Sábado 14\09- fui avisada que terei 2 dias de folga, hoje e amanhã,
não pensei o que fazer, descansar, ir a Vila de
Bike, mas acordei e está chovendo com uma umidade horrorosa que entra por dentro da
roupa. Tomei café e voltei para meu chatô. A chuva vai e
vem. A internet aqui no chatô também não é lá essas coisas e no telefone não
entra. Melhor assim, pois leio e escrevo. Íamos hoje fazer um piquenique
em Conques, mais um vilarejo
medieval que tem parte do caminho de
Santiago de Compostela, tem lá muitas relíquias e também monumentos romanos. ( Fomos. Yves chegou aqui no Chatô e disse que já estava tudo pronto. Mudei de
roupa correndo e fui passado filtro solar e
batom, toca na cabeça por causa do frio).
Andamos de carro por vilarejos e quando chegou no topo da montanha com uma vista divina paramos num
lugar de lazer, tipo os que tinham na Rio -Santos quando inaugurou. Ali foi posta a mesa.
Baguete que foi comprada num vilarejo na
passagem, patê, queijo, batata frita azeitona com tempero e yogurte de sobremesa. A baguete é tão dura mas é gostosa. Esse foi
nosso piquenique de almoço com uma vista maravilhosa de todo vale. Depois de
comer, com o vento frio começamos a descer,
vimos um veadinho no caminho, muito fofo e um coelho. O final da decida com outra subida estava
outra Vila de Conques.
Diferente das outras com as construções em pedra mais escura e o telhado do mesmo material, que parece
ardósia, mas não é. Tudo muito ajeitadinho, com muitas flores. Para entrar na
cidade e estacionar se paga, 5 euros.
Deixamos o carro, a Van vermelha e fomos
a pé, nós três e Toffifix. A roupa era pelo puro, aff!! ,e muita, 3 blusas sendo
uma de lã. O sol já começava a esquentar. Andamos pelas ruas, entrei na igreja, gravei um vídeo
curtinho na rua. A igreja é gótica altíssima
mas tem poucas imagens, mas muito bonita, fiz meus agradecimentos de
praxe e os pedidos também. Fui caminhar, Margareth ficou sentada lendo. São muitos os cafés,
lojinhas com coisinhas etc. A cidade é
uma lugar de passagem e tem o maior monumento arquitetônico no caminho de Santiago de Compostela, e a
cidade foi construída ao redor do monastério. De fato uma graça. Já tínhamos almoçado no piquenique e passamos
numa sorveteria, aí perguntei a Margareth se queria, já que ela vive falando em
sorvete. A convidei para um sorvete ela
ficou feliz. Parecia criança. Depois fomos subindo para encontrar Yves na casa
de Chá bio, pois tinha ido levar Toff no
carro.
O cachorro é o bebê da
casa e Yves é louco por ele. Eles
tratam muito bem aos animais, conversam com eles e tudo. Tem a gata Misty, o Toffifix, duas galinhas e
muitos patos. Os animais fazem
que liberem a ternura que as vezes fica escondida com os humanos.
Ainda mais em povos não muito
carinhosos. Reparo que é um casal carinhoso, ele muito mais que ela que é bem seca e reclama
muito, ele é do signo de gêmeos e ela
capricórnio do dia 3. Ou seja, onde vim cair. Tem mesmo coisas que são impressionantes
na nossa vida. Quando chegamos em casa fui andar de bike, 20 minutos subindo e 5 descendo.
Voltando à cidade de Conque,
que creio quer dizer concha, pois é um dos símbolos além da cruz de
Santiago que são muito vendidos nas lojinhas, ela tem um clima interessante,
além da beleza. Tem uma peregrinação,
pessoas de todas as idades com suas varinhas de caminhada, com mochilas,
bem como Santiago em que já estive. Esses lugares de fé e buscas pessoais são muito interessantes.
Tem também um quê de contemplação pela vida e a sensação de que “tudo vale a pena, se alma não é
pequena”, já dizia Fernando Pessoa. É também uma espécie de estado de
graça, onde você sente na pele aquela
vibração. De fato tudo vale a pena, pois
creio que viver é isso mesmo, passagem
pelos lugares, pelas pessoas, pelas coisas bonitas e pelas feias, que
nos fazem enxergar as bonitas. Só a comparação permite ver tudo isso,
isso quero dizer, ver 2
coisas ao mesmo tempo e não avaliar. Não tem deslumbre, cada coisa tem seu lugar, não gosto de dizer
se é melhor ou pior, as coisas são o que
são. Sem o julgamento fica tudo mais simples.
E o que é mais interessante nisso tudo é o estado de
preservação dessas coisas, a mentalidade completamente diferente das pessoas
que entendem e tem orgulho daquele
patrimônio que elas tem na mão .
Também entendem, creio eu, que não é preciso destruir o que já existe para fazer novas coisas. Se aqui tivessem prefeitos como alguns do Brasil, certamente nada
restaria de tudo isso que vejo pelas
vilinhas no meu caminho.
Sem dúvida, que
estamos falando de um povo que se tornou sedentário e começou a criar as cidades por vários motivos, para se proteger,
interagir, trocar e isso possibilitou essa consciência , esse desejo de preservação que hoje promove o
próprio ganho da cidade, já que o turismo vem para ver o que ficou preservado.
Ou seja, a arquitetura é uma arte que conjuga a beleza e a
utilidade da coisa. Isso porque sei que
a beleza é o que fica nos olhos do
visitante quando conhece, não é a
história, essa é secundária. Se a pessoa muito se interessar aí vai procurar.
No entanto, tirando a igreja e
alguns prédios públicos os lugares são
particulares, é a casa do povo que vive naquele
local e era feita com o que se tinha. Na região em que estou, as construções
são de pedra. Uma pedra clara
que junto com uma massa também clara fica bem bonita dando esse aspecto de
conto de fadas, mil casas de João e Maria, o telhado é escuro, o pé direito alto, na cozinha um fogão a lenha
e também tem as lareiras. O bom da
pedra, que é estruturada com vigas de
madeira, é que ela é quentinha. Na cidade de Conque a pedra é avermelhada, mais
escura.
Nossas pedras no Brasil, pelo menos na minha região, são
cinzas. Deve ser um outro minério. Também a forma de assentar é diferente
usam a pedra deitada nos vários formatos que encontram, não são
cortadas.
Pois então que cada vila tem seu borogodó, mas reparo no entanto que elas estão vazias,
creio ter havido um grande movimento de
êxodo e não vejo jovens nesses
lugares. O progresso, a busca por
empregos, entretenimento e outras coisas fazem com que vários
lugares estejam desabitados. Aí é que entra um outro fator, que tenho visto e já comentei, eu acho, tirando
as cidades turísticas , que falta um pouco de vida nesses lugares, Gente. Posso ter
passado na hora da sesta, mas já passei outra hora e era o mesmo.
Os grandes centros abarrotados de gente e as vilinhas morrendo.
Creio que por isso tem havido , talvez, uma busca dos ingleses por lugares aqui. Vejo muita coisa a venda. E em busca de um novo modelo
de vida esse povo vai chegando.
Tudo que tem o símbolo, escrito bio, tá em alta por aqui.
Não sei ao certo o conceito disso. Talvez sejam coisas que não maltratam a
natureza, nem os animais. Espero que não
seja mais um modismo, mas o capitalismo faz isso, tudo vira produto, é impressionante. Mas vale a pena,massificar a pratica do respeito a natureza, pelo menos nesse caso.
ResponderExcluir"Sem o julgamento fica tudo mais simples",pena que a maioria das pessoas não pensam assim.
Bjs
Bjs