Uma nova viagem se inicia, dessa vez sem que o roteiro esteja rigorosamente definido, sem estar acompanhada, é como da primeira vez, à vontade dos ventos.
domingo, 29 de setembro de 2019
Domingo em Bordeux
Ontem em trânsito todo dia, sai de Villefranche as 845 da manhã e cheguei a casa de Gabi as 18 horas mais ou menos.
Meu primeiro destino foi Toulouse, cheguei a estação as 10:30 da manhã com a mala pesada, pensei em procurar um locker e deixar a mala e sair para passear ganhando tempo, mas o locker da estação estava fechado, morri na praia, que fazer? não dava para sair pela cidade com uma mala a reboque de 21 kg, sem jeito sentei na estação com wifi e fiquei tentando instalar as coisas uber principalmente pois sabia que precisaria ao chegar à Bordeaux. As vezes esses processos de internet sacrificam, pqp. Consegui já que o uber fire que eu tenho não funciona por aqui. deu 11:30 fui comer algo por depois entraria do ônibus e só chegaria as 17:05. Comi no mesmo lugar de quando cheguei mês atrás, lógico que uma quiche muito gostosa. Sentada na mesinha uma moça pede licença e senta, ela e sua bike com bagagem etc, também comendo uma quiche, Aí pergunto a ela de onde é, em inglês, ela me responde Alemanhã, ela devolve a pergunta eu respondo e emendo querendo saber se ela está rodando de BIke, lógico que sim, tava na cara , conversamos um pouquinho e ela vai. Depois eu me distraio vendo um homem dançar na estação ao som do piano que la tem e que toca quem quiser , canta também, aqui na estação de Bordeaux também tem um. O legal é xxque sempre tem gente tocando. Acho que também tem uma tendencia a transformar as estações em espaço de cultura e lazer com salas vip e com lojas também. As estações como os aeroportos vem sofrendo mudanças e são verdadeiros centros de consumo. Além disso como tem wifi gratuito, fica muita gente no celular, apenas usados a tecnologia.
Estações de trem e rodoviárias são espaços diferentes, ficam normalmente no centro das cidades e aglomeram muita gente diferente, esquisita, por vezes bêbados etc, um povo muito estranho e também todos que tão em trânsito. As vezes também é um lugar para o povo de rua dormir, principalmente no frio e no calor o ar condicionado. Tem gente que fica ali sentado, fazendo não sei o que, olhando, observando, certamente tem os que fazem pequenos furtos, um povo também fedido que só.
Nesse espaço múltiplo a vida acontece de uma forma diversa. Uns com pressa, outros preocupados, o medo muitas vezes constante na face de quem vem e vai, os encontros, as chegadas e as partidas, como aquele programa da tv. Cada um uma história, uma ideia de amor, de felicidade, ou de vida. jovens , velhos, crianças que amam o espaço vazio para correr e brincar. Ali também conhecemos gente, Eu sempre conheço, recordo-me de em tanger conhecer uma menina árabe que ficou minha amiga no instagran e facebook. E tudo começou com um sorriso tímido daqui e de lá, e como sempre sozinha eu estou sempre a olhar para tudo. As mulheres e as crianças sempre me sorriem.
Mas tem os seguranças que também ficam de olho. Em Toulouse as duas vezes que passei pela estação presenciei a chegada de soldados armados com fuzis fazendo a ronda, certamente esquadrões anti terrorismo. Pelo que vi Toulouse tem muito imigrante, muito árabe e muito negro.
Depois de comer minha quiche fui para a estação rodoviária ao lado, descobri que era também um espaço agradável com banheiro free, limpo e wifi , fiquei ali a observar o povo que passava até as 13 horas. Ao meu lado uma senhora negra com trajes típicos, estampado africano um carrinho de ajuda para andar , ela comia varias coisas. chegou depois um rapaz com sua bagagem falou com ela, sentou, esperou e depois seguiu, depois ela levantou-se e foi embora para a rua. Outras pessoas pelo visto só usam o espaço para ir ao banheiro. Os seguranças ficam de olho. Muita gente tem preferido a viagem de ônibus pois é muito mais barata. Só para ter ideia eu paguei 5 euros de Toulouse a Bordeaux, 3 horas de viagem e paguei de trem de Ville Franche a Toulouse 10 euros e pasmem, paguei num taxi da estação de Bordeux até acasa da Gabi, 25 euros e 30 centavos. Ou seja, absurdo um trajeto de 8 kilometros de carro ser isso tudo, no fim gastei 40 euros de passagem. O taxi foi outra história, não tem taxi andando como no rio e vc faz sinal e pega, vc tem que ligar e marcar, Eu tinha instalado o uber para evitar esse tipo de dilema, não adiantou, não consegui usar o aplicativo na estação e a porcaria do chip que comprei não entra a internet. tenho apenas sms e telefone comum, ou seja, já no desespero entrei num hotel, e o recepcionista disse que não falava inglês, eu logo disse sou brasileira e com sorriso ele saiu e foi me mostrar onde eu poderia pegar o taxi. Fui andando, ao chegar numa outra parte da estação, taxi não tinha, uma família de haitianos que estava chegando sendo recepcionada pelo irmão, o rapaz era um taxi, negro com aquele lindo sorriso os dentes branquinhos e um chapéu panamá, de dentro do carro ele me viu, saltou e veio me entregar o cartão, eu falei para ele onde eu ía, lógico que ele aproveitou e disse que faria a corrida mesmo com a família dentro do carro, pegou minha mala colocou no banco junto com a irmã e mandou eu entrar. Eu fui. Fazer o que, queria chegar. no carro é que fiquei sabendo da história da família, em inglês é claro.
