sexta-feira, 8 de novembro de 2019

Copiando o cineasta

No filme do Wim Wenders  tem um Cedro que inicia toda reflexão . Esta é sobre  o tempo e o futuro do cinema. Mais este que aquele.  
Não sei quanto tempo um Cedro demora para crescer e ficar do tamanho deste que tem aqui que da nome a rua,mas deve ser muito tempo.  A vida de uma árvore dessas é muito maior que a nossa, se não cortada, duram séculos eu acho. Minha noção de botânica é nada.
 Mas o que me importa é o tempo.  De certa forma eu fiz uma viagem no tempo,  uma viagem por espaços novos para mim, mas que já existem desde muitos séculos atrás. No entanto, essa viagem para trás no espaço vai me levando para frente para o futuro e principalmente para o presente.
Geórgia Agamben tem um texto que fala  sobre a necessidade de saber e conhecer o passado para se entender o contemporâneo. Que o contemporâneo é oculto, é pouco discernivel se nãocremos a bagagem do passado.
 Aqui nessa vila,  no coração da vila por uma semana mergulho  nesse  passado que não é meu, mas que é de todos. Também não é da Jayne pois ela não é daqui.  Todavia  a casa que ela mora está cheia de passado  de muitos que passaram por esse antigo hotel, que foram donos dos objetos antigos que ela compra.
A coleção  de potes e de bules antigos  que eu  sugeri que colocasse alguns na sala e  fui buscando e lavando e arrumando. Coisas que ela garimpa nas feiras e no Emaus.  Tudo aqui vem desse universo. 
E achei muito legal.  Diferente  antigo, vintage e ao mesmo tempo ultra moderno pois segue a ideia do não desperdício, da reutilização,  do não consumismo, ou seria um outro tipo de consumismo. 
 Na mesa dificilmente tem elementos iguais, as combinações são muitas, e só de pensar qual foi a viagem de cada um desses objetos a gente se diverte, se perde nas possibilidades.
Tem gente que não gosta, que acha que pode ter energia negativa, tanto nos lugares  quanto nos objetos, mas prefiro pensar que  ao contrário disso o que se faz é preservar o planeta de tanta extração de matéria prima e de tanto lixo.
 Aqui no frio de hoje o fogo já queima  as energias negativas ,até a gatinha hoje se sentou  a gente da lareira.   Nesse momento ela toma seu banho na frente do fogo.

A vila é  silêncio só. Como eu já disse  falta vida aos lugares e olha que aqui tem muito mais gente que em PRESSIGNY.
Treigny, é rota para muitos outros pontos.
Mas é o tempo que parece ter estacionado na Vila.  Aqui  parece uma foto de Atget, despovoada, silenciosa.
Sei que agora só anoto o correr do dia, pois que somente depois,  depois do tempo passado é que poderei  tirar minhas conclusões .  
Ontem assisti com  a Jayné o filme da irmã dela , segundo ela me disse é uma das mais importantes cineastas da Grã Bretanha hoje,  o irmão também é jornalista e escritor e ela,a pobre da história é fotógrafa.  Ela não sabe porque  eles não tem com ela um convívio . O pai  surtou e  se matou, a mãe cuidou dos 3 filhos.   Ela tem 2 filhas. O filme fala sobre  epilepsia e  um fenômeno de transe coletivo. Uma sugestão coletiva. 
Muito bonito , a irmã escrever e dirigiu.
 Mas nas palavras de Jayne, muita sensibilidade na arte e pouca na vida.


A gatinha pousou para mim nessa foto.
j

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