Uma nova viagem se inicia, dessa vez sem que o roteiro esteja rigorosamente definido, sem estar acompanhada, é como da primeira vez, à vontade dos ventos.
segunda-feira, 23 de setembro de 2019
Diferente, apenas diferente
Será hoje o fim da estação? Início da primavera e do outono, faz tempo que não leio um jornal ou vejo uma news de TV.
Meus anfitriões dizem que o jornal francês só tem notícia da França e que o francês só olha para o próprio umbigo. Não sei, nem tenho como dizer.
Ontem a noite quando fui para o último xixi do dia, vivi uma experiência no mínimo espantosa, como já falei o toilete, isso quer dizer onde fazemos as necessidades é do lado de fora, biológico, tenho que sair a noite com um lampião de led pelo caminho e chegar lá. Só que fica realmente um breu, e 22horas quando vou dormir eu subo até lá, não é longe,mas como estamos no meio da floresta temos chance de ter visitas, então fui, dei de cara com algo que se assustou com a luz e deu meia volta, eu fui, fazer o que , não era raposa, tinha uma cara que vi rápido, corri fiz xixi e desci varada. De manhã falei para o Yves, e agora a pouco colocamos a câmera para ver se pegamos algo, eles já conseguiram filmar os veados lá no morro . Desde que cheguei 4 cobras, pequenas, mas cobra, já apareceram na casa. Aqui do meu lado não, graças a Deus. Também rato. Tudo bem que estamos no mato, mas tem ração, semente e as plantações e acho que isso atrai. A gata pega rato, vi ela com um, bem grandinho.
Amanhã vou limpar o galpão espero que não me apareça nenhum. Hoje limpei e arrumei todos os armários da cozinha e um da sala. Caraca tudo misturado, tenho certeza que ela não sabe as coisas que tem. Tem muito utensílio de cozinha. Arrumei as gavetas , tudo. Acho que valeu assistir tanto programa de organização, eu devia ter tirado foto do antes e depois. Dei mole, mas a próxima casa se tiver isso para fazer eu vou tirar.Tenho quase certeza que terá, principalmente na Escócia, que tem criança.
Também tem outra coisa, o Yves é muito bagunceiro, não coloca nada no lugar, , manter a casa arrumada deve ser difícil. Fiz também o jantar hoje, fiz omelete de cogumelo, batata rústica com alecrim e vagem refogada com tomate e cebola, Ele gostou. Depois do jantar tem queijo.
Tenho sentido demais os mesmos sintomas de quando ainda estava em casa, queimação, na boca, horrível e estou tomando o remédio. Também fazendo o uso de antiácido, não sei se é a sertralina, se é ansiedade, que bosta que é.
Tenho acompanhado a visualização do blog e me parece legal. Também dos vídeos. O blog já passou de 43mil desde que comecei, faz muito tempo coma viagem ao Peru. 10 anos já.
Às vezes fico em dúvida do que escrevo, se tem mais cara de Blog ou de livro, talvez de blog, não são muitas aventuras, é um dia a dia diferente do que estou acostumada.
Por 2O anos direto eu trabalhava na faculdade dando aulas e esse tipo de trabalho que tô fazendo aqui era só em casa. E quando a casa é nossa tendemos a deixar para depois, e nunca fazemos muito bem feito. Aqui eu tô usando esse tipo de trabalho de limpar e organizar a casa como uma espécie de meditação.
Ali dobrando, arrumando eu desligo e também reflito sobre muita coisa. Procuro também dar um toque de beleza. Enfeito, ponho flores, pinto, dobro tudo bem dobrado, arrumei o armário de roupa todo por cores, principalmente as roupas de frio . Na verdade só essas pois eles separam para deixar no armário apenas a roupa da estação. Não são como nós, que usamos tudo o tempo todo. Margaret tem pouca roupa, tudo na maioria azul marinho, mais inglesa impossível, não tem vestidos e não tem o monte de coisas que eu tenho, bolsas, sapatos, lenços, bijouterias, acho que ela não tem nada disso . Será a vida mais simples assim? ou apenas menos bela? Creio que a vaidade é importante, não em excesso, mais valoriza.
A idade é cruel com as mulheres nesse campo, embora eu não veja aqui a mesma cobrança que temos no Rio de Janeiro.
Estou numa cidade do interior, e de fato não vi muita gente, não vi muitos adultos jovens como eu, esqueço que tenho 50, e me coloco nos 30 anos. Não vi, muita gente bem mais idosa. Eu não me sinto com a idade que tenho, não consigo, e não sei se tenho também que conseguir. A pele muda, o cabelo vai perdendo a cor, o viço é outro assim como a força muscular e a facilidade para emagrecer. Cansam mais determinadas atividades, já é possível se detectar o nosso limite. Antes eu não tinha ideia do cansaço, acordava às 6 e trabalha às vezes até às 23 h, tinha dia que ficava na Barra internada dia todo e noite e dia seguinte de novo, e ainda cuidava de casa e lia e escrevia.
Quando chegava o fim do ano estava um caco. Esse ano tudo diferente, tudo completamente diverso, nem melhor , nem pior, diverso, com outros objetivos para refletir.
Desisti de passar meu aniversário em Paris, aff!!,que besta!!!, vou para Bourdeax e depois logo para a outra casa. Passarei pela cidade luz no fim de outubro, logo o evento em que eu ia apresentar minha pesquisa não vai rolar. E vamos lá, amanhã o dia será longo, oxalá tudo correrá bem.
domingo, 22 de setembro de 2019
Especialidade, Médio Evo
Peyrusse-le-Roc
A cidade de Peyrusse era a capital do maior distrito financeiro de Rouergue (106 paróquias) e abrigava em seus muros 187 homens de armas e 4 cavaleiros, tinha até 40 famílias nobres, incluindo a família de Peyrusse, Medicys. , a família Cornely, a Besse, mas também seis cartórios, um cambista e muitas fábricas.22 de setembro,último domingo por aqui.