AH! esqueci de contar, na hora de embarcar no ônibus foi um caos, primeiro o ônibus não estava na baia que estava marcando no telão, se eu não levanto não embarcaria depois de estar todo mundo dentro a motorista começa a contar e ficamos 30 minutos esperando pois a conta não batia. Aí ela resolveu fazer a chamada, um monte de nome árabe, pensei comigo a um homem bomba. Depois de muito chamar e contar ela descobre que um passageiro que tinha entrado em outro lugar se mandou e não prosseguiria a viagem. Foi então que saímos, na saída, um carro parado no lugar errado e ela pára e começa a buzinar e grita para o lado, o cara reclama e sai e ela grita: parado no lugar errado, e todo mundo ri. Depois de novo quando o ônibus tem que parar para deixar uns passageiros no meio da viagem. No mais a viagem transcorreu bem. Muitos vinhedos pelo caminho, afinal o vinho bordeaux é daqui. Estava cansada cheguei a dormir no ônibus e acordei sem ar meio ronco de boca aberta.
Hoje saí com as crianças de manhã fomos a um parquinho. Tetê é uma fofa já fizemos anel e eu fiz penteado no cabelo dela. Os meninos também são uns fofos e eu falo uma mistura de português e inglês e eles francês e eu peço para traduzir, nos demos bem.
Descansei e amanhã vou de bike pela cidade explorar tudo. Quinta devo já ir para a outra cidade. E vamos que vamos.
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Em trânsito
Começo hoje a percorrer meu roteiro. Fiz mudanças para facilitar a vida é o peso da bagagem. Pra que carregamos tanta coisa. Tudo bem que vou ficar 5 meses e com frio, mas sempre é muito. Um muito me dificulta caminhar. Pqp.
No trem vou olhando as paisagens, tentando relaxar pois a cada mudança uma tensão. Fácil nunca é. Arrumar mala, verificar o trajeto, comprar passagem, o corpo reclama, fica tenso, não dorme direito e sente dor. Sempre fui assim, como não jogar no corpo a adrenalina .
Já penso no resto do caminho, a segunda casa, a terceira em que ficarei mais tempo, o frio e depois? Se meu povo não vier, que roteiro fazer? Ou não fazer? Arrumar outra casa e pronto. Talvez a casa da Pan, outra inglesa, ou a Grécia, mas no inverno? Espanha? Portugal? Tudo para decidir mais para frente. Natal? Onde?
sexta-feira, 27 de setembro de 2019
Dia de doces
Eu ia embora hoje, mas por uma falta de zelo perdi o trem antes da hora, explico, achei que tinha comprado a passagem e estava tudo certo , mas não foi o que aconteceu. Então deixei para amanhã, comprei ontem o ônibus e o trem comprei hoje pelo aplicativo que instalei e aí então consegui pagar pelo cartão.Mais caro com certeza pois aqui tudo que se compra com antecedência é mais barato. Eu tinha visto essa mesma passagem integral por 10 euros. Diferente de nós no Brasil, onde desconto não existe.
Ontem fiz um vídeo, dizendo do sair e do chegar,a apreensão que todos temos nesses momentos. O começo sempre dando dúvidas representando o desconhecido, que está por vir e as novas expectativas que naturalmente criamos. Não que seja bom, não é, mas faz parte do viver.
Percebi nesse tempo o quanto podemos nos adaptar , em qualquer situação minimamente saudável e acomodamos com tudo.
Margaret chegou ontem e como fiquei hoje já lustrei as cadeiras de madeira e arrumei todo o depósito de máquinas e outras coisas, o material da jardinagem. Não me deram nem uma colher de chá foi de pau mesmo. Ou seja, não sei o que o próximo workaway fará. Certamente ela vai colocá-lo para roçar todo o morro pois que de resto Eu fiz.
E eu que achei que teria moleza hoje. Acontece que eu sou rápida no que faço e isso faz com que eu faça sempre mais.
A tarde vou sair com ela até o centro. Ela me chamou, e fomos a Vila, sexta feira a tarde e muita coisa fechada . Muito estranho isso, a cidade medieval parece fantasma, tudo interessante mas sem vida. Fico pensando se com sol já tá assim imagina no frio. Só deve ter o vento dos Pirineus cortando as ruas e fazendo barulho.
segunda-feira, 23 de setembro de 2019
Diferente, apenas diferente
Será hoje o fim da estação? Início da primavera e do outono, faz tempo que não leio um jornal ou vejo uma news de TV.
Meus anfitriões dizem que o jornal francês só tem notícia da França e que o francês só olha para o próprio umbigo. Não sei, nem tenho como dizer.
Ontem a noite quando fui para o último xixi do dia, vivi uma experiência no mínimo espantosa, como já falei o toilete, isso quer dizer onde fazemos as necessidades é do lado de fora, biológico, tenho que sair a noite com um lampião de led pelo caminho e chegar lá. Só que fica realmente um breu, e 22horas quando vou dormir eu subo até lá, não é longe,mas como estamos no meio da floresta temos chance de ter visitas, então fui, dei de cara com algo que se assustou com a luz e deu meia volta, eu fui, fazer o que , não era raposa, tinha uma cara que vi rápido, corri fiz xixi e desci varada. De manhã falei para o Yves, e agora a pouco colocamos a câmera para ver se pegamos algo, eles já conseguiram filmar os veados lá no morro . Desde que cheguei 4 cobras, pequenas, mas cobra, já apareceram na casa. Aqui do meu lado não, graças a Deus. Também rato. Tudo bem que estamos no mato, mas tem ração, semente e as plantações e acho que isso atrai. A gata pega rato, vi ela com um, bem grandinho.
Amanhã vou limpar o galpão espero que não me apareça nenhum. Hoje limpei e arrumei todos os armários da cozinha e um da sala. Caraca tudo misturado, tenho certeza que ela não sabe as coisas que tem. Tem muito utensílio de cozinha. Arrumei as gavetas , tudo. Acho que valeu assistir tanto programa de organização, eu devia ter tirado foto do antes e depois. Dei mole, mas a próxima casa se tiver isso para fazer eu vou tirar.Tenho quase certeza que terá, principalmente na Escócia, que tem criança.
