chovendo com uma  umidade horrorosa que entra por dentro da roupa.  Tomei  café e voltei para meu chatô. A chuva vai e vem. A internet aqui no chatô também não é lá essas coisas e no telefone não entra. Melhor assim, pois leio e escrevo. Íamos hoje fazer um piquenique em  Conques, mais um vilarejo medieval  que tem parte do caminho de Santiago de Compostela, tem lá muitas relíquias e  também monumentos romanos.  ( Fomos. Yves chegou aqui no Chatô  e disse que já estava tudo pronto. Mudei de roupa correndo e fui passado filtro solar e  batom, toca na cabeça por causa do frio).
Andamos de carro por vilarejos e  quando chegou no topo da   montanha com uma vista divina paramos num lugar de lazer, tipo os que tinham na Rio -Santos  quando inaugurou. Ali foi posta a mesa. Baguete  que foi comprada num vilarejo na passagem, patê, queijo, batata frita azeitona com   tempero e yogurte de sobremesa.  A baguete é tão dura mas é gostosa. Esse foi nosso piquenique de almoço com uma vista maravilhosa de todo vale. Depois de comer, com o vento frio começamos a descer,  vimos um veadinho no caminho, muito fofo e um coelho.  O final da decida com outra subida estava outra Vila de Conques.
Diferente das outras com as construções  em pedra mais escura  e o telhado do mesmo material, que parece ardósia, mas não é. Tudo muito ajeitadinho, com muitas flores. Para entrar na cidade e estacionar se  paga, 5 euros. Deixamos o carro, a Van vermelha e  fomos a pé, nós três e  Toffifix. A roupa  era pelo puro, aff!! ,e muita, 3 blusas sendo uma de lã. O sol já começava a esquentar. Andamos  pelas ruas, entrei na igreja, gravei um vídeo curtinho na rua. A igreja é gótica altíssima  mas tem poucas imagens, mas muito bonita, fiz meus agradecimentos de praxe e os pedidos também.  Fui  caminhar, Margareth  ficou sentada lendo. São muitos os cafés, lojinhas com coisinhas etc. A cidade  é uma lugar de passagem e tem o maior monumento arquitetônico  no caminho de Santiago de Compostela, e a cidade foi construída ao redor do monastério. De fato uma graça. Já  tínhamos almoçado no piquenique e passamos numa sorveteria, aí perguntei a Margareth se queria, já que ela vive falando em sorvete.   A convidei para um sorvete ela ficou feliz. Parecia criança. Depois fomos subindo para encontrar Yves na casa de Chá bio,  pois tinha ido levar Toff no carro.
O cachorro é o bebê da  casa e Yves  é louco por ele. Eles tratam muito bem aos animais, conversam com eles e tudo. Tem  a gata Misty, o Toffifix, duas galinhas e muitos patos.  Os animais  fazem  que liberem a ternura que as vezes fica escondida com os humanos. Ainda  mais em povos não muito carinhosos.  Reparo  que é um casal carinhoso, ele  muito mais que ela que é bem seca e reclama muito, ele é do signo de gêmeos   e ela capricórnio  do dia 3. Ou seja,  onde vim cair. Tem mesmo coisas que são impressionantes na nossa vida.    Quando  chegamos em casa fui andar  de bike, 20 minutos subindo e 5 descendo.
Voltando à cidade de Conque,  que creio quer dizer concha, pois é um dos símbolos além da cruz de Santiago que são muito vendidos nas lojinhas, ela tem um clima interessante, além da beleza. Tem uma peregrinação,  pessoas de todas as idades com suas varinhas de caminhada, com mochilas, bem como Santiago em que já estive. Esses lugares de  fé e buscas pessoais são muito interessantes. Tem também um quê de  contemplação  pela vida e a sensação de  que “tudo vale a pena, se  alma não é  pequena”, já dizia Fernando Pessoa. É também uma espécie de estado de graça, onde  você sente na pele aquela vibração.  De fato tudo vale a pena, pois creio que viver é isso mesmo, passagem  pelos lugares, pelas pessoas, pelas coisas bonitas e pelas  feias, que  nos fazem enxergar as bonitas. Só a comparação permite ver tudo isso, isso quero  dizer,  ver  2 coisas ao mesmo tempo e não avaliar. Não tem deslumbre,  cada coisa tem seu lugar, não gosto de dizer se é melhor ou pior,  as coisas são o que são. Sem o julgamento fica tudo mais  simples.  
  E o que  é mais interessante nisso tudo é o estado de preservação dessas coisas, a mentalidade completamente diferente das pessoas que entendem e  tem orgulho daquele patrimônio que elas tem na mão .
Também entendem, creio eu, que não é preciso destruir  o que já existe para fazer novas coisas.  Se aqui tivessem prefeitos  como alguns do Brasil, certamente nada restaria de tudo isso que vejo pelas  vilinhas no meu caminho.
 Sem dúvida, que estamos falando de um povo que se tornou sedentário e começou a criar as  cidades por vários motivos, para se proteger, interagir, trocar e isso possibilitou essa consciência , esse  desejo de preservação que hoje promove o próprio ganho da cidade, já que o turismo vem para ver o que ficou preservado.
Ou seja, a arquitetura é uma arte que conjuga a beleza e a utilidade da coisa. Isso porque sei  que a beleza é o que fica nos  olhos do visitante  quando conhece, não é a história, essa é secundária. Se a pessoa muito se interessar aí vai procurar. No entanto,   tirando a igreja e alguns  prédios públicos os lugares são particulares, é a casa do povo que vive naquele  local e  era  feita  com o que se tinha.  Na região em que estou,  as construções  são de pedra. Uma  pedra clara que  junto com uma massa também  clara fica bem bonita dando esse aspecto de conto de fadas, mil casas de João e Maria, o telhado é escuro, o pé  direito alto, na cozinha um fogão a lenha e  também tem as lareiras. O bom da pedra,  que é estruturada com vigas de madeira, é que ela  é quentinha. Na  cidade de Conque a pedra é avermelhada, mais escura. 
Nossas pedras no Brasil, pelo menos na minha região, são cinzas. Deve ser um  outro minério.  Também a forma de assentar  é diferente  usam a pedra deitada nos vários formatos que encontram, não são cortadas. 
Pois então que cada vila tem seu borogodó,  mas reparo no entanto que elas  estão vazias,  creio ter havido um grande movimento de  êxodo  e não vejo jovens nesses lugares. O progresso, a busca   por empregos, entretenimento e outras coisas fazem com que  vários  lugares estejam desabitados. Aí é que entra um outro fator,  que tenho visto e já comentei, eu acho, tirando as cidades turísticas , que falta um pouco de vida nesses lugares, Gente. Posso ter passado na hora da sesta, mas já passei outra  hora e era o mesmo.
Os grandes centros abarrotados de gente e as vilinhas  morrendo.  Creio que por isso tem havido , talvez, uma busca dos ingleses por lugares aqui. Vejo muita coisa a venda. E em busca de um novo modelo de  vida esse povo vai chegando.
Tudo que tem o símbolo, escrito bio, tá em alta por aqui. Não sei ao certo o conceito disso. Talvez sejam coisas que não maltratam a natureza, nem os animais.  Espero que não seja mais um modismo, mas o capitalismo faz isso, tudo  vira produto, é impressionante.  Mas vale a pena,massificar a pratica do respeito a natureza, pelo menos nesse caso.       