Como prometido, o vento parou e choveu bem hoje a tarde, mas já parou e o céu abriu e amanhã teremos sol. Ainda bem, pois quero curtir ao máximo a quentura do verão.
Hoje fui com Yves a mais uma Vila Medieval para minha coleção. Nesta, fiz uma trilha pauleira, subi no alto dessa torre da foto passando por uma escadinha de ferro e depois trilha pela montanha. A vila é uma belezinha, bem pequena e agradável. Chegamos bem cedo nós dois e Toffifix. Andamos pela vila e depois na hora da trilha fui indo e ele levou Toff para a Van. Ele é ancião, já disse, não consegue andar muito e teve a mesma coisa que a Grécia cachorra lá de casa. Entretanto, o cachorrinho tá bem pesado. Também é o tempo todo o bicho comendo aquelas comidas de latinha e mais biscoito e tudo de gostoso, queijo ele adora, pasta também. Eu digo que ele só quer comer delícias e passear de Van. É só pegar a chave da Van que ele levanta todo alegre.
Mas na trilha passamos por vários prédios em ruína da cidade antiga, a igreja era enorme. Explico, tem a cidade atual e abaixo dela a antiga vila encrustada no morro e na beira do rio; com uma ruína enorme de igreja, um hospital dos ingleses, de 3 andares e outras coisas, ou seja, era uma super vila que no seculo XVIII por estar vazia foi entregue para demolição, somente em 1956, é que brotou a consciência de resgatá-la.
Essa história é muito interessante, pois antes da data do abandono, como talvez esteja acontecendo com muitas, ela era enorme com muitos moradores .
Esse processo de preservação, podemos dizer que é algo, de certa forma, recente em todo mundo. Alguns lugares despertaram mais cedo, outros mais tarde. Sem dúvidas, que tem diferença de lugar para lugar. Aqui essas vilas medievais são de fato bem pequenas e não tem mais condições de abrigar muita gente e um dado importante a população europeia vem decaindo, diferente dos países em desenvolvimento que só crescem e as cidades pequenas vão inchando e se transformando, todavia sem a consciência de preservação do passado. As poucas que mantiveram a estrutura são hoje cidades turísticas e isso aconteceu porque ficaram isoladas durante um tempo, perderam sua atividade primordial e agora acenderam para o turismo é o caso de Parati e Tiradentes. Mas os problemas começam a surgir no entorno delas.
Mas não é só isso, o sentimento de preservação é algo que tem que ser introjetado nas pessoas, caso contrário jamais existirá, isso porque o novo seduz, o novo dá menos trabalho e o novo não tem um compromisso com uma memória que pode ser deixada de lado. Porém se não cultivamos esse passado, não temos chance de um futuro melhor, somente a memória pode nos dar a capacidade de reflexão, erros e acertos para continuar.
Sei que a sociedade do consumo não gosta muito disso, já que prega,obviamente, o consumo, para que apostar no velho, no concerto das coisas, se pode comprar uma nova. Mas aí é que está a questão, todas as coisas tem história e essa só nasce a partir da sua própria existência.
Subi no alto na torre, e de lá se via todo o vale, era um ponto de observação e proteção para a cidade.
A paisagem tá se modificando, são verdadeiros tapetes de folhas em todos os lugares.
Saímos da vila, e viemos para casa, pedi a Yves para parar numa pastisserie e eu comprei um pão bem gostoso. Ao chegar fiz a salada para o almoço, que foi melão orange com presunto, salada de tomate com cebola roxa e passas , pão, queijo e de sobremesa chá com bolo inglês, não da para fazer dieta. Agora a noite teve capelete com abobrinha recheada de ovo e maionese com mostarda.
A história da maionese foi engraçada, ontem Yves inventou de fazer uma maionese, tô vendo ele na cozinha, com um monte de vasilhas, uma batedeira e colocando de pouquinho em pouquinho a gema do ovo e azeite, mas apesar de não ficar com gosto ruim , não era maionese. Aí hoje ele olhou na internet e acrescentou a mostarda, quando entrei na cozinha agora de noite ele veio me mostrar o resultado. Deu certo, cozinhou a abobrinha amarela e ligou para irmã, para perguntar sobre como fazer. Tudo no capricho, mas faz uma sujeira que só. Quando tirou a batedeira do ovo,espirou ovo e óleo para todo lado. Toffifix que gostou pois saiu lambendo, isso ele me disse. Amanhã vou ter que passar pano na cozinha toda.
Hoje só passeei, a tarde dormi e li, estava sem internet. Bom que pelo menos adiantei minha leitura que acaba nunca acontecendo, to lendo A aventura das línguas , muito legal pois explica sobre todas as línguas indo europeias e outras que não são desse tronco. Segundo o autor as primeiras línguas tiveram sua base no sânscrito a mais perfeita delas e depois a influência do latim.
Comprei minha passagem para Bordeux, dei mole e paguei mais caro 5 euros. Sacanagem.
Hoje também falei com Monique pelo telefone, irmã de Yves, que é uma gracinha.
Alice me mandou vídeo, da jaboticabeira da fazenda cheia de jaboticaba e o tomateiro que plantei com tomatões, incrível, em menos de um mês e a natureza da seus frutos.
Eu aqui tô separando sementes para levar, de framboesa, vagem, avelã, tomatinho, já devo ter dito isso, vou acabar ficando repetitiva.