Também tem outra coisa, o Yves é muito bagunceiro, não coloca nada no lugar, , manter a casa arrumada deve ser difícil. Fiz também o jantar hoje, fiz omelete de cogumelo, batata rústica com alecrim e vagem refogada com tomate e cebola, Ele gostou. Depois do jantar tem queijo.
Tenho sentido demais os mesmos sintomas de quando ainda estava em casa, queimação, na boca, horrível e estou tomando o remédio. Também fazendo o uso de antiácido, não sei se é a sertralina, se é ansiedade, que bosta que é.
Tenho acompanhado a visualização do blog e me parece legal. Também dos vídeos. O blog já passou de 43mil desde que comecei, faz muito tempo coma viagem ao Peru. 10 anos já.
Às vezes fico em dúvida do que escrevo, se tem mais cara de Blog ou de livro, talvez de blog, não são muitas aventuras, é um dia a dia diferente do que estou acostumada.
Por 2O anos direto eu trabalhava na faculdade dando aulas e esse tipo de trabalho que tô fazendo aqui era só em casa. E quando a casa é nossa tendemos a deixar para depois, e nunca fazemos muito bem feito. Aqui eu tô usando esse tipo de trabalho de limpar e organizar a casa como uma espécie de meditação.
Ali dobrando, arrumando eu desligo e também reflito sobre muita coisa. Procuro também dar um toque de beleza. Enfeito, ponho flores, pinto, dobro tudo bem dobrado, arrumei o armário de roupa todo por cores, principalmente as roupas de frio . Na verdade só essas pois eles separam para deixar no armário apenas a roupa da estação. Não são como nós, que usamos tudo o tempo todo. Margaret tem pouca roupa, tudo na maioria azul marinho, mais inglesa impossível, não tem vestidos e não tem o monte de coisas que eu tenho, bolsas, sapatos, lenços, bijouterias, acho que ela não tem nada disso . Será a vida mais simples assim? ou apenas menos bela? Creio que a vaidade é importante, não em excesso, mais valoriza.
A idade é cruel com as mulheres nesse campo, embora eu não veja aqui a mesma cobrança que temos no Rio de Janeiro.
Estou numa cidade do interior, e de fato não vi muita gente, não vi muitos adultos jovens como eu, esqueço que tenho 50, e me coloco nos 30 anos. Não vi, muita gente bem mais idosa. Eu não me sinto com a idade que tenho, não consigo, e não sei se tenho também que conseguir. A pele muda, o cabelo vai perdendo a cor, o viço é outro assim como a força muscular e a facilidade para emagrecer. Cansam mais determinadas atividades, já é possível se detectar o nosso limite. Antes eu não tinha ideia do cansaço, acordava às 6 e trabalha às vezes até às 23 h, tinha dia que ficava na Barra internada dia todo e noite e dia seguinte de novo, e ainda cuidava de casa e lia e escrevia.
Quando chegava o fim do ano estava um caco. Esse ano tudo diferente, tudo completamente diverso, nem melhor , nem pior, diverso, com outros objetivos para refletir.
Desisti de passar meu aniversário em Paris, aff!!,que besta!!!, vou para Bourdeax e depois logo para a outra casa. Passarei pela cidade luz no fim de outubro, logo o evento em que eu ia apresentar minha pesquisa não vai rolar. E vamos lá, amanhã o dia será longo, oxalá tudo correrá bem.
domingo, 22 de setembro de 2019
Especialidade, Médio Evo
Peyrusse-le-Roc
A cidade de Peyrusse era a capital do maior distrito financeiro de Rouergue (106 paróquias) e abrigava em seus muros 187 homens de armas e 4 cavaleiros, tinha até 40 famílias nobres, incluindo a família de Peyrusse, Medicys. , a família Cornely, a Besse, mas também seis cartórios, um cambista e muitas fábricas.22 de setembro,último domingo por aqui.
Como prometido, o vento parou e choveu bem hoje a tarde, mas já parou e o céu abriu e amanhã teremos sol. Ainda bem, pois quero curtir ao máximo a quentura do verão.
Hoje fui com Yves a mais uma Vila Medieval para minha coleção. Nesta, fiz uma trilha pauleira, subi no alto dessa torre da foto passando por uma escadinha de ferro e depois trilha pela montanha. A vila é uma belezinha, bem pequena e agradável. Chegamos bem cedo nós dois e Toffifix. Andamos pela vila e depois na hora da trilha fui indo e ele levou Toff para a Van. Ele é ancião, já disse, não consegue andar muito e teve a mesma coisa que a Grécia cachorra lá de casa. Entretanto, o cachorrinho tá bem pesado. Também é o tempo todo o bicho comendo aquelas comidas de latinha e mais biscoito e tudo de gostoso, queijo ele adora, pasta também. Eu digo que ele só quer comer delícias e passear de Van. É só pegar a chave da Van que ele levanta todo alegre.
Mas na trilha passamos por vários prédios em ruína da cidade antiga, a igreja era enorme. Explico, tem a cidade atual e abaixo dela a antiga vila encrustada no morro e na beira do rio; com uma ruína enorme de igreja, um hospital dos ingleses, de 3 andares e outras coisas, ou seja, era uma super vila que no seculo XVIII por estar vazia foi entregue para demolição, somente em 1956, é que brotou a consciência de resgatá-la.
Essa história é muito interessante, pois antes da data do abandono, como talvez esteja acontecendo com muitas, ela era enorme com muitos moradores .
