Não é o fazer nada que já falei, é olhar vendo na coisa a sua forma mais profunda e bela, talvez mais minuciosa, ou mais emocionante, ou aquela que te faz pensar e periquirir, ou perscrutar, se não errei na escrita é assim.
Um ato que exige que você esteja atento, desprendido de preocupações, e a fim de mergulhar de fato naquilo que vê.
A ansiedade não pode fazer parte disso,pois tira do ato toda a diferença que tem da simples necessidade de olhar.
Ninguém contempla com ansiedade, com pressa, tem que ter acima de tudo tempo e tesão no ato.
Sentada ontem na beira da marina em La Rochelle, me pus a contemplar o espaço com sua vida,pessoas e coisas, e a pensar na sua beleza e energia.
A partir desse ato é que escrevi a crônica, seria isso, de ontem.
Para brincar com as palavras é preciso contempla-las primeiro e depois torná-las reais, tira-las do estado de palavra, de dicionário e fazê-las com sentido no que você está contemplando. Ou seja, desrealizar o real colocando nele a palavra escrita, e ao contrário transformar a palavra escrita em imagem. Mais ou menos isso.
Pensava eu na falta de tempo para assim proceder. Nesse momento, eu tenho todo tempo, no dia-a-dia nem tanto, mas necessito, pois não teria minha vida sentido se não fosse assim. Se eu fosse apenas um tubo digestivo não sei como seria. Mas muita gente é, ou necessita ser. A escravidão das produções em série são um pouco dessa forma.
Hoje o dia não foi de contemplação, ao contrário disso foi de ansiedade, de nervoso de lá, de tentativa de organizar o que resta por aqui, da beleza das flores, dos canteiros e jardins. As rosas são muito bonitas e cheirosas, mas também são as que mais machucam, oh! espinho dolorido que entra até pelas luvas fazendo acordar qualquer contemplação.
É por isso que dizem que contemplação é coisa de artista,coisa de filósofo! Para mim é sentir a vida em sua essência, é nós conhecer, é sentir a felicidade.
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