Uma coisa não tá boa, voltei a sentir a queimação na boca. Um saco.
sábado, 21 de setembro de 2019
Dia de folga e preguiça
21 de setembro. Quase primavera no Brasil e outono aqui. Desde ontem um vento que não pára, muito forte e o barulho é constante parece até o mar. Engraçado, pois não estou acostumada com vento em floresta, e o barulho é muito semelhante ao do mar batendo sem parar.
As folhas começam a cair e é muita folha, tem árvore que fica completamente pelada, o ciclo de cada folha verde é ficar amarela e depois meio marrom até virar de novo adubo para outras plantas. Aqui, tudo que é vivo vai para compostagem e tem 4 espaços para isso em níveis diversos de putrefação, ou seja, no processo de decomposição. Nada se perde, tudo se transforma se não me não me engano disse Lavosier. Creio que essa é grande importância de pensarmos a sustentabilidade. Sem excesso de embalagem, sem excesso de plásticos e outras coisas que nossa sociedade produziu.
O movimento bio tá crescendo, só espero que não seja apenas um modismo e que as pessoas realmente parem de produzir lixo. Essa cultura vejo aqui nessa casa que estou e é bem presente. Eles reaproveitam tudo. Os sacos de papel são guardados e reusados sempre, embalagem de plástico também, vidros todos são reutilizados para as geleias que são feitas com as frutas do verão para se comer no inverno. A framboesa é a que mais produz, impressionante, duas carreira da planta produz por dia pelo menos duas caixinhas maiores que aquelas de morango que vende no Brasil, também tomates, um pezinho de nada produz por dia uma caixinha ou mais, também a vagem macarrão uma única carreira produz tanto que tem que ser colhido todo dia.
Não tem chovido, desde que cheguei dia 28 de agosto só choveu um dia. Yves me disse que quando o vento parar vai chover. Só espero que não esfrie muito.
Acordei hoje depois da hora e como não tinha nada planejado, ou tinha, ía a Vila, mas fiquei com preguiça, com o vento a volta seria de matar, 11 km de bike subindo eu ficaria morta. Então fiquei, colhi tomate e framboesa, antes molhei as plantas,depois fui fazer meus vídeos, fiz 4 e postei, Depois do almoço vim para meu chatô, dormi e li. Li em inglês Asterix e Obelix, mas sinto que meus aprendizado tá paralisado. Também terminei de assistir o filme Alan Kardec que tinha começado ontem, às 17 horas saí para caminhar por uma hora. Voltei fui tomar meu banho e 7 horas o sino tocou, Yves fez o jantar e fui comer. Fez porco assado, uns bifes e abobrinha recheada e vagem. Entretanto tava bem apimentado, mas gostoso. Oh povo pra gostar de pimenta. Tomamos vinho e depois Yogurt de baunilha para adoçar a boca.
Sinto que já engordei, que M, tanto para perder e menos de um mês para ganhar.
No jantar perguntei ao Yves se conhecia Kardec, disse que não, aí conversamos sobre religião e concordamos que qualquer fundamentalismo é ruim, que o importante é o respeito a todas as religiões e credos. Como eu, ele gosta do Budismo que eu não considero religião mas uma filosofia de vida, uma forma de estar presente em tudo que se faz, de não cultivar maus pensamentos, de ter pensamentos positivos sempre, pois se somos energia essa pode ser transformada se transformamos nossas vibrações. Seja lá a religião que for, o que importa é fazer o bem, amar ao próximo e a si mesmo, ser pacífico, desejar ao outro o mesmo que deseja para si mesmo, tratar todos igualmente.
Tanta coisa que se pode fazer, tanta coisa que é preciso fazer e transformar. Transformar-se o tempo todo quando vemos que deve partir de nós a atitude de mudar.
Cristalizar-se jamais, não nascemos para isso. Não é porque não aprendeu, que vai viver a vida toda sem fazer, essa é a mudança que precisamos, que o planeta precisa, que as relações precisam, que a sociedade precisa.
Fulano , ciclano, beltrano, não fazem seu dever de casa porque não aprenderam, desculpas, nunca é tarde para mudarmos o comportamento, seja ele qual for, alimentar, amoroso, briguento, doméstico, todos, pois tudo é passível de mudança.
Consumir menos, não consumir por consumir. Difícil numa sociedade que prega o tempo todo que todos devem consumir muito para ter produção e emprego. Só que a coisa não é bem assim, não, não é. Pode-se consumir muito e o emprego não vem, a equação não é essa. Qual será pergunto-me?
Tudo isso faz parte da angústia do viver, além de tantas outras, não, viver não é simples, nem fácil, ainda mais quando pensamos tanto. Mas ainda bem, pois posso escrever e elaborar, sinal que estou fora da engrenagem mecânica que só produz, ou tudo é minha ilusão. Não sei, o sistema é por demais perverso. Quem sabe. Lembrei da série da Black Mirrow. Alucinada e dá uma cutucada na gente.
Problemas que hoje são globais e não mais locais, mas que lá repercutem.
Não sei porque comecei a falar tudo isso. Não quero falar de política pelas vias mais próximas, pois tudo é política, tudo é e faz parte da vida na polis. Nem quero falar do eu, já que disso to sempre na espreita.
Certos sentimentos precisam de tempo para elaboração. Olhar e ver é atividade complexa que só. E para poucos, normalmente estamos muito bem escondidos de nós mesmos, mais que de tudo.
Ultrapassar a barreira de nosso eu interior e nos mostrarmos de verdade para nós mesmos, não é coisa muito simples.
Tenho dentro de mim dois seres, um que fala para o outro, um mais racional que chama atenção o tempo todo, o outro uma coisa inexplicável, que não consigo entender com meu lado racional;
Não sei qual dos dois as pessoas vêem mais. Lógico que isso depende de quem olha e sinto muitas vezes que a leitura que o outro faz de nós é tremendamente equivocada.