Esse processo de preservação, podemos dizer que é algo, de certa forma, recente em todo mundo. Alguns lugares despertaram mais cedo, outros mais tarde. Sem dúvidas, que tem diferença de lugar para lugar. Aqui essas vilas medievais são de fato bem pequenas e não tem mais condições de abrigar muita gente e um dado importante a população europeia vem decaindo, diferente dos países em desenvolvimento que só crescem e as cidades pequenas vão inchando e se transformando, todavia sem a consciência de preservação do passado. As poucas que mantiveram a estrutura são hoje cidades turísticas e isso aconteceu porque ficaram isoladas durante um tempo, perderam sua atividade primordial e agora acenderam para o turismo é o caso de Parati e Tiradentes. Mas os problemas começam a surgir no entorno delas.
Mas não é só isso, o sentimento de preservação é algo que tem que ser introjetado nas pessoas, caso contrário jamais existirá, isso porque o novo seduz, o novo dá menos trabalho e o novo não tem um compromisso com uma memória que pode ser deixada de lado. Porém se não cultivamos esse passado, não temos chance de um futuro melhor, somente a memória pode nos dar a capacidade de reflexão, erros e acertos para continuar.
Sei que a sociedade do consumo não gosta muito disso, já que prega,obviamente, o consumo, para que apostar no velho, no concerto das coisas, se pode comprar uma nova. Mas aí é que está a questão, todas as coisas tem história e essa só nasce a partir da sua própria existência.
Subi no alto na torre, e de lá se via todo o vale, era um ponto de observação e proteção para a cidade.
A paisagem tá se modificando, são verdadeiros tapetes de folhas em todos os lugares.
Saímos da vila, e viemos para casa, pedi a Yves para parar numa pastisserie e eu comprei um pão bem gostoso. Ao chegar fiz a salada para o almoço, que foi melão orange com presunto, salada de tomate com cebola roxa e passas , pão, queijo e de sobremesa chá com bolo inglês, não da para fazer dieta. Agora a noite teve capelete com abobrinha recheada de ovo e maionese com mostarda.
A história da maionese foi engraçada, ontem Yves inventou de fazer uma maionese, tô vendo ele na cozinha, com um monte de vasilhas, uma batedeira e colocando de pouquinho em pouquinho a gema do ovo e azeite, mas apesar de não ficar com gosto ruim , não era maionese. Aí hoje ele olhou na internet e acrescentou a mostarda, quando entrei na cozinha agora de noite ele veio me mostrar o resultado. Deu certo, cozinhou a abobrinha amarela e ligou para irmã, para perguntar sobre como fazer. Tudo no capricho, mas faz uma sujeira que só. Quando tirou a batedeira do ovo,espirou ovo e óleo para todo lado. Toffifix que gostou pois saiu lambendo, isso ele me disse. Amanhã vou ter que passar pano na cozinha toda.
Hoje só passeei, a tarde dormi e li, estava sem internet. Bom que pelo menos adiantei minha leitura que acaba nunca acontecendo, to lendo A aventura das línguas , muito legal pois explica sobre todas as línguas indo europeias e outras que não são desse tronco. Segundo o autor as primeiras línguas tiveram sua base no sânscrito a mais perfeita delas e depois a influência do latim.
Comprei minha passagem para Bordeux, dei mole e paguei mais caro 5 euros. Sacanagem.
Hoje também falei com Monique pelo telefone, irmã de Yves, que é uma gracinha.
Alice me mandou vídeo, da jaboticabeira da fazenda cheia de jaboticaba e o tomateiro que plantei com tomatões, incrível, em menos de um mês e a natureza da seus frutos.
Eu aqui tô separando sementes para levar, de framboesa, vagem, avelã, tomatinho, já devo ter dito isso, vou acabar ficando repetitiva.
Uma coisa não tá boa, voltei a sentir a queimação na boca. Um saco.
sábado, 21 de setembro de 2019
Dia de folga e preguiça
21 de setembro. Quase primavera no Brasil e outono aqui. Desde ontem um vento que não pára, muito forte e o barulho é constante parece até o mar. Engraçado, pois não estou acostumada com vento em floresta, e o barulho é muito semelhante ao do mar batendo sem parar.
As folhas começam a cair e é muita folha, tem árvore que fica completamente pelada, o ciclo de cada folha verde é ficar amarela e depois meio marrom até virar de novo adubo para outras plantas. Aqui, tudo que é vivo vai para compostagem e tem 4 espaços para isso em níveis diversos de putrefação, ou seja, no processo de decomposição. Nada se perde, tudo se transforma se não me não me engano disse Lavosier. Creio que essa é grande importância de pensarmos a sustentabilidade. Sem excesso de embalagem, sem excesso de plásticos e outras coisas que nossa sociedade produziu.
O movimento bio tá crescendo, só espero que não seja apenas um modismo e que as pessoas realmente parem de produzir lixo. Essa cultura vejo aqui nessa casa que estou e é bem presente. Eles reaproveitam tudo. Os sacos de papel são guardados e reusados sempre, embalagem de plástico também, vidros todos são reutilizados para as geleias que são feitas com as frutas do verão para se comer no inverno. A framboesa é a que mais produz, impressionante, duas carreira da planta produz por dia pelo menos duas caixinhas maiores que aquelas de morango que vende no Brasil, também tomates, um pezinho de nada produz por dia uma caixinha ou mais, também a vagem macarrão uma única carreira produz tanto que tem que ser colhido todo dia.
Não tem chovido, desde que cheguei dia 28 de agosto só choveu um dia. Yves me disse que quando o vento parar vai chover. Só espero que não esfrie muito.