Conques fotos






























A aventura.

https://youtu.be/K4u_d1zwDes

Conques- Caminho de Santiago de Compostela

https://youtu.be/kOYOfraX91s

sexta-feira, 13 de setembro de 2019

Sexta feira 13 e lua cheia


Resultado de imagem para bruxa na vassoura






Hoje, depois de uma noite em que acordei às 3 da madrugada  com uma lua invadindo meu quarto   eu acabei sonhando  com rememórias. Pergunto-me, se não já tá tudo definido por que merda certas coisas inundam a mente. Talvez jamais tenha essa explicação. Sexta feira 13 de  lua cheia,  deve ser isso e  mais um pouco. Dia  para um bom ritual de qualquer coisa.  
Pela manhã aqui na casa,  fui pintar a cozinha de novo e limpar vidros e coloquei MPB da melhor qualidade. Meu anfitrião gostou e o trabalho fluiu sem estresse. Quando a mulher dele está, parece que fica sempre na vigília. Fato é que ela me parece exigente demais para ter uma casa do jeito que eu encontrei.
No entanto todo esse labor  tem me dado certa paz e conformação com o que eu não posso mudar. Uma paz de espírito que me é muito cara, a diminuição da ansiedade e um olhar mais apurado.
Engraçado que tem gente que  por mais que você se esforce para contentar, nunca tá bom. A pessoa nunca acha bom, nunca elogia, ou diz  qualquer  coisa , nem precisa ser , obrigado.
Gratidão é uma palavra  muito importante na vida. Muito importante  termos a plena noção do que ela quer dizer.  E sermos gratos por tudo.
Ninguém  nessa vida tem qualquer  obrigação de  nada. E quando alguém faz algo por nós ou para nós, temos que agradecer, sempre, sempre, sempre. Agradecer a vida e ter nascido bem, com saúde na casa que nasceu.  São tantas as coisas  boas que vivemos e que sentimos que  não vale mesmo a pena pensar nas ruins.
Não tenho inimigos, nunca tive, sou sempre  eu, em qualquer situação  sabem que sou eu. Isso não quer dizer que  seja intransigente fazendo o que   quero sempre, não é isso que significa ser sempre você.
Acho que ser sempre você é ser passível de  mudar quando você quiser. Ter a  liberdade de poder agir de acordo com cada situação. Pois que cada situação exige ações diferentes. Não justifica eu ficar batendo cabeça querendo respeito se eu não me respeito, era o que eu dizia a uma pessoa.
A  liberdade e  a inteligência se encontram em  saber olhar isso e poder ir em caminhos diversos cada vez, sem ilusão.
       A   Ilusão é  que complica a coisa toda. Não sofremos  pela coisa em si, pois isso às vezes é facilmente contornável,   sofremos  pela  expectativa que as coisas  criam e que acreditamos  que poderá ser como pensamos e não o que a coisa efetivamente é.
O que me espera? Não sei, nem posso saber.  Melhor que  eu não espere nada e  viva cada momento como único nessa experiência. 
Eu  planejei o mínimo  possível,  e tento continuar assim. O básico e cada dia é um dia a mais que se experiencia.  Isso  talvez seja  a  melhor  forma de se viver. Não se  cria ansiedade e nem expectativa, e tampouco sofrimento antecipado.
Viver é acima de tudo, como dizia Rahel, segundo Hannah Arentd, estar na tempestade sem guarda chuvas.  
 Coisa que  em casa de ingleses é quase impossível.