Isso porque quando o outro nos lê, dá sentido, interpreta o que falamos, como agimos etc, o outro tem por base o referencial dele, o que ele viveu, e não o que ele tá vendo,por isso as coisas são tão complicadas, simplesmente porque as pessoas não vêem as outras como elas verdadeiramente são, mas a partir de si mesmo. Isso não quer dizer que sentem empatia, compaixão, se colocam no lugar do outro, não, não é isso. Se fosse seria bom, a dificuldade está justamente em as pessoas não conseguirem se colocar no lugar de quem elas observam. Infelizmente.
Daí tanta distorção, tanto mal entendido, tanta dor e tanto rancor. E muitos guardam isso pela vida, reverberam isso que vai os tornando seres doentes, pois sua luz vai se extinguindo.
Sei lá eu o motivo de tanta fala.
Aqui no meu chatô, tá quentinho, depois vou para um mosteiro, que virou B&B, só espero que o abrigo do workaway não seja uma verdeira cela monástica fria. Do frio é o que tenho medo. Frio dá sensação de abandono, de fora do útero, de vazio. Só de pensar já dói. lembrei-me que terei que comprar um pijama. O meu durmo agora, imagina no inverno, não dá nem para botar o braço fora da coberta. Durmo hoje de pijama, meia, um lençol e dois cobertores. De manhã antes do amanhecer é o momento mais frio.
sexta-feira, 20 de setembro de 2019
E o destino tá sempre escrito 1
Que turbilhão que é a vida da gente. Calma, preciso me controlar, tudo vai dar certo. Se existe destino ele está já traçado,meu pai disse, mas destino às vezes é por demais cruel.
Tomei meu café , lavei a louça e fomos arrumar o portão. Lógico que minha dor de tensão no quadril começa a me acompanhar e ainda aquela sensação de medo que dói na boca do estômago.
Tempo para elaborar as coisas.
Acho que vai esfriar, o tempo parece que tá mudando. Não fui a Villefrance vender anéis, desanimei um pouco. Falei com Emili a pouco, como sempre muito assustada. Precisamos acalmar.
Almocei e depois da sesta fui terminar de passar óleo de linhaça no portão, ficou lindo ainda pintei de amarelo a dobradiça, depois fui a oficina do Yves, certamente nunca varrida, perguntei a ele, ele respondeu: sometimes, logo, never. Perguntei se podia, comecei a varrer, ele animou, aí fui. Tirei tudo, era muito pó, tanto que meu cabelo saiu duro. Varri, limpei as prateleiras, puxei as máquinas juntei as coisas iguais. Ele fez um chá, subi tomei, conversamos um pouco e ele me contou de sua vida e de quando conheceu Margareth. Ele morou na Argélia, nasceu lá, veio para França já com 10 anos.Filhos de pais franceses eu acho. Contou-me que seu irmão mais novo foi preso político, se entendi bem na Argélia. Acho devia ser pró-colonizador. Enfim, ficamos conversando. Depois voltei a oficina e só sai quando acabei. Ainda tem uma outra sala da oficina. Talvez eu limpe na segunda.
Tomei meu banho e fui fazer o jantar. Fiz cuscus marroquino e vagem( de novo- não, só outra vez,todo dia) com ovo, foi o jantar, depois queijo e yogurte de baunilha.
Pois então, que um simples relato do dia não supre a reflexão que nos acomete. Para quem as relações são eventuais, tanto faz, tanto fez, mas para quem para e pensa, a angústia, o medo, que nos invade é horrível.
Meu amigo me disse que certos momentos são os piores, com o tempo o ser humano vai indo, indo, indo.Oxalá, tudo vai dar certo, não há de ser.
quinta-feira, 19 de setembro de 2019
Aceitar sem entender
quarta-feira, 18 de setembro de 2019
Aff pimenta
Tô com preguiça de escrever mas o que aconteceu agora na hora do jantar precisa ser dito. Heis que Margaret cozinheira de mão cheia que vive fazendo coisa boa, hoje inventou de fazer uns pimentões vermelhos recheados para o jantar, já disse que comida quente é só na janta.
Então toca o sino, eu corro porque já tô faminta pois o almoço é às 13 e só como de novo no jantar, já viu. Vem o tabuleiro com aquela coisa bonita,ela coloca 2 para cada um e nós nos servimos com uma batata em rodelas assada. Ela gosta de pimenta, mas a coisa tava que eu soltava fogo pela boca. Vou comendo devagar, tomando água e com a batata, para aliviar, aí o marido começa a gemer e me olha, eu olho e faço aquela cara, daqui a pouco eu engasgo de rir, chamo atenção dele como dizendo, por favor, não me olha assim e ela na minha frente comendo tranquilamente, eu olhando para ela, e dizendo, olha o Yves, o prato dele tava cheio, eu concentro vou comento ele de novo não conseguia comer gemia, an,an, não aguento nem escrever deu acesso de riso. Gente ele gemia a cada garfada, eu parei, engasguei de novo. Mas o que ia fazer, pedi desculpa, botei mais batata e tome , a água foi toda, já quase no final perguntei a ele se queria azeite, ele imediatamente viu ali uma possibilidade de abrandar a coisa e correu à cozinha e pegou o azeite e colocamos e ele com prato ainda cheio o meu quase vazio, mas o azeite deu um alívio. Depois do jantar ele correu e pegou Yogurte de baunilha bem doce e comemos. Que loucura que foi, eu com medo de parar e pedir para pegar água e azeite, ele me olhando com aquela cara, passava a mão na cabeça, chamava o TOFF, Jesus a situação foi complexa.