Acordei hoje depois da hora e como não tinha nada planejado, ou tinha, ía a Vila, mas fiquei com preguiça, com o vento a volta seria de matar, 11 km de bike subindo eu ficaria morta. Então fiquei, colhi tomate e framboesa, antes molhei as plantas,depois fui fazer meus vídeos, fiz 4 e postei, Depois do almoço vim para meu chatô, dormi e li. Li em inglês Asterix e Obelix, mas sinto que meus aprendizado tá paralisado. Também terminei de assistir o filme Alan Kardec que tinha começado ontem, às 17 horas saí para caminhar por uma hora. Voltei fui tomar meu banho e 7 horas o sino tocou, Yves fez o jantar e fui comer. Fez porco assado, uns bifes e abobrinha recheada e vagem. Entretanto tava bem apimentado, mas gostoso. Oh povo pra gostar de pimenta. Tomamos vinho e depois Yogurt de baunilha para adoçar a boca.
Sinto que já engordei, que M, tanto para perder e menos de um mês para ganhar.
No jantar perguntei ao Yves se conhecia Kardec, disse que não, aí conversamos sobre religião e concordamos que qualquer fundamentalismo é ruim, que o importante é o respeito a todas as religiões e credos. Como eu, ele gosta do Budismo que eu não considero religião mas uma filosofia de vida, uma forma de estar presente em tudo que se faz, de não cultivar maus pensamentos, de ter pensamentos positivos sempre, pois se somos energia essa pode ser transformada se transformamos nossas vibrações. Seja lá a religião que for, o que importa é fazer o bem, amar ao próximo e a si mesmo, ser pacífico, desejar ao outro o mesmo que deseja para si mesmo, tratar todos igualmente.
Tanta coisa que se pode fazer, tanta coisa que é preciso fazer e transformar. Transformar-se o tempo todo quando vemos que deve partir de nós a atitude de mudar.
Cristalizar-se jamais, não nascemos para isso. Não é porque não aprendeu, que vai viver a vida toda sem fazer, essa é a mudança que precisamos, que o planeta precisa, que as relações precisam, que a sociedade precisa.
Fulano , ciclano, beltrano, não fazem seu dever de casa porque não aprenderam, desculpas, nunca é tarde para mudarmos o comportamento, seja ele qual for, alimentar, amoroso, briguento, doméstico, todos, pois tudo é passível de mudança.
Consumir menos, não consumir por consumir. Difícil numa sociedade que prega o tempo todo que todos devem consumir muito para ter produção e emprego. Só que a coisa não é bem assim, não, não é. Pode-se consumir muito e o emprego não vem, a equação não é essa. Qual será pergunto-me?
Tudo isso faz parte da angústia do viver, além de tantas outras, não, viver não é simples, nem fácil, ainda mais quando pensamos tanto. Mas ainda bem, pois posso escrever e elaborar, sinal que estou fora da engrenagem mecânica que só produz, ou tudo é minha ilusão. Não sei, o sistema é por demais perverso. Quem sabe. Lembrei da série da Black Mirrow. Alucinada e dá uma cutucada na gente.
Problemas que hoje são globais e não mais locais, mas que lá repercutem.
Não sei porque comecei a falar tudo isso. Não quero falar de política pelas vias mais próximas, pois tudo é política, tudo é e faz parte da vida na polis. Nem quero falar do eu, já que disso to sempre na espreita.
Certos sentimentos precisam de tempo para elaboração. Olhar e ver é atividade complexa que só. E para poucos, normalmente estamos muito bem escondidos de nós mesmos, mais que de tudo.
Ultrapassar a barreira de nosso eu interior e nos mostrarmos de verdade para nós mesmos, não é coisa muito simples.
Tenho dentro de mim dois seres, um que fala para o outro, um mais racional que chama atenção o tempo todo, o outro uma coisa inexplicável, que não consigo entender com meu lado racional;
Não sei qual dos dois as pessoas vêem mais. Lógico que isso depende de quem olha e sinto muitas vezes que a leitura que o outro faz de nós é tremendamente equivocada.
Isso porque quando o outro nos lê, dá sentido, interpreta o que falamos, como agimos etc, o outro tem por base o referencial dele, o que ele viveu, e não o que ele tá vendo,por isso as coisas são tão complicadas, simplesmente porque as pessoas não vêem as outras como elas verdadeiramente são, mas a partir de si mesmo. Isso não quer dizer que sentem empatia, compaixão, se colocam no lugar do outro, não, não é isso. Se fosse seria bom, a dificuldade está justamente em as pessoas não conseguirem se colocar no lugar de quem elas observam. Infelizmente.
Daí tanta distorção, tanto mal entendido, tanta dor e tanto rancor. E muitos guardam isso pela vida, reverberam isso que vai os tornando seres doentes, pois sua luz vai se extinguindo.
Sei lá eu o motivo de tanta fala.
Aqui no meu chatô, tá quentinho, depois vou para um mosteiro, que virou B&B, só espero que o abrigo do workaway não seja uma verdeira cela monástica fria. Do frio é o que tenho medo. Frio dá sensação de abandono, de fora do útero, de vazio. Só de pensar já dói. lembrei-me que terei que comprar um pijama. O meu durmo agora, imagina no inverno, não dá nem para botar o braço fora da coberta. Durmo hoje de pijama, meia, um lençol e dois cobertores. De manhã antes do amanhecer é o momento mais frio.
sexta-feira, 20 de setembro de 2019
E o destino tá sempre escrito 1
Que turbilhão que é a vida da gente. Calma, preciso me controlar, tudo vai dar certo. Se existe destino ele está já traçado,meu pai disse, mas destino às vezes é por demais cruel.
Tomei meu café , lavei a louça e fomos arrumar o portão. Lógico que minha dor de tensão no quadril começa a me acompanhar e ainda aquela sensação de medo que dói na boca do estômago.
Tempo para elaborar as coisas.
Acho que vai esfriar, o tempo parece que tá mudando. Não fui a Villefrance vender anéis, desanimei um pouco. Falei com Emili a pouco, como sempre muito assustada. Precisamos acalmar.
