sábado, 14 de setembro de 2019

Caminho de Santiago -uma parte na França.








Sábado 14\09- fui avisada que terei 2 dias de folga, hoje  e  amanhã, não pensei o que fazer, descansar, ir a Vila de  Bike, mas acordei e está chovendo com uma  umidade horrorosa que entra por dentro da roupa.  Tomei  café e voltei para meu chatô. A chuva vai e vem. A internet aqui no chatô também não é lá essas coisas e no telefone não entra. Melhor assim, pois leio e escrevo. Íamos hoje fazer um piquenique em  Conques, mais um vilarejo medieval  que tem parte do caminho de Santiago de Compostela, tem lá muitas relíquias e  também monumentos romanos.  ( Fomos. Yves chegou aqui no Chatô  e disse que já estava tudo pronto. Mudei de roupa correndo e fui passado filtro solar e  batom, toca na cabeça por causa do frio).
Andamos de carro por vilarejos e  quando chegou no topo da   montanha com uma vista divina paramos num lugar de lazer, tipo os que tinham na Rio -Santos  quando inaugurou. Ali foi posta a mesa. Baguete  que foi comprada num vilarejo na passagem, patê, queijo, batata frita azeitona com   tempero e yogurte de sobremesa.  A baguete é tão dura mas é gostosa. Esse foi nosso piquenique de almoço com uma vista maravilhosa de todo vale. Depois de comer, com o vento frio começamos a descer,  vimos um veadinho no caminho, muito fofo e um coelho.  O final da decida com outra subida estava outra Vila de Conques.
Diferente das outras com as construções  em pedra mais escura  e o telhado do mesmo material, que parece ardósia, mas não é. Tudo muito ajeitadinho, com muitas flores. Para entrar na cidade e estacionar se  paga, 5 euros. Deixamos o carro, a Van vermelha e  fomos a pé, nós três e  Toffifix. A roupa  era pelo puro, aff!! ,e muita, 3 blusas sendo uma de lã. O sol já começava a esquentar. Andamos  pelas ruas, entrei na igreja, gravei um vídeo curtinho na rua. A igreja é gótica altíssima  mas tem poucas imagens, mas muito bonita, fiz meus agradecimentos de praxe e os pedidos também.  Fui  caminhar, Margareth  ficou sentada lendo. São muitos os cafés, lojinhas com coisinhas etc. A cidade  é uma lugar de passagem e tem o maior monumento arquitetônico  no caminho de Santiago de Compostela, e a cidade foi construída ao redor do monastério. De fato uma graça. Já  tínhamos almoçado no piquenique e passamos numa sorveteria, aí perguntei a Margareth se queria, já que ela vive falando em sorvete.   A convidei para um sorvete ela ficou feliz. Parecia criança. Depois fomos subindo para encontrar Yves na casa de Chá bio,  pois tinha ido levar Toff no carro.
O cachorro é o bebê da  casa e Yves  é louco por ele. Eles tratam muito bem aos animais, conversam com eles e tudo. Tem  a gata Misty, o Toffifix, duas galinhas e muitos patos.  Os animais  fazem  que liberem a ternura que as vezes fica escondida com os humanos. Ainda  mais em povos não muito carinhosos.  Reparo  que é um casal carinhoso, ele  muito mais que ela que é bem seca e reclama muito, ele é do signo de gêmeos   e ela capricórnio  do dia 3. Ou seja,  onde vim cair. Tem mesmo coisas que são impressionantes na nossa vida.    Quando  chegamos em casa fui andar  de bike, 20 minutos subindo e 5 descendo.