Acho que ela quis fazer algo especial, na verdade faz todo dia, amanhã ela viaja cedo e vou lá leva-la junto e passar no comércio e na feira. Ou seja, café 7:30.
Hoje fomos a uma casa na Bastide em que ela cuida da horta, muito linda e colhemos muito tomate, tomatinho que vou fazer um contrabando de semente para a fazenda, tô preparando, também a framboesa que é da família da amora e dá muito no verão, muito doce e ainda o tomate amarelo. Fiz um vídeo da colheita. Coisa doméstica. Já decidi que da 27 vou para Bordeaux e depois antes de Poitiers não sei.
terça-feira, 17 de setembro de 2019
Terça feira- dia de recolher o feno e trabalhar no jardim
https://youtu.be/0n97DI70zzc
Vídeo do dia- A gestação.
Como uma boa casa inglesa tudo aqui é determinado e metodicamente mandado. Tudo em ritual . Assim cada dia tem sua função, pelo menos para o workaway tem sido. Pois que hoje mesmo eu tendo levantado com dor no quadril e falei isso, me deram um livro de exercício e um óleo para passar e depois lá fui eu recolher o feno que Yves cortou no morro, esse é o detalhe, isso quer dizer que depois que ele corta eu e Margareth vamos com uma ancinho recolhendo e jogando numa lona e depois pisamos morro acima para jogar num outro lugar. PQP, é o pior serviço. Não sei como ela consegue fazer tido sozinha. Eu preferia cortar. Uma vez na semana é isso. Pesado pra burro.
Coisa que realmente deve ser caro para eles pagarem alguém. Ele corta com a máquina still mas o brabo acho que é a nossa parte de recolher.
Depois fui tirar tiririca francesa do meio das pedrinhas. Tem uma manta por baixo e as pedras são por cima e as daninhas nascem assim mesmo. Aí como são vários os caminhos com pedrinhas brancas, temos vários lugares. E Depois ainda,aliás foi antes colhi abóboras e coloquei todas perto o barracão, para madurarem, a abóbora parece igual a nossa mas não é. Não é suculenta. Eu já sabia que tem que colher com um pedaço do caule para ela durar, isso aprendi na fazenda.
Estava morta ao acabar e ainda fui colher tomatinhos para o almoço e framboesa, nunca vi tanta, não aguento mais comer essa fruta. Mas tem muita por aqui. Eles não fazem suco o que acho que ficaria bom. Tipo morango com leite, será?
Almoço eu fiz duas saladas( uma de tomate com vagem picadinha e salsa e outra de abobrinha verde com hortelã e alho-es gostaram da minha combinação), é assim o almoço: salada,geralmente tomate , vagem ( que TÁ na época e são colhidos na hora) pepino às vezes, azeitona, a fruta melão,é comido antes da salada e depois da salada pão e queijo, e depois chá e bolo.
A tarde fui convocada para ir ao mercado, toda terça tem mercado,mas hoje foram vários, já que ela vai viajar e eu devo assumir o posto de cozinheira. Ela já determinou os dias. Nem liguei, vou fazer o que eu quiser de Comida.
Nós fomos numa loja agrícola que mais parece a decatlon. Todas as máquinas, roupas, ferramentas e audaciosa de casa. Quase comprei um sabonete que vem em latinhas. Mas era caro 5 euros. E Depois carregar.
Minha mala quebrou um fecho, ficou com um, já disse isso, comprei um daqueles elásticos para colocar e garantir.
Eles ainda compraram uma caixa d'água para recolher água do telhado para um pequeno laguinho para os patos.
Saiu o maior pau entre Eles e eu fui fugindo de fininho e vim para meu chatô. Ele só faz o que ela manda, e fica inseguro de fazer sozinho as coisas. Ele é boa praça carinhoso com ela, e dá uma de tô nem aí as vezes. Reparei isso, talvez pelo bem da relação, ela não é facil, mas também assume tudo. Muito igual, parece que to em casa as vezes. Será essa a forma dos homens ao ficarem mais velhos ? Não entendo.
7 horas da noite em jantar, cheguei do mercado ainda ajudei a carregar coisas e também a Cxa d'água para o lugar, segurei para não desabar do carrinho. Conheci de longe Gerônimo, francês que mora aqui do lado. De longe me pareceu interessante.
segunda-feira, 16 de setembro de 2019
Dia de pintura
https://youtu.be/9PG0MsQuKuw
Acima o vídeo, abaixo o dia.
Dia de pintura eu me vesti de acordo , traje completo para não sujar minha roupa.
O frio deu uma trégua, senti até calor na noite passada. Mas de manhã é horrível.
Uma umidade que entra por dentro da gente, e da aquela sensação de abandono. Odeio sentir frio e me encapoto toda para ir ao toalete.
Só depois do café com leite quente me sinto bem.
Já durmo pensando no café da manhã. Com pão e geleia feitos pelas Margareth.
Ela cozinha bem, e tem bolo com chá no almoço, e os queijos de sobremesa. Tá brabo fazer dieta. Caminhei a tarde por uma nova rota, no meio da floresta. Deserto. Não tem perigo, não tem a sensação de que a qualquer momento te podem pular na frente e tomar o celular ou te oferecer algum perigo. Isso é a tal qualidade de vida. O máximo um bicho na frente que eu até gostaria de ver. Outra cobra apareceu hoje na sala, também filhote. Me pelo toda só de pensar. Mas estamos na floresta, tb tem coruja cantando o tempo todo. Do lado do meu chatô tem um micro laguinho com vários sapos. Quando eu chego perto eles pulam dentro d'água e eu querendo beijar um para ver se vira príncipe. Até assim, em forma de sapo, andam me fugindo fazer o que. Depois do almoço hoje fiquei deitada no banquinho que vou transformar no meu estúdio de gravação. Ali o sinal pega bem. Amanhã vou gravar alguns vídeos curtos. Assim espero, também quero ir a vila oferecer meus anéis. Chega de vergonha, nada demais isso afinal. Falei com minha amiga Macolo que me ligou. E também li a tarde toda sobre a história das línguas. Mto interessante.