Almocei e depois da sesta fui terminar de passar óleo de linhaça no portão, ficou lindo ainda pintei de amarelo a dobradiça, depois fui a oficina do Yves, certamente nunca varrida, perguntei a ele, ele respondeu: sometimes, logo, never. Perguntei se podia, comecei a varrer, ele animou, aí fui. Tirei tudo, era muito pó, tanto que meu cabelo saiu duro. Varri, limpei as prateleiras, puxei as máquinas juntei as coisas iguais. Ele fez um chá, subi tomei, conversamos um pouco e ele me contou de sua vida e de quando conheceu Margareth. Ele morou na Argélia, nasceu lá, veio para França já com 10 anos.Filhos de pais franceses eu acho. Contou-me que seu irmão mais novo foi preso político, se entendi bem na Argélia. Acho devia ser pró-colonizador. Enfim, ficamos conversando. Depois voltei a oficina e só sai quando acabei. Ainda tem uma outra sala da oficina. Talvez eu limpe na segunda.
Tomei meu banho e fui fazer o jantar. Fiz cuscus marroquino e vagem( de novo- não, só outra vez,todo dia) com ovo, foi o jantar, depois queijo e yogurte de baunilha.
Pois então, que um simples relato do dia não supre a reflexão que nos acomete. Para quem as relações são eventuais, tanto faz, tanto fez, mas para quem para e pensa, a angústia, o medo, que nos invade é horrível.
Meu amigo me disse que certos momentos são os piores, com o tempo o ser humano vai indo, indo, indo.Oxalá, tudo vai dar certo, não há de ser.
quinta-feira, 19 de setembro de 2019
Aceitar sem entender
quarta-feira, 18 de setembro de 2019
Aff pimenta
Tô com preguiça de escrever mas o que aconteceu agora na hora do jantar precisa ser dito. Heis que Margaret cozinheira de mão cheia que vive fazendo coisa boa, hoje inventou de fazer uns pimentões vermelhos recheados para o jantar, já disse que comida quente é só na janta.
Então toca o sino, eu corro porque já tô faminta pois o almoço é às 13 e só como de novo no jantar, já viu. Vem o tabuleiro com aquela coisa bonita,ela coloca 2 para cada um e nós nos servimos com uma batata em rodelas assada. Ela gosta de pimenta, mas a coisa tava que eu soltava fogo pela boca. Vou comendo devagar, tomando água e com a batata, para aliviar, aí o marido começa a gemer e me olha, eu olho e faço aquela cara, daqui a pouco eu engasgo de rir, chamo atenção dele como dizendo, por favor, não me olha assim e ela na minha frente comendo tranquilamente, eu olhando para ela, e dizendo, olha o Yves, o prato dele tava cheio, eu concentro vou comento ele de novo não conseguia comer gemia, an,an, não aguento nem escrever deu acesso de riso. Gente ele gemia a cada garfada, eu parei, engasguei de novo. Mas o que ia fazer, pedi desculpa, botei mais batata e tome , a água foi toda, já quase no final perguntei a ele se queria azeite, ele imediatamente viu ali uma possibilidade de abrandar a coisa e correu à cozinha e pegou o azeite e colocamos e ele com prato ainda cheio o meu quase vazio, mas o azeite deu um alívio. Depois do jantar ele correu e pegou Yogurte de baunilha bem doce e comemos. Que loucura que foi, eu com medo de parar e pedir para pegar água e azeite, ele me olhando com aquela cara, passava a mão na cabeça, chamava o TOFF, Jesus a situação foi complexa.
Acho que ela quis fazer algo especial, na verdade faz todo dia, amanhã ela viaja cedo e vou lá leva-la junto e passar no comércio e na feira. Ou seja, café 7:30.
Hoje fomos a uma casa na Bastide em que ela cuida da horta, muito linda e colhemos muito tomate, tomatinho que vou fazer um contrabando de semente para a fazenda, tô preparando, também a framboesa que é da família da amora e dá muito no verão, muito doce e ainda o tomate amarelo. Fiz um vídeo da colheita. Coisa doméstica. Já decidi que da 27 vou para Bordeaux e depois antes de Poitiers não sei.
terça-feira, 17 de setembro de 2019
Terça feira- dia de recolher o feno e trabalhar no jardim
https://youtu.be/0n97DI70zzc
Vídeo do dia- A gestação.
Como uma boa casa inglesa tudo aqui é determinado e metodicamente mandado. Tudo em ritual . Assim cada dia tem sua função, pelo menos para o workaway tem sido. Pois que hoje mesmo eu tendo levantado com dor no quadril e falei isso, me deram um livro de exercício e um óleo para passar e depois lá fui eu recolher o feno que Yves cortou no morro, esse é o detalhe, isso quer dizer que depois que ele corta eu e Margareth vamos com uma ancinho recolhendo e jogando numa lona e depois pisamos morro acima para jogar num outro lugar. PQP, é o pior serviço. Não sei como ela consegue fazer tido sozinha. Eu preferia cortar. Uma vez na semana é isso. Pesado pra burro.
Coisa que realmente deve ser caro para eles pagarem alguém. Ele corta com a máquina still mas o brabo acho que é a nossa parte de recolher.
Depois fui tirar tiririca francesa do meio das pedrinhas. Tem uma manta por baixo e as pedras são por cima e as daninhas nascem assim mesmo. Aí como são vários os caminhos com pedrinhas brancas, temos vários lugares. E Depois ainda,aliás foi antes colhi abóboras e coloquei todas perto o barracão, para madurarem, a abóbora parece igual a nossa mas não é. Não é suculenta. Eu já sabia que tem que colher com um pedaço do caule para ela durar, isso aprendi na fazenda.
Estava morta ao acabar e ainda fui colher tomatinhos para o almoço e framboesa, nunca vi tanta, não aguento mais comer essa fruta. Mas tem muita por aqui. Eles não fazem suco o que acho que ficaria bom. Tipo morango com leite, será?