Voltando à cidade de Conque,  que creio quer dizer concha, pois é um dos símbolos além da cruz de Santiago que são muito vendidos nas lojinhas, ela tem um clima interessante, além da beleza. Tem uma peregrinação,  pessoas de todas as idades com suas varinhas de caminhada, com mochilas, bem como Santiago em que já estive. Esses lugares de  fé e buscas pessoais são muito interessantes. Tem também um quê de  contemplação  pela vida e a sensação de  que “tudo vale a pena, se  alma não é  pequena”, já dizia Fernando Pessoa. É também uma espécie de estado de graça, onde  você sente na pele aquela vibração.  De fato tudo vale a pena, pois creio que viver é isso mesmo, passagem  pelos lugares, pelas pessoas, pelas coisas bonitas e pelas  feias, que  nos fazem enxergar as bonitas. Só a comparação permite ver tudo isso, isso quero  dizer,  ver  2 coisas ao mesmo tempo e não avaliar. Não tem deslumbre,  cada coisa tem seu lugar, não gosto de dizer se é melhor ou pior,  as coisas são o que são. Sem o julgamento fica tudo mais  simples.  
  E o que  é mais interessante nisso tudo é o estado de preservação dessas coisas, a mentalidade completamente diferente das pessoas que entendem e  tem orgulho daquele patrimônio que elas tem na mão .
Também entendem, creio eu, que não é preciso destruir  o que já existe para fazer novas coisas.  Se aqui tivessem prefeitos  como alguns do Brasil, certamente nada restaria de tudo isso que vejo pelas  vilinhas no meu caminho.
 Sem dúvida, que estamos falando de um povo que se tornou sedentário e começou a criar as  cidades por vários motivos, para se proteger, interagir, trocar e isso possibilitou essa consciência , esse  desejo de preservação que hoje promove o próprio ganho da cidade, já que o turismo vem para ver o que ficou preservado.
Ou seja, a arquitetura é uma arte que conjuga a beleza e a utilidade da coisa. Isso porque sei  que a beleza é o que fica nos  olhos do visitante  quando conhece, não é a história, essa é secundária. Se a pessoa muito se interessar aí vai procurar. No entanto,   tirando a igreja e alguns  prédios públicos os lugares são particulares, é a casa do povo que vive naquele  local e  era  feita  com o que se tinha.  Na região em que estou,  as construções  são de pedra. Uma  pedra clara que  junto com uma massa também  clara fica bem bonita dando esse aspecto de conto de fadas, mil casas de João e Maria, o telhado é escuro, o pé  direito alto, na cozinha um fogão a lenha e  também tem as lareiras. O bom da pedra,  que é estruturada com vigas de madeira, é que ela  é quentinha. Na  cidade de Conque a pedra é avermelhada, mais escura. 
Nossas pedras no Brasil, pelo menos na minha região, são cinzas. Deve ser um  outro minério.  Também a forma de assentar  é diferente  usam a pedra deitada nos vários formatos que encontram, não são cortadas. 
Pois então que cada vila tem seu borogodó,  mas reparo no entanto que elas  estão vazias,  creio ter havido um grande movimento de  êxodo  e não vejo jovens nesses lugares. O progresso, a busca   por empregos, entretenimento e outras coisas fazem com que  vários  lugares estejam desabitados. Aí é que entra um outro fator,  que tenho visto e já comentei, eu acho, tirando as cidades turísticas , que falta um pouco de vida nesses lugares, Gente. Posso ter passado na hora da sesta, mas já passei outra  hora e era o mesmo.
Os grandes centros abarrotados de gente e as vilinhas  morrendo.  Creio que por isso tem havido , talvez, uma busca dos ingleses por lugares aqui. Vejo muita coisa a venda. E em busca de um novo modelo de  vida esse povo vai chegando.
Tudo que tem o símbolo, escrito bio, tá em alta por aqui. Não sei ao certo o conceito disso. Talvez sejam coisas que não maltratam a natureza, nem os animais.  Espero que não seja mais um modismo, mas o capitalismo faz isso, tudo  vira produto, é impressionante.  Mas vale a pena,massificar a pratica do respeito a natureza, pelo menos nesse caso.       

Um comentário:


  1. "Sem o julgamento fica tudo mais simples",pena que a maioria das pessoas não pensam assim.
    Bjs
    Bjs

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