Enquanto trabalha hoje ouvi todo um show da Maria Betânia, que voz. Um show lindo em São Paulo. Que começa com a canção do Gonzaguinha , 'Começaria tudo outra vez se preciso fosse meus amor", lembrei de várias coisas na minha vida, e ... deixa prá lá. Que seja feito, o que eu não posso resolver , tá resolvido. A Betânia grava cada coisa que mexe lá dentro da gente. Lembrava quando criança que eu a escutava muito, adolescente também. 'De repente fico rindo a toa sem saber porquê, e vem a vontade de sonhar de novo te encontrar".
A vida realmente é boa, 'mas nos prepara cada cilada'.
Agora tô trabalhando com Música, Depois ainda escutei Renato Russo.' É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã'.
E assim vou indo. Não tô triste, nem feliz, tô normal, vivendo o que me propus experimentar. É de fato uma experiência, que pode me servir para muita coisa, ser mais tolerante, ser mais calma, menos ansiosa, ser menos muita coisa, pois que precisamos de menos para viver.
Eles aqui não tem smartphone, não usam wat zap. Ainda é sms.
A irmã do Yves, que morou no Brasil quer falar comigo, conversar, antes de eu partir, mas tb NÃO tem zap.
Eu acho que acima de Tudo eu farei amigos nessa viagem.
Aceitar o outro como ele é, respeitar suas manias e inseguranças e observar as pessoas. Eu sempre fui muito desligada quanto a isso. Talvez ensimesmada demais e assim fui atropelando, principalmente meus "ex adversos", sem querer coloquei muita coisa a perder, sem saber, sem me atentar para a personalidade alheia, as vezes muito diferente de mim, e outras tão igual. Mas sempre querendo o melhor, mas nem sempre convicta do que tava fazendo. Tão difícil ser convicta. Ter certeza, nunca tive de nada, nem sei se um dia terei. Pois se eu quero abraçar o mundo, como posso escolher uma só coisa, e ser convicta dela? Talvez eu pareça inconstante e isso dá no outro a sensação de desprezo,de que não tô gostando, mas pode ser tudo simplesmente insegurança,medo.
As pessoas com medo atacam, somos bichos também. E hoje vejo que é preciso separar joio e trigo na atitude das pessoas. Às vezes dizem o que não sentem e quando vêem já foi, já fizeram o estrago, o mal entendido de você pedir o que não quer só para testar o outro, e se dar mal, pois o outro acha que você tá querendo o que falou. Ninguém é adivinho, tudo tem que ser falado, letra por letra e mesmo assim tem confusão de interpretação.
Imagine em outra língua. Aff!! Tem hora que fica punk de entender. Mas já senti que para eles tá bom. Eu cumpro a minha parte, bem feita. Só espero que na próxima casa eu consiga uma professora . O sapo do lado tá coachando, ai se virasse príncipe hoje...
domingo, 15 de setembro de 2019
Dia do ócio
https://www.youtube.com/watch?v=UKpP6BcGzMwhttps://www.youtube.com/watch?v=UKpP6BcGzMw
No último dia descansou. Tem uma passagem que diz isso, na bíblia eu acho.
Mas o que fazemos nesse dia? Muitas coisas, quando em casa, arrumo a casa, faço almoço, vou a feira da Glória as vezes, caminho, durmo a tarde e preparo tudo para a semana que começa.
Aqui tudo é um pouco diverso. Acordei mais tarde, pois tive uma despertar as 4 da manhã. Depois de tomar café e lavar tudo, vim limpar meu quarto e depois o lugar que tomo banho. São separados o box e pia e o toilete que como já disse é aquele vaso numa casinha de madeira, acostumei, que vou lá com vista para floresta, fico sem trancar a porta, quando vejo que ninguém está por perto. O chato é a noite que tenho que levar um lampião. Essa é a pior parte, mas em compensação, como é tudo e escuro vejo as estrelas. Não tenho medo de bicho tipo onça, porque aqui não tem, mas tem cobra, agora mesmo achei uma na cozinha. Fihote, mas é cobra, me pelo toda. Aqui para cima tem veado, eles colocaram uma câmera e pegaram as imagens, uma gracinha, parecia que faziam show para a câmera .
Depois de limpar tudo, fui varrer as folhas, pois me incomoda a grama cheia de folha e sentei para finalmente fazer uns anéis. Não mostrei os que trouxe para ninguém, nem falei, também não estive com ninguém, mas essa semana vou a Ville France passar em umas lojas e oferecer.
Afinal não trouxe isso tudo a toa. PQP.
A tarde de hoje dormi, vi um programa de jardim no netflix e série e ainda saí para caminhar antes de tomar banho .
Ao caminhar na estrada em direção a Batide , um completo deserto. Ia pensando na forma de fazer o vlog, para o you tube e nas coisas que disse e que tenho vontade de dizer.
Não sei, pode parecer , e é meio exibicionismo, mas não é isso que pretendo ao escrever. prefiro escrever do que falar. Não gosto de me ver na tela. Fico reparando a boca, a pele, os cacuetes que tenho ao falar. To em dúvida quanto ao uso dessa mídia, mas sei que ela é mais efetiva, ainda mais se consigo falar em um minuto ou um minuto em meio.