Almoço eu fiz duas saladas( uma de tomate com vagem picadinha e salsa e outra de abobrinha verde com hortelã e alho-es gostaram da minha combinação), é assim o almoço: salada,geralmente tomate , vagem ( que TÁ na época e são colhidos na hora) pepino às vezes, azeitona, a fruta melão,é comido antes da salada e depois da salada pão e queijo, e depois chá e bolo.
A tarde fui convocada para ir ao mercado, toda terça tem mercado,mas hoje foram vários, já que ela vai viajar e eu devo assumir o posto de cozinheira. Ela já determinou os dias. Nem liguei, vou fazer o que eu quiser de Comida.
Nós fomos numa loja agrícola que mais parece a decatlon. Todas as máquinas, roupas, ferramentas e audaciosa de casa. Quase comprei um sabonete que vem em latinhas. Mas era caro 5 euros. E Depois carregar.
Minha mala quebrou um fecho, ficou com um, já disse isso, comprei um daqueles elásticos para colocar e garantir.
Eles ainda compraram uma caixa d'água para recolher água do telhado para um pequeno laguinho para os patos.
Saiu o maior pau entre Eles e eu fui fugindo de fininho e vim para meu chatô. Ele só faz o que ela manda, e fica inseguro de fazer sozinho as coisas. Ele é boa praça carinhoso com ela, e dá uma de tô nem aí as vezes. Reparei isso, talvez pelo bem da relação, ela não é facil, mas também assume tudo. Muito igual, parece que to em casa as vezes. Será essa a forma dos homens ao ficarem mais velhos ? Não entendo.
7 horas da noite em jantar, cheguei do mercado ainda ajudei a carregar coisas e também a Cxa d'água para o lugar, segurei para não desabar do carrinho. Conheci de longe Gerônimo, francês que mora aqui do lado. De longe me pareceu interessante.
segunda-feira, 16 de setembro de 2019
Dia de pintura
https://youtu.be/9PG0MsQuKuw
Acima o vídeo, abaixo o dia.
Dia de pintura eu me vesti de acordo , traje completo para não sujar minha roupa.
O frio deu uma trégua, senti até calor na noite passada. Mas de manhã é horrível.
Uma umidade que entra por dentro da gente, e da aquela sensação de abandono. Odeio sentir frio e me encapoto toda para ir ao toalete.
Só depois do café com leite quente me sinto bem.
Já durmo pensando no café da manhã. Com pão e geleia feitos pelas Margareth.
Ela cozinha bem, e tem bolo com chá no almoço, e os queijos de sobremesa. Tá brabo fazer dieta. Caminhei a tarde por uma nova rota, no meio da floresta. Deserto. Não tem perigo, não tem a sensação de que a qualquer momento te podem pular na frente e tomar o celular ou te oferecer algum perigo. Isso é a tal qualidade de vida. O máximo um bicho na frente que eu até gostaria de ver. Outra cobra apareceu hoje na sala, também filhote. Me pelo toda só de pensar. Mas estamos na floresta, tb tem coruja cantando o tempo todo. Do lado do meu chatô tem um micro laguinho com vários sapos. Quando eu chego perto eles pulam dentro d'água e eu querendo beijar um para ver se vira príncipe. Até assim, em forma de sapo, andam me fugindo fazer o que. Depois do almoço hoje fiquei deitada no banquinho que vou transformar no meu estúdio de gravação. Ali o sinal pega bem. Amanhã vou gravar alguns vídeos curtos. Assim espero, também quero ir a vila oferecer meus anéis. Chega de vergonha, nada demais isso afinal. Falei com minha amiga Macolo que me ligou. E também li a tarde toda sobre a história das línguas. Mto interessante.
Enquanto trabalha hoje ouvi todo um show da Maria Betânia, que voz. Um show lindo em São Paulo. Que começa com a canção do Gonzaguinha , 'Começaria tudo outra vez se preciso fosse meus amor", lembrei de várias coisas na minha vida, e ... deixa prá lá. Que seja feito, o que eu não posso resolver , tá resolvido. A Betânia grava cada coisa que mexe lá dentro da gente. Lembrava quando criança que eu a escutava muito, adolescente também. 'De repente fico rindo a toa sem saber porquê, e vem a vontade de sonhar de novo te encontrar".
A vida realmente é boa, 'mas nos prepara cada cilada'.
Agora tô trabalhando com Música, Depois ainda escutei Renato Russo.' É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã'.
E assim vou indo. Não tô triste, nem feliz, tô normal, vivendo o que me propus experimentar. É de fato uma experiência, que pode me servir para muita coisa, ser mais tolerante, ser mais calma, menos ansiosa, ser menos muita coisa, pois que precisamos de menos para viver.
Eles aqui não tem smartphone, não usam wat zap. Ainda é sms.
A irmã do Yves, que morou no Brasil quer falar comigo, conversar, antes de eu partir, mas tb NÃO tem zap.
Eu acho que acima de Tudo eu farei amigos nessa viagem.
Aceitar o outro como ele é, respeitar suas manias e inseguranças e observar as pessoas. Eu sempre fui muito desligada quanto a isso. Talvez ensimesmada demais e assim fui atropelando, principalmente meus "ex adversos", sem querer coloquei muita coisa a perder, sem saber, sem me atentar para a personalidade alheia, as vezes muito diferente de mim, e outras tão igual. Mas sempre querendo o melhor, mas nem sempre convicta do que tava fazendo. Tão difícil ser convicta. Ter certeza, nunca tive de nada, nem sei se um dia terei. Pois se eu quero abraçar o mundo, como posso escolher uma só coisa, e ser convicta dela? Talvez eu pareça inconstante e isso dá no outro a sensação de desprezo,de que não tô gostando, mas pode ser tudo simplesmente insegurança,medo.
