O vento chegou hoje aqui outra vez, a noite foi mal dormida e fria, acordo mais tarde sem a sensação de que posso ser chamada atenção. De certo eu não tenho noção da relação que temos. Besteira minha isso. Cheguei à cozinha e Yves já tinha comido seu cereal e feito o café. Estava com o computador sobre a bancada ouvindo música brasileira, o Boca Livre num concerto, bem legal. E depois uma galera bem jovem também cantando nossa música. Falei a ele da notícia do Brasil, caí no choro. Me contive, não é fácil, de repente aquela sensação outra vez de tirarem o solo dos seus pés.
Que turbilhão que é a vida da gente. Calma, preciso me controlar, tudo vai dar certo. Se existe destino ele está já traçado,meu pai disse, mas destino às vezes é por demais cruel.
Tomei meu café , lavei a louça e fomos arrumar o portão. Lógico que minha dor de tensão no quadril começa a me acompanhar e ainda aquela sensação de medo que dói na boca do estômago.
Tempo para elaborar as coisas.
Acho que vai esfriar, o tempo parece que tá mudando. Não fui a Villefrance vender anéis, desanimei um pouco. Falei com Emili a pouco, como sempre muito assustada. Precisamos acalmar.
Almocei e depois da sesta fui terminar de passar óleo de linhaça no portão, ficou lindo ainda pintei de amarelo a dobradiça, depois fui a oficina do Yves, certamente nunca varrida, perguntei a ele, ele respondeu: sometimes, logo, never. Perguntei se podia, comecei a varrer, ele animou, aí fui. Tirei tudo, era muito pó, tanto que meu cabelo saiu duro. Varri, limpei as prateleiras, puxei as máquinas juntei as coisas iguais. Ele fez um chá, subi tomei, conversamos um pouco e ele me contou de sua vida e de quando conheceu Margareth. Ele morou na Argélia, nasceu lá, veio para França já com 10 anos.Filhos de pais franceses eu acho. Contou-me que seu irmão mais novo foi preso político, se entendi bem na Argélia. Acho devia ser pró-colonizador. Enfim, ficamos conversando. Depois voltei a oficina e só sai quando acabei. Ainda tem uma outra sala da oficina. Talvez eu limpe na segunda.
Tomei meu banho e fui fazer o jantar. Fiz cuscus marroquino e vagem( de novo- não, só outra vez,todo dia) com ovo, foi o jantar, depois queijo e yogurte de baunilha.
Pois então, que um simples relato do dia não supre a reflexão que nos acomete. Para quem as relações são eventuais, tanto faz, tanto fez, mas para quem para e pensa, a angústia, o medo, que nos invade é horrível.
Meu amigo me disse que certos momentos são os piores, com o tempo o ser humano vai indo, indo, indo.Oxalá, tudo vai dar certo, não há de ser.
Oi,amiga, com certeza, há momentos em nossas vidas em que parece que vamos sucumbir...mas, de repente, emerge toda aquela força própria da natureza humana, talvez mais da feminina...e tudo parece ir voltando, aos poucos, ao eixo. Somos assim mesmo, turbilhão e mansidão.Basta sabermos equilibrar. Carpe diem, amiga querida!!!
ResponderExcluirAmando ler você...