Mas o ócio é bom para isso, para pensarmos, contemplarmos a vida, as coisas, prestarmos atenção naquilo que passa batido na maior parte das vezes.
Aquilo que o budismo fala para fazermos. Acontece que dificilmente nessa sociedade pósmoderna fazemos isso.
Parece que vivemos no automático, vivemos mesmo, tudo acontece e vamos fazendo sem prestarmos atenção, quando vemos já é noite de novo e nem terminamos. E o corpo pede para dormir e você vai pensando no dia seguinte. Se tá preocupado nem dorme.
É tudo, é a lida do dia a dia, é o trabalho, é o dinheiro, é o amor, o país, e quando você para e contempla? Nunca. Senta na frente da TV, vê um monte de noticias ruins, um filme mais ou menos e vai dormir, ou pega um livro. Parar para olhar e refletir é quase uma heresia. Tudo te chama. Hoje mais que nunca, você para e logo pega o celular e olha o wat zap, o instagran, o facebook e o mensager. CARAMBA!!!! quando acaba de ver, já tá na hora de levantar.
É tudo corrido mas não podemos mais ficar sem olhar essas coisas. Ficar sem internet, como assim?
Aí, não vemos a abelha pousando, a borboleta voando, o barulho do rio, o céu estrelado e se perguntando como pode tudo isso?
Por que corremos tanto se o que nos espera no relógio é sempre menos um? mas corremos, queremos a estabilidade que não existe, queremos o poder que transforma alguns, queremos a grana para ir ao shopping.
Tem gente que trabalha feito mula para ir ao shopping comprar, que doido, outros fazem outras coisas é bem verdade.
Não sei, a contemplação faz pensar, por isso ele é tão pouco usada. Não tó falando de vazio mental porque acho isso impossível, to falando de ver, ouvir sentir com todos os canais abertos para essas sensações. E não precisa de droga para isso. Reparar em tudo, em si mesmo, nas coisas e nas pessoas, só por reparar não para fazer juízo de valor.
Meu quadril dói, isso é chato, me incomoda. Amanhã de novo vou pintar.
sábado, 14 de setembro de 2019
Caminante, no hay camino
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.”
Sempre ouvi meu pai falar este poema, com essa imagem da velhinha hoje lembrei-me dele. Ela andava descendo a ladeira da cidade encravada no morro, onde o que mais se vê são caminhantes. Ela não tem a varinha deles, tem um guarda chuva que a ajuda na empreitada de subir e descer com peso da vida nas costas. Eu queria a foto, ela viu, eu disfarcei e depois eu cliquei. A idade pesa, a vida pesa, mas o importante é caminhar, e se uma vereda não der, toma-se outra e pronto.
Caminho de Santiago -uma parte na França.
sexta-feira, 13 de setembro de 2019
Sexta feira 13 e lua cheia
quinta-feira, 12 de setembro de 2019
sei não, qualquer coisa, a moira
Só sei que tô cansada, é trabalho pra burro. Tá bom que deve ter gente que enrola, sim pois dado o estado das coisas, isso não devia ter sido limpo faz anos. A cozinha que hoje ataquei, assim como ontem nem o aspirador de vapor dava resultado. tive que enfiar a mão no produto brabo e passar a bucha para tirar a crista de gordura. Affe, Deus!!
E eu dei pra ser perfeccionista depois de velha, quero deixar tudo brilhante. Mas se que é besteira, pois se povo não via a sujeira , não vai ver que tá limpo. Mas para o meu próprio prazer to deixando tudo ok, e como disse minha amiga Eliana, adona da casa vai sentir falta de mim.
Fui hoje ao centro da Vila pela manhã e cheguei para meus afazeres. A feira é muito boa, toda quinta feira. Muito legal que na Europa se conserva esse hábito, tem o galpão com os pequenos produtores, que vendem suas próprias coisas e outros. As senhorinha velhinhas e os senhores também vendendo o que produzem no seu quintal. E isso tem mais valor que o resto. Reparei que tem variação a cada semana. Hoje não vi a moça das bolsas que estava semana passada. mas hoje tinha uma barraca cpm roupas africanas, bem bonitas.
Não consegui arrumar minha mala cujo ziper quebrou, to só com um, ou seja, provavelmente terei que comprar uma mala. Um saco, também não resolvi o lance do cartão de telefone que comprei.
Tudo longe, hoje ainda caminhei por uma hora.
A lua no meu signo tem proporcionado flutuações emocionais, Perto do aniversário de uma boa ideia, é sempre tempo de reflexão. Meu amigo terminou a leitura do meu livro Rota de Fuga e fez ótimas observações, eu até compartilhei a página da Amazon para ver se alguém se anima em comprar. Vai dá pé.
E vou levando, confesso que to com medo do frio. De manhã e a noite é um horror, mas a tarde esquenta bem que até caminhei sem qualquer casaco.
Fiquei feliz que falei com a LILI, meu amor, quanta saudade.
Certas horas paro e fico me perguntando o por que de tudo isso. Que opção mais doida. Vir para uma roça dessa tirar tiririca francesa e limpar a casa dos outros. É certo que quero falar inglês, mas talvez isso seja o que menos to vendo aqui, apesar de só falar isso. Mas eles não me corrigem e sei que tem falha no que falo. Converso sobre tudo, e me entendem, mas falha no vocabulário.
Sei que são pouco estudados, mas não tenho ideia se falam bem ou mal.
OU seja, e ando tão cansada que nem ler ou estudar tenho feito. isso é uma merda.
Espero que na casa da Paula, a próxima que irei seja diferente.