As pessoas com medo atacam, somos bichos também. E hoje vejo que é preciso separar joio e trigo na atitude das pessoas. Às vezes dizem o que não sentem e quando vêem já foi, já fizeram o estrago, o mal entendido de você pedir o que não quer só para testar o outro, e se dar mal, pois o outro acha que você tá querendo o que falou. Ninguém é adivinho, tudo tem que ser falado, letra por letra e mesmo assim tem confusão de interpretação.
Imagine em outra língua. Aff!! Tem hora que fica punk de entender. Mas já senti que para eles tá bom. Eu cumpro a minha parte, bem feita. Só espero que na próxima casa eu consiga uma professora . O sapo do lado tá coachando, ai se virasse príncipe hoje...
domingo, 15 de setembro de 2019
Dia do ócio
https://www.youtube.com/watch?v=UKpP6BcGzMwhttps://www.youtube.com/watch?v=UKpP6BcGzMw
No último dia descansou. Tem uma passagem que diz isso, na bíblia eu acho.
Mas o que fazemos nesse dia? Muitas coisas, quando em casa, arrumo a casa, faço almoço, vou a feira da Glória as vezes, caminho, durmo a tarde e preparo tudo para a semana que começa.
Aqui tudo é um pouco diverso. Acordei mais tarde, pois tive uma despertar as 4 da manhã. Depois de tomar café e lavar tudo, vim limpar meu quarto e depois o lugar que tomo banho. São separados o box e pia e o toilete que como já disse é aquele vaso numa casinha de madeira, acostumei, que vou lá com vista para floresta, fico sem trancar a porta, quando vejo que ninguém está por perto. O chato é a noite que tenho que levar um lampião. Essa é a pior parte, mas em compensação, como é tudo e escuro vejo as estrelas. Não tenho medo de bicho tipo onça, porque aqui não tem, mas tem cobra, agora mesmo achei uma na cozinha. Fihote, mas é cobra, me pelo toda. Aqui para cima tem veado, eles colocaram uma câmera e pegaram as imagens, uma gracinha, parecia que faziam show para a câmera .
Depois de limpar tudo, fui varrer as folhas, pois me incomoda a grama cheia de folha e sentei para finalmente fazer uns anéis. Não mostrei os que trouxe para ninguém, nem falei, também não estive com ninguém, mas essa semana vou a Ville France passar em umas lojas e oferecer.
Afinal não trouxe isso tudo a toa. PQP.
A tarde de hoje dormi, vi um programa de jardim no netflix e série e ainda saí para caminhar antes de tomar banho .
Ao caminhar na estrada em direção a Batide , um completo deserto. Ia pensando na forma de fazer o vlog, para o you tube e nas coisas que disse e que tenho vontade de dizer.
Não sei, pode parecer , e é meio exibicionismo, mas não é isso que pretendo ao escrever. prefiro escrever do que falar. Não gosto de me ver na tela. Fico reparando a boca, a pele, os cacuetes que tenho ao falar. To em dúvida quanto ao uso dessa mídia, mas sei que ela é mais efetiva, ainda mais se consigo falar em um minuto ou um minuto em meio.
Mas o ócio é bom para isso, para pensarmos, contemplarmos a vida, as coisas, prestarmos atenção naquilo que passa batido na maior parte das vezes.
Aquilo que o budismo fala para fazermos. Acontece que dificilmente nessa sociedade pósmoderna fazemos isso.
Parece que vivemos no automático, vivemos mesmo, tudo acontece e vamos fazendo sem prestarmos atenção, quando vemos já é noite de novo e nem terminamos. E o corpo pede para dormir e você vai pensando no dia seguinte. Se tá preocupado nem dorme.
É tudo, é a lida do dia a dia, é o trabalho, é o dinheiro, é o amor, o país, e quando você para e contempla? Nunca. Senta na frente da TV, vê um monte de noticias ruins, um filme mais ou menos e vai dormir, ou pega um livro. Parar para olhar e refletir é quase uma heresia. Tudo te chama. Hoje mais que nunca, você para e logo pega o celular e olha o wat zap, o instagran, o facebook e o mensager. CARAMBA!!!! quando acaba de ver, já tá na hora de levantar.
É tudo corrido mas não podemos mais ficar sem olhar essas coisas. Ficar sem internet, como assim?
Aí, não vemos a abelha pousando, a borboleta voando, o barulho do rio, o céu estrelado e se perguntando como pode tudo isso?
Por que corremos tanto se o que nos espera no relógio é sempre menos um? mas corremos, queremos a estabilidade que não existe, queremos o poder que transforma alguns, queremos a grana para ir ao shopping.
Tem gente que trabalha feito mula para ir ao shopping comprar, que doido, outros fazem outras coisas é bem verdade.
Não sei, a contemplação faz pensar, por isso ele é tão pouco usada. Não tó falando de vazio mental porque acho isso impossível, to falando de ver, ouvir sentir com todos os canais abertos para essas sensações. E não precisa de droga para isso. Reparar em tudo, em si mesmo, nas coisas e nas pessoas, só por reparar não para fazer juízo de valor.
Meu quadril dói, isso é chato, me incomoda. Amanhã de novo vou pintar.
sábado, 14 de setembro de 2019
Caminante, no hay camino
el camino y nada más;
Caminante, no hay camino,
se hace camino al andar.
Al andar se hace el camino,
y al volver la vista atrás
se ve la senda que nunca
se ha de volver a pisar.
Caminante no hay camino
sino estelas en la mar.”
Sempre ouvi meu pai falar este poema, com essa imagem da velhinha hoje lembrei-me dele. Ela andava descendo a ladeira da cidade encravada no morro, onde o que mais se vê são caminhantes. Ela não tem a varinha deles, tem um guarda chuva que a ajuda na empreitada de subir e descer com peso da vida nas costas. Eu queria a foto, ela viu, eu disfarcei e depois eu cliquei. A idade pesa, a vida pesa, mas o importante é caminhar, e se uma vereda não der, toma-se outra e pronto.