Penso se também eu busquei uma rota de fuga nesse caso. Fuga do país que desce a ladeira, fuga das adversidades pessoais, fuga de mim, ou busca por mim, caçador de mim. Nesses momentos depois da catarse convulsiva da escrita, volto para em torno de mim mesma, para ver o que sobrou.
O que não tem remédio , remediado está.
Mas o que difere o aqui, o ali e o acolá?
Não sei, como e por que vim parar na França? tem coisas que são inexplicáveis. E quem traça essa caminho, que moira é essa? que nos conduz para lugares inesperados, sem qualquer explicação.
Fato é que depois disso aqui vejo que muitas outras coisas são possíveis para o que tenho a fazer. SEi que posso dar conta de muito mais do que podia, sei que as mudanças da vida não são inexoráveis, e como o galho da árvores vamos e voltamos com flexibilidade, desde que tenhamos uma boa base, se a base for fraca aí tendemos a cair.
Sei que doenças emocionais mexem nessa base, descontrolam, tiram da órbita, maltratam demais, mas ter consciência disso ajuda a se livrar.
Não sei o que vou fazer amanhã, só sei que terei que fazer o jantar.
Tem algo que tenho observado por aqui, a qualidade dos objetos, tudo me parece de muita qualidade, forte, por assim dizer. Móveis, muito pesados, o cuidado com os alimentos, a forma de embalá-los, e a atenção às pessoas quando vão comprar.
Bonjur, sempre, a espera para ser atendido, sem pressa, parece que o tempo é de fato outro, não é a correria que vivemos. Aprendo a respeitar o tempo do outro, da natureza, da vida. Eu agitada e ansiosa, isso é uma escola. As pessoas passam na rua, te cumprimentam, param para falar, conversam, todo tempo e delas, para que correr. Não vejo muitos jovens, na certa estão na escola no horário da feira. Também meu amigo virtual francês sumiu, na certa ficou com medo de eu ir visitá-lo. Muito verbo, pouca ação...
quarta-feira, 11 de setembro de 2019
Dia de pintura
São 7:30. Fui dormir as 10h da noite . O frio pela manhã é grande não dá vontade de levantar. E disseram que faz menos 15. Eu não imagino o que será isso. Deve ser muito ruim. Acho que hoje terá sol e o céu voltará a ficar azul.
Já penso na Escócia, será assim, pelo que dizem chove mais e é mais cinza. Aff!! Acho que sou mesmo um ser dos trópicos e do mediterrâneo. Entendo mais quando nos livros alguém sai do Norte da Europa e vem para o mediterrâneo. O céu cinza deprime.
Tomei café,acordo faminta. E hoje eu e Yves estamos pintando o teto da cozinha. Meio dia e já tô morta. A tarde será segunda demão.
O sol saiu, que delícia.
Almocei e fui pintar de novo. Agora depois da janta, tô morta duplamente. Trabalho braçal é muito pesado, vamos no mecânico. Bom para desviar o pensamento.
O jantar aqui sempre sai às 19h. Hoje foi batata, uma espécie de quiche e vagem.
Tenho comido muita vagem pois é o que tá dando. Também muita framboesa pois tem muita por aqui, hoje Margareth tá fazendo mais geleia,agora de framboesa.
A cor é divina.
São 8:30 e já quero dormir.
Amanhã tem feira de manhã ,vou lá.
Hoje a tarde esquentou, 24 graus.Otima temperatura.
Não consigo nem pensar para escrever.
terça-feira, 10 de setembro de 2019
Dia cinza..
Aos poucos a euforia do início vai passando, e como aqui não tem nada para ver, vai ficando meio chato. Comecei a limpar a cozinha, caralho, todos já sabem... dei duro hoje , e ontem o serviço foi no jardim. Fiquei tão morta que nem andei muito a tarde.
Recebi o aceite de um congresso em Paris, já comecei a escrever e será logo depois do meu aniversário. Dessa forma acho que vou de Bordeaux para Paris e volto para Potiers para o mês na casa de Paula, uma inglesa que comprou um monastério e transformou em B&B. Pelas fotos é lindo, só rezo para não ter essa excentricidade de banheiro biológico fora do quarto, pois com frio tá ficando brabo. Acho que vou arrumar um penico.
Margareth viaja dia 19, e eu ficarei aqui cuidando de tudo. Não sei o que ela vai fazer, mas o fato é que ela fala comigo como se eu já soubesse tudo, não tem paciência para linguagem. Por mim, eu finjo que entendo mas não entendo tudo. Ela fala rápido, quando Yves está ele me socorre. Eles falam mais em inglês que francês. Mas eu também não entendo muito o inglês dele. Aí, quando fica brabo eu peço para ele dizer a palavra em francês , por analogia chego lá. Tudo indoeuropeu, base latim se não é na estrutura, é no léxico que é o caso do inglês.
Ontem também, a tarde, fui debulhar grão de bico. Não sabia que a vagem só dá um ou dois grãos. Certamente tem máquina para fazer isso.
Aprendo a lida de jardim e horta, também plantei alho ou cebola, não sei o que foi. Mas eles aqui tem todo equipamento, o que não tem na França ela traz do Reino Unido.
Acabei de lei o livro do Ismaelson Andrade e fiz o prefácio. É um personagem bem pós moderno,pós tudo, na angústia de ser e existir. Ele comprou o "Rota de Fuga" na Amazon e leu, acho que foi meu segundo leitor depois da Ivana que leu para fazer a capa. Ele também achou angustiante o personagem Cássio.
Ando preguiçosa também, acordar de manhã e sair da cama quente é F.
Acho que tô com saudade!!! Mas passa. Passarei meu aniversário em Paris. Muito chique!!! já mandei mensagem para Amélia perguntando se ela estará lá. Ela já tinha me chamado.